Perguntas dos Leitores
● Qual é o significado de Jó 19:26? Na Versão Almeida lemos o contrário do que diz a Versão Brasileira; a primeira dizendo: “Ainda em minha carne verei a Deus”, e a outra: “Mesmo fora da minha carne verei a Deus.”
Na Tradução do Novo Mundo, o texto de Jó 19:26 reza: “Contudo, reduzido na minha carne verei.a Deus.” Debaixo da nota marginal b fornece duas versões alternadas: “Contudo, fora da minha carne”, e, “contudo, separado da minha carne”. Versão Normal Americana, que reza, “sem a minha carne”, diz na nota marginal: “Contudo, da minha carne verei a Deus.”
Por que estas diferenças nas traduções e a presença das notas marginais? Sem dúvida, devem-se à ambigüidade do texto hebraico. No entanto, a idéia parece ser a de que Jó, tão definhado, era apenas pele e ossos, e assim pràticamente “sem carne” ou “reduzido na minha carne”, ‘veria’ a Deus. Jó não pode ser acusado aqui de falar imprudentemente, como alguns disseram, mas, antes, falou profeticamente. Ele mesmo ‘viu’ mais tarde a Deus por ver as manifestações do seu poder, por ouvir a sua voz por intermédio do Verbo ou Logos, e por se lhe abrirem os olhos do entendimento para ver a verdade a respeito de Deus. Por causa disto ele podia. dizer: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem.” — Jó 42:5, ALA.
Não é que o fiel Jó visse literalmente a Jeová’ Deus, pois Deus disse claramente a Moisés: “Não podes ver a minha ‘face, porque homem nenhum me pode ver e ainda viver.” O apóstolo João testificou no mesmo sentido, dizendo: “Nenhum homem jamais viu a Deus.” “Nunca ninguém viu a Deus.” — Êxo. 33:20; João 1:18; 1 João 4:12, NM.
● Como devemos entender o significado da palavra ‘obrigar’ usada em Lucas 14:23 (ARA’), texto que reza: “Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa”?
O significado da palavra ‘obrigar’, em Lucas 14:23, pode ser melhor entendido com o fundo histórico da parábola da “grande ceia”, de que este texto faz parte. Esta parábola é comparável à de Mateus 22:1-14. Ali se esclarece que o “certo homem” que deu a grande ceia e convidou a muitos era um rei, que preparara uma festa de casamento para seu filho. Ele enviou convites, mas quando os convites para as bodas foram rejeitados com diversas desculpas pelos convidados, então o rei recorreu a outros meios para fazer a festa betu concorrida. Visto que era rei, e todo o povo no domínio lhe estava sujeito, tinha o direito de enviar seus servos, e, então, em vez de apenas pedir pessoas, sem distinção, nas ruas e encruzilhadas da cidade, inclusive os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos a vir à festa, ele, como seu senhor soberano, os obrigou a vir. Sem dúvida os obrigou porque, tratando-se de pessoas comuns das ruas, estariam cautelosas em aceitar um convite; achando-se indignos de assistir á um evento tão grande, ao qual se convidara originalmente a elite do país. Isto significa que havia necessidade de persuadi-las.
É isto o que tem acontecido no cumprimento do quadro. Embora cada um tenha o seu livre-arbítrio, houve necessidade de muita persuasão, e isto com grande vigor e muita energia e esforço gasto pelos que levam as boas novas do reino e convidam as pessoas de ouvidos atentos a vir ao grande banquete espiritual que Jeová providenciou no seu reino. Esta ação urgente para com tais pessoas dispostas é similar à ação dos anjos que visitaram Lot em Sodoma e que, no dia da destruição da cidade; tiveram de tomar Lot e sua família hesitante pela mão e levá-los fora da cidade, pondo-os do lado de fora e instando com eles que fugissem para as montanhas, a fim de não serem arrastados para a destruição. — Gên. 19:15-17.
Hoje em dia, o grande Rei, Jesus Cristo, manda dar uma mensagem igualmente urgente pelo restante ungido à classe dai outras ovelhas, que por sua vez participam em dar esta mensagem a ainda outros. Reconhecendo o que está envolvido — a vindicação do nome de Jeová e a vida eterna dos seus ouvintes — os que levam a mensagem a fazem tão forte como possível, como que instando, constrangendo, obrigando, compelindo seus ouvintes a agir e tomar sua posição a favor de Jeová e do seu reino. Naturalmente, ao passo que assim enfatizam a urgência e a importância da sua mensagem, não desconsideram o livre-arbítrio das pessoas a quem se chegam com a mensagem da salvação. Neste respeito pode-se fazer uma comparação com a hospitalidade de Lídia para com Paulo e seus companheiros, a respeito da qual Lucas escreveu: “Ela simplesmente nos fez ir.” Ela não poderia ter coagido Paulo e seus companheiros, se eles, de fato, tivessem estado decididos a não aceitar a hospitalidade dela. Assim os cristãos, por não se deixarem facilmente desencorajar ao darem testemunho, ‘obrigam’ ou ‘fazem’ as pessoas vir às águas da vida. — Atos 16:15; Apo. 22:17. NM.
● Como deve o cristão dedicado encarar biblicamente os sindicatos operários e a participação nas suas atividades? — S. B., E. U. A.
As Escrituras aconselham os cristãos a ‘providenciar as coisas corretas perante todos os homens’. “Certamente, ‘se alguém não provê para os que são seus próprios, e especialmente para os que são membros da sua casa, ele tem renegado a fé e é pior do que uma pessoa sem fé.” Estes textos têm relação com os sindicatos operários, porque, para cumpri-los, talvez seja necessário ser membro dum sindicato. Pode-se fazer uma analogia entre os deveres como membro dum sindicato e os como cidadão dum país. Em troca dos benefícios que recebe do governo, o cristão paga impostos; ele modo similar, pagaria corretamente o imposto sindical, visto que este é de fato uma espécie de seguro de emprego. Assim, não pode haver objeção a que um cristão simplesmente pertença a um sindicato, pagando os impostos e atendendo a chamada para parar de trabalhar no caso duma greve. — Rom. 12:17; 1 Tim. 5:8.
No entanto, o cristão não deve ficar envolvido na atividade sindical ao ponto de ocupar um cargo oficial no sindicato. Nem deve, no evento duma greve, participar em piquetes ou de outro modo fazer agitação para a causa da greve. Acima de tudo não se deve empenhar em violência nas disputas trabalhistas, pois “o escravo do Senhor não precisa lutar”. “Se for possível, tanto quanto depender, de vás, sede. pacíficos para com todos os homens.” Assim como o cristão é neutro para com a política e as guerras do seu país, assim também o cristão, que é membro dum sindicato, não se envolve nas atividades governantes e na guerra econômica do sindicato, mas tem de manter-se neutro. — 2 Tim. 2:24; Rom. 12:18, NM.