Capítulo 6
Uma congregação ungida para a proclamação do Reino
1. Que perguntas se faziam, há uns dois mil anos, sobre a salvação do mundo?
SOMOS hoje confrontados com questões de importância mundial. Elas se relacionam com questões com que nos teríamos confrontado se tivéssemos vivido no Oriente Médio, há quase dois mil anos. Lá naquele tempo, essas questões eram de importância mundial, porque giravam em torno dum salvador do mundo, um Messias! Chegara então o tempo de ele aparecer pela primeira vez. Portanto, os interessados estavam na expectativa dele. Quando aparecesse, seria aclamado com prazer, por todo o mundo da humanidade? Ou desapontaria ele a todos, quanto a cumprir o que fora comissionado a fazer naquele tempo? Quem ficaria convencido de que ele era o Messias, que fazia exatamente o que as Escrituras Sagradas predisseram sobre ele, e quem o seguiria assim como seu Líder? Quem não se ofenderia com ele, mas se sentiria atraído a ele? Atualmente, quem é atraído ao Messias salvador do mundo, e como?
2. (a) Que papel devia desempenhar o Principal a constituir o “descendente” da “mulher” de Deus? (b) Quem seriam os outros componentes do “descendente” da mulher, e por quem seriam ensinados?
2 Para a nossa orientação segura, hoje, lembremo-nos de que o verdadeiro Messias devia ser o Principal a constituir o predito “descendente” da “mulher” de Deus e devia ter ‘o calcanhar machucado’ pela Grande Serpente, Satanás, o Diabo. A “mulher” ou mãe do “descendente” é a organização celestial de Deus, semelhante a uma esposa, composta de santas criaturas espirituais, de angélicos “filhos do verdadeiro Deus”. O “descendente” prometido da mulher é constituído por filhos dela, cujo Principal é o Messias, sendo os outros os seguidores espirituais deste. Quanto aos membros secundários do “descendente” da mulher, temos as seguintes palavras de Isaías 54:13, dirigidas à “mulher” simbólica: “E todos os teus filhos serão pessoas ensinadas por Jeová e a paz de teus filhos será abundante.” Os “filhos” seriam, corretamente, ensinados pelo Marido celestial da mulher, Jeová, o Pai do “descendente”. — Isaías 54:5.
3. A quem aplicou Jesus a palavra “filhos”, de Isaías 54:13, e como são estes agora ensinados sem que o Instrutor esteja visível?
3 O Principal daquele “descendente” da mulher, Jesus Cristo, fez uma aplicação das palavras de Isaías 54:13, dirigidas à mulher. Com respeito a quê? Bem, quando falou a judeus que não se sentiam atraídos a ele qual Messias, e que, por isso, murmuravam contra ele, Jesus disse: “Ninguém pode vir a mim, a menos que o Pai, que me enviou, o atraia; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos Profetas: ‘E todos eles serão ensinados por Jeová.’ Todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.” (João 6:44, 45) Naturalmente, Jeová não é o Instrutor visível de qualquer de nós, mas ele proveu para nós um Compêndio inspirado. Assim, por meio deste e pela operação de seu espírito santo, ele nos ensina os fatos sobre o “descendente” messiânico de sua “mulher”. Desta maneira, ele atrai os menores, que fazem parte do “descendente”, ao Principal dele, o Messias, e forma uma congregação.
4. No terceiro ano da atividade pública de Jesus, que comparação havia entre os conceitos dos apóstolos de Jesus e os do povo, sobre quem ele era?
4 Até então, no terceiro ano da atividade pública de Jesus, o povo judaico já devia ter chegado a uma decisão sobre quem era este operador de milagres no propósito de Deus. Quantos deles mostraram que estavam sendo “ensinados por Jeová” com respeito ao seu Messias? Era oportuno que Jesus perguntasse a seus apóstolos sobre isso:
“Ele os interrogou, dizendo: ‘Quem dizem as multidões que eu sou?’ Em resposta, disseram: ‘João Batista; mas outros, Elias, e ainda outros, que um dos antigos profetas se levantou.’ Então lhes disse: ‘Vós, porém, quem dizeis que eu sou?’ Pedro disse, em resposta: ‘O Cristo de Deus.’ Então, numa conversa severa com eles, ordenou-lhes que não dissessem isso a ninguém, mas disse: ‘O Filho do homem tem de passar por muitos sofrimentos e ser rejeitado pelos [anciãos] e pelos principais sacerdotes, e pelos escribas, e ser morto, e tem de ser levantado no terceiro dia.’” — Lucas 9:18-22; veja Marcos 8:27-32.
