A organização teocrática no meio das democracias e do comunismo
“O próprio Deus [Theós, em grego] de toda a benignidade imerecida, que vos chamou à sua eterna glória em união com Cristo, completará o vosso treinamento; ele vos fará firmes, ele vos fará fortes. Dele seja o poderio [krátos, em grego] para sempre.” — 1 Ped. 5:10, 11.
1, 2. (a) É a palavra Teocracia hoje uma palavra nova? (b) Quem cunhou a palavra e como a explicou?
PARA muitos dos leitores talvez seja uma palavra nova — esta palavra Teocracia, mas ela tem pelo menos dezenove séculos de idade. Sim, foi usada no primeiro século de nossa Era Comum, e naquele tempo parecia ser uma palavra estranha.
2 Esta palavra foi cunhada por um historiador, a saber, Flávio Josefo, de Jerusalém. Em resposta a acusações lançadas contra seu povo, Josefo escreveu a sua obra intitulada “Contra Ápion”, em dois volumes. No volume 2, parágrafo 45, ele se refere a “Moisés, nosso excelente legislador”, e no parágrafo 52 ele introduz a palavra nova, no meio destas palavras escritas em grego: “Diversas nações têm suas diversas formas de governo e sua diversidade de leis. Alguns governos são confiados a uma só pessoa, outros, ao povo. Nosso legislador não considerou nenhuma destas formas, mas ordenou um governo que, por meio duma expressão forçada, pode ser chamado de Teocracia [theokratia, em grego], ou Comunidade Santa, por atribuir toda a autoridade e todo o poder a Deus, persuadindo o povo a considerá-lo como autor de todas as coisas boas usufruídas quer em comum por toda a humanidade, quer por cada um em particular. A ele é que nos manda que corramos em busca de socorro nas nossas aflições, visto que ele ouve as nossas orações e esquadrinha os próprios segredos de nossos corações. Ele inculca as doutrinas de um só Deus, o Ser não criado, imutável e eterno, o infinitamente glorioso e incompreensível além do que podemos saber dele por meio de suas obras.”a
3, 4. (a) A que governo aplicou Josefo o termo Teocracia? (b) A que foi aplicado este termo neste século vinte pela Torre de Vigia (Sentinela), e com que palavras?
3 De modo que a palavra Teocracia foi cunhada para significar “regência de Deus”, um governo que tem o Deus Altíssimo por Regente, em contraste com o governo ‘confiado a uma só pessoa’ (autocracia), o governo confiado “ao povo” (democracia), o governo confiado aos ricos (plutocracia) e o governo confiado a muitos bureaux (burocracia). O historiador Josefo aplica o termo Teocracia ao governo estabelecido pelo legislador Moisés às ordens de Deus, o qual disse a Moisés que Seu nome era Jeová (Javé ou Iavé). No nosso século vinte, porém, o termo Teocracia tem sido usado com relação à verdadeira igreja ou congregação cristã, num tempo em que aumentaram as democracias políticas e o comunismo político foi estabelecido à força em muitos países. Concordemente, a congregação cristã é uma organização teocrática, governada por Deus, o grande Teocrata, Jeová. Em pleno reconhecimento disso, A Torre de Vigia (Sentinela) de junho-julho de 1938, página 83, dizia:
4 “A organização de Jeová não é de modo algum democrática. Jeová é supremo, e seu governo ou organização é estritamente teocrática. Esta conclusão não pode ser contradita com êxito.”
5. Embora Josefo fizesse tal aplicação do termo Teocracia, o que temos de dizer sobre se o governo estabelecido pelos israelenses em Jerusalém é ou não uma teocracia?
