Parte 1
“O verbo” — quem é ele segundo João?
1, 2. No seu registro da vida de Jesus Cristo, de quem primeiramente nos fala João, e, portanto, o que é natural que os leitores queiram saber?
“NO PRINCÍPIO era o Verbo e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.” É assim que se lêem os dois primeiros versículos do relato da vida de Jesus Cristo, feito pelo apóstolo João e conforme as traduções da Bíblia Sagrada pelo Padre Antônio Pereira de Figueiredo e João Ferreira de Almeida.
2 Portanto, logo no começo do relato de João, o primeiro que aparece é alguém chamado de “o Verbo”. Em vista desta apresentação repentina do Verbo, o leitor naturalmente quererá saber quem ou o que é este Verbo. De fato, desde o segundo século de nossa Era Cristã tem havido um prolongado debate quanto à identidade deste Verbo. E, particularmente, desde o quarto século, tem havido muita perseguição religiosa ao grupo minoritário neste debate.
3. Em que idioma escreveu João o seu registro, e por que temos dificuldades em entender as declarações iniciais dele?
3 O apóstolo João escreveu o seu relato no grego comum do primeiro século. Esta língua era então internacional. Os a quem João escreveu sabiam falar e ler o grego. Por isso eles sabiam o que João queria dizer com aquelas declarações introdutórias, ou, pelo menos, poderiam vir a saber pela leitura de todo o resto do relato de João, no grego original. Porém, quando se vão traduzir aquelas palavras iniciais para outras línguas, digamos, para o português, surge a dificuldade de traduzi-las de forma a expressarem o significado exato.
4. São todas as versões modernas da Bíblia iguais às consagradas versões antigas, e que exemplos temos para ilustrar se o são?
4 Sem dúvida, o leitor da Bíblia, que usar as versões ou traduções geralmente aceitas, dirá logo: “Ora, não há problema para se saber quem é o Verbo. A Bíblia diz claramente que o Verbo é Deus; e Deus é Deus:” Mas, em resposta, o mínimo que dizemos é que nem todas as traduções mais novas de helenistas expressam daquela maneira. Tome os seguintes casos, por exemplo: The New English Bible (A Nova Bíblia Inglesa), publicada em março de 1961, diz: “E o que Deus era, o Verbo era.” A palavra grega traduzida por “Verbo” é lógos; por isso lê-se na New Translation of the Bible (A Nova Tradução da Bíblia) (1922) do Dr. James Moffatt: “O Logos era divino.” The Complete Bible — An American Translation (A Bíblia Completa — Uma Tradução Americana) (Smith-Goodspeed), diz: “O Verbo era divino.” Assim o faz The Authentic New Testament (O Autêntico Novo Testamento) de Hugh J. Schonfield. Há outras expressões (de alemães) como as seguintes: “Estava firmemente ligado com Deus, sim, próprio do ser divino”, de Boehmer. “O Verbo era próprio do ser divino”, de Stage.a “E Deus (= do ser divino) o Verbo era”, de Menge.b “E era de peso divino”, de Pfaefflin.c “E Deus de certa espécie era o Verbo”d, de Thimme.e
5. Qual é a tradução mais controversial de todas, segundo indicado por dois exemplos, e por que se pode comparar a tradução do Professor Torrey com as citadas acima?
5 Mas a tradução mais controversial de João 1:1, 2 é a seguinte:“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era um deus. Este Verbo estava no princípio com Deus.” É assim que traduz esta expressão The New Testament in An Improved Version (O Novo Testamento em Uma Versão Melhorada), publicado em Londres, Inglaterra, em 1808.f Esta é semelhante à tradução de um antigo sacerdote católico romano, que diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era um deus. Este estava no princípio com Deus. Tudo veio a existir por intermédio do Verbo, e sem ele nada criado veio à existência.” (João 1:1-3)g Esta tradução, com a sua mui combatida expressão “um deus”, pode ser comparada com a que se encontra em The Four Gospels — A New Translation (Os Quatro Evangelhos — Uma Nova Tradução), do Professor Charles Cutler Torrey, dizendo na segunda edição de 1947: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era deus. aluando ele estava no princípio com Deus, todas as coisas foram criadas por intermédio dele;, sem ele, nenhuma coisa criada veio à existência.” (João 1:1-3) Note que o que se diz que o Verbo era, é escrito sem letra maiúscula, isto é, “deus”.
