Vitória sobre o mundo sem conflito armado
“No mundo tereis tribulação. Mas, coragem! A vitória é minha; eu venci o mundo.” — João 16:33, The New English Bible.
1. (a) Por que seria a vitória sobre o mundo, sem conflito armado, uma realização bastante notável? (b) O que esperam alguns interpretadores da Bíblia quanto a uma ditadura mundial, e haverá tal?
A VITÓRIA sobre todo o mundo da humanidade, sem conflito armado, certamente seria uma realização notável Parece impossível — especialmente em vista de o mundo ser um acampamento armado, assim como é hoje. Uma vitória mundial sem um conflito militar não é da idéia das nações políticas da atualidade. Elas não crêem que qualquer nação ou qualquer homem individual possa, pela mera diplomacia política, pacífica, obter uma vitória mundial e depois dominar o mundo. Os governos políticos já de longa existência são espertos demais no que se refere aos ardis da diplomacia internacional para deixar-se impor algo assim. Uns poucos líderes religiosos da cristandade, que procuram interpretar as profecias da Bíblia Sagrada, predizem uma ditadura mundial no futuro próximo. Da parte de quem? Da parte daquele a quem chamam de “o anticristo”, que entendem ser “o homem do pecado”, “o filho da perdição”. (2 Tes. 2:3-10, Almeida, rev. e corr.; 1 João 2:18) Entretanto, contrário a tal crença, não haverá nenhum anticristo individual que obtenha a vitória sobre o mundo, sem conflito armado.
2, 3. (a) Segundo as Escrituras Sagradas, quem pode hoje obter tal vitória sobre o mundo, e qual é o prêmio disso? (b) Que exemplo histórico temos para mostrar a possibilidade disso e que palavras triunfantes dele temos?
2 As Escrituras inspiradas, sagradas, são bastante claras sobre o assunto de quem sairá vitorioso sobre o mundo, sem recorrer às armas violentas duma guerra sangrenta. Segundo estas Escrituras sagradas, dadas por Deus, nós mesmos, como pessoas tementes a Deus, podemos obter tal vitória. O prêmio de tal vitória é o dom da vida eterna numa nova ordem feliz e justa de coisas, na qual não teremos de contender com este atual mundo iníquo. Vale a pena obter tal vitória premiada, não vale? Todos nós devemos querer obter uma vitória que recebe tal recompensa inigualável, não devemos? Embora isso pareça estupendo, pode ser feito. Temos um exemplo histórico para provar que pode ser feito. Este exemplo animador é o dum homem que fez isso há dezenove séculos atrás, um homem cujo nome não é desconhecido ao mundo inteiro da humanidade. Este homem foi Jesus Cristo. No seu último dia como homem na terra, ele disse com o tom do triunfo na sua voz:
3 “Eu vos falei tudo isso, para que tenhais paz em mim. No mundo tendes aflição. Mas, tende coragem: Eu obtive a vitória sobre o mundo.” — João 16:33, The New Testament in Modern Speech, de R. F. Weymouth (1902).
4. Em vista de que acontecimentos, pouco depois da afirmação de Jesus, em que reivindicou a vitória, perguntamos de que modo ele obteve a vitória?
4 Estamos agora no ano 1974 de nossa Era Comum, e, no entanto, o mundo não foi convencido a crer em Jesus Cristo. Portanto, de que modo obteve Jesus Cristo a vitória sobre o mundo? Quando ele morreu como criminoso amaldiçoado, apenas algumas horas depois de afirmar ter obtido a vitória sobre o mundo, ele não havia convencido sua própria nação, o povo judaico, a aceitá-lo como seu prometido Messias, como o Ungido de Deus. Cinqüenta e um dias depois de sua morte ignominiosa, havia apenas cerca de 120 dos judeus em Jerusalém que se apegavam a ele como o Messias que cumpriu a profecia bíblica. (Atos 1:15) Que justificativa tinha Jesus Cristo, então, para dizer que havia obtido a vitória sobre o mundo? De que modo possível pode a sua alegada vitória ser de proveito para nós hoje? Vejamos.
