A Sabedoria Oculta de Deus — Um Segrêdo Sagrado
‘O homem natural não aceita as cousas do espírito de Deus, por que lhe são loucura; . . . Porém o homem espiritual julga todas as cousas.” — 1 Cor. 2:14, 15, ALA.
1, 2. (a) Humanamente falando, como se Iniciou e tomou forma o movimento cristão? (b) Segundo o conceito dos escritores cristãos da Bíblia, que perguntas surgem?
POR mais de quinze séculos parecia que a nação de Israel estava destinada a ser eternamente o agente de Jeová na execução do seu propósito. Era seu povo escolhido e confiava bastante em suas estimadas Escrituras para provar isto. Então, aconteceu algo perturbador aos governantes dela. Apareceu um novo pregador e, com ele, começou um novo movimento. Três anos e meio depois parecia que este novo movimento podia ser considerado um fracasso, pois os governantes tinham conseguido livrar-se do seu líder, expondo-o à ignomínia pública e pendurando-o numa estaca. Os seus poucos seguidores passaram a agir subterraneamente e se reuniam atrás de portas fechadas. (João 20:19) Mas fracassou? Apenas cinqüenta e um dias mais tarde aconteceu uma coisa ainda mais perturbadora. O novo movimento ressurgiu e espalhou-se como fogo na palha! Seu porta-voz, chamado Pedro, depois de um incentivante discurso público, provando todos os seus pontos pelas próprias Escrituras dos judeus, fez ‘compungir-se o coração’ dos seus ouvintes e o resultado foi que os “que lhe aceitaram a palavra foram batizados; havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” ao movimento. Durante os três anos e meio seguintes, o movimento cresceu e alastrou-se. Então ocorreu uma coisa extraordinária, tornando de surpresa até mesmo o próprio movimento. O mesmo porta-voz, Pedro, deu um passo sem paralelo e abriu a oportunidade para os desprezados e incircuncisos gentios se unirem às suas fileiras. Logo os membros, então de diversas nacionalidades, começaram a estabelecer congregações em todas as partes do mundo. O movimento tomava forma semelhante a um instrumento que podia ser usado para um propósito definido. O que significava tudo aquilo? — Atos 2:37, 41; 10:44-48, ALA.
2 Até agora traçamos a origem e o crescimento deste novo movimento, segundo pode parecer aos homens. Lembre-se, porém, seguindo a nossa apresentação anterior, estamos interessados a considerá-lo do ponto de vista dos escritores cristãos das Escrituras Gregas. Consideraram eles este movimento, que veio a ser conhecido como igreja cristã, meramente do ponto de vista humano? Ou pode ser provado que o conceito deles apresenta esmagadora evidência de inspiração e autoria divina, tornando-o impossível de ser atribuído à originalidade humana? Eis a questão desafiadora que desejamos solucionar.
UMA NAÇÃO ESPIRITUAL
3. Do ponto de vista humana, que requisitos de nação cumpria o movimento cristão?
3 Já demonstramos anteriormente que o antigo agente de Deus, Israel segundo a carne, era de fato uma nação em todos os sentidos. Mas o que dizer do fosse agente? Considerado segundo as normas humanas, ele não cumpre nenhum dos requisitos que revisamos, possibilitando-lhe ser chamado de nação. Onde está marcado no mapa o seu país? Desde os dias dos apóstolos em diante os verdadeiros cristãos se encontram espalhados por todo o mundo. Não há meio de se poder dizer que eram ou que são de descendência comum nem que falem a mesma língua. Quanto a governo, os verdadeiros cristãos são e devem ser cidadãos acatadores da lei de muitos governos, em todos os países diferentes, com seus variados costumes, tradições e instituições.
4. Em que sentido chama a Bíblia de nação a este movimento?
4 Todavia, os escritores cristãos falaram de fato que o movimento constitui uma nação e não apenas um grupo de pessoas unidas pela mesma crença. Deles disse Pedro: “Vós, porém, sois raça eleita, . . . nação santa.” Como pode ser isto? A resposta é: são uma nação espiritual, pois, segundo Paulo disse: “A nossa pátria está nos céus.” Nação espiritual? Ninguém jamais pensou numa coisa desta. Certamente que tal concepção não foi de origem humana. — 1 Ped. 2:9; Fil. 3:20, ALA. Veja-se também Mateus 21:43.
