Perguntas dos Leitores
● Haverá um período de tempo entre o fim do Armagedon e o princípio do reinado milenar de Cristo? — R. S., Pensilvânia.
Não há base bíblica para o argumento de que haverá qualquer período intermediário entre o fim do Armagedon e o principio do Milênio. Antes, as Escrituras mostram que não haverá intervalo. Ao descrever a batalha do Deus Todo-poderoso, a Bíblia diz acerca do seu fim culminante: “E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. Lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não enganasse mais as nações, até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo.” O relato fala depois sobre os co-herdeiros de Cristo, a igreja ou classe da noiva, e continua: “Serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos. Ora, quando se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, e sairá a enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra.” — Apo. 19:11 a 20:8, NTR.
Ser Satanás lançado no abismo marcará o fim do Armagedon, o fim da oposição ao domínio do reino de Cristo. Começará então o reinado desimpedido de Cristo, acompanhado de seus co-herdeiros, durante mil anos. Note que os fatos apresentados nos textos excluem qualquer possibilidade de haver um intervalo entre o fim do Armagedon e o começo do milênio. Satanás estará preso na condição da morte durante mil anos, sendo depois solto por um pouco de tempo. Cristo e sua igreja reinarão por mil anos, depois dos quais o Diabo é solto para enganar por algum tempo, antes de sofrer a destruição completa e final na Geena. Se houvesse um período de alguns anos entre o fim do Armagedon, assinalado por Satanás ser lançado no abismo, e o principio do reinado de mil anos, então Satanás teria de ficar preso por mais de mil anos para que o seu aparecimento final se dê depois do fim do milênio. Portanto, se ele há de ficar preso por exatamente mil anos, e se ele há de ficar preso durante os mil anos do reinado de Cristo, então estes dois períodos devem ser coincidentes, começando e terminando juntos.
● No capítulo vinte e três de Atos, versículos um a cinco, Paulo chama o sumo sacerdote, Ananias de “parede branqueada”. Depois se desculpa, em efeito, dizendo: “Escrito está: Não falarás mal do chefe do teu povo.” Como podemos justificar a censura escaldante dos governantes da cristandade feita pela Sentinela, uma vez que ainda são os governantes do povo, embora nós, tanto quanto Paulo, reconheçamos que são sacerdotes falsos? — F. W., E. U. A.
Em primeiro lugar, notemos que a Palavra de Deus nunca se contradiz. Embora seja verdade que em Êxodo 22:28 se disse ao povo de Israel que não amaldiçoassem um chefe entre o seu povo, é também verdade que os profetas de Deus receberam vez após vez a ordem de censurar fortemente os governantes de Israel. Além disso, as publicações da Torre de Vigia estão justificadas na sua “censura escaldante” dos governantes da cristandade, em vista das referências do próprio Jesus aos governantes, em Lucas 13:31-35, Mateus 23:1-37, João 8:44, e Apocalipse 1:1 e 13:1 a 18:9. A estas referências podem ser acrescentadas todas as denúncias feitas pelos antigos profetas hebraicos.
Por conseguinte, quando Paulo, na sua desculpa, citou Êxodo 22:28, ele deve ter-se referido aos governantes fiéis do povo de Jeová. Certamente os governantes iníquos não estão acima da crítica e da denúncia, especialmente quando o povo precisa ser avisado contra eles. Conforme Jesus disse certa vez: “São cegos, guias de cegos. Se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco.” (Mat. 15:14) No caso de Paulo, ele se encontrava perante o Supremo Tribunal Judaico e não queria mostrar desrespeito para com aquele tribunal. Portanto, quando descobriu que chamara realmente o juiz principal, o sumo sacerdote Ananias, de parede branqueada, ele se desculpou, a fim de não prejudicar o seu caso perante o tribunal. Por isso ele pôde mais tarde ter parte do tribunal do seu lado quando clamou: ‘Irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus; por causa da esperança da ressurreição dos mortos é que eu estou sendo julgado.’ Paulo agiu assim com sabedoria e tato, e, pode-se dizer, também em harmonia com o princípio estabelecido em Eclesiastes 10:20, quanto a não se amaldiçoar o rei, para que isso não chegue aos ouvidos dele.
De modo similar, sempre que estivermos diante de governantes e juízes do país, nos comportaremos com cortesia para com os representantes do país e da lei. Dificilmente nos dirigiríamos a alguém nos termos denunciatórios usados nas diversas publicações que distribuímos. A não ser que quiséssemos sofrer imediatamente o martírio, assim como Estêvão, que disse ao Supremo Tribunal do Sinédrio de Jerusalém, segundo Atos 7:51-53: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvido, vós sempre resistis ao espírito santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? eles mataram os que dantes anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e homicidas, vós que recebestes a Lei por ministério de anjos, e não a guardastes.” Estevão estava justificado naquilo que dizia, conforme se evidenciou pelo fato de que Jeová Deus lhe enviou uma visão celestial justamente no momento em que foi apedrejado até morrer.
Em resumo pode-se dizer que a ordem em Êxodo 22:28 dirigia-se aos israelitas individuais e especificava uma regra em harmonia com Eclesiastes 10:20, aplicando-se principalmente aos governantes fiéis. Esta ordem não pode ser usada para invalidar as muitas outras ordens em obediência às quais as testemunhas de Jeová publicam a “censura escaldante” contra os governantes como classe, os quais ocupam hoje uma posição similar de alta autoridade como os governantes do antigo Israel. Não obstante, a sabedoria e o tato, indicam que não devemos ser culpados de pessoalmente sermos descorteses para com tais governantes, quando estamos na situação de nos dirigir a eles. Podemos sempre formar um conceito de incerteza quanto àquela pessoa específica, embora, às vezes, o proceder seguido por Estevão seja o indicado pelo espírito de Deus.