Parte 3
O Verbo — quem é êle segundo João?
1. (a) Quem foi João, e quem disse ele que era Jesus Cristo? (b) O que argumentam os ensinadores da Trindade que significa João 10:30?
João, o filho de Zebedeu, da cidade de Betsaida, conhecia pessoalmente o Verbo. Ele diz-nos que este Verbo tinha estado com Deus nos céus, mas que se ‘fizera carne’, nascendo de uma virgem judia, na cidade de Belém, há quase dois mil anos. João o identificou como Jesus Cristo, o Filho de Deus, e se tornou um dos seus doze apóstolos. Hoje em dia há pessoas que usam o que João escreveu sobre o Verbo para argumentar que Jesus Cristo era mais do que Filho de Deus, que era o próprio Deus e que se tornou Deus-Homem. As palavras de Jesus que os que advogam a Trindade usam para argumentar que o próprio Jesus pretendeu ser Deus se acham em João 10:30, que diz: “Eu e meu Pai somos um.” (VB) Contudo, a palestra que prosseguiu entre Jesus e os judeus provou que ele absolutamente não tinha dito que era Deus. Jesus explicou: “Eu disse Sou Filho de Deus.” (João 10:36, VB) Mas se ele não era o próprio Deus, como é que podiam, ele e o Pai, ser um?
2, 3. O que foi que os judeus queriam que Jesus lhes dissesse, e o que foi que Jesus respondeu juntamente com as palavras de João 10:30?
2 Jesus lhes tinha proposto uma parábola ou ilustração na qual falou de si mesmo como o Bom Pastor e de seus seguidores como ovelhas. Os judeus se aproximaram então e disseram: “Até quando nos deixarás a mente em suspenso? Se tu és o Cristo, dize-o francamente.”
3 Jesus respondeu que as suas obras falavam por ele: “Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, testificam a meu respeito. Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um.” — João 10:24-30, ALA.
4. For que não se refere esta unidade a uma Trindade segundo ensinam os clérigos?
4 Como eram um? Um em corpo, um em identidade, um para comporem juntos um só Deus, um como membros de uma trindade ou um Deus três-em-um, sendo o Espírito Santo a terceira pessoa? Não! Pois se pertencessem a uma trindade ou Deus trino, então, os dois não seriam um, mas apenas dois terços, visto que uma trindade precisa ter três Pessoas, a saber: “Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.”
5. Como eram eles um em conexão com o Pai e o Filho, e como eram um no testemunho?
5 Ao contrário de uma trindade, Jesus e seu Pai eram um, estando de acordo um com o outro, como Pai e Filho. Jamais houve desacordo entre eles. O testemunho do Pai e o testemunho do Filho estavam de acordo. Jesus, o Filho, disse aos judeus: “O Pae que me enviou, está commigo. Na vossa Lei está escripto que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro. Eu dou testemunho de mim, e meu Pae que me enviou, também dá testemunho de mim.” (João 8:16-18, VB) Assim Jesus falou de si e do seu Pai como duas pessoas distintas. Portanto, neles, os judeus tinham testemunho suficiente, visto que se exigia o depoimento de pelo menos duas testemunhas. Embora fossem duas pessoas distintas, no entanto, o Pai e o Filho eram um no depoimento ou testemunho, porque ambos os depoimentos estavam de acordo.
6, 7. (a) Segundo o profeta Ezequiel, que arranjo de pastoreio prometeu Jeová colocar sobre suas ovelhas? (b) Como Jesus e o Pai eram um com relação a estas ovelhas?
6 O Pai e o Filho também eram um no cuidar das ovelhas. Há muito tempo Deus tinha prometido colocar um pastor fiel sobre suas ovelhas. Em Ezequiel 34:23, 24 (ALA) Deus disse: “Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de ]pastor. Eu, o SENHOR [Jeová], lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, O SENHOR, [Jeová, o disse.” Assim, Jeová Deus suscitou seu Filho, Jesus Cristo, como descendente do Rei Davi, a fim de cumprir a sua profecia referente a “um só pastor” semelhante ao Rei Davi.