5 O historiador Josefo presenciou a destruição de Jerusalém pelas legiões romanas, no ano 70 de nossa Era Comum. Ele aplicou o termo à organização nacional judaica em existência antes daquela terrível calamidade. Atualmente, desde a guerra dos seis dias, em 1967, os judeus têm a posse de tudo o que hoje se chama Jerusalém, e têm a sua capital nacional ali. Mas, podemos considerar o governo que estabeleceram na sua antiga pátria como sendo sucessor da Teocracia para cujo estabelecimento se usou Moisés, no ano 1513 A. E. C.? É o governo nacional que agora tem por capital a antiga Jerusalém uma teocracia? Como pode ser, quando é chamado de “república” e tem um presidente eleito democraticamente, sendo desde 1949 membro da organização gentia em prol de paz e segurança mundiais, a saber, das Nações Unidas? Nem mesmo o presidente da República de Israel, nem os membros do parlamento nacional, o Knesset, afirmarão que seu governo é uma teocracia, uma organização teocrática. Nas fileiras dos políticos israelenses há grande luta a respeito da questão de se aderir ou não estritamente à Lei de Moisés. O que aconteceu? O seguinte:
6. O que deixou de ser a nação judaica no primeiro século E. C., e que clamor perante o governador romano prova isso?
6 No primeiro século de nossa Era Comum, a nação judaica deixou de ser uma organização teocrática. Isto aconteceu até mesmo antes da destruição de Jerusalém no ano 70. Os acontecimentos históricos registrados apontam para este fato solene. No dia da Páscoa do ano 33 E. C., quando a multidão apinhada de gente estava diante do governador romano Pôncio Pilatos e clamava pela libertação do criminoso Barrabás, em vez de pela do homem a quem o próprio Pilatos queria libertar como inocente, o que clamava a multidão lá em Jerusalém? O seguinte: “Se livrares este homem, não és amigo de César. Todo homem que se faz rei fala contra César. . . . Não temos rei senão César.” (João 19:12-15) Este clamor se destacava em contraste chocante com o que o antigo profeta Isaías havia dito muito tempo antes: “Jeová é o nosso Juiz, Jeová é o nosso Legislador, Jeová é o nosso Rei.” — Isa. 33:22.
7, 8. Mais tarde, quem presidiu a uma sessão na sala do Sinédrio, e que resposta deram à queixa os homens em julgamento?
7 Dois meses ou mais depois ocorreu outra cena na mesma Jerusalém. Esta se deu perante o tribunal nacional chamado Sinédrio, composto de setenta e um membros. Este julgamento específico foi presidido pelo sumo sacerdote, e foram julgados doze judeus nativos pela proclamação de certos ensinos religiosos que ofendiam a este Sinédrio ou Supremo Tribunal. Lemos sobre isso:
8 “Trouxeram-nos assim e os postaram na sala do Sinédrio. E o sumo sacerdote interrogou-os, dizendo: ‘Nós vos ordenamos positivamente que não ensinásseis à base deste nome, e, ainda assim, eis que enchestes Jerusalém com o vosso ensino, e estais resolvidos a trazer sobre nós o sangue deste homem.’ Em resposta, Pedro e os outros apóstolos disseram: ‘Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens. O Deus de nossos antepassados levantou Jesus, a quem matastes por pendurá-lo num madeiro. Deus enalteceu a este, como Agente Principal e Salvador, para a sua direita, para dar a Israel arrependimento e perdão de pecados. E nós somos testemunhas destes assuntos, e assim é também o espírito santo, que Deus tem dado aos que obedecem a ele como governante.’” — Atos dos Apóstolos 5:27-32.
9. Segundo o testemunho que assim se deu, com quem se encontrava então a teocracia de Jeová?
9 Este testemunho apresentado neste julgamento revelou quem eram os que agiam de modo teocrático, reconhecendo a Deus como governante ou Teocrata. Segundo este testemunho, quem tinha a organização teocrática — o Sinédrio, os representantes da nação judaica, ou aqueles doze apóstolos de Jesus, cuja morte fora causada pouco antes por aquele Sinédrio? Além de qualquer refutação, eram os doze apóstolos de Jesus Cristo que tinham a teocracia de Jeová.