6. Com que expressões diferentes nos deparamos nas versões citadas acima, e, agora, a identidade de quem temos de descobrir?
6 Assim, nas traduções da Bíblia citadas acima, deparamo-nos com as expressões: “Deus”, “divino”, “Deus de certa espécie”, “deus” e “um deus”. Os que advogam um Deus trino, uma Trindade, objetarão energicamente à tradução “um deus”. Dizem, entre outras coisas, que isto significa crer em politeísmo. Ou chamam isto de unitarismo ou arianismo. A Trindade é ensinada pela cristandade na Europa, nas Américas e na Austrália, onde se encontra a grande maioria dos 4.150.000 leitores de A Sentinela. Por intermédio dos missionários da cristandade, os leitores de outros lugares, da Ásia, da África, entram em contato com o ensino da Trindade. Em vista disto, torna-se claro que temos de certificar-nos, não só quanto a quem é o Verbo ou Logos, mas também quanto a quem é o próprio Deus.
7, 8. O que diz a cristandade que Deus é, mas, aplicando este termo equivalente em João 1:1, 2, com que embaraço nos deparamos?
7 A cristandade crê que a doutrina fundamental dos seus ensinamentos é a Trindade. Por Trindade ela quer dizer um Deus trino ou três num só Deus. Isto é, um Deus em três Pessoas, a saber: “Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito-Santo”. Visto que se diz ser, não três Deuses, mas “um Deus em três Pessoas”, então o termo Deus deve significar Trindade; e Trindade e Deus devem ser termos intercambiáveis. Nesta base, citemos João 1:1, 2, usando o termo equivalente a Deus e vejamos como fica:
8 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com a Trindade, e o Verbo era a Trindade. Ele estava no princípio com a Trindade.” Mas como poderia ser isto? Se o próprio Verbo era uma Pessoa e ele estava com a Trindade, então haveria quatro Pessoas. Mas o Verbo, segundo os trinitaristas, é a Segunda Pessoa da Trindade, isto é, o “Deus-Filho”.h Mesmo assim, como poderia João dizer que o Verbo, como Filho de Deus, era a Trindade composta de três Pessoas? Como pode uma Pessoa ser três?
9. Se se disser que “Deus” significa Deus-Pai, com que problema nos deparamos?
9 Contudo, deixemos que os trinitaristas digam que, em João 1:1, Deus significa apenas a Primeira Pessoa da Trindade, isto é: “Deus-Pai”, e, portanto, O Verbo, no princípio, estava com Deus, o Pai. Na base desta definição de Deus, como se pode dizer que o Verbo, que dizem ser o “Deus-Filho”, era “Deus-Pai”? E quando entra em cena o “Deus-Espírito-Santo”? Se Deus fosse uma Trindade, não estaria o Verbo no princípio tanto com “Deus-Espírito-Santo” como com “Deus-Pai”?
10. Supondo que “Deus” signifique as outras duas Pessoas da Trindade, o que acontece e que explicação não satisfaz?
10 Digamos então, argumentam eles, que em João 1:1, 2, Deus signifique as outras duas Pessoas da Trindade, de modo que o Verbo estava no princípio tanto com o Deus-Pai como com o Deus-Espírito-Santo. Neste caso deparamo-nos com a seguinte dificuldade, isto é, que, sendo Deus, o Verbo era Deus-Pai e Deus-Espírito-Santo, as outras duas Pessoas da Trindade. Assim, se diz que o Verbo, ou “o Filho de Deus”, a Segunda Pessoa da Trindade, é também a Primeira e a Terceira Pessoa. Dizer que o Verbo era o mesmo que o Deus-Pai, que era igual ao Deus-Pai, mas não era o Deus-Pai, não resolve o problema. Se assim fosse, o Verbo seria o mesmo que o Deus-Espírito-Santo, igual ao Deus-Espírito-Santo, mas não o Deus-Espírito-Santo.
