Livramento da autoridade da escuridão
“Ele nos livrou da autoridade da escuridão e nos transplantou para o Reino do filho do seu amor.” — Col. 1:13.
1. Que espécie de ambiente e influências nos confrontam?
A MAIORIA das pessoas, quer se apercebam disso, quer não, ficam muito afetadas pelo ambiente e pelas influências de sua infância, inclusive por todas as suas tendências herdadas. Em vista do prevalecente espírito de independência e rebelião contra a autoridade estabelecida e os que exercem o domínio, muitos jovens, atualmente, acham que podem livrar-se das rédeas e resistir com bom êxito a todas estas influências. Mas isto não é verdade. Além de nossa origem familiar direta, todos nós, em sentido mais amplo, somos membros da família humana e temos naturalmente a tendência de acompanhar a multidão, ou algum setor específico dela, ao qual nos sentimos ligados, imitando-os nas suas atitudes e no seu comportamento. Isto é cada vez mais assinalado pelo egoísmo e pela indiferença para com o que se considera serem normas antiquadas de decência e moralidade, inclusive para com a Bíblia e suas normas.
2. (a) Como têm alguns tentado mudar as coisas, e com que resultado? (b) Existe uma base para uma esperança, e de que espécie?
2 Assim, por natureza e por nascença, todos nós somos filhos de uma única família grande, e, falando em sentido humano, parece impossível evitar ou vencer as suas muitas influências más. Alguns têm tentado iniciar um novo modo de vida, um que seja inteiramente bom, mas acabaram verificando que estavam copiando e adotando um ou outro dos modelos prevalecentes de raciocínio e conduta. Por isso, talvez pergunte: “Será que não há esperança? Não há nada que eu possa fazer para mudar as coisas, pelo menos para mim mesmo?” Sim, há esperança. Poderá fazer alguma coisa. Estranho como pareça, poderá ser transplantado para uma família diferente. Poderá escolher um pai diferente. Em vez de rejeitar isso como fantástico e incrível, convidamo-lo a considerar conosco os motivos apresentados como base para estas declarações. De início, porém, podemos dizer veraz e sinceramente que muitas centenas de milhares de pessoas de todas as nacionalidades e rodas da vida já fizeram isso. Transferiram-se para uma nova família e escolheram um novo pai, com enorme proveito para si mesmos. Como é que fizeram isso?
3. (a) Que verdade vital é de importância primária? (b) A que resultado leva a negação desta verdade
3 Talvez esteja ou não familiarizado com a Bíblia. Talvez o seu único contato com ela tenha sido por intermédio de uma das igrejas da cristandade, e tenha encarado a Bíblia através dos ensinos daquela igreja. De qualquer modo, exortamo-lo a deixar que a Bíblia fale por si mesma e a escutar o que tem a dizer. Convidamo-lo agora a fixar sua atenção no argumento do apóstolo Paulo na sua carta aos romanos. Anteriormente, ele estabelecera uma verdade fundamental, a saber, a existência de um Criador em pessoa, cujas “qualidades invisíveis são claramente vistas desde a criação do mundo em diante, porque são percebidas por meio das coisas feitas, mesmo seu sempiterno poder e Divindade”. A menos que se reconheça isso, não pode haver o transplante já mencionado. Esta verdade vital é hoje muitas vezes disputada e negada, conforme Paulo advertiu. Referindo-se a Deus, ele fala dos que “não o glorificaram como Deus, nem lhe agradeceram, mas tornaram-se inanes nos seus raciocínios e o seu coração ininteligente ficou obscurecido . . . os que trocaram a verdade de Deus pela mentira, e veneraram e prestaram serviço sagrado antes à criação do que Aquele que criou”. Paulo fala então do resultado: “É por isso que Deus os entregou a ignominiosos apetites sexuais . . . E assim como não aprovaram reter Deus com um conhecimento exato, Deus entregou-os a um estado mental reprovado, para fazerem as coisas que não são próprias.” Quão verazes são hoje estas palavras! Todos estes, certamente, estão sob a autoridade da escuridão. — Rom. 1:20-28.