5. (a) Como são coerentes as Escrituras ao mostrar que o Israel espiritual é uma nação? (b) Que significado especial tem isto desde 1919 E. C.?
5 Porém, quando consideramos o conceito revelado pelos escritores cristãos, podemos ver quão veraz é isto e como tudo se coaduna bem. Os do Israel espiritual de fato têm a sua própria aliança, a “nova aliança”, da qual Jesus é o Mediador. São todos de descendência comum, espiritualmente, “pois todos os que são guiados pelo espírito de Deus são filhos de Deus”. Todos falam a mesma língua, a língua dos de “lábios puros”, a da Palavra de Deus, que “é a verdade”. Todos são indivisamente leais ao governo celestial, o “governo” principesco que descansa sobre os ombros do Rei Jesus Cristo, que rege na cidade capital da nação, a “cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial”. Especialmente desde 1919 E. C. eles têm sido uma verdadeira nação, pois, então, quando estavam novamente em perigo de desaparecer, nasceram de novo por assim dizer, conforme Isaías havia dito na sua profecia: “Nasce uma nação de uma só vez?” Foi então que tiveram grande melhoramento de condição sob a bênção de Jeová, que Isaías descreveu como ‘uma terra que nasce num só dia’ sim, uma terra com fronteiras de segurança bem definidas, de liberdade relativa, segundo determinada teocraticamente pela Palavra de Deus. — Heb. 9:15; Rom. 8:14-16; Sof. 3:9; João 17:17; Isa. 9:6; Heb. 12:22; Isa. 66:8, ALA.
6. Como evidencia a cristandade a sua falha total em apreciar o conceito bíblico?
6 Esta nação espiritual, que habita no seu próprio país, pode realmente ser localizada no mapa de Deus, a sua Palavra, mas apreciam este conceito os da cristandade? Absolutamente. Tome por exemplo a igreja da cristandade que pretende ser a única verdadeira igreja universal, a igreja católica romana. Devíamos encontrar ali o entendimento correto de nacionalidade que tem valor para os cristãos. Mas o que encontramos? Como sabemos, há católicos franceses, católicos alemães, católicos ingleses de fato, uma lista quase interminável. Consideram-se eles, em primeiro lugar e como mais importante de tudo, membros da única nação espiritual? É este o conceito deles, é assim que agem em tempo de guerra? A resposta está dolorosamente evidente. Consideram a sua nacionalidade, com todas as suas reivindicações de lealdade e patriotismo, do ponto de vista humano comum, segundo a carne. Desconhecem qualquer outro nível. E como poderiam conhecer, visto que a igreja não lhes diz? São primariamente franceses, alemães e ingleses, vindo em segundo plano os seus laços religiosos, se não estiverem impiedosamente calcando uns aos outros aos pés, quando estão em guerra. O mesmo argumento aplica-se geralmente às igrejas protestantes.
7. De quem escondeu Deus a sua sabedoria, mas a quem e como a revela ele?
7 Vendo que a cristandade falha lamentavelmente em apreciar o conceito espiritual das Escrituras Gregas Cristãs, como então poderiam os seus clérigos e porta-vozes estar em condição de criticar aqueles escritos e a sua inspiração? Quão verazes são as palavras do apóstolo, quando escreveu: “Falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, . . . sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu . . . [mas] o que Deus tem preparado para aqueles que o amam . . . Deus no-lo revelou pelo espírito; porque o espírito a todas as cousas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus.” Sim, eis a fonte de inspiração daqueles escritores cristãos — o espírito santo de Deus. Antes de Pentecostes e do derramamento do espírito santo de Deus, eles não estavam preparados para entreter a idéia de que Deus ia mudar de agente executor do seu propósito. Mas depois daquele acontecimento animador, não só começaram eles a compreender que havia tal mudança, mas também os seus escritos revelaram um conceito espiritual que só poderia ter vindo do próprio Jeová. Percebe-o? — 1 Cor. 2:7-10, ALA.
UM TEMPLO ESPIRITUAL
8. (a) O que é geralmente entendido por igreja ou templo? (b) Como descreve a Bíblia a igreja cristã neste sentido?