10, 11. (a) Que prova poderosa corroborou no dia de Pentecostes que a nação judaica deixou de ser a Teocracia? (b) Como deu a entender Gamaliel com o seu conselho, que houve conduta não-teocrática da parte do Sinédrio judaico?
10 Que a Teocracia divina havia deixado de existir na nação de Israel e existia então entre estes doze apóstolos e outros discípulos de Jesus Cristo fora consubstanciado por uma forte prova. Que prova? A seguinte: que Deus havia derramado seu espírito santo sobre estes discípulos de Cristo, os quais reconheciam a Deus como governante antes que os meros homens que se opunham a Deus como governante. Foi com a ajuda deste espírito derramado que Pedro e os outros onze apóstolos deram seu testemunho corajoso perante o Sinédrio judaico. Alguns dias antes, no dia festivo de Pentecostes, Deus havia derramado este espírito sobre eles em cumprimento da profecia de Joel 2:28, 29. Esta profecia foi citada naquele dia pelo apóstolo Pedro, quando ele explicou a milhares de celebrantes judaicos de Pentecostes o milagre que acabava de acontecer. Foi nesta ocasião que Pedro disse aos judeus indagadores: “Portanto, que toda a casa de Israel saiba com certeza que Deus o fez tanto Senhor como Cristo, a este Jesus, a quem pendurastes numa estaca.” (Atos 2:14-36) Que a nação judaica não mais agia de modo teocrático, foi dado a entender pelo professor de direito judaico chamado Gamaliel, quando ele disse ao Sinédrio, a respeito dos doze apóstolos no banco dos réus diante deles:
11 “Homens de Israel, prestai atenção a vós mesmos quanto ao que pretendeis fazer com respeito a estes homens. . . . Digo-vos: Não vos metais com estes homens, mas deixai-os em paz; (porque, se este desígnio ou esta obra for de homens, será derrubada; mas se for de Deus, não podereis derrubá-los;) senão podereis talvez ser realmente achados como lutadores contra Deus.” — Atos 5:34-39.
12. Mais tarde, o que provou que “este desígnio ou esta obra”, conforme o chamou Gamaliel, era “de Deus”, e, por isso, que transferência ocorreu?
12 O que este fariseu judaico Gamaliel chamou de “este desígnio ou esta obra” mostrou ser “de Deus”, pois, nem o Sinédrio, nem todo o povo judaico dentro e fora do Império Romano puderam derrubá-lo, embora perseguissem os seguidores de Jesus Cristo, os quais foram ungidos com espírito. Mas no ano 70 E. C., a capital judaica de Jerusalém foi destruída e o Sinédrio judaico, nacional, deixou de existir. E três anos depois, em 73 E. C., caiu a última fortaleza judaica na província da Judéia, a saber, Massada, no lado ocidental do Mar Morto, diante das legiões romanas. Mas, já antes disso, os cristãos judaicos fiéis haviam fugido de Jerusalém e de todas as outras partes da província da Judéia, porque Jesus Cristo lhes dissera que deviam fazer isso, ao descrever profeticamente a vindoura destruição de Jerusalém. (Mat. 24:15-22; Mar. 13:14-20; Luc. 21:20-24) Era bem evidente, pois, que a teocracia de Jeová havia sido transferida da nação do Israel natural, circunciso, para a organização cheia de espírito dos discípulos de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Estes estão pregando até hoje o reino de Deus, não a República de Israel ou qualquer outro governo humano.
A ORGANIZAÇÃO TEOCRÁTICA NO PRIMEIRO SÉCULO E. C.
13. Devemos examinar para ver se os leitores dedicados da Sentinela aderem a quê? E por que isso?
13 A revista A Sentinela tem chamado e ainda chama repetidas vezes à atenção a organização teocrática, e, para ser coerente, devemos examinar para ver se os leitores cristãos, dedicados e batizados, desta revista, aderem ou não à organização teocrática.
14. Os apóstolos sabiam que o Israel pré-cristão havia sido estruturado com que espécie de administração, e como mostraram isso aqueles a quem Moisés se apresentou ao voltar ao Egito?