5. (a) A maneira da execução de Jesus indicou que sentimentos dos romanos e dos Judeus para com ele? (b) Por quantos, disse Jesus aos seus discípulos, seria ele odiado?
5 Veja-o lá naquela sexta-feira, 14 de nisã do ano 33 E. C., pregado numa estaca, assim como os romanos pagãos penduravam em estacas os escravos condenados, sim, pendurado lá entre dois infames malfeitores! Esta situação o marcou como homem odiado, odiado tanto pelos romanos como pelos judeus, que o haviam entregue aos romanos para ser executado na maneira mais ignominiosa. Mesmo algumas horas antes de sua execução lá no Calvário, fora da cidade de Jerusalém, Jesus Cristo admitiu ser um homem odiado. Já é bastante ruim ser odiado por alguém injustamente, mas por quantos foi Jesus Cristo odiado, Jesus Cristo disse aos onze fiéis remanescentes dos seus doze apóstolos originais: “Se o mundo vos odeia, sabeis que me odiou antes de odiar a vós. Se vós fizésseis parte do mundo, o mundo estaria afeiçoado ao que é seu. Agora, porque não fazeis parte do mundo, mas eu vos escolhi do mundo, por esta razão o mundo vos odeia.” — João 15:18, 19.
6. Que obrigação individual tinham os apóstolos, em vista do ódio que o mundo lhes tinha?
6 Jesus deu assim a entender aos seus apóstolos que o mundo o odiava, e que o mundo igualmente odiaria a eles. O que teriam de fazer em vista disso? Ora, quando o mundo inteiro odeia alguém, este tem de contender com o mundo inteiro, e por isso precisa obter uma vitória sobre o mundo inteiro. Alguém odiado em todo o mundo precisa derrotar o mundo ou então ser derrotado por ele. De que outro modo poderia provar que está certo, que é veraz e que é fiel?
POR QUE O ÓDIO DO MUNDO?
7, 8. (a) Foi o ódio do mundo uma surpresa para Jesus? (b) O que lemos a respeito da sua palestra com seus meios-irmãos pouco antes da festividade das tendas em 32 E. C.?
7 Para entendermos como Jesus Cristo obteve a vitória sobre o mundo, temos de entender por que o mundo o odiava. Por ser o que ou por fazer o que teve ele de enfrentar o mundo inteiro? Não ficou surpreso de que o mundo o odiasse. Compreendeu o motivo de ele o odiar, e por isso o pôde suportar e agüentar. Salientou a causa da atitude do mundo para com ele depois de cerca de três anos de sua atividade pública na terra da Palestina. Isto aconteceu na segunda metade do ano 32 E. C., lá na província romana da Galiléia, onde Jesus havia sido carpinteiro, na cidade de Nazaré, até os trinta anos de idade. Ele tinha vários meios-irmãos mais jovens, filhos de sua mãe Maria, e estes meios-irmãos deram-lhe espontaneamente um conselho sobre sua carreira pública. Mesmo já naquele tempo, os judeus hostis aguardavam uma oportunidade para matá-lo, por o odiarem. Portanto, a questão era: Será que se exporia publicamente a eles, em Jerusalém, na festividade outonal das tendas, que se aproximava? Como judeu sob a lei de Deus dada por meio do profeta Moisés, Jesus estava obrigado a estar presente. Lemos sobre sua palestra com seus meios-irmãos:
8 “Os judeus buscavam matá-lo. No entanto, estava próxima a festividade dos judeus, a festividade das tendas. Portanto, seus irmãos disseram-lhe: ‘Passa daqui para lá e entra na Judéia, a fim de que também os teus discípulos possam observar as obras que fazes. Pois, ninguém faz nada em secreto enquanto ele mesmo busca ser conhecido publicamente. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.’ Seus irmãos, de fato, não estavam exercendo fé nele. Portanto, Jesus disse-lhes: ‘Meu tempo devido ainda não está presente, mas o vosso tempo devido já está aqui. O mundo não tem razão para vos odiar, mas odeia a mim, porque dou testemunho dele de que as suas obras são iníquas.’” — João 7:1-7.