5. De acordo com Mateus 16:16-19, o que disse Jesus a Pedro, em resposta à réplica deste a uma pergunta?
5 A narrativa do apóstolo Mateus amplia o assunto, ao dizer: “Em resposta, Simão Pedro disse: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente.’ Jesus lhe disse, em resposta: ‘Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque isso não te foi revelado por carne e sangue, mas por meu Pai, que está nos céus. Também, eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta rocha construirei a minha congregação, e os portões do Hades não a vencerão. Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo o que amarrares na terra, será a coisa amarrada nos céus, e tudo o que soltares na terra, será a coisa solta nos céus.’” — Mateus 16:16-19.
6. O que mostra que Pedro não interpretou mal as palavras de Jesus sobre a “rocha”, e quem era a “rocha”, segundo Paulo?
6 Em vista deste elogio dado a Pedro, é evidente que ele era um dos ensinados por Jeová, que havia aprendido Dele. Por isso se sentiu atraído a Jesus e se chegou a este como sendo o Messias ou Cristo. O nome de Pedro significa “pedra” ou “pedaço de rocha”. Mas isso não quer dizer que ele era aquela “rocha” sobre a qual Jesus construiria a sua congregação. Tampouco a confissão feita por Pedro era essa “rocha”: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente.” A “rocha” era o próprio Jesus. Pedro não interpretou mal as palavras de Jesus. Nem afirmou ser a “rocha” (em grego: petra) no sentido de 1 Pedro 2:4-10. Além disso, o apóstolo Paulo, cujos escritos Pedro reconheceu como fazendo parte das Escrituras inspiradas, escreveu: “Porque [os israelitas no ermo] costumavam beber da rocha espiritual que os seguia, e essa rocha significava o Cristo.” — 1 Coríntios 10:4; 2 Pedro 3:15, 16.
7, 8. (a) O que pensavam erroneamente os apóstolos sobre o que havia de ser o Messias? (b) A quem seriam dadas as “chaves” do reino dos céus, mas sobre quem havia de ser construída a congregação?
7 Quando Jesus falou aos seus apóstolos sobre o reino, eles pensavam num reino baseado no governo que teria por capital Jerusalém, onde o Rei Davi havia governado. Esperavam que o Messias estabelecesse o seu governo em Jerusalém, como sucessor do Rei Davi. Como evidência de que esta era sua idéia, disseram a Jesus, após a ressurreição deste dentre os mortos: “Senhor, é neste tempo que restabeleces o reino a Israel?” (Atos 1:6) Na ocasião, antes do dia festivo de Pentecostes de 33 E. C., eles não entendiam que o reino do ressuscitado Cristo havia de ser um reino sobre-humano, governando muito mais do que apenas a nação terrestre de Israel. Em vista disso, era bastante apropriado que Jesus, depois de Pedro o confessar como sendo o Cristo, suscitasse a questão do “reino dos céus”.
8 Ele deu a Pedro as “chaves” do mesmo. (Mateus 16:19) Ainda assim, a congregação havia de ser construída por Jesus Cristo sobre a “rocha” régia, o rei messiânico. E assim como os “portões do Hades” não venceriam a “rocha” de alicerce, mas Jesus Cristo seria ressuscitado no terceiro dia, assim esses “portões do Hades” tampouco venceriam a congregação do Messias. Esta também tinha de ressuscitar dentre os mortos.
O AJUDADOR INVISÍVEL DA CONGREGAÇÃO
9. Para formar o que, seriam os seguidores de Cristo reunidos, contudo, o que mais seriam também, assim como o antigo Israel?
9 Dessemelhante dos apóstolos de Cristo, a nação de Israel permaneceu confusa quanto a quem Jesus era no propósito de Jeová. Por isso, os israelitas individuais que o aceitaram como Messias ou Cristo foram reunidos para formar uma nova nação. Esta nação seria uma congregação, assim como havia sido o antigo Israel. Seria uma congregação de proclamadores do rei messiânico e do seu reino!
10. Em 1 Pedro 2:8-10, como salientou Pedro este fato notável, e o que está incluído nas “excelências” que haviam de ser divulgadas?
