-
Perguntas dos leitoresA Sentinela — 1989 | 1.° de outubro
-
-
Perguntas dos leitores
◼ Criam os cristãos do primeiro século que o fim deste sistema iníquo viria dentro do seu período de vida?
Os seguidores de Jesus no primeiro século estavam muito ansiosos para que o fim viesse. Como veremos, alguns deles realmente concluíram que o fim era iminente, que viria logo. O seu conceito tinha de ser corrigido. Mas certamente não é mau para cristãos, de então e de hoje, crer sinceramente que o predito fim deve ser considerado perto e viver diariamente segundo essa percepção.
Respondendo à pergunta de seus discípulos a respeito do “sinal” de sua presença, Jesus os alertou: “Portanto, mantende-vos vigilantes, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.” (Mateus 24:3, 42) Tal estado de alerta devia influir em suas ações, pois Cristo acrescentara: “Prestai atenção a vós mesmos, para que os vossos corações nunca fiquem sobrecarregados com o excesso no comer, e com a imoderação no beber, e com as ansiedades da vida, e aquele dia venha sobre vós instantaneamente. . . Portanto, mantende-vos despertos, fazendo todo o tempo súplica para que sejais bem sucedidos em escapar de todas estas coisas que estão destinadas a ocorrer, e em ficar em pé diante do Filho do homem.” — Lucas 21:34-36.
Note que Jesus deu esse conselho logo depois de ter delineado eventos que comporiam “o sinal”. Assim, os apóstolos foram alertados ao fato de que certas coisas tinham de historicamente acontecer antes do fim. Não obstante, algumas semanas depois, eles perguntaram ao ressuscitado Jesus: “Senhor, é neste tempo que restabeleces o reino a Israel?” Ele respondeu: “Não vos cabe obter conhecimento dos tempos ou das épocas que o Pai tem colocado sob a sua própria jurisdição.” — Atos 1:6, 7.
Vemos assim que os mais íntimos seguidores de Jesus estavam tão ansiosos que o fim viesse logo que desconsideraram o que ele dissera pouco antes a respeito de evidências físicas que se deviam manifestar durante a Sua presença que precederia àquele fim.
Temos outro indício da ansiedade deles nas cartas do apóstolo Paulo aos cristãos tessalonicenses. Por volta de 50 EC, ele escreveu. “Quanto aos tempos e às épocas, irmãos, não necessitais de que se vos escreva. Pois vós mesmos sabeis muito bem que o dia de Jeová vem exatamente como ladrão, de noite. Assim, pois, não estejamos dormindo assim como fazem os demais, mas fiquemos despertos e mantenhamos os nossos sentidos.” (1 Tessalonicenses 5:1, 2, 6) Alguns daqueles cristãos ungidos pelo espírito entenderam isso como significando que a presença de Jesus (junto com o dia de Jeová para a execução dos iníquos) viria logo, imediatamente.
Mas, não era assim. De fato, Paulo escreveu-lhes numa segunda carta: “Com respeito à presença de nosso Senhor Jesus Cristo e de sermos ajuntados a ele, solicitamo-vos que não sejais depressa demovidos de vossa razão, nem fiqueis provocados, quer por uma expressão inspirada, quer por intermédio duma mensagem verbal, quer por uma carta, como se fosse da nossa parte, no sentido de que o dia de Jeová está aqui. Que ninguém vos seduza, de maneira alguma, porque não virá a menos que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem que é contra a lei.” — 2 Tessalonicenses 2:1-3.
Isso não significa que podiam ficar indiferentes quanto à presença de Jesus e ao fim do sistema. A cada ano que se passava, o alerta de Jesus se tornava mais penetrante: “Portanto, mantende-vos vigilantes, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.”
Assim, cerca de uns cinco anos após ter escrito Segunda aos Tessalonicenses, Paulo escreveu: “Já é hora de despertardes do sono, pois agora a nossa salvação está mais próxima do que quando nos tornamos crentes. A noite está bem avançada; o dia já se tem aproximado. Portanto, ponhamos de lado as obras pertencentes à escuridão e revistamo-nos das armas da luz.” (Romanos 13:11, 12) Depois de mais cinco anos, Paulo aconselhou os cristãos hebreus: “Tendes necessidade de perseverança, a fim de que, depois de terdes feito a vontade de Deus, recebais o cumprimento da promessa. Pois ainda ‘por um pouquinho’, e ‘aquele que vem chegará e não demorará’.” (Hebreus 10:36, 37) Daí, no penúltimo versículo de Revelação (Apocalipse), o apóstolo João escreveu: “Aquele que dá testemunho dessas coisas diz: ‘Sim; venho depressa.’ ‘Amém! Vem, Senhor Jesus.’” — Revelação 22:20.