9. De que modo não deixou Jesus de assistir àquela festividade das tendas e que vitória obteve ali no templo?
9 Subiu Jesus Cristo fielmente a Jerusalém, onde os que o odiavam se reuniam para a festividade das tendas? Sim subiu; mas não de modo temerário. Lemos sobre isso: “Mas, quando os seus irmãos tinham subido para a festividade, então ele mesmo subiu também, não abertamente, mas em secreto.” Na ocasião propícia, falou abertamente aos celebrantes da festividade lá no templo. As autoridades judaicas deram ordens para que fosse preso, mas estas não foram cumpridas pelos oficiais de polícia. (João 7:10, 32-48) Não foi esta uma vitória para Jesus Cristo?
10. (a) O que disse Jesus aos seus meios-irmãos a respeito do motivo de o mundo odiá-lo? (b) Visto que Jesus não saiu fora do judaísmo, como se pode dizer que seu testemunho a respeito das obras do mundo foi correto?
10 Que motivo apresentou ele para o ódio que o mundo lhe tinha, O motivo, conforme declarou aos seus meios-irmãos, era: “Odeia a mim, porque dou testemunho dele de que as suas obras são iníquas.” (João 7:7) Ora, se as obras dos judeus, aos quais Jesus restringira sua pregação, eram “iníquas”, que se podia dizer das obras do mundo pagão, fora do povo judeu? Elas não devem ter sido menos iníquas do que as dos judeus hostis a Jesus Cristo. Portanto, podia dar-se corretamente testemunho a respeito de todo o mundo da humanidade, judeu e gentio, de que suas obras eram “iníquas”. Não bastava isso para suscitar o ódio da parte do mundo?
11. (a) Por meio de que exemplo pessoal deu Jesus testemunho de que as obras do mundo eram iníquas? (b) Como provou a ação de Jesus, no templo, perto do início da sua carreira pública, que as obras do mundo eram iníquas?
11 Mas então, como dava Jesus testemunho do mundo e mostrava que as obras dele eram “iníquas”? Tanto pela palavra falada, como pela ação. Ele mesmo tinha de ser inculpe de obras iníquas. Quem, nos dias em que estava na terra, podia verazmente acusá-lo de uma única obra iníqua? Ele desafiou até mesmo os descrentes judaicos com a pergunta: “Quem de vós me declara culpado de pecado?” (João 8:46) Quando perto do início de sua carreira pública ele entrou no templo de Jerusalém e expulsou os cambistas e os mercadores, dizendo: “Tirai estas coisas daqui! Parai de fazer da casa de meu Pai uma casa de comércio!” ele deu testemunho àqueles profanadores do templo e às autoridades judaicas, que permitiam isso, de que as obras deles eram “iníquas”. — João 2:13-17.
12. Como deu Jesus um testemunho contra obras iníquas por meio das curas no sábado, pela expulsão de demônios, por não dar um sinal celestial e por não se fazer parte do mundo?
12 Quando no sábado legal, judaico, surgiram situações de fazer boas obras de cura e ele realizou tais curas, apesar de saber que ia ser criticado e condenado por elas, deu testemunho de que as ações de seus críticos eram “iníquas”. (Mat. 12:9-16) Quando expulsou demônios de pessoas possessas e foi acusado de estar aliado com Belzebu, o governante dos demônios, para fazer isso, Jesus tornou manifesto que as obras de seus opositores eram iníquas. (Mat. 12:22-37) Quando os judeus incrédulos pediram um sinal do céu, em prova de ele ser o Messias, e ele se negou a desfazer a sua descrença com sinais indevidos, deu testemunho de que suas obras iníquas eram as duma “geração iníqua e adúltera”. (Mat. 16:1-4; 12:38-45) A recusa de Jesus, de imitar este mundo e de se tornar semelhante a ele ou se fazer parte dele, era em si mesma um testemunho de que as obras do mundo eram “iníquas”:
13, 14. (a) De que dois modos gerais deu Jesus testemunho de que as obras do mundo eram iníquas? (b) Como se harmonizava a pregação de Jesus com o que ele disse em João 3:17?
13 Entretanto, não foi apenas por deixar sua vida falar por si mesma que Jesus deu testemunho contra este mundo, ao ponto de provocar o ódio dele. Fez isso também diretamente pela palavra falada. O que significa isso?