8 Há mais um aspecto em confirmação deste mesmo assunto, para o qual queremos atrair a sua atenção. Ao enumerarmos as diversas coisas que qualificam o Israel segundo a carne como sendo o agente de Jeová, notamos o templo situado no Monte Moriá, em Jerusalém. Era algo importante, pois tratava-se do centro da adoração. Será que o novo agente de Jeová, a igreja cristã, tem um templo? Em geral, templo significa uma coisa, e esta é um edifício feito de pedra ou de outro material, um edifício dedicado a servir uma deidade. Na cristandade, um templo ou uma igreja é um lugar de adoração cristã em público. Em qualquer dos casos, é o edifício literal que pode ser marcado e localizado no mapa. Pois bem, onde está o templo da verdadeira igreja cristã? A resposta é: Espalhado pelo mundo! Como assim? É um templo espiritual. Quem jamais pensou ou viu tal coisa? Mas no mesmo capítulo em que Pedro falou de a verdadeira igreja ser uma “nação santa”, ele falou anteriormente que os membros individuais são: “Pedras que vivem, . . . edificados casa espiritual [ou templo] para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”, que foi assentado como “pedra angular”. Que concepção alterosa! É como Paulo disse: “Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o espírito de Deus habita em vós?” — 1 Ped. 2:5, 6; 1 Cor. 3:16, ALA.
9. Aprecia a cristandade este conceito e como se prova isto?
9 Perguntamos: Será que a cristandade aprecia isto? Ela não só falha em fazer isto, mas, devida à sua mentalidade mundanamente influenciada, a própria palavra “igreja” perdeu muito do seu significado original. Na versão King James da Bíblia, em inglês, a palavra “igreja” é uma tradução de ekklesía, uma palavra grega, que significa uma congregação tirada do mundo para o propósito de Deus usar como seu instrumento. (Vejam-se Mateus 16:18; Atos 5:11; 11:22; Romanos 16:5.) Esta palavra grega nunca foi aplicada a um edifício. Mas hoje, quando alguém fala acerca de uma igreja ou de ir à igreja, refere-se invariavelmente ao edifício literal ou lugar de adoração: Grandes somas de dinheiro são empregadas em alguns destes edifícios históricos, mas quem pensa na saúde espiritual da congregação associada com eles?
10. O que quer dizer o “santuário” de Deus em Apocalipse 7:15 e que encorajamento dá isto?
10 Não encerrando o assunto nesta nota triste, relembramos-lhe da visão inspirada registrada em Apocalipse, capítulo 7. Nos primeiros oito versículos temos a descrição da verdadeira igreja, constituída das doze tribos de Israel. Depois segue a descrição de uma “grande multidão” de “todas as nações”, que representa os que amam a justiça e que “vêm da grande tribulação” do mundo de Satanás, durante este intervalo em que Deus exerce paciência. A esperança dos desta multidão quanto a uma vida futura, jaz numa terra paradisíaca. Mas qual é a sua posição de serviço atual perante Deus? O registro diz: “Servem de dia e de noite no seu santuário.” Num edifício terrestre? Claro que não. Aprendem com grande alegria e satisfação a servir a Deus ativa e aceitavelmente, servindo em associação íntima com o agente de Jeová, o fiel restante da verdadeira igreja. Não são como nas igrejas da cristandade, onde muito poucos têm participação direta nos seus cultos, mas no templo espiritual de Deus todos são convidados e ajudados, para que “ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome”. Está tomando parte neste serviço? Podemos ser-lhe úteis neste sentido? — Apo. 7:9-15; Heb. 13:15, ALA.
11. Que comparações adicionais podem ser feitas entre o Israel espiritual e o Israel segundo a carne e a que conclusão conduz?
11 Até agora examinamos duas das qualificações que faziam de Israel segundo a carne o agente escolhido: a nação e o templo, notando a correspondência íntima com a verdadeira igreja só em sentido espiritual. Podíamos semelhantemente tomar outras qualificações de Israel segundo a carne: seu sacerdócio e sumo sacerdote, também seus sacrifícios, e mostrar como estes são encontrados no novo agente. Em cada coisa, porém, os escritores cristãos revelam um novo conceito, um conceito espiritual, inclusive sobre as promessas feitas, contrastando-se com os escritores das Escrituras Hebraicas. Temos certamente de admitir que, embora não escrevessem do mesmo ponto de vista, há uma admirável harmonia interna entre as duas coleções dos escritores bíblicos. Não há conflito.