4. Que provisão fez Deus para os que o buscam, e como deve ser encarada?
4 O apóstolo enfatizou a mesma verdade quando falou aos atenienses, na Colina de Marte, mas veja que esperança nos deu nas seguintes palavras: “Ele [Deus] fez de um só homem toda nação dos homens, . . . e decretou as épocas designadas e os limites fixos da morada dos homens, para buscarem a Deus, se tateassem por ele a realmente o achassem, embora, de fato, não esteja longe de cada um de nós.” (Atos 17:26, 27) A fim de nos ajudar na busca, Deus nos deu a sua Palavra, a Bíblia, como ‘lâmpada para o nosso pé e luz para a nossa senda’. (Sal. 119:105) A Bíblia não é mera coleção de bons livros de homens bons. É da autoria divina, na sua totalidade. É a Palavra do Criador vivente em pessoa. Sim, Deus vive, e “a palavra de Deus é viva”. Ela nos orientará e protegerá, para que nenhum de nós “caia no mesmo exemplo de desobediência”, conforme descrito em Romanos 1:21-28. Com tais coisas na mente, sigamos o argumento na carta aos Romanos. — Heb. 4:11-13.
5. (a) Por que se encontra a família humana em necessidade desesperada? (b) Que dádiva gratuita foi provida, e em que resulta?
5 Como membros da família humana, todos nós somos imperfeitos, devido ao nosso primeiro pai Adão. Tendo sido criado à imagem de Deus e reconhecido como seu filho terrestre, perdeu esta relação feliz para si mesmo e para sua descendência, por causa de sua desobediência deliberada. (Gên. 1:26; Luc. 3:38) Conforme Paulo disse: “Por intermédio de um só homem entrou o pecado no mundo, e a morte por intermédio do pecado, e assim a morte se espalhou a todos os homens, porque todos tinham pecado.” (Rom. 5:12) Mas, conforme acabamos de ser lembrados, temos base para esperança. Será possível que Deus abriu o caminho para um restabelecimento ou um transplante de volta à relação pacífica com ele, como filhos de sua família? Somos animados a ter esta esperança, quando Paulo fala a seguir da “dádiva gratuita” de Deus. Ele estabelece uma série de bons contrastes, passando a dizer: “Mas, não é com o dom como é com a falha. Porque, se pela falha de um só homem muitos morreram, abundou muito mais, para com muitos, a benignidade imerecida de Deus e a sua dádiva gratuita com a benignidade imerecida por um só homem, Jesus Cristo.” (Rom. 5:15-21) Como isto se realiza, é explicado anteriormente, em Romanos 3:23-25: “Pois todos pecaram e não atingem a glória de Deus, e é como dádiva gratuita que estão sendo declarados justos pela benignidade imerecida dele, por intermédio do livramento pelo resgate pago por Cristo Jesus. Deus o apresentou como oferta de propiciação por intermédio da fé no seu sangue.” — Veja também 1 Timóteo 2:5, 6.