14 Ora, o próprio Jesus disse ao governante judeu Nicodemos: “Deus enviou seu Filho ao mundo, não para julgar o mundo, quer dizer, julgá-lo adversamente ou condená-lo, sentenciando a raça humana à destruição. (João 3:17) Assim, Jesus não percorria o país condenando tudo o que via, fazendo-o todo o tempo e proclamando apenas o “dia de vingança da parte de nosso Deus”. Não, mas tinha uma mensagem positiva, que resultava em isenção de condenação. Esta era a mensagem do Reino. — Isa. 61:1, 2; Luc. 4:16-41.
15, 16. (a) De que modo testemunhavam as palavras introdutórias da mensagem do Reino por Jesus que as obras do mundo eram iníquas? (b) Como foi tal testemunho também dado pelo próprio conteúdo da mensagem do Reino?
15 Mas, dava esta mensagem positiva testemunho a respeito do mundo, de que suas obras eram iníquas? Sim! E isto é demonstrado pela maneira em que a mensagem régia foi introduzida. A narrativa de Mateus nos conta como João Batista introduziu a mensagem do Reino e como depois o próprio Jesus Cristo fez isso. Depois do encarceramento de João Batista, Jesus Cristo passou a proclamar a mensagem de João e a ampliá-la. A respeito disso, Mateus 4:17 nos informa: “Daquele tempo em diante, Jesus principiou a pregar e a dizer: ‘Arrependei-vos, pois o reino dos céus se tem aproximado.’”
16 Esta mesma palavra de introdução da mensagem: “Arrependei-vos”, indicava que as obras dos ouvintes da mensagem do Reino eram iníquas. Eles precisavam arrepender-se de tais obras iníquas e dar meia-volta, preparando-se para a vinda do Reino. Por quê? Porque este governo divino não permitiria que seus súditos praticassem obras iníquas. De fato, os que praticassem obras iníquas não iriam ser admitidos nos cargos governamentais neste reino. (1 Cor. 6:9, 10) Este reino havia de ser um governo justo, e achar o Deus do céu necessário estabelecer tal reino condenava todos os reinos deste mundo como sendo iníquos. Dava testemunho de que estes sistemas mundanos de regência eram iníquos e algum dia teriam de ser destruídos, no tempo designado de Deus. Este era o motivo pelo qual os que proclamavam e advogavam o “reino dos céus” não podiam compativelmente empenhar-se na política do mundo, não podiam ocupar cargos políticos em qualquer governo feito pelo homem, nem tomar parte em qualquer conflito armado, para manter tais regências mundanas. Como embaixadores e enviados do reino de Deus, abstêm-se da política humana, impura.
17. Por que foi Jesus odiado pelos governantes do mundo e seus apoiadores por ele pregar a mensagem do Reino?
17 Era Jesus odiado pelo mundo por pregar as boas novas do “reino dos céus”? A evidência mostra que o mundo o odiava por isso. Os governantes do mundo e seus apoiadores tinham as suas próprias idéias e os seus próprios planos sobre como a terra e seus povos deviam ser governados. Odiavam a mensagem que apresentava a Jeová Deus como pensando em destruir seus reinos e suas regências, no tempo devido Dele. Preferiam uma mensagem que apresentasse a Deus como apoiando seus governos feitos pelo homem, aprovando-os e pretendendo melhorá-los e mantê-los no poder. Por conseguinte, uma mensagem que anunciava um reino que não cooperava com seus sistemas de regência e realmente não trabalhava por meio deles era algo de que os elementos políticos deste mundo não gostavam. Odiavam tanto a ele como os proclamadores dele. Odiavam o Ungido a quem Deus se propunha colocar no poder no “reino dos céus”.
VENCENDO O ÓDIO DO MUNDO
18, 19. (a) O que induziu o mundo a odiar Jesus por pregar a mensagem do Reino? (b) Como disse Jesus aos seus apóstolos que o ódio do mundo não tinha motivo válido?