12. Em que autoridade basearam os escritores cristãos a sua concepção espiritual?
12 Mais um ponto. Com que autoridade puderam ter os escritores cristãos este conceito sobre as coisas? Visto que eles colocaram as coisas, não num simples nível humano superior, mas num nível de espécie completamente diferente, num nível espiritual, parece então que foram autorizados por fonte inteiramente nova. Mas eis uma coisa surpreendente. Os seus escritos mostram vez após vez que o apoio ao seu novo conceito veio dos próprios registros dos antigos profetas hebreus, que tantos acham que eram homens que às apalpadelas buscavam a Deus, e cujos escritos são considerados muito terrenos e não espirituais.
13. Como provou Paulo seu argumento referente (a) ao verdadeiro israelita, (b) ao novo povo escolhido e (c) à sua aceitação da parte de Deus?
13 Em prova disto, considere brevemente o argumento do apóstolo, a começar com Romanos, capítulo 9, onde ele explica a mudança do agente de Deus. Ele mostra que “nem todos os de Israel são de fato israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; . . . Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne [por descendência comum], mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa”, assim como Isaque foi filho da promessa de Deus, tendo nascido quando tanto Abraão como Sara já estavam ‘amortecidos’ quanto a gerar filho. (Heb. 11:12, ALA) A seguir, com outras citações das Escrituras Hebraicas, Paulo provou que Deus era absolutamente certo ao escolher quem ele queria e que os profetas da antiguidade tinham predito que Deus finalmente escolheria um povo que não era então reconhecido, segundo escreveu Oséias: “Vós [que] não sois meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo.” (Osé. 2:23; 1:10, ALA) Com mais citações, ele provou a seguir que os povos das nações, “os gentios” alcançaram a justiça “que decorre, da fé”, justiça essa que o Israel estabelecido segundo a carne não conseguiu alcançar porque, disse Paulo, “não decorreu da fé, e, sim, como que das obras”, isto é, obras da Lei. Por fim Paulo citou o que tanto Moisés como Isaías registraram, segundo Deus tinha falado contra Israel: “Eu vos porei em ciúmes com um povo que não é nação” e “fui achado pelos que não me procuravam”. (Deu. 32:21; Isa. 65:1) — Rom. 9:6-8, 25, 26, 30-32; 10:19, 20, ALA.
14. Que pontos adicionais são semelhantemente provados quanto (a) ao sacerdócio e aos sacrifícios e (b) à circuncisão?
14 Em todos os casos, a origem ou a raiz do conceito dos escritores cristãos sobre ao coisas estava incrustada ou escondida, por assim dizer, nas Escrituras Hebraicas. Por exemplo, Paulo mostrou que o sumo sacerdote que proveria o único sacrifício aceitável, algo muito melhor do que os sacrifícios de animais, não seria um sacerdote levita, segundo requeria a lei de Israel. Como sabemos? É que pelas Escrituras deles, disse Paulo, “isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de Melquizedeque, se levanta outro sacerdote, constituído, não conforme a lei de mandamento carnal [ou descendendo segundo a carne], mas segundo o poder de vida indissolúvel. Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquizedeque”. (Heb. 7:15-17; Sal. 110:4, ALA) Além disso, Estêvão, em sua defesa perante o Sinédrio, citou da profecia de Isaías, em que se predisse um lugar de habitação de Deus, um lugar de espécie diferente e mais elevada do que o lindo templo de pedra que Israel tinha. (Atos 7:48, 49; Isa. 66:1) Paulo também disse que a circuncisão do judeu espiritual (cristão) “é do coração, no espírito, não segundo a letra [da Lei]”. Moisés, porém, há séculos antes, tinha-se referido à circuncisão do coração como sendo mais importante do que a da carne. — Rom. 2:29; Deu. 10:16; 30:6, ALA.
15. O que prova a harmonia interna das Escrituras e a que conclusão conduz?
15 Em face de toda esta evidência acumulada, mostrando um maravilhoso conceito espiritual da parte dos escritores cristãos, e ainda harmonizando-se tão estritamente com a norma das Escrituras Hebraicas, como é que se pode atribuí-lo à inspiração ou à originalidade humana? Certamente é verdade que, segundo se deu no caso anterior, “nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens falaram da parte de Deus movidos pelo espírito santo”, e assim é também verdade que o entendimento correto da profecia nunca jamais pode ser determinado por homens que usem a própria sabedoria deles, mas depende inteiramente do Autor da profecia, falando no devido tempo e mediante os que estão cheios de espírito santo. — 2 Ped. 1:21, ALA.