14 Sem dúvida, precisamos remontar ao primeiro século, aos dias dos apóstolos de Cristo, para ver como estava estruturada a sua organização teocrática. Os apóstolos eram todos judeus ou israelitas naturais, circuncisos, assim como Jesus Cristo era. Estavam bem familiarizados com o fato de que a estrutura pré-cristã da nação teocrática de Israel havia tido certos encarregados ou administradores designados. Sabiam que Jeová, quando enviou Moisés de volta ao Egito para libertar Seu povo escravizado, dissera a Moisés: “Vai, e tens de ajuntar os homens mais maduros [zeqenim, em hebraico] de Israel e tens de dizer-lhes: ‘Apareceu-me Jeová, o Deus de vossos antepassados.’” (Êxo. 3:16) Aqueles “homens mais maduros” ou “mais idosos” não eram apenas homens de idade avançada, mas tinham a categoria de “homens mais maduros”, talvez sendo nesta ocasião os representantes de toda a casa de Israel.
15. Que categoria tinham os setenta homens que Moisés levou consigo ao monte Sinai, e como se evidencia isso?
15 Alguns meses depois, quando o profeta Moisés mediava o pacto da Lei entre Deus e a nação de Israel, Deus disse a Moisés no monte Sinai: “Sobe até Jeová, tu e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos homens mais maduros [zeqenim] de Israel.” Que estes setenta “homens mais maduros” eram representantes da nação se evidencia em Êxodo 24:11, onde somos informados: “E ele [Jeová] não estendeu sua mão contra os homens distintos dos filhos de Israel, mas tiveram uma visão do verdadeiro Deus, e comeram e beberam.” De modo que eram “homens distintos”, e não apenas homens de idade avançada. (Êxo. 24:1, 14) Estavam na categoria de “homens mais maduros” ou anciãos.
16. Qual era a categoria dos setenta homens sobre os quais Jeová pôs parte do espírito que havia sobre Moisés?
16 Mais tarde, quando Jeová estava para dar parte do espírito que havia sobre Moisés a outros setenta israelitas, ele disse a Moisés: “Ajunta-me setenta homens dos homens mais maduros [zeqenim] de Israel, dos quais deveras sabes que são homens mais maduros do povo e oficiais deles, e tens de levá-los à tenda de reunião e eles têm de postar-se ali contigo.” Depois de se obedecer a esta ordem, Jeová tirou um pouco do espírito que havia sobre Moisés e “o pôs sobre cada um dos setenta homens mais maduros”, e eles “passaram então a proceder como profetas”. (Núm. 11:16-25) Aqueles setenta homens estavam associados com “oficiais” ou possivelmente, sendo “homens mais maduros”, eles mesmos eram encarregados especiais do povo.
17. Segundo as instruções que Jeová deu a Moisés, o que deviam possuir as cidades em Israel, e como se evidenciou que era assim mesmo nos dias de Jesus?
17 Segundo as instruções que Jeová deu a Moisés, quando os israelitas entrassem na Terra da Promessa, suas cidades deviam ter “homens mais maduros”, conforme fossem designados. (Deu. 19:12; 21:2-20; 22:15-18; 25:7-9) A história bíblica mostra que isto veio a ser assim nas cidades e povoações da terra de Israel. (Juí. 8:14-16; 1 Reis 21:8-11; Esd. 10:14) Era assim até mesmo nos dias de Jesus Cristo e dos seus apóstolos. Quando lhes falou sobre a sua vindoura morte violenta, disse-lhes que “ele tinha de ir a Jerusalém e sofrer muitas coisas da parte dos homens mais maduros, e dos principais sacerdotes, e dos escribas, e que tinha de ser morto”. (Mat. 16:21) Estes não eram apenas homens de idade avançada, mas eram classificados oficialmente como “homens mais maduros”. Estes homens estavam associados com os principais sacerdotes e os escribas por ocasião da prisão e do julgamento de Jesus. (Mat. 26:47 a 27:41) Estes “homens mais maduros” participaram com os principais sacerdotes em subornar os homens que haviam guardado o túmulo de Jesus, para dizer que ele não fora ressuscitado, mas que o seu cadáver fora roubado pelos seus discípulos. — Mat. 28:12.