7 O Pastor, Jesus, disse que não deixaria o inimigo lupino arrebatar as ovelhas de sua mão. Tampouco o Pai, que deu estas ovelhas ao Filho, deixaria o inimigo arrebatá-las de suas mãos. O Pai e o Filho estavam de acordo quanto à proteção e preservação das ovelhas. Eles tinham um propósito em comum, o de ficarem com estas ovelhas, não para matá-las, mas para salvá-las, a fim de que vivessem eternamente. Portanto, nestes interesses comuns, o Pai e o Filho eram um. Foi por isso que Jesus disse que fazia as coisas em ‘nome do Pai’. Na sua ocupação, ele atuava como um agente do seu Pai, como um representante do seu Pai.
8. Como eram um com relação à vontade que devia ser feita?
8 Provando que sempre eram como um e nunca em desacordo, Jesus disse: “Eu desci do céu não para fazer a minha própria vontade; e, sim, a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. De fato a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6:38-40, ALA) Ele não falhou àquela vontade de Deus, mas viveu cumprindo-a fielmente. Disse ele: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.”
9. Como eram um com relação ao tomar Iniciativa na ação?
9 Jesus nunca fez alguma coisa independentemente do seu Pai, mas sempre se manteve em união com ele. “Eu nada posso fazer de mim mesmo”, disse Jesus, ‘na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo porque não procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou.” (João 5:30, ALA) Não revela isto perfeita união entre Pai e Filho? Mas esta unidade não fez que Jesus dissesse: Eu sou Deus; e sou meu Pai.
10, 11. Que oração de Jesus ao seu Pai esclarece a espécie de unidade existente entre eles?
10 Que esta é a espécie de unidade que há entre Jesus Cristo e Jeová Deus ficou comprovado pela sua própria oração ao seu Pai celestial, em favor das suas ovelhas. Nesta oração, Jesus não fala de si como Deus, mas diz ao seu Pai:
11 “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vieram a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo crera que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste, e os amaste como também amaste a mim. Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo.” — João 17:3, 6, 20-24, ALA.
12. (a) Por que Jesus não quis dizer que ele e seu Pai eram “um em substância”? (b) O que mostra que Jesus não se classificou como Deus?
12 Nesta oração ao seu Pai celestial, Jesus chamou-o de “único Deus verdadeiro” e disse: “Como és tu, ó Pai, em mim, e eu em ti”, e, “sejam um, como nós o somos”. Será que Jesus quis dizer que ele e o seu Pai eram um Deus, ou duas Pessoas de um Deus trino, sem nem mesmo mencionar a terceira Pessoa deste Deus? Disse Jesus, segundo os trinitários, que ele e seu Pai eram “um em substância”? Como poderia ser isto, visto que Jesus, sendo substância de carne na ocasião, dirigiu a sua oração a Deus, que é espírito? (João 4:24) Chamando seu Pai de “o único Deus verdadeiro”, ele se excluiu de ser Deus ou mesmo parte ou Pessoa de Deus. De outro modo, o Pai não seria o “único Deus verdadeiro”. A palavra “único”, segundo o dicionário, significa: “Que é só um; de cuja espécie não há outro; exclusivo; excepcional; a que nada é comparável; superior a todos os outros.” Segundo Jesus, seu Pai não só era o “verdadeiro Deus”, mas também o “único” Deus. Nas suas próprias palavras, Jesus não se classificou como Deus.