11, 12. Na Trindade, que fração de Deus seria o Verbo, e que pergunta temos que fazer referente à personalidade de Deus?
11 Mesmo assim os trinitaristas ensinam que o Deus de João 1:1, 2 é um só Deus; não três! Então, é o Verbo apenas uma terça parte de Deus?
12 Visto que não podemos calcular cientificamente que 1 Deus (o Pai) + 1 Deus (o Filho) + 1 Deus (o Espírito Santo) = 1 Deus, então temos que calcular que 1/3 de Deus (Pai) + 1/3 de Deus (Filho) + 1/3 de Deus (Espírito Santo) = 3/3 de Deus ou a 1 Deus. Além disso, teríamos de concluir que o termo “Deus” em João 1:1, 2 muda de sentido numa só sentença ou que “Deus” muda de personalidade. Será que muda?
13, 14. (a) O que faz o ensino da Trindade ao significado de João 1:1, 2? (b) Qual era a condição da mente de João referente ao Verbo e a Deus?
13 Estão confusos os leitores desta revista? Sem dúvida! Qualquer tentativa de arrazoar sobre o ensino da Trindade conduz à confusão mental. Assim, o ensino da Trindade confunde o significado de João 1:1, 2; ele não o simplifica, tornando-o claro e fácil de ser entendido.
14 Quando o apóstolo João escreveu este texto no grego comum de há dezenove séculos atrás, para os leitores cristãos internacionais, o assunto certamente não estava confuso em sua mente. Ele não tinha a mente confusa quanto a quem era o Verbo ou Logos, e quanto a quem era Deus, quando abriu o seu registro da vida de Jesus.
15. A quem devemos permitir que nos ajude neste emaranhado de identidades, e a que escritos podemos recorrer para ampliar a explicação das coisas?
15 Precisamos, portanto, deixar que o próprio apóstolo João identifique quem é o Verbo e explique quem é Deus. É isto que ele faz no restante do seu relato da vida de Jesus Cristo e em outros escritos inspirados. Além do chamado Evangelho de João, ele escreveu mais três cartas, ou epístolas e, também, a Revelação ou Apocalipse. Muitos acham que João tenha escrito primeiro o livro de Apocalipse, depois as suas três cartas e, finalmente, o Evangelho. A Biblical Archaeology, de G. Ernest Wright (1.957) diz na página 238: “Geralmente se associa João com Éfeso, na Ásia Menor, e muitos eruditos o datam em cerca de 90 E. C.” A Sentinela aceita a data de 98 E. C. para o Evangelho de João. Assim, para maiores esclarecimentos sobre as coisas escritas no Evangelho de João, podemos recorrer aos seus escritos mais antigos, a Revelação ou Apocalipse e as suas três cartas ou epístolas.
16. Fazendo isto, com que objetivo iniciamos, e por quê?
16 É isto que faremos agora. Fazemos isto com o desejo de chegar à mesma conclusão que o apóstolo João com referência a quem é o Verbo ou Logos. Fazermos isto significará ganharmos a vida eterna em felicidade no novo mundo justo de Deus, que está agora tão perto. João, com todo o conhecimento de primeira mão que tinha e com todas as suas associações, possuía razões ou base para chegar à conclusão correta. Ele queria que nós como leitores chegássemos à conclusão correta. Assim, honesta e fielmente, ele apresentou os fatos em cinco escritos diferentes, a fim de ajudar-nos a chegar à mesma conclusão a que ele chegou. Portanto, aceitando o testemunho de João como verdadeiro, começamos com o objetivo certo, com o objetivo que nos conduzirá a bênçãos eternas.
O QUE DIZER DE 1 JOÃO 5:7, So; AL?
17. O que perguntarão os crentes na Trindade se não estiverem atualizados, e o que precisa ser dito sobre o versículo que indicam nas suas Bíblias?