18. (a) Assim como Jesus, às mãos de quem tinham de padecer os apóstolos dele? (b) Em que sentido eram eles “homens mais maduros”, e o que precisavam ter nas suas reuniões, e por quanto tempo?
18 Iguais a Jesus Cristo, seus apóstolos tinham de sofrer às mãos dos “homens mais maduros” associados com os principais sacerdotes. Quando os apóstolos Pedro e João foram soltos depois de seu encarceramento e julgamento, então, conforme diz a narrativa, “foram para a sua própria gente e relataram as coisas que os principais sacerdotes e os homens mais maduros lhes haviam dito”. (Atos 4:5-23) Tudo isto mostra que esses associados dos principais sacerdotes eram oficialmente “homens mais maduros”. As cidades do antigo Israel não tinham o que se chama de “prefeitos”, mas tinham uma junta de “homens mais maduros”. Tal junta teria de ter um presidente ou encarregado que presidia, e é provável que a presidência fosse exercida em rodízio entre eles, cada membro exercendo-a por sua vez por um período. Não se mostra como os habilitados eram constituídos “homens mais maduros”.
19. (a) Portanto, que pergunta surge quanto à nova teocracia de Deus desde Pentecostes de 33 E. C.? (b) Que sugestão se fez com respeito aos “anciãos”, e que perguntas suscita esta sugestão?
19 Quando o Israel natural, circunciso, deixou de ser uma teocracia e Jeová estabeleceu a sua teocracia sobre a igreja ou congregação dos discípulos de seu Filho, a partir de Pentecostes de 33 E. C., possuía esta nova organização teocrática também oficialmente “homens mais maduros”? Tem-se sugerido que, no que se refere à congregação cristã, “todos os ungidos de Deus são anciãos”.b Esta aplicação incluiria até mesmo mulheres, que por motivo de sua dedicação a Deus, seguida pelo batismo em água e pela geração por parte do espírito de Deus, foram ungidas com Seu espírito. Mas o que mostram realmente as particularidades da organização teocrática cristã no primeiro século? Mostram que nenhum homem dedicado e batizado devia ser oficialmente constituído em “homem mais maduro” na congregação cristã? Vejamos.
20. (a) Segundo a citação que Pedro fez de Joel 2:28, 29, que espécie de homens haveria na congregação cristã? (b) Segundo a palavra usada em Joel 2:28, por que podiam ser estes tanto “anciãos” oficiais como simplesmente “homens idosos”?
20 A citação que o apóstolo Pedro fez de Joel 2:28, 29, no dia de Pentecostes de 33 E. C., mostrava que haveria “anciãos” na congregação cristã, homens que ‘teriam sonhos’. Mas quando esta profecia foi vertida para o grego, a Versão dos Setenta usou a palavra grega presbýteros, que em português realmente significa “presbítero” ou “ancião”. Isto se dá porque a palavra hebraica [zaqén] usada em Joel 2:28 é a palavra regularmente aplicada a “anciãos”, tais como aqueles anciãos de cidades e assim por diante. A palavra hebraica, porém, pode referir-se também simplesmente a pessoas idosas, tais como Abraão e Sara. (Gên. 18:11; 25:8) De qualquer modo, estes presbíteros ou “anciãos” de Joel 2:28 e Atos 2:17 faziam parte de “toda sorte de carne” sobre a qual Jeová derramaria seu espírito nos “últimos dias”. Podia tratar-se de “anciãos” oficiais ou simplesmente de “homens idosos”.
21. (a) A quem é que foi mandada a “subministração de socorros” de Antioquia a Jerusalém, e o que indica isso quanto à primitiva congregação? (b) O que é um “presbítero”?