18 Merecia Jesus o ódio do mundo por pregar o reino messiânico de Deus? Pregava com isso algo que prejudicava toda a humanidade? Não, mas algo que era para seu bem eterno. O mundo era induzido pelo orgulho e pelo egoísmo pessoais a odiar Jesus por proclamar a mensagem do Reino, que era realmente boas novas, Evangelho, a Boa-Nova. Que o ódio que o mundo lhe tinha realmente não tinha motivos válidos, Jesus declarou explicitamente aos seus apóstolos fiéis, dizendo:
19 “Se eu não tivesse vindo e falado com eles, não teriam pecado; mas agora não têm desculpa para o seu pecado. Quem me odeia, odeia também, o meu Pai. Se eu não tivesse feito entre eles as obras que ninguém mais fez, não teriam pecado; mas agora eles têm visto e têm odiado tanto a mim como a meu Pai. Mas, é para que se cumpra a palavra escrita na Lei deles: ‘Odiaram-me sem causa.”’ — João 15:22-25.
20. Como mostraram os Judeus, diante do Governador Pilatos, que Jesus era odiado por pregar a mensagem do Reino?
20 Mostrando que o mundo odiava a Jesus por ele pregar o reino justo de seu Pai celestial, os inimigos recorreram a um truque político para que fosse executado pelos romanos, que então não se interessavam em questões religiosas. Usaram a pregação de Jesus, de um governo perfeito para a humanidade, como instrumento para acusá-lo dum crime político contra o Império Romano, a potência mundial daquele tempo. Quando o governador romano da Judéia, Pôncio Pilatos, quis que os acusadores de Jesus tratassem do assunto como puramente religioso, envolvendo sua lei religiosa, e lhes disse: “Tomai-o e julgai-o vós mesmos segundo a vossa lei”, eles responderam: “Não nos é lícito [sob a lei de César] matar alguém.” (João 18:31) Para dar um toque político ao que Jesus pregava, seus acusadores disseram a Pilatos: “Achamos este homem subvertendo a nossa nação e proibindo o pagamento de impostos a César, e dizendo que ele mesmo é Cristo, um rei. . . . Ele atiça o povo por ensinar em toda a Judéia, principiando da Galiléia até mesmo aqui.” — Luc. 23:1-5.
21. Como fizeram os acusadores de Jesus com que Pilatos se sentisse pessoalmente envolvido no assunto?
21 Por fim, para fazer o Governador Pilatos sentir-se pessoalmente envolvido no assunto, os acusadores de Jesus disseram: “Se livrares este homem, não és amigo de César. Todo homem que se faz rei fala contra César. . . . Não temos rei senão César.” — João 19:12-15.
22, 23. (a) Como se tornou Jesus então diretamente alvo do ódio do “mundo”? (b) Como foi este fato salientado mais tarde em oração pelos discípulos de Jesus?
22 Por obrigarem assim os romanos pagãos a participar na eliminação deste Pregador do “reino dos céus”, os acusadores judaicos obrigaram o Império Romano a cometer um ato odioso contra Jesus. Antes de os soldados romanos o levarem para o lugar de execução no Calvário, fora de Jerusalém, trataram-no escandalosamente como um criminoso sedicioso. Que Jesus foi assim feito diretamente o alvo do ódio do mundo foi salientado mais tarde pelos seus próprios discípulos, quando fizeram uma oração a Deus, dizendo:
23 “Soberano Senhor, tu és Aquele que fez o céu e a terra, e o mar, e todas as coisas neles, e quem, por intermédio de espírito santo, disse pela boca de nosso antepassado Davi, teu servo: ‘Por que se tumultuaram as nações e meditaram os povos coisas vãs? Os reis da terra tomaram a sua posição e os governantes aglomeraram-se à uma contra Jeová e contra o seu ungido.’ Mesmo assim, tanto Herodes como Pôncio Pilatos, com homens das nações e com povos de Israel, ajuntaram-se realmente nesta cidade contra o teu santo servo Jesus, a quem ungiste, a fim de fazerem as coisas que a tua mão e conselho predeterminaram que ocorressem.” — Atos 4:24-28.