17 Se os crentes na Trindade não estiverem atualizados, perguntarão: Não ensina o próprio João a Trindade, isto é, que há três em um? Abrirão os seus exemplares da Bíblia e indicarão 1 João 5:7, onde se lê: “Porque são três os que dão testemunho no céu: O Pai, o Verbo, e o Espírito Santo; estes três são uma só coisa.” É assim que reza 1 João 5:7 na versão Soares católica romana e, de modo semelhante na edição Almeida de 1957. Mas as palavras “no céu: o Pai, o Verbo, e o Espírito Santo; e estes três são uma só coisa” não aparecem nos manuscritos gregos mais antigos. Por isso, as traduções mais modernas da Bíblia omitem estas palavras, e a edição da Bíblia do Comitê Episcopal Católico Romano da Confraternidade da Doutrina Cristã, contém estas palavras entre parênteses, com uma explicação no pé da página, como segue: “A Santa Sé reserva para si o direito de decidir finalmente na origem do texto atual.”
18. Que confissão faz o Cardeal Malus acerca de 1 João 5:7 na sua edição do Manuscrito Vaticano N.° 1209?
18 O manuscrito grego mais antigo das Escrituras Gregas Cristãs, segundo alguns, é o Manuscrito Vaticano N.° 1209, escrito na primeira metade do quarto século. Em nossa cópia deste manuscrito grego editada por Angélus Cardeal Maius, em 1859, ele inseriu as palavras gregas na cópia manuscrita, colocando um sinal de nota marginal no fim do versículo anterior. A nota marginal está em latim, que, traduzida, diz:
Daqui em diante, o mais antigo códice vaticano, o qual reproduzimos nesta edição, diz como segue: “Pois há três que dão testemunho, o espírito, a água, e o sangue: e os três são por um. Se o testemunho”, etc. Falta, portanto, o célebre testemunho de João concernente às três pessoas divinas, sendo este fato há multo conhecido dos críticos.i
19. O que diz o Dr. E. J. Goodspeed referente a 1 João 5:7, e, portanto, em que base podemos prosseguir examinando as identidades do Verbo e de Deus?
19 Um tradutor da Bíblia, o Dr. Edgar J. Goodspeed, diz sobre 1 João 5:7: “Este versículo não se encontra no grego em nenhum dos manuscritos antes do século treze, quer dentro quer fora do Novo Testamento. Ele não aparece em nenhum dos manuscritos gregos de 1 João antes do século quinze, quando, então, aparece num manuscrito cursivo; um manuscrito do século dezesseis também o contém. Estes são os únicos manuscritos gregos do Novo Testamento nos quais ele aparece. Mas não ocorre em nenhum dos antigos manuscritos gregos ou escritos gregos cristãos nem em nenhuma versão oriental. . . . É desacreditado universalmente pelos eruditos gregos e pelos editores do texto grego do Novo Testamento.j Deste modo, examinando os escritos de João quanto a quem são o Verbo e Deus, não podemos prosseguir na base do que dizem as palavras espúrias em 1 João 5:7.
O NASCIMENTO HUMANO NA TERRA
20, 21. (a) Quando foi que o Verbo deixou a presença pessoal de Deus, e que perguntas surgem quanto a como o Verbo fez isto? (b) Como diz João que o Verbo fez isto, e o que isto significa?
20 Houve um tempo em que o Verbo ou Logos deixou a presença pessoal de Deus com quem ele tinha estado no princípio. Isto se deu quando ele desceu à terra e se associou com os homens. João 1:10, 11 (ALA) diz: “Estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” Quando veio ao mundo, será que o Verbo fez o mesmo que os anjos celestiais tinham feito, permanecendo pessoa espiritual meramente revestida de um corpo humano visível, operando e associando-se com os homens através deste corpo? Ou será que o Verbo se tornou uma mistura, uma mescla de espírito e carne? Em vez de adivinhar, deixemos que João nos diga:
21 “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1:14, ALA) Outras traduções da Bíblia concordam que o Verbo se “fez carne”. (So; Maredsous; VB) Isto é muito diferente de dizer que ele se tenha revestido de carne como numa materialização ou numa reencarnação. Isto quer dizer que ele se tornou o que o homem é — carne e sangue — para que pudesse ser humano como nós. Por mais que pesquisemos os escritos de João, não encontramos uma só vez que João diga que o Verbo se tornasse Homem-Deus, isto é, uma combinação de homem e Deus.