21 Houve, porém, “homens idosos”, anciãos ou presbíteros oficiais na primitiva congregação cristã? A fim de sabermos este ponto, vejamos Atos 11:30. Ágabo, o profeta cristão, havia predito que “uma grande fome estava para vir sobre toda a terra habitada”, fome que historicamente ocorreu durante o reinado do Imperador Cláudio. Por isso, os discípulos de Cristo na cidade de Antioquia da Síria decidiram enviar socorros aos seus irmãos cristãos necessitados na província romana da Judéia. Ora, a quem enviaram estes contribuintes especificamente esta subministração de socorros (diakonia, em grego)? A narrativa diz: “E isto fizeram, mandando-a aos homens mais maduros [presbíteros, anciãos] pela mão de Barnabé e Saulo.” (Atos 11:27-39; veja Almeida, tanto a edição atualizada como a revista e corrigida.) De modo que os “homens mais maduros” ou “mais idosos”, presbíteros ou anciãos foram os destinatários diretos, e estes encarregados cuidaram da sua distribuição entre as congregações da Judéia. O Terceiro Novo Dicionário Internacional de Webster (em inglês) define “presbítero” como “encarregado na primitiva igreja cristã, investido da tarefa de prover liderança como superintendente, usualmente numa congregação local”. Por intermédio das Escrituras Sagradas podemos verificar se esta definição é correta ou não.
QUEM COMPUNHA O CORPO GOVERNANTE
22. A quem apresentou a congregação de Antioquia a questão da circuncisão, quem acolheu os seus representantes e quem se reuniu depois ali para cuidar do assunto?
22 Quando o assunto da circuncisão dos conversos não-judaicos ao cristianismo se tornou uma questão acesa em Antioquia da Síria, a quem recorreu a congregação para resolver a questão? Aos “apóstolos e homens mais maduros em Jerusalém, com respeito a esta disputa”. Quando Paulo, Barnabé e outros de Antioquia chegaram a Jerusalém, por quem foram recebidos? “Pela congregação e pelos apóstolos e homens mais maduros [presbíteros ou anciãos].” Nesta narrativa, observamos que tanto os “homens mais maduros” como os apóstolos são diferenciados da congregação. Não a congregação inteira de Jerusalém, mas os apóstolos e os homens mais maduros ajuntaram-se para considerar esta questão”. — Atos 15:2, 4, 6; veja Almeida, ed. atual., e ed. rev. e corr.
23. A quem pareceu bem enviar o decreto de Jerusalém às congregações, e quem assinou a emissão do decreto?
23 Após a decisão contrária à circuncisão dos gentios recém-convertidos, então, conforme diz a narrativa, “pareceu bem aos apóstolos e aos homens mais maduros [presbíteros, anciãos], junto com toda a congregação, enviar a Antioquia homens escolhidos dentre eles, junto com Paulo e Barnabé, a saber, Judas, que era chamado Barsabás, e Silas, homens de liderança entre os irmãos; e escreveram por sua mão: ‘Os apóstolos e os irmãos mais maduros, aos irmãos em Antioquia, e Síria, e Cilícia, que são das nações [gentias]: Cumprimentos!’” — Atos 15:22, 23.
24. Quem eram estes “homens mais maduros”, e como que agiram os apóstolos e homens mais maduros? Quem foi o presidente da reunião?
24 Parece assim que os apóstolos e os “homens mais maduros” (presbíteros, anciãos) associados agiram como corpo governante para todas as congregações cristãs em toda a terra, mas tinham o apoio da congregação de Jerusalém. Entre estes “homens mais maduros”, encontrava-se Tiago, meio-irmão de Jesus Cristo, e Judas (Barsabás), e Silas (Silvano). (2 Cor. 1:19; 1 Tes. 1:1; 2 Tes. 1:1; 1 Ped. 5:12) Presume-se usualmente que nesta reunião do corpo governante, em Jerusalém, este homem mais maduro (presbítero ou ancião) chamado Tiago, filho de Maria, agiu como presidente. Mas ter ele proposto o decreto e seu conteúdo, quanto às obrigações necessárias dos gentios recém-convertidos, não assegura em si mesmo que ele ocupava a presidência. — Atos 15:13-21.