13. Quem foi que deu a Jesus homens que tinham saldo do mundo?
13 Quando Jesus disse que seu Pai, “o único Deus verdadeiro” lhe tinha dado discípulos saídos do mundo, ele não quis dizer que ele, como Deus, lhe tinha dado alguma coisa a si mesmo. Alguns dos apóstolos que Jesus englobara na sua oração, tinham sido discípulos de João Batista, mas João os entregou a Jesus que, como Noivo, tinha direito sobre a classe da Noiva. Jesus, porém, falou de todos os seus discípulos, não como uma dádiva dele para si mesmo, mas como uma dádiva de seu Pai celestial, “o único Deus verdadeiro”. “Tu mos confiaste.”
14. (a) Se existisse uma Trindade, o que significaria os discípulos de Jesus se tornarem um com ele e seu Pai? (b) Em que sentido, portanto, são um os discípulos?
14 Além disso, Jesus não falou apenas de si e de seu Pai serem um, mas de todos os discípulos serem um: “A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nos; . . . para que sejam um; como nós o somos.” Ao orar para que os discípulos ‘fossem um’ neles, certamente, Jesus não quis dizer que os seus discípulos fossem incorporados em uma trindade, de modo que a Trindade fosse aumentada de três membros ou Pessoas para cento e quarenta e quatro mil e três, para, não ser mais daí em diante um Deus três-em-um, mas muitos-em-um. Isto é ilógico! Jesus disse que, assim como ele e seu Pai eram um, assim também os seus discípulos fossem um. Como são um os discípulos? Não um Deus; não um indivíduo com muitas pessoas. Não, mas um na crença de um só Deus e no nome daquele que Deus enviou; um na espécie de fruto que produzem pelo mesmo espírito; um na espécie de trabalho; um na harmonia e no acordo entre eles; um no mesmo propósito e objetivo, que é vindicar Jeová como “o único Deus verdadeiro” e a salvação da família humana mediante Jesus Cristo, para a glória de Deus.
15. (a) Nesta base, por que Jesus e seu Pai não são um em sentido trinitário? (b) Como é que todos os discípulos são um com o Pai e o Filho?
15 São também um em família, uma vez que todos estes discípulos são gerados por Deus para se tornarem filhos espirituais de Deus, tornando-se assim irmãos de Jesus Cristo. Visto que a maneira em que todos estes discípulos são um é a maneira em que o Pai celestial e o Filho, Jesus Cristo, são um, então, o Pai e o Filho não são um Deus em mais de uma Pessoa. O Pai celestial permanece “o único Deus verdadeiro”, e Jesus Cristo, a quem ele enviou, continua sendo o Filho do “único Deus verdadeiro”. Todos os 144.000 discípulos de Jesus Cristo, gerados pelo espírito santo, são um com o Pai e com o Filho, estando em união com eles numa harmoniosa relação familiar especial.
“EU SOU”
16, 17. (a) Que outro texto que envolve Abraão, citam os trinitaristas para provar seu argumento? (b) O que diz a edição bíblica de Drioux sobre esta expressão, e, também, o que diz a edição de Knox?
16 Há outro texto nos escritos de João que os trinitaristas citam para argumentar que os escritos de João ensinam que Jesus é Deus. Peste se encontra no argumento de Jesus com os judeus, registrado em João 8:56-58 (ALA). “Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos, e viste a Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, eu sou.”
17 Referente a esta expressão, o comentário da edição da Bíblia Sagrada de Abbé Drioux, diz: “Antes que Abraão fosse, eu sou, de fato, Deus eterno, antes de Abraão nascer.”a A tradução da Bíblia do Monsenhor Ronald A. Knox diz, no pé dai página: “Versículo 58. ‘Eu sou’; aqui parece que o nosso Senhor reclamou explicitamente um título Divino, compare-se com Êxodo 3:14.”b Por isso, voltamo-nos para Êxodo 3:14 (Maredsous) que diz: “Deus respondeu a Moisés: ‘EU SOU AQUELE QUE É’. E ajuntou:‘Eis como responderás aos israelitas: (Aquele que se chama) EU SOU envia-me junto de vós’.” Mas a versão Brasileira diz: “Disse Deus a Moysés: EU SOU O QUE SOU; e accrescentou: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU enviou-me a vós.”