22. Quanto à sua humanidade, o que foi que o próprio Verbo disse que ele era, e o que realmente significa ele se tornar carne?
22 A expressão Homem-Deus é uma invenção dos trinitaristas e não se encontra em nenhuma parte da Bíblia. O que o Verbo disse que era quando estava na terra foi: “O Filho do homem”, coisa muito diferente de Homem-Deus. Quando se encontrou pela primeira vez com certo judeu chamado Natanael, ele lhe disse: “Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” (João 1:51, ALA) Ao fariseu judaico, Nicodemos, ele disse: “Do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.” (João 3:14, 15, ALA) A expressão “Filho do homem” é aplicada ao Verbo dezesseis vezes nos escritos de João. Isto indica que foi mediante nascimento humano na terra que ele se “fez carne”. Tornar-se carne significou nada menos do que deixar de ser pessoa espiritual.
23, 24. Fazendo-se carne, o que se tornou o Verbo aos sentidos do homem, e em que palavras relata João a sua própria experiência com o Verbo?
23 Tornando-se carne, o Verbo, que antes era um espírito invisível, tornou-se visível, comunicável, perceptível aos homens na terra. Os homens de carne podiam assim ter contato direto com ele. O apóstolo João nos relata a sua própria experiência com o Verbo, quando ele estava na carne, para que compartilhasse conosco aquela bênção. Disse João:
24 “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), e o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.” — 1 João 1:1-3, ALA.
25, 26. (a) Como é que João se refere ao tutor terrestre de Jesus? (b) Como é que João se refere à mãe de Jesus depois de passar a cuidar dela?
25 João menciona a mãe humana do Filho do homem, mas nunca pelo nome pessoal. João nunca fala do primogênito dela como “Filho de Maria”. Ele menciona o pai tutor humano de Jesus logo no inicio do relato, quando Filipe disse a Natanael: “Achamos aqueles de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas, Jesus, o Nazareno, filho de José.” (João 1:45, ALA) Noutra ocasião, depois de Jesus ter alimentado miraculosamente cinco mil homens com cinco pães e dois peixes, os judeus, que tentavam manchar o passado de Jesus, disseram: “Não é este Jesus, o filho de José? Acaso não lhe conhecemos o pai e a mãe?” (João 6:42, ALA) Assim, embora João chamasse por nome a outras mulheres chamadas Maria, ele não nomeia a mãe de Jesus. Sempre que se refere a ela, nunca é por “Maria” ou “Mãe”, mas sempre por “Mulher”.
26 “Por exemplo, nas últimas palavras registradas que ele dirigiu a ela, quando Jesus morria como criminoso numa estaca em Gólgota e a sua mãe terrestre junto com seu discípulo amado olhavam, ele “disse a sua Mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua Mãe. E, desta hora por diante, a levou o discípulo para sua casa”. (João 19:25-27, So) João não nos diz por quanto tempo cuidou de Maria, a mãe de Jesus; mas ele nunca tentou glorificá-la ou beatificá-la, nem mesmo nomeá-la, por ser mãe de Jesus.
27, 28. A mãe de quem dizem os trinitaristas que Maria se tornou, e que pergunta suscita isto?
27 Entretanto, segundo os que ensinam a Trindade, quando “o Verbo se fez carne”, Maria se tornou a mãe de Deus. Mas visto que dizem que Deus é uma Trindade, então a virgem judia, Maria, tornou-se mãe apenas de uma terça parte de Deus e não “mãe de Deus”. Ela se tornou mãe de apenas uma Pessoa de Deus, a Pessoa que é colocada em segundo lugar na fórmula “Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito-Santo”. Assim, Maria era mãe apenas do “Deus-Filho”; não era mãe do “Deus-Pai” nem mãe do “Deus-Espírito-Santo”.
28 Mas se os católicos romanos e outros insistem que Maria era “a mãe de Deus”; neste caso somos obrigados a perguntar: Quem foi o pai de Deus? Se Deus teve mãe, quem foi o pai? Vemos assim mais uma vez como o ensino da Trindade leva ao ridículo.