25. Nas cidades que Paulo e Silas visitaram, eles entregaram os decretos de quem, e o que se indica sobre os associados com os apóstolos na decisão do decreto?
25 Atos 16:4 relata as viagens do apóstolo Paulo e de seu companheiro Silas (membro do corpo governante), dizendo: “Ora, enquanto viajavam através das cidades [da Ásia Menor] entregavam aos que estavam ali, para a sua observância, os decretos decididos pelos apóstolos e homens mais maduros, que estavam em Jerusalém.” A associação destes “homens mais maduros” ou “mais idosos” com os apóstolos e fazerem eles parte do corpo governante cristão torna certo que eram oficialmente “homens mais maduros”, presbíteros ou anciãos.
26. Na sua viagem final a Jerusalém, com quem teve Paulo uma reunião de despedida em Mileto, e o que indica Atos 21:17, 18 quanto à constituição da congregação de Jerusalém?
26 Anos depois, o apóstolo Paulo fez a sua última viagem a Jerusalém. Ele parou no porto marítimo de Mileto e entrou em contato com a congregação vizinha de Éfeso, na Ásia Menor. Mandou chamar toda a congregação de Éfeso para um encontro de despedida com eles? Atos 20:17 nos diz o seguinte: “No entanto, de Mileto ele enviou a Éfeso e chamou os homens mais maduros [presbíteros, anciãos] da congregação.” (Almeida, ed. atual.; ed. rev. e corr.) De modo que a congregação de Éfeso tinha os seus “homens mais maduros” ou anciãos oficiais. Atos 21:17, 18, nos faz lembrar que a congregação de Jerusalém também possuía tais encarregados, pois lemos ali o relato do Doutor Lucas: “Ao chegarmos a Jerusalém, os irmãos nos receberam de bom grado. Mas no dia seguinte, Paulo foi conosco ter com Tiago; e todos os homens maduros estavam presentes.” Tiago, meio-irmão de Jesus Cristo, também era um destes “homens maduros”. Em Gálatas 2:9, Paulo fala de Tiago como sendo coluna espiritual, dizendo: “Tiago, e Cefas [Pedro], e João, os que pareciam ser colunas, deram a mim e a Barnabé a mão direita da parceria.”
27. Segundo 1 Timóteo 5:17, quem devia ser considerado como digno de dupla honra, e por quê? E as orações de quem eram especialmente proveitosas?
27 Atestando a natureza oficial de um “homem mais maduro” (ou presbítero, ancião) da congregação, o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo as seguintes instruções, por volta dos anos 61 a 64 E. C.: “Os homens mais maduros, que presidem de modo excelente, sejam contados dignos de dupla honra, especialmente os que trabalham arduamente no falar e no ensinar.” (1 Tim. 5:17) De modo que tais “homens mais maduros” ou anciãos presidiam oficialmente à congregação e trabalhavam no falar e em ensinar a Bíblia. Segundo Tiago 5:14, as orações de tais “homens mais maduros” eram especialmente proveitosas.
[Nota(s) de rodapé]
a Veja a página 482, parágrafo 3, colunas 1 e 2 da tradução inglesa de William Whiston, M. A., publicada em Boston, Massachusetts, em 1849; também História dos Hebreus, segundo Flávio Josefo, de Vicente Pedroso, Vol. 9, Cap. VI, página 127.
b Veja o parágrafo 1, na página 266, de The Watchtower de 1.º de setembro de 1932.
[Foto na página 270]
O corpo governante, composto dos apóstolos e de outros anciãos, tomou a decisão contra a circuncisão dos cristãos gentios. O discípulo Tiago talvez tenha presidido então.