ATO DE HOMEM OU DE DEUS?
16. Como foi que Israel se desenvolveu no Egito?
16 Voltamo-nos agora para uma linha diferente de evidência. Considere o que aconteceu logo após os israelitas deixarem o Egito. Antes, porém, lembremo-nos de que 215 anos adrede, Jacó e seus doze filhos e as crianças desceram ao Egito por causa da fome. Era questão de família. Deus tinha dito a Jacó em visão: “Não temas descer para o Egito, porque lá eu farei de ti uma grande nação.” Não queria dizer como grande poder soberano, mas numèricamente, pois o registro diz que “os filhos de Israel foram fecundos, aumentaram muito e se multiplicaram”. (Gên. 46:3; Êxo. 1:7, ALA) Toda a estadia deles no Egito foi de tolerância, pois eram criadores de gado, que era uma “abominação para os egípcios”. Por isso habitaram na “terra de Gósen”, separados dos egípcios. Sob tais condições, não seria sábio, nem mesmo possível, desenvolverem uma política nacional independente ou um forte sistema de governo. Teriam de viver como simples comunidade dedicada à agricultura e segundo a norma patriarcal, a que estavam acostumados. — Gên. 46:34, ALA.
17. Desde o nascimento de Moisés, o que passou Israel, resultando em que eventos importantes?
17 “Entrementes se levantou novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José”, e, pelo menos por oitenta anos, desde o nascimento de Moisés até ao êxodo, amargurou a vida do povo com “dura servidão . . . na tirania”. Não havia oportunidade para se desenvolver ali uma nação. Vieram então as dez pragas e o êxodo, e por fim todos os israelitas, com “um misto de gente” que foi com eles, atravessaram á salvo o Mar Vermelho — com as hostes egípcias atrás, todas mortas. Menos de três meses depois, acampou-se “Israel em frente do monte” Sinai. Este foi o período mais importante da história de Israel. Foi realmente o começo de uma existência nacional separada e independente para aquele povo. Mas como se desenvolveu, visto que não tinham experiência em questões nacionais e governamentais? — Êxo. 1:8, 14; 12:38; 19:1, 2, ALA.
18. Enquanto estava no Monte Sinai, quanto do Pentateuco provavelmente escreveu Moisés?
18 Eis o que aconteceu. Primeiro Deus deu os Dez Mandamentos e muitos “estatutos”, que tratavam de questões tais como escravidão, reparar danos, casos de roubo, de sedução, de empréstimos, e assim por diante, e ainda sobre guarda de sábado e festas. Mas isto não foi tudo. Poucos dias mais tarde, Moisés voltou ao monte e recebeu mais instruções, permanecendo lá “quarenta dias e quarenta noites”. Com que resultados? Todas as evidências indicam fortemente que, enquanto estava no Monte Sinai, Moisés escreveu os livros de Gênesis, Êxodo, Levítico e talvez os capítulos iniciais do livro de Números. — Êxo. 21:1; 24:18, ALA.
19. Humanamente falando, o que teria preparado para Israel o único homem Moisés?
19 Se atribuíssemos todo este registro à autoria humana, segundo é geralmente atribuído, então teríamos de dizer que, em poucos meses, um único homem, Moisés, preparou um projeto compreensível e pormenorizado sobre todos os aspectos da vida nacional de Israel, tanto civil como religiosa. Não somente as leis fundamentais, os Dez Mandamentos, e não somente inúmeros estatutos de natureza civil, mas também este único homem teria dado instruções pormenorizadas sobre cada minúcia da vida religiosa e da adoração de Israel. E isto incluindo instruções sobre a construção da Arca, do tabernáculo e seus pertences, o pátio ao seu redor, as vestes dos sacerdotes e do sumo sacerdote, as suas cerimônias de instalação, inclusive todos os pormenores dos materiais empregados, tanto da cor como do tamanho deles, e assim por diante. Além disto, temos em Levítico todas as leis que controlavam a aproximação do povo a Deus e também as diferentes espécies de ofertas.