24. Que objetivo atrás do ódio que o mundo tinha a Jesus tinha de ser vencido vitoriosamente?
24 Ninguém pode questionar que Jesus Cristo enfrentou o ódio do mundo. Mas a questão vital é: Deixou que o ódio do mundo obtivesse a vitória sobre ele? Curvou-se finalmente em derrota diante dele? Ora, a que tentava o ódio do mundo obrigar Jesus Cristo? Fora instigado por Satanás, o Diabo, para amedrontá-lo, a fim de torná-lo submisso. Destinava-se a induzi-lo a parar de fazer suas poderosas obras milagrosas, que atestavam que ele era o Messias prometido, enviado por Jeová Deus. Destinava-se a persuadi-lo a não mais pregar as boas novas do reino messiânico de Deus e a silenciá-lo como Instrutor e Pregador. Destinava-se a fazê-lo rebelar-se contra Jeová Deus, quem o ungiu e comissionou como o Messias. Sim, este ódio do mundo era suscitado contra Jesus Cristo para fazê-lo virar-se contra as pessoas e odiá-las, desistindo de seu proceder auto-sacrificador de depor a sua própria vida humana perfeita, para que elas pudessem obter a vida eterna sob o prometido reino messiânico de Deus. O ódio do mundo tinha por objetivo destruí-lo, por fazê-lo procurar salvar a sua vida humana, terrestre, só para perder a sua alma, sua esperança de ressurreição para a vida eterna.
25. Como fracassou o ódio do mundo quanto a impedir Jesus de realizar poderosas obras milagrosas mesmo até poucas horas antes de sua execução?
25 Conseguiu o ódio do mundo realizar todas estas coisas com respeito a Jesus Cristo, Admitiu ele a sua derrota e parou de fazer milagres e obras boas, que o Messias prometido fora comissionado a realizar? Não! Até poucas horas antes de ele ser sentenciado à morte, realizou um milagre, mostrando que era contra qualquer conflito armado. Na ocasião em que foi traído, no jardim de Getsêmani, perto de Jerusalém, seu apóstolo Pedro puxou duma espada e decepou a orelha dum homem da turma que veio prendê-lo sob a cobertura da escuridão. Mas Jesus expressou sua desaprovação do uso da espada, e depois curou a orelha do homem, dando assim testemunho ao sumo sacerdote dos judeus, porque este homem curado, Malco, era servo do sumo sacerdote. — Mat. 26:48-54; Luc. 22:47-51; João 18:10, 11.
26. O que se pode dizer sobre se Jesus permitiu que o ódio do mundo o impedisse de ampliar a pregação do Reino, até o último meio ano de seu ministério público?
26 Pois bem, conseguiu o ódio contínuo do mundo subjugar Jesus Cristo e obrigá-lo a manter a boca fechada, não mais pregando as boas novas do Reino? O depoimento das testemunhas oculares responde que não! Iniciando sozinho a proclamação da proximidade do Reino, depois do encarceramento de João Batista, Jesus ajuntou a si discípulos e escolheu doze, que deviam estar todo o tempo com ele e os quais designou como apóstolos. Ao se aproximar a terceira celebração pascoal durante o seu ministério público, enviou estes doze apóstolos, aos dois, para pregar à mesma mensagem que havia continuado a pregar, porque lhes disse: “Ao irdes, pregai, dizendo: ‘O reino dos céus se tem aproximado.’” (Mat. 10:1-7) Depois da terceira celebração da festividade judaica das tendas, durante seu ministério público, Jesus enviou outros setenta discípulos como evangelizadores, também aos dois, e disse-lhes: “Onde quer que entrardes numa cidade e eles vos receberem, comei as coisas postas diante de vós, e curai os doentes nela e continuai a dizer-lhes: ‘O reino de Deus se tem chegado a vós.’” (Luc. 10:1-9) Isto se deu durante o último meio ano de sua vida humana.
27, 28. (a) Como levou Jesus a pregação nacional do Reino a um grandioso clímax com um floreio dramático? (b) Por que não fez Jesus parar os clamores sobre o Reino, naquela ocasião, quando foi exortado a fazer isso?