6. Por que ficou Paulo perturbado com os israelitas, e foi a rejeição deles de modo total?
6 A quem se torna disponível esta “dádiva gratuita”? Quem são os que são “declarados justos . . . por intermédio da fé no . . . sangue” de Cristo? Para apreciarmos isso, precisamos ter em mente que Paulo, nas suas cartas, escrevia a cristãos, os quais coletivamente compunham a “congregação de Deus”. (1 Cor. 11:22) Ele sabia que seus próprios parentes, os israelitas, “meus parentes segundo a carne”, haviam sido durante séculos o povo escolhido de Deus e haviam sido introduzidos numa relação pactuada com Deus. Com o advento de seu Messias, Jesus Cristo, podiam esperar entrar numa relação ainda mais íntima, conforme Paulo dá a entender quando diz a seu respeito: “A quem pertence a adoção como filhos.” Mas esta mesma coisa deu a Paulo “grande pesar e incessante dor”. (Rom. 9:2-5) Isto se dava porque, como nação, eles “tropeçaram sobre a ‘pedra para tropeço’”, Cristo Jesus. (Rom. 9:32; veja também 1 Pedro 2:7-10.) Haviam violentamente rejeitado o Filho amado de Deus como seu Messias, fazendo com que fosse pendurado numa estaca de tortura e exposto à vergonha. Por isso Deus os rejeitou, mas não de modo total. “Deus não rejeitou o seu povo, ao qual primeiro reconheceu.” Depois, Paulo se refere a Elias, na ocasião em que Deus lembrou a Elias, dizendo: “Deixei remanescer para mim sete mil homens, os quais não dobraram o joelho diante de Baal”, e daí Paulo prossegue: “Deste modo, portanto, apresentou-se também na época atual um restante, segundo uma escolha devida à benignidade imerecida.” — Rom. 11:2-5.
O VERDADEIRO ISRAEL
7. Para ajudar na identificação do verdadeiro Israel, que verdade profunda revela Paulo?
7 Falharia o propósito de Deus porque a grande maioria dos judeus tinha tanta falta de fé e se opunha tão amargamente ao meio de salvação provido por Deus mediante Cristo Jesus? “Que isso nunca aconteça!” (Rom. 3:3, 4) Paulo fornece a chave vital quanto a quem realmente constitui o povo escolhido de Deus, e as condições que precisam ser satisfeitas a fim de se ser reconhecido como seu filho, membro de sua família. Faz isso tanto do ponto de vista individual como nacional. Primeiro, ele explica que “não é judeu aquele que o é por fora, nem é circuncisão aquela que a é por fora, na carne. Mas judeu é aquele que o é no íntimo, e a sua circuncisão é a do coração, por espírito, e não por um código escrito”. (Rom. 2:28, 29) Paulo aplica o mesmo princípio à nação como um todo, dizendo: “Porque nem todos os que procedem de Israel são realmente ‘Israel’. . . . Quer dizer, os filhos na carne não são realmente os filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que são contados como o descendente”, conforme foi ilustrado no caso de Isaque. (Rom. 9:6-8) Em outras palavras, havia chegado o tempo em que ser membro do povo escolhido de Deus, formando o verdadeiro “Israel”, não dependia da descendência carnal, de modo natural. Antes, Deus se propôs ter um Israel espiritual, cujos membros são transplantados para a sua família pela operação especial de seu espírito santo e ao satisfazerem certos requisitos. Apenas uns poucos, um restante, do Israel carnal demonstraram fé em aceitar Jesus como o Ungido de Deus. Portanto, conforme mostra Paulo, Deus voltou-se para as “pessoas das nações”, os não-judeus, para dar-lhes a oportunidade de preencher o número predeterminado do Israel espiritual, a congregação cristã. — Rom. 11:12.
8. É limitado o número dos membros do Israel espiritual, e qual é a evidência quanto aos membros?
8 O número dos membros na congregação é estritamente limitado. Jesus falou deles como sendo um “pequeno rebanho”, e no livro de Revelação se fornece três vezes o número real como sendo de 144.000. (Luc. 12:32; Rev. 7:4; 14:1, 3) São estes os únicos que compõem a família de Deus? Não se fala de ninguém mais, na Bíblia, como sendo filhos de Deus? Neste caso, seria sem objetivo considerarmos mais este grupo comparativamente pequeno de pessoas, a menos que a pessoa tivesse evidência definitiva de ser membro dele. Paulo, em Romanos 8:14-17, fala desta evidência, dizendo que “todos os que são conduzidos pelo espírito de Deus, estes são filhos de Deus. Pois não recebestes um espírito de escravidão, causando novamente temor, mas recebestes um espírito de adoção, como filhos, espírito pelo qual clamamos: ‘Aba, Pai!’” Ele prossegue então a falar de sua esperança celestial, de ser “co-herdeiros de Cristo, desde que soframos juntamente, para que também sejamos glorificados juntamente”. — Veja também Revelação 20:6.