Inquestionavelmente, o cristão naquele tempo não estava sendo desarrazoado por achar que o fim poderia vir em seu período de vida. E, se por um acidente ou por processos naturais viesse a falecer antes do fim, ele teria vivido com o senso de urgência que Jesus e as Escrituras inspiradas geraram.
Tudo isso aplica-se ainda mais a nós, na hora tardia em que vivemos. Parafraseando as palavras de Paulo, não podemos negar que ‘agora a nossa salvação está mais próxima do que quando os cristãos primitivos se tornaram crentes e mesmo quando nós mesmos nos tornamos crentes. A noite está bem avançada; o dia certamente já se tem aproximado’.
Temos visto na história a partir da Primeira Guerra Mundial a evidência física acumular-se cada vez mais, evidências estas que provam que estamos na terminação do sistema de coisas. Em vez de nos preocupar em adivinhar exatamente quando virá o fim, devemos atarefar-nos na pregação das boas novas, que podem salvar a nossa vida e a vida de muitos outros. — 1 Timóteo 4:16.
Temos amplas razões para esperar que esta pregação seja terminada em nossos dias. Significa isso antes da virada de um novo mês, um novo ano, uma nova década, ou um novo século? Nenhum humano sabe, pois Jesus disse que ‘nem os anjos dos céus’ sabiam. (Mateus 24:36) Ademais, não há necessidade de sabermos, enquanto continuamos a fazer o que o Senhor nos manda concentrar em fazer. O mais importante é que sejam feitas a vontade e a obra de Deus, e que tenhamos nisso a maior participação possível. Deste modo, seremos “bem sucedidos em escapar de todas estas coisas que estão destinadas a ocorrer, e em ficar em pé diante do Filho do homem”. — Lucas 21:36.
-
-
Aids — ‘Começo de uma nova moralidade’?A Sentinela — 1989 | 1.° de outubro
-
-
Aids — ‘Começo de uma nova moralidade’?
DEPOIS de mencionar que um médico dissera que “o relacionamento totalmente monogâmico” é o único meio de evitar contrair a AIDS sexualmente, certo editorialista canadense perguntou: “Poderia a apavorante AIDS ser o começo de uma inteira nova moralidade em nosso mundo?” O escritor se perguntou, também, quanto a se não é “estranho” que aquilo que a Bíblia ensina há anos, a saber, a monogamia, “poderia agora ser uma questão de sobrevivência da humanidade”. Referindo-se também ao moderno mundo de “drogas, tabaco, álcool, e a não menos importante sobremarcha sexual”, o editorial diz: “Estamos agora pagando o preço pelo mundo pornográfico, promíscuo e poluído que criamos.”
Embora seja bom esperar uma melhora na conduta e para fins de sobrevivência, será meramente o medo da morte precoce ou do fim da humanidade que produzirá “uma inteira nova moralidade”? Não, pois apesar de alertas da parte de médicos e pesquisadores, a maioria dos fumantes e daqueles que consomem altas doses de álcool tolamente continuam a abusar de sua saúde, trazendo suas vidas a um fim prematuro. E alguns homossexuais têm dito que continuarão com múltiplos parceiros, mesmo ao risco de contrair a AIDS. — Provérbios 10:21, 23.
O que, então, restringirá corretamente a transgressão? Certamente, um temor salutar e respeito para com Jeová, observado na obediência às Suas leis sobre a moralidade. “O temor de Jeová é o princípio do conhecimento.” E esse tipo de conhecimento produz a sabedoria que realmente “preserva vivos os que a possuem”. — Provérbios 1:7; Eclesiastes 7:12.
Significativamente, o editor, mencionando que a AIDS pode ser contraída por meio de transfusão de sangue, perguntou também: “Não é irônico que nós, que taxativamente temos condenado as Testemunhas de Jeová por recusarem transfusões de sangue. . . talvez agora façamos a mesma coisa por outras razões?”
-