27 Aproximava-se então a quarta e última Páscoa de seu ministério público. Chegara um dia de agitação que abalou a cidade de Jerusalém em sentido religioso. Isto se deu no domingo, 9 de nisã do ano 33 E.C., cinco dias antes de sua morte chocante. Nesse dia, Jesus levou a sua pregação nacional do reino de Deus a um grandioso clímax com um floreio dramático. No Monte das Oliveiras, ao leste de Jerusalém, ele montou num jumentinho e avançou como o Rei messiânico para a cidade real, não acompanhado por um corpo imponente de cavalarianos, armados com lanças, nem por um esquadrão de carros ruidosos de guerra ou por um batalhão de infantaria, plenamente armado, não, nem por uma poderosa força militar, que teria feito com que os soldados romanos saíssem correndo de seus quartéis, no Castelo de Antônia, ao noroeste da área do templo, para resistir à invasão de Jerusalém. Não, mas em cumprimento da profecia de Zacarias 9:9, ele entrou montado, numa procissão triunfal, pacífica, acompanhado por uma multidão jubilante de homens, mulheres e crianças desarmados, os quais deixou fazer a proclamação do Reino por ele.
28 Entre os clamores que irrompiam da multidão em marcha havia os seguintes: “Bendito é o reino vindouro de nosso pai Davi!” “Bendito Aquele que vem como Rei em nome de Jeová!” “Salva, rogamos-te! Bendito aquele que vem em nome de Jeová, sim, o rei de Israel!” Quando os inimigos cheios de ódio objetaram a estes clamores messiânicos do povo, Jesus insistiu em que a profecia tinha de se cumprir, por dizer: “Eu vos digo: Se estes permanecessem calados, as pedras clamariam.” — Mat. 21:6-16; Mar. 11:4-11; Luc. 19:32-40; João 12:12-16.
29. Como cumpriu Jesus assim a profecia e o que retratou?
29 Assim, não foi em vão que a profecia de Zacarias 9:9 declarou quinhentos anos antes: “Alegra-te grandemente, filha de Sião, grita jubilosa, filha de Jerusalém! Eis que teu rei vem a ti ele é justo [triunfante] e vitorioso, manso [humilde] e vem montado num jumento, sobre um jumentinho, cria de uma burrica.” (Pontifício Instituto Bíblico; Jerusalem Bible) “Pois, eis que teu rei vem a ti, sua causa ganha, sua vitória obtida, humilde e montado num jumento, num jumentinho, cria duma jumenta.” (The New English Bible [NE]; veja a versão do Centro Bíblico Católico.) Não foi por mera exibição, mas em obediência à profecia inquebrantável de Deus, que Jesus enfrentou corajosamente o ódio do mundo e testemunhou dramaticamente do reino messiânico de Deus. Assim retratou profeticamente como, após o fim dos Tempos dos Gentios em 1914 E. C. e depois do fim da guerra no céu, ele viria montado triunfantemente e se apresentaria à organização teocrática de Jeová como seu Rei legítimo. — Luc. 21:24; Rev. 12:5-10.
REIVINDICAÇAO JUSTA DA VITÓRIA SOBRE O MUNDO
30. (a) De que modo não permitiu Jesus que o ódio do mundo afetasse sua disposição e atitude pessoal? (b) Como denunciou ele a hipocrisia religiosa com respeito ao Reno?
30 O ódio do mundo não impediu Jesus nem de fazer milagres, em prova de seu messiado, nem de pregar as boas novas do reino messiânico de Deus. Nem o fez assimilar o espírito dele e encher-se de ódio maldoso da raça humana, que viera resgatar, nem deixou-se pressionar a se tornar rebelde contra Deus e a vontade divina. No templo, em expressão da pena que sentia das pessoas enganadas e oprimidas, denunciou abertamente a hipocrisia religiosa e disse: “Ai de vós, escritas e fariseus, hipócritas! porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois, vós mesmos não entrais, nem deixais entrar os que estão em caminho para entrar.” (Mat. 23:1-13) Três dias depois, sem qualquer espírito de rebeldia contra Deus, Jesus celebrou com seus apóstolos a Páscoa judaica em Jerusalém. Logo depois, iniciou uma nova observância, uma nova ceia, em comemoração de sua morte como sacrifício humano.
31. Por que não negaram as palavras de Jesus, proferidas sobre o copo de vinho e relacionadas com o Reino, a sua afirmação posterior a respeito de obter a vitória sobre o mundo?