18. (a) Como foi usada a expressão “EU SOU” em Êxodo 3:14? (b) Que traduções modernas de João 8:58 não indicam Jesus pretendendo ser Jeová Deus?
18 A expressão “EU SOU” é empregada ali como um título ou um nome, e em hebraico esta expressão é uma só palavra: Ehyéh (אהיה). Era Jeová Deus quem falava com Moisés e o enviava aos filhos de Israel. Pois bem, então em João 8:58 Jesus estava pretendendo ser Jeová Deus? Não segundo as Bíblias de muitos tradutores modernos, conforme provarão ás seguintes citações: Moffatt: “Eu tenho existido antes de Abraão nascer.” Schonfield e Uma Tradução Americana: “Eu existia antes que Abraão nascesse.” Stage (Alemão): “Antes que Abraão viesse a existir, eu era.”c Pfaeffn (Alemão): “Antes que houvesse um Abraão, eu já estava lá!”d George M. Lamsa, que traduziu da Peshitta siríaca, diz: “Antes de Abraão nascer, eu era.” O Dr. James Murdock, que também traduziu da Versão Peshitta siríaca, diz: “Antes que Abraão existisse, eu era.” A Bíblia Sagrada, publicada pelo Centro Bíblico Católico de São Paulo, diz: “Antes que Abraão existisse, eu existia.” — 2.° edição, de 1960 da Bíblia Sagrada impressa pela Editora “AVE MARIA” Ltda.e
19. (a) Em que língua Jesus falou isto aos judeus? (b) Como é que a versão destas palavras por tradutores modernos prova que Jesus não pretendia ser o grande “EU SOU”?
19 Devemos lembrar-nos também que, quando Jesus falou com aqueles judeus, ele falou no hebraico dos seus dias, não no grego. Como Jesus disse João 8:58 aos judeus é, portanto, apresentado em traduções modernas de eruditos tradutores hebreus, que traduziram do grego para o hebraico da seguinte maneira: Do Dr. Franz Delitzsch: “Antes que Abraão fosse, eu tenho sido.”f De Isaac Salkinson e David Ginsburg: “Eu tenho sido, quando ainda não havia existido Abraão.”g Em ambas estas traduções, os tradutores usam duas palavras hebraicas, um pronome e um verbo, para a expressão: “Eu tenho sido”, a saber: aní hayíthi; eles não usam a palavra hebraica Ehyéh. Assim, eles não concluem que, em João 8:58, Jesus estivesse tentando imitar a Jeová Deus e dar a impressão de que ele próprio era Jeová, o EU SOU.
20. (a) O que se pode dizer acerca da ocorrência da expressão grega, Egó eimí no capítulo 8 de João? (b) Por que não vertem muitos tradutores da Bíblia esta expressão em 8:58 do mesmo modo que vertem em outros textos?
20 Em que língua escreveu João o seu relato da vida de Jesus Cristo? Em grego, não em hebraico; e no texto grego, a expressão controversial é Egó eimí. Sozinha, sem nada mais à sua frente, Egó eimí significa “eu sou”. Ora, a expressão Egó eimí aparece também em João 8:24 28; e nestes versículos a Versão Autorizada ou Rei Jaime e a Versão Douay, ambas em inglês, e outras vertem a expressão do seguinte modo: “Eu o sou”, sendo o pronome o grifado para indicar que fora acrescentado ou inserido. (AV; AS; Yg) Mas, em João 8:58, estas versões não vertem a mesma expressão em “eu o sou”, mas em “eu sou”. Evidentemente queriam fazer parecer que Jesus não se referia apenas à sua existência, mas que estava dando a si mesmo um título que pertence a Jeová Deus,h imitando Êxodo 3:14.