20. Por que é impossível atribuir tudo isto a um único homem?
20 Francamente, é impossível atribuir tudo isto a um único homem. Além da grande quantidade de pormenores, a inteira concepção é de uma ordem elevadíssima. Homem algum nem governo jamais produziu algo assim, nem de longe. Admitimos que na sociedade patriarcal, com a qual Deus mantivera tratos antes de Moisés, já havia leis bem estabelecidas, contudo, muito do trabalho de Moisés foi no sentido de providenciar um novo sistema de adoração de um povo que florescia como nação. Tampouco deve-se pensar, nem por um momento, que Moisés, embora fosse “educado em toda a ciência dos egípcios”, o tivesse copiado daquele padrão de vida e adoração pagãs. — Atos 7:22, ALA.
21. Que evidência adicional prova que Moisés e todos os escritores da Bíblia foram inspirados pelo espírito de Jeová?
21 Ainda mais dois pontos são dignos de nota. Embora requeiram gerações para uma nação desenvolver um sistema de leis e então achar que deve mudar e ajustar-se, as leis dadas por intermédio de Moisés não foram submetidas a nenhum destes tratamentos, nem um pouquinho. Disse Paulo: “A lei tem sombra dos bens vindouros”, e nesta sua carta aos hebreus ele considerou muitos aspectos da Lei e mostrou como se aplicavam às “próprias cousas celestiais”. Ora, como poderia Moisés prever e dirigir os seus escritos de modo a serem sombra de algo de que nem tinha conhecimento? De fato, como teria podido o apóstolo Paulo ou qualquer outro homem, exercendo a sua própria habilidade mental, ser capaz de ver o padrão celestial do novo agente de Jeová, belamente retratado naquela antiga Lei B Quão convincente é isto quanto a tanto Moisés como Paulo, bem como todos os demais escritores da Bíblia, terem sido inspirados pelo espírito santo de Jeová, para escreverem o Seu grande Livro! — Heb. 10:1; 9:23, ALA.
22. Como foi todo o código de leis reescrito numa ab palavra e como se compara isto com os escritos de Moisés?
22 Depois de Moisés, o que aconteceu? Mais de quinze séculos depois outro escritor da Bíblia explicou como o pacto da lei veio a ser cancelado por escrito. Ele disse que Deus “apagou o documento contra nós, escrito a mão [ou o pacto], . . . Ele o tirou do caminho por cravá-lo na estaca de tortura”. Então, em outro lugar, falando-se humanamente, o mesmo escritor bíblico reescreveu o inteiro código de leis numa só palavra — AMOR! Argumentou então e provou que o “amor é o cumprimento da lei” e que “toda a Lei se cumpre numa só expressão, a saber: ‘Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo.’ Não se trata de um amor segundo o compreendem os homens, que é principalmente uma afeição emocional, mas trata-se de um amor conforme se vê exemplificado no próprio Jeová, pois, disse o apóstolo João: “Deus é amor.” Isto talvez não seja tão espetacular quanto tudo o que Moisés preparou, mas é muito mais profundo. — Col. 2:14; Rom. 13:10; Gál. 5:14; 1 João 4:16.
23. Que bênçãos e esperança aguardam os que realmente aceitam a Bíblia como a Palavra de Deus?
23 Assim, seja qual for o ângulo ou aspecto de que consideremos este assunto, quando obtemos o conceito correto, poderemos apreciar mais do que nunca que deveras “toda Escritura é inspirada por Deus” e que é um lembrete imperecível de que Jeová é “Deus da verdade”. Podemos confiar plenamente, não só na autenticidade da Palavra, de toda a Bíblia, mas também na certeza de que acontecerá tudo o que ela predisse. A sociedade do Novo Mundo das testemunhas de Jeová, um povo inteiramente dedicado a Jeová e que aceita de todo o coração a Sua Palavra, experimenta agora mesmo algumas destas coisas boas, e o leitor também pode participar. É como o próprio Jeová o expressou, dizendo: “A palavra que sair da minha boca; não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a designei. Saireis com alegria, e em paz sereis guiados.” — 2 Tim. 3:16; Sal. 31:5; Isa. 55:11, 12, ALA.
24. Que perguntas adicionais surgem com relação à Bíblia?
24 Para se dar o devido valor a um livro ou a uma coleção de livros, como se dá no caso da Bíblia, é uma grande ajuda, senão uma necessidade, familiarizar-se com a personalidade do autor. Como se pode fazer isto? Valerá bem a pena darmos consideração especial no que concerne à Bíblia e ao seu Autor.