31 Ao explicar o significado do copo de vinho que se devia beber nesta ceia comemorativa, Jesus disse aos seus apóstolos fiéis: “Bebei dele, todos vós; pois isto significa meu ‘sangue do pacto’, que há de ser derramado em benefício de muitos, para o perdão de pecados.” (Mat. 26:26-28) Estas palavras não evidenciavam nenhum ódio à raça humana, nem qualquer rebelião contra a vontade de Deus para ele, que envolvia uma morte sacrificial. Daí, no decorrer da palestra que se seguiu, Jesus disse aos apóstolos: “Vós sois os que ficastes comigo nas minhas provações; e eu faço convosco um pacto, assim como meu Pai fez comigo um pacto, para um reino, a fim de que comais e betais à minha mesa, no meu reino, e vos senteis em tronos para julgar as doze tribos de Israel.” (Luc. 22:28-30) Mais tarde, no fim da sua palestra e antes de fazer uma oração final a Deus, Jesus disse-lhes: “No mundo tereis tribulação. Mas, coragem! A vitória é minha; eu venci o mundo.” — João 16:33, NE.
32. (a) Por que tinha Jesus o direito de reivindicar a vitória sobre o mundo, naquela hora noturna? (b) Como foi a sua afirmação apoiada pelo seu testemunho perante Pilatos?
32 Naquela hora da noite de 14 de nisã, pôde Jesus de direito afirmar ter obtido a vitória sobre todo o mundo? Em vista de seu proceder fiel e amoroso na vida, até então, podemos responder que sim! Jesus não se estava ali apenas jactando para glorificar a si mesmo. Seu inabalável proceder de obediência a Deus, nas horas seguintes, provou isso. Quando estava perante o representante local mais elevado do César do Império Romano, Jesus recusou-se a negar que ele era o Rei ungido de Deus, mas disse ao Governador Pôncio Pilatos: “Meu reino não faz parte deste mundo. Se o meu reino fizesse parte deste mundo, meus assistentes teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, assim como é, o meu reino não é desta fonte. . . . Tu mesmo estás dizendo que eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade.” Embora seu reinado messiânico fosse usado pelos seus odiadores para o acusarem legalmente, a fim de que os romanos o executassem, Jesus não renunciou ao reino de Deus. — João 18:36, 37.
33. (a) Como se completou a vitória de Jesus na estaca de tortura e como se provou isso menos de três dias depois? (b) Que vitória com respeito a este mundo aguarda ainda o glorificado Jesus?
33 Pouco depois, quando Jesus estava pendurado pregado à estaca de tortura, no Calvário, quando seus odiadores passaram por ali e o vituperaram, não se fez semelhante a eles, nem lhes retribuiu na mesma moeda. Por volta das três horas da tarde, quando Jesus disse: “Está consumado!” e inclinou a cabeça e expirou, obtido a vitória sobre o mundo, e isso sem conflito armado. (João 19:30; 1 Ped. 2:22-24) O mundo o havia matado como homem, mas ele morreu sem ser derrotado. O mundo odioso não tirou satisfação de sua morte. Não pôde impedir, nem impediu que ele obtivesse o prêmio glorioso pela sua vitória sobre o mundo. Não se passaram inteiramente três dias antes de o Deus Todo-poderoso o ressuscitar dentre os mortos numa vitória estupenda sobre a morte, enaltecendo-o então à mão direita do trono de seu Pai celestial, muito além do alcance do mundo odioso aqui embaixo na terra, o mero escabelo de Deus. (Fil. 2:5-11; 1 Ped. 3:22) Espera-o outra espécie de vitória, e esta junto com seus santos anjos guerreiros, na vindoura “guerra do grande dia de Deus, o Todo-poderoso”, no Har-Magedon. — Rev. 16:14, 16; 19:11-21.
[Foto na página 333]
Jesus não permitiu que o mundo obtivesse uma vitória sobre ele por parar seus milagres e suas obras boas. Não, mas poucas horas antes de ser sentenciado à morte, curou milagrosamente a orelha dum homem, depois de Pedro a ter decepado.