21. (a) Usa a tradução grega de Êxodo 3:14 na Septuaginta a expressão “Egó eimí” para o nome de Deus? (b) Portanto, como não podem interpretar os trinitaristas João 8:58?
21 Quando escreveu João 8:58, o apóstolo não estava citando a Versão Septuaginta grega, uma tradução feita pelos judeus de Alexandria, Egito, que falavam grego, antes do nascimento de Cristo. Alguém que leia grego compare João 8:58 em grego com Êxodo 3:14 no grego da Septuaginta e notará que esta não usa a expressão Egó eimí em Êxodo 3:14 referente ao nome de Deus, quando Deus disse a Moisés: “EU SOU me tem enviado a ti.” A Septuaginta usa a expressão ho Ōn, que significa “O Ser” ou “Aquele que é”. Este fato é claramente indicado na tradução de Êxodo 3:14 da Septuaginta grega para o inglês, feita por Bagster, que diz: “E Deus falou a Moisés, dizendo, eu sou O SER [ho Ōn]; e ele disse: Assim dirás aos filhos de Israel, O SER [ho Ōn] tem-me enviado a vós.” Segundo a tradução de Êxodo 3:14 da Septuaginta grega para o inglês, feita por Charles Thomson, diz: “Deus falou a Moisés, dizendo, eu SOU O EU SOU [ho Ōn]. Ainda mais, disse ele: Assim dirás aos filhos de Israel: O EU SOU [ho Ōn] me enviou a vós.”i Assim a comparação de dois textos gregos, o da Septuaginta e o de João 8:58, remove toda a base para os trinitaristas argumentarem que Jesus, em João 8:58, estava tentando aplicar Êxodo 3:14 a si mesmo, como se ele fosse Jeová Deus.
22, 23. (a) Como é usada e aplicada a expressão ho Ōn em outras partes dos escritos de João? (b) O que, portanto, dizia simplesmente Jesus em João 8:58?
22 Ah, sim, a expressão grega, ho Ōn, realmente ocorre nos escritos do apóstolo João. Ela ocorre no texto grego em João 1:18; 3:13 (RJ; Yg), 31; 6:46; 8:74; 12:17; 18:37, mas não como um título ou nome. Por isso, em quatro destes versículos ela se aplica, não a Jesus, mas a outras pessoas. Outrossim, em Revelação ou Apocalipse, o apóstolo João realmente usa a expressão ho Ōn cinco vezes como título, a saber, em Apocalipse 1:4, 8; 4:8; 11:17; 16:5. Mas em todas estas cinco vezes, a expressão ho Ōn se refere a Jeová Deus, o Todo-poderoso, e não ao Cordeiro de Deus, o Verbo de Deus.
23 Por exemplo, em Apocalipse 1:4,8 (ALA) lê-se: “João, às sete igrejas que se encontram na Ásia: graça e paz a vós outros da parte daquele que é [ho ōn], que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono.” “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é [ho ōn], que era e que há de vir, o Todo-poderoso.” Apocalipse 4:8 aplica ho ōn ao Senhor Deus Todo-poderoso no seu trono celestial, e Apocalipse 5:6,7 mostra que o Cordeiro vem a ele mais tarde. Apocalipse aplica ho ōn ao Senhor Deus Todo-poderoso, quando ele assume o poder e domina como Rei. Apocalipse 16:5 aplica ho ōn ao Senhor Deus, quando ele atua como Juiz. Portanto, João 8:58 não fornece prova à clarezia sobre a existência de um “Deus trino”, pois naquele versículo, segundo traduzido corretamente pelo Dr. James Moffatt, Uma Tradução Americana, em inglês, e por outros, Jesus disse apenas que ele tivera uma existência pré-humana no céu, junto com seu Pai, e que esta existência pré-humana tinha iniciado antes que Abraão nascesse.