29. Como descreve João o Senhor Deus em Apocalipse 4:8, 11, e que pergunta surge quanto a ele caber no ventre de Maria?
29 Além disso, o apóstolo João contemplou em visão certas criaturas dizendo a Deus no seu trono: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de vir”, e outras, dizendo: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as cousas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.” (Apo. 4:8, 11, ALA) A Bíblia diz mui claramente que o céu dos céus não pode conter o Senhor Deus Todo-poderoso; e o magnífico templo do Rei Salomão em Jerusalém não podia conter o único Senhor Deus Todo-poderoso. Como, então, uma coisa microscópica como o óvulo no ventre de Maria poderia conter Deus, a fim de que ela se tornasse “a mãe de Deus”? Portanto, sejamos cuidadosos com o que ensinamos para que não diminuamos a Deus.
SUA TERRA NATAL
30, 31. (a) Que pergunta surgiu entre os judeus acerca de Jesus que, aparentemente, tinha vindo de Nazaré da Galiléia? (b) Na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, como foi que uma grande multidão aludiu à sua terra natal?
30 Suscitou-se um debate entre os judeus sobre a terra natal de Jesus, que tinha vindo de Nazaré, na província da Galiléia. Os judeus em geral não sabiam que ele tinha nascido em Belém. Por isso João nos diz: “Outros diziam: Ele é o Cristo; outros, porém, perguntavam: Porventura o Cristo virá da Galiléia? Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi e da aldeia de Belém, donde era Davi? Assim houve uma dissensão entre o povo por causa dele.” (João 7:41-43, ALA) Entretanto, quando Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém na primavera de 33 E. C., houve muitos judeus quê o aclamaram prontamente como o Rei prometido por Deus, o Filho do Rei Davi, de Belém. João 12:12-15 (ALA) diz-nos o seguinte:
31 “No dia seguinte, a numerosa multidão que viera a festa, tendo ouvido que Jesus estava de caminho para Jerusalém, tomaram ramos de palmeiras e saíram ao seu encontro, clamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! e que é Rei de Israel! E Jesus, tendo conseguido um jumentinho, montou nele, segundo está, escrito [em Zacarias 9:9]: Não temas, filha de Sião, eis que o teu Rei aí vem, montado em um filho de jumenta.” — Veja-se o Salmo 118:25, 26.
32. (a) Como indicou Natanael as relações reais de Jesus? (b) Em Apocalipse, como indicou Jesus as suas relações reais, e como se compara o seu reino com o de seu antepassado?
32 Todavia, três anos antes disto, quando Jesus iniciara o seu ministério público na terra de Israel, Natanael reconhecera a relação entre Jesus e Davi, dizendo-lhe: “Mestre, tu és o filho de Deus, tu és Rei de Israel.” (João 1:49, ALA) E na visão do apóstolo João, a relação real de Jesus é acentuada diversas vezes. Em Apocalipse 3:7 (ALA), o próprio Jesus diz: “Estas cousas diz o Santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi.” Em Apocalipse 5:5 (ALA), um dos anciãos fala referente a Jesus: “Eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu.” Finalmente, em Apocalipse 22:16 (ALA), lemos: “Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas cousas às igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a brilhante estrela da manhã.” Embora Jesus, quando na terra, falasse de si mesmo como “Jesus, o Nazareno”, ele realmente tinha nascido na terra natal do Rei Davi, Belém, sendo apenas criado em Nazaré. (João 18:5-7; 19:19) Ali o seu tutor, José, veio a ser considerado como seu pai. Seu antepassado, Davi, tivera um reino terrestre; mas o reino celestial de Jesus é muito maior e mais benéfico para toda a humanidade.
33, 34. (a) Como argumentam os clérigos que as palavras em João 1:14 envolvem uma encarnação do Verbo? (b) Como é que argumenta o uso da mesma palavra da parte de Pedro e em outros versículos?
