Perguntas dos Leitores
● Quantas vezes ocorre a palavra “seol” na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Hebraicas (em inglês)? — S. J. D., Estados Unidos.
A palavra “Seol” ocorre sessenta e seis vezes na Tradução do Novo Mundo das inspiradas Escrituras, em vez de sessenta e cinco, sendo isso porque ocorre na tradução de Isaías 7:11, onde a Versão Rei Jaime e a Trinitária usam a expressão “pedir” em vez de Seol.
Todavia, estritamente falando, ainda é correto o que se declara na página 409 do apêndice do Volume 5 da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Hebraicas sob o titulo “1 Samuel 2:6 — ‘Seol’”, a saber: “A palavra hebraica שאול (Seol), que transliteramos em todos os casos por “Seol”, ocorre 65 vezes no texto hebraico, desde Gênesis até Malaquias. Esta palavra, que se refere à condição dos mortos ou ao lugar comum dos mortos, deve ser distinguida .da palavra hebraica queber, que significa lugar de sepultura (como acontece em Gênesis 23:4), e de queburá, que quer dizer sepultura (como acontece em Gênesis 35:20).” Como se dá isso?
Em Isaías 7:11 o texto massorético dá os pontos vogais como sheálah para a expressão hebraica שאלה (shʼlh) que a Tradução do Novo Mundo verte “como Seol”. A expressão hebraica shʼlh ocorre somente uma vez no texto hebraico. Esta expressão com “h” no fim da palavra hebraica tem sido interpretada pelos tradutores da Bíblia como sendo a forma imperativa do verbo hebraico shaál com “h” enfático no fim e significando “ter de pedir”. Por isso, a tradução literal da Bíblia de Dr. Young verte assim esta linha: “Faça profundo o pedido, ou faça-o alto para cima”, ao passo que A Bíblia Enfatizada de Rotheram, em inglês, verte assim esta linha: “Vá à profundeza para um pedido, ou ascenda ao alto!” A tradução da Versão Rei Jaime e outras traduções são iguais a esta.
Todavia, há críticos do texto que crêem que a expressão hebraica recebeu pontos vogais errados e que em vez de rezar sheálah, como no texto massorético atual, deve rezar sheólah. Neste último caso, a expressão hebraica não seria o imperativo do verbo hebraico shaál, mas seria o substantivo hebraico Seol com “h” paragógico, ou um “h” final indicativo de direção de movimento. Assim, o pensamento contido no hebraico seria profundar “até ao Seol” ou “em direção do Seol”. É por isso que a Tradução do Novo Mundo vete assim esta linha: “Fazendo-o tão profundo como o seol ou fazendo-o tão alto como as regiões superiores.” Uma Tradução Americana reza similarmente, traduzindo assim esta linha: “Faça-o tão profundo como o Seol, ou tão alto como os céus!” A Revised Standard Version de 1952 também reza de modo similar, traduzindo assim: “Seja tão profundo como o Seol ou tão alto como o céu.” É possível que a tradução da Bíblia de Dr. James Moffatt esteja seguindo o mesmo parecer quando verte assim este versículo: “Peça do Eterno, teu Deus, um presságio do profundo mundo subterrâneo ou do alto céu.” É interessante notar que a Vulgata latina reza “profundum inferni”, e, portanto, a versão católica romana, Douay, traduz assim este versículo: “Peça um sinal do Senhor teu Deus, ou até as profundezas do Inferno, ou até a altura em cima.”
É interessante notar que o Dicionário hebraico-alemão-inglês, conhecido como Dicionário dos Livros do Velho Testamento de Koehler e Baumgartner, imprime a conjetura de que a expressão hebraica sheálah deva rezar sheólah e por isso alista também esta expressão hebraica sob o título geral de Seol. Da mesma forma, o Standard Hebrew Text de Rudolf Kittel contém a expressão hebraica sheálah no texto principal, mas na nota marginal diz: “Leia como Áquila, Simaco e Teodociano, sheólah (até hades).” Assim, estes três antigos tradutores do texto hebraico para o grego, liam sheólah em vez de sheálah esta expressão hebraica.
Até mesmo a tradução da Bíblia de Jerusalém, em francês, reza semelhante às versões Vulgata latina e Douay, e usa a palavra Seol. A versão portuguesa da Bíblia dos monges beneditinos de Maredsous reza de modo similar mas usa a expressão “do fundo da mansão dos mortos”. A Bíblia francesa do Cardeal Lienart traduz “lá embaixo em le scheol”. A Bíblia espanhola de Torres Amat diz “profundo del infierno”. Bover-Cantera (em espanhol) diz “profundo del seol”.
Em face desta diferença de opinião ou de construção dada ao ponto vogal correto do texto hebraico, é mais veraz que o texto hebraico contenha a palavra Seol somente 65 vezes das quais temos certeza, ao passo que o caso em Isaías 7:11 pode ser similar à expressão hebraica que ocorre em Gênesis 37:35; 42:38; 44:29; 44:31; Números 16:30; 16:33; Ezequiel 31:15; 31:16; 31:17, onde sheólah ocorre no texto hebraico. Mas, mesmo que tenhamos certeza de apenas 65 vezes que Seol ocorre no antigo texto hebraico, somos obrigados a dizer que na Tradução do Novo Mundo e nas outras traduções modernas em inglês, a palavra Seol ocorre, não 65, mas 66 vezes.