SEMELHANTE, PORÉM SUBORDINADO
24. Como argumentam os trinitaristas com João 14:9, mas o que quis dizer Jesus com as palavras: “Quem me vê a mim, vê o Pai”?
24 Mas, objetam os trinitaristas, não estará esquecendo o que Jesus disse a Filipe? O que foi que ele disse? O seguinte: “Há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim, vê o Pai.” (João 14:9, ALA) Ah, sim, mas está longe de Jesus dizer ‘eu sou o Pai’. Jesus acabara de dizer a Filipe e aos demais apóstolos fiéis que ele ia para o Pai; e, assim, como poderia Jesus dizer no mesmo fôlego que Filipe, quando olhava para Jesus estava olhando para o Pai? Jesus não podia querer dizer isto, pois ele distingui-se do Pai, quando disse: “Crede em Deus, crede também em mim.” (João 14:1, ALA) Por que a expressão “também em mim”, se Jesus fosse o próprio Deus? Filipe pediu a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai”, e Jesus respondeu que isto era o que ele tinha estado a fazer todo o tempo, a saber, mostrando-lhes o Pai. Ele tinha estado a explicar quem era o seu Pai celestial. Ele tinha estado a mostra-lhes como era o seu Pai celestial. Ele tinha imitado o seu Pai. Ele era semelhante ao seu Pai, tanto assim que, quando alguém via a Jesus, era como se estivesse vendo o seu Pai.
25, 26. (a) Em face de João 1:18, por que não quis Jesus dizer que os apóstolos estavam olhando para o Pai? (b) O que foi que Jesus disse aos judeus em João 5:37, provando que Jesus não é Deus?
25 Por dizer: “Quem me vê a mim, vê o Pai”, Jesus não queria dizer que os apóstolos estivessem vendo Deus, Aquele a quem Jesus se dirigia ou de quem falava como Pai. Muitos anos depois que Jesus disse aquelas palavras, o apóstolo João escreveu: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. . . . a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.” (João 1:14,17,18, ALA) Por assim declarar Deus, o seu Pai, por explicá-lo, dando uma descrição dele e agindo como ele, Jesus produziu um efeito nos seus apóstolos que, ai vê-lo, viam também o Pai.
26 Por isso Jesus disse aos judeus: “O Pai que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma.” (João 5:37, ALA) Mas aqueles judeus viram realmente a forma de Jesus e ouviram a sua voz. Também, Jesus disse-lhes que se eles tivessem crido em Moisés eles creriam também nele; e Jesus sabia pelos escritos de Moisés que Deus lhe tinha dito no Monte: “Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha faze, e viverá.” (Êxo. 33:20, ALA) Mas aqueles judeus viam a Jesus e continuavam vivendo, o que provava que Jesus não era Deus. Portanto, João 14:9 também não fornece prova de que Jesus é Deus.
27. Como foi que Jesus se assemelhou a um aluno, e, portanto, em que posição se colocou ele com relação a Deus?
27 Além disso, notamos que Jesus nunca falou de si mesmo como Deus ou chamou a si mesmo de Deus. Ele sempre se colocou abaixo de Deus e não igual a Deus. Ele se pôs na posição de discípulo de Deus, quando disse: “Nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou.” (João 8:28, ALA) Deus era o instrutor de Jesus, e Jesus, como aluno, não estava acima de seu Instrutor, Deus, nem era igual a ele. Jesus assim se classificou como os outros filhos da organização de Deus, Sião, sobre os quais ele disse: “Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim.” (João 6:45, ALA; Isa. 54:13) Como discípulo ou aluno do seu Pai, Jesus aprendia continuamente dele.
28. Portanto, como aprendiz, o que disse Jesus que fazia com relação ao seu Pai?
28 Sobre isto João 8:25-27 (ALA) diz: “Respondeu-lhes Jesus: . . . aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as cousas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo. Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai.” Mais tarde Jesus disse àqueles judeus: “Procurais matar-me, Amim [um homem, grego: ánthropos] que vos tenho falado a verdade que ouvi de Deus [ho Theós]. Aos fiéis apóstolos, ele disse: “Tenho-vos chamado de amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” — João 8:40; 15:15, ALA.