33 Aquele que fora o Verbo ou Logos passou apenas pouco tempo entre os homens, menos de trinta e cinco anos, desde a sua concepção no ventre da virgem judia, descendente do Rei Davi. Segundo diz Uma Tradução Americana, em inglês, em João 1:14: “Assim, o Verbo se tornou carne e sangue e habitou um pouco entre nós.” Os clérigos que crêem numa encarnação e em Homem-Deus, chamam a atenção ao fato de que o verbo grego traduzido “habitou um pouco”, tem sua raiz na palavra que significa “tenda” ou “tabernáculo”. De fato, é assim que o Dr. Robert Young traduz esta expressão, dizendo: “E o Verbo se tornou carne, e fez tabernáculo entre nós.” Visto que uma pessoa acampada mora em tenda, os clérigos argumentam que Jesus ainda era pessoa espiritual, estando apenas acampado num corpo de carne, sendo, portanto, uma encarnação, um Homem-Deus. Todavia, o apóstolo Pedro usou expressão semelhante referente a si mesmo, dizendo: “Também considero justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com essas lembranças, certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo.” (2 Ped. 1:13, 14, ALA) É claro que Pedro não queria dizer nestas palavras que ele próprio fosse uma encarnação. Pedro quis dizer que ele ia viver só mais um pouco na terra, como criatura de carne.
34 A mesma palavra grega usada em João 1:14 é usada também com relação a outras pessoas, que não são encarnações, em Apocalipse 12:12; 13:6. Portanto, as palavras de João 1:14 não apóiam a teoria da encarnação.
[Nota(s) de rodapé]
a “Es war fest mit Gott verbunden, ja selbst goettlichen Wesens”, O Novo Testamento de Rudolf Boehmer, 1910.
b “Das Wort war selbst goettlichen Wesens”, O Novo Testamento de Curt Stage, de 1907.
c “Und Gott (= goettlichen Wesens) war das Wort”, As Sagradas Escrituras do D. Dr. Hermann Menge, duodécima edição, 1951.
d “Und war von goettlicher Wucht”, O Novo Testamento de Friedrich Pfaefflin, 1949.
e “Und Gott von Art war das Wort”, O Novo Testamento de Ludwig Thimme, 1919.
f O frontispício diz: “O Novo Testamento em Uma Versão Melhorada, baseado na Nova Tradução do Arcebispo Newcome: com Correções de Texto e Notas Criticas e Explicativas. Publicado por uma Sociedade Promovedora do Conhecimento Cristão e da Prática da Virtude pela Distribuição de Livros.” — Unitarista.
g O Novo Testamento — Uma Nova Tradução e Explicação Baseado nos Mais Antigos Manuscritos, por Johannes Greber (uma tradução do alemão para o inglês), edição de 1937, contendo uma cruz dourada na capa.
h Diz La Sainte Bible, uma nova versão, segundo os textos originais, pelos-monges de Maredsous, Edições de Maredsous, 1949, numa nota marginal sob João 1:1: “1:1. O Verbo: a Palavra substancial e eterna do Pai, que constitui a segunda pessoa da Santíssima Trindade.” (1:1. Le Verbe: la Parole substantielle et eternelle du Père, constituant la seconde personne de Ia sainte Trinité.)
BÍBLIA SAGRADA: Tradução dos originais hebraico, aramaico e grego, mediante a versão francesa dos Monges Beneditinos de Maredsous (Bélgica) pelo Centro Bíblico Católico de São Paulo, 2a. edição, 1960, diz o mesmo que o acima e reza: “Cap. 1 — 1. O Verbo: a palavra substancial e eterna do Pai, que constitui a segunda pessoa da Santíssima Trindade.”
i A nota marginal, em latim, diz: “Exin in antiquissimo codice vaticano quem hac editione repraesentamus legitur tantum: οτι τρεις εισιν οι μαρτυρουντες, το πνευμα, και το υδωρ, και το αιμα· και το τρεις εις το εν εισιν. Ει την μαρτυριαν etc. Deest igitur celebre Iohannis de divinis tribus personis testimonium, quae res iamdiu criticis nota erat.” — Página 318.
j Citado da página 557 de The Goodspeed Parallel New Testament — The American Translation and The King James Version. Edição de 1943.