10 Este fato notável foi aprendido pelo apóstolo Pedro, como um dos “ensinados por Jeová”. Uma das últimas coisas que escreveu a concrentes continha as seguintes palavras: “[Os israelitas incrédulos] foram também designados para este mesmo fim. Mas vós sois ‘raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo para propriedade especial, para que divulgueis as excelências’ daquele que vos chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2:8-10) As “excelências” daquele Maravilhoso incluiriam a sua capacidade de cumprir seu propósito a respeito do Messias, apesar de todo o antagonismo daqueles que rejeitavam seu Filho como o Messias. “Seu povo para propriedade especial” está obrigado a louvar a Jeová pelo seu reino messiânico. — Isaías 43:21.
11, 12. Por que prometeu Jesus enviar a seus discípulos um “ajudador”, e o que disse Jesus sobre o ajudador?
11 A nova “nação santa” não podia cumprir tal obrigação na sua própria força, no meio dum mundo hostil. Sabendo disso, Jesus disse aos seus apóstolos fiéis, antes de ele ser levado deles, preso, pelos seus inimigos: “Não vos deixarei orfanados. . . . Mas o ajudador, o espírito santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar todas as coisas que eu vos disse.” Também: “Quando chegar o ajudador que eu vos enviarei do Pai, o espírito da verdade, que procede do Pai, esse dará testemunho de mim; e vós, igualmente, haveis de dar testemunho, porque estivestes comigo desde que comecei.” — João 14:18, 26; 15:26, 27.
12 Jesus acrescentou também: “Se eu não for embora, de modo algum virá a vós o ajudador; mas, se eu for embora, vo-lo enviarei . . . quando esse chegar, o espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade, pois não falará de seu próprio impulso, mas falará as coisas que ouvir e vos declarará as coisas vindouras. Esse me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo declarará. Todas as coisas que meu Pai tem são minhas. É por isso que eu disse que recebe do que é meu e o declara a vós.” — João 16:7, 13-15.
A CHEGADA DO “AJUDADOR”, O ESPÍRITO SANTO
13. Em nome de quem seria concedido o prometido “ajudador” e isso aos que cressem no nome de quem?
13 Um pouco menos de quinhentos anos antes de Jesus Cristo fazer esta promessa aos seus apóstolos, o Governador Neemias, em Jerusalém, registrou a seguinte oração a respeito dos tratos de Deus com os israelitas: “Tu foste indulgente para com eles por muitos anos e continuaste a testificar contra eles por teu espírito, por intermédio dos teus profetas.” (Neemias 9:30) E então, durante a ausência física de Jesus, o Messias, longe dos seus discípulos, esse mesmo espírito de Jeová Deus viria em auxílio deles. Ser-lhes-ia concedido apenas em nome de Jesus. Seria concedido apenas àqueles que cressem que o nome do verdadeiro Messias era Jesus. Quando foi concedido pela primeira vez?
14, 15. (a) Jesus culminou seus quarenta dias após a sua ressurreição por prometer aos seus discípulos que coisa diferente do batismo de João? (b) Que pergunta haveria sobre este prometido batismo?
14 Durante quarenta dias após a sua ressurreição dentre os mortos, no domingo, 16 de nisã de 33 E. C., Jesus permaneceu aqui na terra, mas de modo invisível. Ocasionalmente, fez o que santos anjos haviam feito na antiguidade, materializar-se em forma humana, a fim de fornecer aos seus discípulos a prova de que realmente havia ressuscitado dentre os mortos, mas como espírito. Nessas ocasiões, em que lhes apareceu, continuou “contando as coisas a respeito do reino de Deus”. (Atos 1:1-3) Alguns dos apóstolos haviam sido discípulos de João Batista. E então, no quadragésimo dia, o dia de sua ascensão ao céu, Jesus Cristo deu grandes expectativas aos seus discípulos, quando lhes disse: “João, deveras, batizou com água, mas vós sereis batizados em espírito santo, não muitos dias depois disso.” (Atos 1:4, 5) O batismo de João, de judeus arrependidos, havia sido em símbolo de seu arrependimento pelos pecados que cometeram contra a lei de Deus, dada por intermédio de Moisés.
15 Esse batismo em água pode ter-lhes dado o senso de alívio, junto com uma boa consciência. Mas, qual seria o efeito sobre os discípulos de Jesus quando fossem “batizados [imersos] em espírito santo”? Isso deveria ativá-los, porque o espírito santo de Deus é a sua santa força ativa, invisível. — Mateus 3:11.