● Segundo o registro bíblico, Ismael já era mocinho quando Abraão mandou embora tanto a ele como á sua mãe Agar porque Ismael zombava de Isaque. Em vista disto, como devemos entender as palavras, que se acham em Gênesis 21:14, 15? — G. M., Estados Unidos.
Os textos mencionados rezam: “Levantou-se, pois, Abraão de madrugada, tomou pão e um odre de água, pô-los às costas de Hagar, deu-lhe o menino, é a despediu. Ela saiu, andando errante pelo deserto de Berseba. Tendo-se acabado a água do odre, colocou ela o menino debaixo de um dos arbustos.” — ALA.
Que Ismael já era mocinho naquele tempo se percebe ao notarmos que Abraão, seu pai, tinha oitenta e seis anos quando Ismael nasceu e cem anos quando Isaque nasceu, e que Isaque foi desmamado alguns anos mais tarde, ocasião em que Ismael zombava dele. — Gên. 16:16; 21:5, 8, 9.
Naturalmente, pelo registro não podemos saber exatamente a estatura nem a força física de Ismael. Talvez fosse de estatura delgada e fraca de natureza e talvez desfalecesse por causa disso, necessitando que a sua mãe o carregasse. As mulheres naqueles dias estavam acostumadas a carregar fardos pesados na vida diária, especialmente uma escrava como Agar, portanto isso não era inconcebível. Mas parece que depois Agar também cansou-se, tendo de colocá-lo, talvez sem cerimônia, abrigado debaixo do arbusto mais perto.
● Quando Eliseu orou para que Deus ferisse o exército sírio de cegueira, o que foi que realmente aconteceu? — K. K., Estados Unidos.
O relato de 2 Reis 6:18, 19 esclarece o assunto ao dizer: “Orou Eliseu ao SENHOR [Jeová], e disse: Fere, peço-te, esta gente de cegueira. Feriu-a de cegueira, conforme a palavra de Eliseu. Então Eliseu lhes disse: Não é este o caminho, nem esta a cidade; segui-me, e guiar-vos-ei ao homem que buscais. E os guiou a Samaria.” (ALA) Se o exército tivesse ficado literalmente cego teria sido necessário conduzi-los pela mão, mas o relato apenas menciona que Eliseu lhes disse: ‘Não é este o caminho. Sigam-me.’ Aparentemente, o que aconteceu é que foram feridos de cegueira mental para que não pudessem reconhecer Eliseu nem para onde ele os conduzia.
Os psicólogos admitem tal cegueira mental. Por exemplo, William James, no seu livro Principles of Psychology (Princípios da Psicologia), Vol. 1, página 48, declara: “A cegueira mental é um dos resultados mais curiosos do desarranjo cortical. Não é tanto insensibilidade às impressões ópticas quanto incapacidade de compreendê-las. Psicologicamente se interpreta isso como perda de associações entre as sensações ópticas e o significado delas; e qualquer interrupção das vias entre os centros ópticos e os centros de outras idéias pode causar isto.”
● Quem são os reis mencionados em Isaías 60:3? — L. H., Estados Unidos.
Isaías 60:3, que é dirigido à “mulher” ou organização de Deus, segundo mostra o primeiro versículo deste capítulo, declara: “As nações se encaminham para a tua luz, e os reis para o resplendor que te nasceu.” Este texto é bem semelhante ao de Apocalipse 21:24 que reza: “As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória.” — ALA.
Estas profecias não podiam referir-se a reis mundanos, políticos ou de outra espécie, pois não são estes que vêm à organização de Deus ou a reconhecem, nem têm eles qualquer glória autêntica que pudessem trazer-lhes. Não se regozijam com a prosperidade espiritual, da organização de Deus. Mas, os reis nestes textos devem ser os escolhidos da terra para ser reis celestiais, reis do ponto de vista de Deus, que reinarão como tais juntos no trono de Cristo durante mil anos, assim como Cristo está com seu Pai no trono dele. (Apo. 3:21; 20:6) Há ainda na terra um restante deste número composto de 144.000 e é a estes que se referem as palavras destas profecias. — Apo. 14:1, 3.
Semelhantemente, as nações referidas não são nações políticas, pois nenhuma delas como tal vem à organização de Deus. Mas são homens de boa vontade dentre todas estas nações mundanas mencionadas em Apocalipse 7:9, a “grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas.” — ALA. Veja-se também Zacarias 8:23.
● Por que os discípulos de João Batista chamavam-no de Rabi visto que Jesus disse claramente: “Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi”? — C. W., Estados Unidos.
Não somente os discípulos de João chamavam-no de “Rabi”, como registrado em João 3:26 (NTR), mas os de Jesus também o chamavam de “Rabi”, conforme se vê na.pergunta registrada em João 1:38 (NTR), que diz: “Disseram-lhe eles: Rabi, (que, traduzido, quer dizer Mestre) onde pousas?” É claro deste texto que Rabi significa mestre ou instrutor: João, a quem Jeová comissionou profeta para preparar o caminho de Jeová e para dar conhecimento da salvação ao Seu povo, foi instrutor e seus discípulos reconheciam esse fato. — Luc. 1:76-79.
Naturalmente, com a sua morte João deixou de ser instrutor, e foi depois dela que Jesus esclareceu aos seus discípulos que ele era então o instrutor deles e que não deviam fazer distinções entre si, chamando alguns pelo titulo Rabi: “Vós; porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é vosso Mestre, e todos vós sois irmãos.” — Mat. 23:8, NTR.