9. (a) Há qualquer esperança para os demais da família humana? Em caso afirmativo, qual é? (b) A quem se referiu Paulo quando falou da “criação” em Romanos 8:19-23?
9 Felizmente, porém, Paulo não abandona com isso o assunto. A chamada e a escolha dos que compõem a verdadeira igreja deixando-se todos os demais da família humana como perdidos, senão também confinados a tormento eterno, conforme ensinam muitos dos credos da cristandade — certamente não é ensino bíblico. Em prova disso, note o que Paulo passa a dizer depois de mencionar a referida esperança celestial. Ele diz que “a expectativa ansiosa da criação está esperando a revelação dos filhos de Deus . . . [e] que a própria criação será também liberta da escravização à corrução e terá a liberdade gloriosa dos filhos de Deus”. Mostrando que, com a palavra “criação”, ele se referia à inteira família humana, distinta da congregação cristã, Paulo disse a seguir: “Pois sabemos que toda a criação junta persiste em gemer e junta está em dores até agora. Não somente isso, mas também nós mesmos, os que temos as primícias, a saber, o espírito, sim, nós mesmos gememos em nosso íntimo, ao passo que esperamos seriamente a adoção [final] como filhos, sermos livrados de nossos corpos por meio de resgate.” — Rom. 8:19-23.
10. Que “expectativa ansiosa” está para ser satisfeita? Por meio de que acontecimentos, desde 1914?
10 Quão gloriosas são esta concepção e descrição do resultado do propósito de Deus! Ao mesmo tempo, reconhece-se as pressões e os sofrimentos que fazem a todos nós gemer. Além disso, o que torna este assunto de intenso interesse é que esta “expectativa ansiosa” está para ser satisfeita! Em 1914, ocorreu a grande mudança na soberania deste mundo. “Houve vozes altas no céu, dizendo: ‘O reino do mundo tornou-se o reino de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre.’” A seguir, anunciou-se a chegada do “tempo designado para os mortos serem julgados”. (Rev. 11:15, 18) Conforme mostram outros textos, este julgamento começa com a casa de Deus, significando a ressurreição do sono da morte daqueles da congregação cristã que se haviam ‘mostrado fiéis até a morte’. Dentro em breve, estes estarão intimamente associados com Cristo Jesus no céu em machucar a cabeça da serpente, Satanás, o Diabo, após a guerra de Deus no Armagedom. Assim serão revelados estes “filhos de Deus”, junto com Cristo Jesus, o mais destacado “Filho de Deus”. — 1 Ped. 4:17; 1 Tes. 4:16; 2 Tes. 1:7, 10; Rev. 2:10; 16:14-16; 19:11-20:3; Rom. 16:20; João 1:34.
11. (a) Que livramento da escravização usufruirá a humanidade durante o reinado de Cristo? (b) De que modo se mostrará Cristo Jesus como “Pai Eterno”?