16. Segundo as palavras de Jesus em Atos 1:6-8, para fazer o que os ativaria o espírito santo?
16 Na sua chegada, para que ativaria o espírito santo de Deus aqueles que o recebessem? Pouco antes de sua ascensão ao céu, Jesus disse aos seus discípulos: “Ao chegar sobre vós o espírito santo, recebereis poder e sereis testemunhas de mim tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até à parte mais distante da terra.” (Atos 1:6-8) Estas palavras contêm a resposta à nossa pergunta: Ativaria aqueles que recebessem espírito santo para dar um testemunho mundial do fato de que Jesus é o Messias, o Cristo.
17. No qüinquagésimo dia após a sua ressurreição, em que circunstâncias cumpriu-se a promessa de Jesus aos seus discípulos?
17 Jesus Cristo ascendeu ao céu. Passaram-se dez dias. Chegou o qüinquagésimo dia após a sua ressurreição! Em Jerusalém, estava em andamento o dia da festividade judaica das Semanas, ou Pentecostes (significando “Qüinquagésimo”, quando aplicado a um dia). De manhã cedo, cerca de cento e vinte discípulos reuniram-se, não no templo festivo, mas num sobrado, esperando. “Repentinamente, ocorreu do céu um ruído, bem semelhante ao duma forte brisa impetuosa, e encheu toda a casa onde estavam sentados. E línguas, como que de fogo, tornaram-se-lhes visíveis e se distribuíram, e sobre cada um deles assentou-se uma, e todos eles ficaram cheios de espírito santo e principiaram a falar em línguas diferentes, assim como o espírito lhes concedia fazer pronunciação.” — Atos 2:1-4.
18, 19. Conforme explicado por Pedro, que profecia começou a cumprir-se naquele dia de Pentecostes, e quanto tempo depois de ser proferida?
18 Ah! por fim, depois de mais de oitocentos anos após o seu proferimento, começou a cumprir-se a profecia de Joel 2:28-32. Judeus espantados afluíram para observar o fenômeno. Alguns acusaram os discípulos de estar embriagados. O apóstolo Pedro disse-lhes destemidamente:
19 “Ao contrário, isto é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: “‘E nos últimos dias”, diz Deus, “derramarei do meu espírito sobre toda sorte de carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, e os vossos jovens terão visões e os vossos anciãos terão sonhos; e até mesmo sobre os meus escravos e sobre as minhas escravas derramarei naqueles dias do meu espírito, e eles profetizarão. E darei portentos em cima no céu e sinais em baixo na terra: sangue, e fogo, e fumaça brumosa; o sol será transformado em escuridão e a lua em sangue, antes de chegar o grande e ilustre dia de Jeová. E todo aquele que invocar o nome de Jeová será salvo.”’” — Atos 2:16-21.
20. Que batismo ocorreu ali, e a quem identificou Pedro como sendo aquele que foi usado para batizar?
20 Estava acontecendo batismo em espírito santo, assim como Jesus prometera. Dizer-se que o espírito estava sendo ‘derramado’ harmoniza-se com o fato de que é como um elemento fluídico para batismo ou imersão. Lembramo-nos de que Deus deu a João Batista o sinal a respeito de Jesus, para mostrar que “este é quem batiza em espírito santo”. (João 1:33) Fiel a este fato, o apóstolo Pedro identificou o glorificado Jesus Cristo como sendo o agente de Deus no derramamento do espírito santo sobre estes primeiros cristãos. Pedro disse mais àqueles celebrantes judaicos de Pentecostes: “A este Jesus, Deus ressuscitou, fato de que todos nós somos testemunhas. Portanto, visto que ele foi enaltecido à direita de Deus e recebeu do Pai o prometido espírito santo, derramou isto que vedes e ouvis.” — Atos 2:32, 33.
21. Como podia Pedro dizer que eles viam e ouviam aquilo que o glorificado Jesus havia derramado?
21 Eles viram e ouviram a operação de espírito santo, por verem as línguas, como que de fogo, sobre as cabeças dos discípulos e ouvirem os idiomas estrangeiros milagrosamente falados pelos discípulos.