29. Assim, que ação disse Jesus que o Pai tomara com relação a ele, e o que prova isto com respeito à comparação de Jesus com Deus?
29 Assim como uma pessoa que ouve, que PE ensinada, Jesus falou repetidas vezes de si mesmo como tendo sido enviado pelo seu Pai celestial. Por exemplo, em João 12:44, 45, 49, 50 (ALA) se diz: “E Jesus clamou, dizendo: Quem crê em mim crê, não em mim, mas naquele que me enviou. E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou. Por que eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. As cousas, pois, que eu falo, como o Pai mo tem dito, assim falo.” O próprio fato de que ele tinha sido enviado prova que não era igual a Deus, mas menor que o seu Pai.
30. Como foi que Jesus, na regra que ele próprio declarou, indicou que não era tão grande como seu Pai?
30 Isto envolve a própria regra de Jesus, segundo declarou aos seus apóstolos: “O servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.” (João 13:16, ALA) Assim como Deus era maior do que Jesus ao enviá-lo, assim Jesus era maior do que os seus discípulos ao enviá-los. Jesus fez esta comparação, quando lhes disse: “Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.” (João 20:21, ALA) Assim, o Maior envia o menor.
31. Assim, o que lhe servia de alimento, embora estivesse faminto fisicamente?
31 Jesus, sendo enviado como mensageiro, não veio para fazer a sua própria vontade ou agradar a si mesmo segundo a carne. Ele veio fazer a vontade do Maior que o havia enviado. Fez a vontade de Deus mesmo quando estava faminto fisicamente, dizendo: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.” — João 4:34, ALA.
32. De onde Jesus foi enviado, e, assim, onde era ele menor que Deus?
32 Jesus não tinha sido enviado pela primeira vez quando estava na carne sobre a terra, ele tinha sido enviado do céu. Em prova disto ele disse: “Eu desci do céu não para fazer a minha própria vontade; e, sim, a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu.” (João 6:38,39, ALA) Assim, até mesmo no céu Jesus era menor do que seu Pai. Durante o tempo que Jesus tinha para isso, ele continuou fazendo a vontade do seu pai, seu Enviador. Disse ele: “É necessário que façamos as obras daquele que me enviou enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.” (João 9:4, ALA) Tudo isto prova que Jesus não era o Deus, cuja vontade devia ser feita, mas o menor do que Deus, fazendo a vontade divina.
[Nota(s) de rodapé]
a O comentário latino reza: “Antequam Abraham fieret, Ego sum, quippe Deus aeternus, antequam Abraham nasceretur.” — Página 180, Volume 7, de La Sainte Bible, por M. L’Abbé Drioux. (Francês) — Edição de 1884.
b Citado da página 203 de The New Testament of Our Lord and Saudour Jesus Christ — A New Translation, por R. A. Knox, edição de 1945.
c “Ehe Abraham geworden ist, war ich.”
d “Ehe es einen Abraham gab, war ich schon da!” Vejam-se as notas marginais † e * na página 170, parágrafo 4, Sentinela de 15 de março de 1963.
e “Antes que Abraão existisse, eu existia.”
f בטרם היות אברהם אני הייתי—Delitzsch, 1937 edition.
g אני הייתי עוד עד לא־היה אברהם—Salkinson-Ginsburg, 1941 edition.
h Veja-se João 8:24, 28, 58, RJ; AS; NR; Ro; Yg; Dy e Confraternity.
i Citado de The Septuagint Bible The Oldest Version of the Old Testament na tradução de Charles Thomson, revisada por C. A. Muses; publicada por The Falcon’s Wing Press, edição de 1954.