22. O que mais ocorreu com os discípulos, correspondendo ao que ocorreu com Jesus após o seu batismo em água?
22 No entanto, naquele dia de Pentecostes, ocorreu mais do que apenas o batismo dos discípulos de Jesus em espírito santo. Também ocorreu a unção deles com espírito santo. Assim como Jesus foi ungido com espírito santo após o seu batismo em água, tornando-se com isso Cristo ou Ungido, assim se deu também com seus discípulos. Eles foram ungidos com aquilo em que foram batizados.
23. Também, com que foram selados os discípulos, conforme explicou Paulo em 2 Coríntios 1:21, 22?
23 Além disso, foram selados com aquele espírito, em penhor de sua vindoura herança celestial. Isto concorda com o que o apóstolo Paulo disse à congregação cristã, na antiga Corinto, na Grécia: “Quem garante que vós e nós pertencemos a Cristo e quem nos ungiu é Deus. Ele pôs também o seu selo sobre nós e nos deu o penhor daquilo que há de vir, isto é, o espírito, em nossos corações.” — 2 Coríntios 1:21, 22.
24. O que escreveu mais tarde o apóstolo João sobre a unção, em 1 João 2:20, 27?
24 O apóstolo João, que estava presente naquele derramamento pentecostal de espírito santo, entendeu o que havia ocorrido. De modo que escreveu o seguinte a concrentes: “Vós tendes uma unção do santo; todos vós tendes conhecimento. E, quanto a vós, a unção que recebestes dele permanece em vós, e não necessitais de que alguém vos ensine; mas, como a unção da parte dele vos ensina todas as coisas, e é verdadeira e não é mentira, e assim como vos tem ensinado, permanecei em união com ele.” — 1 João 2:20, 27.
GERAÇÃO POR ESPÍRITO SANTO
25. Para que o cristão batizado tivesse em vista uma herança celestial, que operação de espírito santo teria de sofrer?
25 Há ainda outro aspecto desta operação da força ativa de Deus. Jesus indicou isso ao dizer: “A menos que alguém nasça de novo, não pode ver o reino de Deus.” (João 3:3, 5) O cristão que visa a herança celestial precisa imitar seu Amo Jesus, por ser batizado em água. Deste modo, ele simboliza a dedicação de si mesmo a Jeová Deus, para fazer a vontade divina. (Mateus 28:19, 20) Mas, precisa haver também uma operação de espírito santo sobre ele. Por quê? Porque, conforme escreveu o apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 15:50, “carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, nem pode a corrução herdar a incorrução”.
26. Depois de escrever sobre a unção, o apóstolo João falou sobre que relação dos ungidos com Deus?
26 Se os discípulos hão de ser candidatos à entrada no reino celestial de Deus, precisam “nascer de novo” e assim tornar-se filhos espirituais de Deus. Como no próprio caso de Jesus, é o filho espiritual de Deus quem é ungido com espírito santo. Isto explica por que o ungido apóstolo João, depois de falar sobre a unção, em 1 João 3:1-3, passa a dizer:
“Vede que sorte de amor o Pai nos tem dado, para que fôssemos chamados filhos de Deus, e nós somos tais. É por isso que o mundo não tem conhecimento de nós, porque não chegou a conhecê-lo. Amados, agora somos filhos de Deus, mas, ainda não está manifesto o que havemos de ser. Sabemos que, quando ele for manifestado, seremos semelhantes a ele porque o veremos assim como ele é. E todo aquele que tem esta esperança nele purifica-se assim como esse é puro.”
27. Como se mostra em João 1:11-13 que os pais humanos não têm nada que ver com o “nascer de novo” do cristão?
27 Os pais humanos não têm nada que ver com alguém “nascer de novo”. Ele tem de aceitar Jesus como o Messias por convicção própria e tem de segui-lo como aquele que foi ungido por Deus para ser Rei no reino messiânico, celestial. Depois cabe à vontade de Deus gerar a tal com espírito santo, como seguidor de Cristo, ou a não gerá-lo. Não são os pais humanos, mas Deus, quem gera filhos para o céu. Isto é o que o apóstolo João diz. As seguintes são as palavras de João: Jesus Cristo, na sua vinda à nação judaica, há dezenove séculos, “veio ao seu próprio lar, mas os seus não o acolheram. No entanto, a tantos quantos o receberam, a estes deu autoridade para se tornarem filhos de Deus, porque exerciam fé no seu nome; e nasceram, não do sangue, nem da vontade carnal, nem da vontade do homem, mas de Deus”. (João 1:11-13) Pela geração por Deus tornam-se seus filhos espirituais. Ele não os gera no ventre de alguma mãe.
“UMA NOVA CRIAÇÃO”
28. Quem é que decide que haverá filhos espirituais de Deus, e como são estes, em certo sentido, “primícias das suas criaturas”?
28 Não decidem os próprios pais humanos ter filhos de sua própria carne e sangue? Sim! Do mesmo modo, também, Deus decide a quem ele gera para ser seu filho espiritual, com herança celestial. “Porque ele o quis, ele nos produziu pela palavra da verdade, para que fôssemos certas primícias das suas criaturas.” Assim escreveu o discípulo Tiago a cristãos que ele chamou de “doze tribos que estão espalhadas”. (Tiago 1:1, 18) Na agricultura, as “primícias” das novas safras eram tiradas e dedicadas a Deus, como algo santo e algo que lhe era devido. Então, quem são as primícias espirituais? Aqueles que o Pai celestial gera segundo a sua própria vontade e por meio da “palavra de verdade”. A estes ele tira dentre a família humana para ser uma classe celestial do Reino.
29. O que mostra 1 Pedro 1:3, 4, que se requer do cristão para ele poder entrar no reino celestial?
29 O apóstolo cristão Pedro escreveu à mesma classe de “primícias”: “Recebestes um novo nascimento, não por semente reprodutiva corrutível, mas por incorrutível, por intermédio da palavra do Deus vivente e permanecente.” (1 Pedro 1:23) O “novo nascimento”, ou “nascer de novo”, é exigido para que o cristão entre finalmente no reino celestial. Por isso escreveu Pedro: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, pois, segundo a sua grande misericórdia, ele nos deu um novo nascimento para uma esperança viva por intermédio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorrutível, e imaculada, e imarcescível. Ela está reservada nos céus para vós.” — 1 Pedro 1:3, 4; veja também 1 João 3:9.
30, 31. (a) Os que receberam “a adoção como filhos” fazem que clamor a Deus? (b) Em que pacto estão aqueles que têm tal adoção e que espécie de nação constituem?
30 O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos na província romana da Galácia, que haviam recebido “a adoção como filhos”: “Ora, visto que sois filhos, Deus enviou o espírito do seu Filho aos nossos corações, e ele clama: ‘Aba, Pai!’ De modo que não és mais escravo, mas filho; e, se filho, também herdeiro por intermédio de Deus.” — Gálatas 4:5-7.
31 Os judeus cristianizados, assim como o próprio Paulo, não eram mais escravos sob o pacto da Lei, mediado pelo profeta Moisés. Já eram filhos espirituais de Deus e estavam no “novo pacto” mediado por Jesus Cristo, que era Profeta maior do que Moisés. Este novo pacto produz o que o antigo pacto da Lei mosaica deixou de produzir, a saber, “um reino de sacerdotes e uma nação santa”. (Êxodo 19:5, 6; Hebreus 8:6-13; 1 Timóteo 2:5, 6) A “nação santa” que está no novo pacto, portanto, é um Israel espiritual, composto de cristãos que são judeus ou israelitas no íntimo. Estes foram circuncidados no coração, em vez de externamente, na carne. Isso é o que lemos em Romanos 2:28, 29.
32. De acordo com 2 Coríntios 5:16-18, por que não conhecemos a nenhum cristão segundo a carne, nem mesmo o próprio Cristo?
32 Em face de todos estes novos aspectos relacionados com os filhos espirituais de Deus, ficamos surpresos de que o apóstolo Paulo fale sobre uma “nova criação”? Não! É apenas lógico que faça isso. Argumentando que Jesus Cristo havia sido ressuscitado dentre os mortos como Filho espiritual e celestial de Deus, o apóstolo Paulo diz: “Por conseguinte, doravante não conhecemos mais a nenhum homem [cristão] segundo a carne. Embora tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, certamente agora não o conhecemos mais assim. Conseqüentemente, se alguém estiver em união com Cristo, ele é uma nova criação; as coisas antigas passaram, eis que novas coisas vieram à existência. Mas, todas as coisas são de Deus.” — 2 Coríntios 5:16-18.
33. É necessária a circuncisão da carne para se obter entrada no reino celestial, ou, se não for, então o que é necessário?
33 Em vista de tudo isso, segue-se que a circuncisão carnal de alguém, como descendente do patriarca Abraão ou como judeu natural, não é requisito para obtermos a salvação por meio do Messias, o Cristo. No caso daqueles que esperam ir para o céu, o que é realmente necessário? O inspirado apóstolo Paulo responde com estas palavras francas: “Nem a circuncisão é alguma coisa nem a incircuncisão, mas sim uma nova criação. E todos os que andarem ordeiramente segundo esta regra de conduta, sobre estes haja paz e misericórdia, sim, sobre o Israel de Deus.” (Gálatas 6:15, 16) Todo este “Israel de Deus” é uma “nova criação”.
34. O que fez a congregação de Antioquia para resolver a disputa sobre se a circuncisão carnal era necessária ou não para a salvação eterna?
34 Atualmente, alguns dos que têm a circuncisão carnal talvez disputem estas palavras do inspirado apóstolo Paulo, que era judeu cristianizado. Mas, mesmo dezesseis anos depois da morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, havia alguns que argumentavam a favor da circuncisão carnal, como necessária para a salvação eterna. Isto aconteceu em Antioquia, na Síria, onde os discípulos de Cristo foram pela primeira vez chamados cristãos. (Atos 11:26) O que aconteceu então? A congregação de Antioquia enviou Paulo e seu companheiro missionário Barnabé, bem como outros, para que “subissem até os apóstolos e [anciãos] em Jerusalém, com respeito a esta disputa”. (Atos 15:1, 2) De modo que houve um conselho dos apóstolos e anciãos da congregação de Jerusalém, a fim de fazerem uma decisão quanto a se os crentes não-judaicos em Cristo precisavam ser circuncidados externamente na carne, ou não.
35. O que teve o espírito santo que ver com a emissão do decreto pelo Conselho de Jerusalém, e o que dizia este decreto?
35 Por fim, depois de muita discussão e apresentação de evidência relacionada com o caso, o discípulo Tiago apelou para as palavras pertinentes de Amós 9:11, 12, que haviam sido inspiradas pelo espírito santo de Deus e que já estavam em cumprimento, sob a orientação do espírito santo. Tornava-se claro que a orientação do espírito santo de Deus era que a circuncisão externa, na carne, não era necessária para os crentes gentios que haviam sido tirados das nações, para o nome de Jeová. Sem dúvida, o espírito santo de Deus suscitou na mente de Tiago este texto decisivo e também o orientou na recomendação dos pontos destacados a serem abrangidos na resolução a ser emitida pelo Conselho de Jerusalém. É assim que rezava o decreto do Conselho:
“Pareceu bem ao espírito santo e a nós mesmos não vos acrescentar nenhum fardo adicional, exceto as seguintes coisas necessárias: de vos absterdes de coisas sacrificadas a ídolos, e de sangue, e de coisas estranguladas, e de fornicação. Se vos guardardes cuidadosamente destas coisas, prosperareis. Boa saúde para vós!” (Atos 15:3-29; 21:25)
De modo que foi decidido que o necessário para os cristãos obterem uma herança celestial não era a circuncisão externa da carne, mas ser a pessoa uma “nova criação”.
36. Que comissão deve cumprir a congregação gerada pelo espírito, em vista de sua unção, e o que lhe ensina Jeová neste respeito?
36 Lá no primeiro século E. C., os crentes cristãos alegraram-se com esta decisão do Conselho de Jerusalém. Nós mesmos, hoje, ainda nos podemos alegrar com a mesma decisão inspirada. Em vista das Escrituras Sagradas, reconhecemos que a congregação cristã, gerada pelo espírito, como “nova criação”, é ungida com o espírito de Jeová, assim como o Principal desta congregação, Jesus Cristo. Por isso, cabe agora a esta congregação fazer aquilo para que esta unção a comissiona, a saber, “anunciar boas novas aos mansos”. O próprio Jesus Cristo não se esquivou da obrigação de fazer isso, mas proveu o modelo para todos os seus seguidores. (Isaías 61:1-3) Como filhos espirituais de Deus, são ensinados por Jeová sobre o que devem anunciar como “boas novas” da parte Dele. (Isaías 54:13) Por meio do exemplo fiel e pelas palavras de seu Filho, Jesus Cristo, Jeová ensina a congregação cristã que as novas que salvam vidas, a serem anunciadas em toda a parte, são as boas novas do reino messiânico de Deus.