11 Depois disso, durante o reinado milenar de Cristo, participando com ele a sua “noiva” (os 144.000), toda a humanidade será “liberta da escravização” de toda espécie, inclusive até mesmo da morte. Dar-se-ão conta de que foram restabelecidos numa relação familiar com Deus, conforme João ouviu anunciar: “A tenda de Deus está com a humanidade, e ele residirá com eles e eles serão os seus povos. E o próprio Deus estará com eles.” (Rom. 8:21; Rev. 21:1-4) Ao mesmo tempo, dar-se-ão conta de que a própria regência do reino está nas mãos de Cristo Jesus, e que seu livramento do domínio de Satanás, o governante da “autoridade da escuridão”, e do pecado e da morte, foi tornado possível “por intermédio do livramento pelo resgate pago por Cristo Jesus”. (Efé. 2:2; Col. 1:13; João 1:29; Rom. 3:24) Em vez de herdarem a morte de seu primeiro pai, Adão, receberão a vida humana perfeita do “último Adão”, Cristo Jesus. (1 Cor. 15:45) Ele será o dador da vida deles, o pai deles. Conforme predito: “O domínio principesco virá a estar sobre o seu ombro. E será chamado pelo nome de . . . Pai Eterno, Príncipe da Paz.” Tudo isso será realizado pelo “próprio zelo de Jeová dos exércitos”. Esta é deveras uma perspectiva emocionante, mas não precisa esperar até então. — Isa. 9:6, 7.
LIVRAMENTO ATUAL
12. (a) Que acontecimentos já levaram a uma identificação dos filhos de Deus? (b) Quem reconheceu isso, resultando em que bênçãos?
12 Em resposta à pergunta dos discípulos: “Qual será o sinal da tua presença e da terminação do sistema de coisas?” Jesus predisse certas atividades que ocorreriam debaixo de sua direção, após a sua entronização em 1914. Desde aquele tempo, ainda tem havido na terra um restante da congregação cristã, o qual, mediante o ministério dos anjos e uma chamada como que de trombeta foi ajuntado numa união íntima. Isto levou à identificação clara da classe do “escravo fiel e discreto”, designado sobre todos os interesses do Reino de Cristo. Também desde a sua entronização, estando “com ele todos os anjos”, ele fez, por meio da mensagem do Reino dada em testemunho a todas as nações, que houvesse uma separação do povo, de “uns dos outros assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos”. (Mat. 24:3, 14, 31, 45-47; 25:31, 32) Em outras palavras, já houve uma identificação “dos filhos de Deus”, daqueles que têm esperança celestial. Por isso, um número crescente dos de “toda a criação” reconheceram de bom grado estes “irmãos” espirituais de Cristo Jesus, ministrando-lhes e fazendo-lhes o bem, conforme Jesus predisse em Mateus 25:34-40. O número crescente deles constitui uma “grande multidão . . . de todas as nações”, representados como estando “diante do trono de Deus”, usufruindo Seu favor, e prestando-lhe “serviço sagrado, dia e noite, no seu templo”, quer dizer, no templo espiritual erguido por Deus, e em união íntima com os da classe do “templo” dos “irmãos” de Cristo. Esta é a situação feliz das testemunhas de Jeová, e ela está em plena harmonia com as palavras de Jesus em João 10:16: “E tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco [do “pequeno rebanho”]; a estas também tenho de trazer, e elas escutarão a minha voz e se tornarão um só rebanho, [debaixo de] um só pastor.” — Rom. 8:19, 22; Heb. 8:2; 9:11; Rev. 7:9, 15; Efé. 2:21, 22.
13. Como pode alguém tornar-se uma das “outras ovelhas” de Cristo, levando a que nova relação?
13 Como poderá tornar-se um destes das “outras ovelhas”? Em primeiro lugar, conforme Jesus disse, deve escutar com aceitação a sua voz e tornar-se um dos seus discípulos. O grande passo, no que se refere à sua pessoa, é o da dedicação de toda a alma a Jeová Deus, seguindo o exemplo de Jesus. (Sal. 40:8; Rom. 12:1) É exortado, mas não obrigado ou coagido a dar este passo. Deve constituir a sua própria escolha, a sua expressão de livre arbítrio, de fé na provisão do sacrifício de resgate e da sua gratidão e devoção a Jeová. Deste modo é transplantado para uma nova família e se torna um dos filhos de Deus. Pode-se dizer que escolheu um novo pai, porque, com profundo apreço, poderá juntar-se a outros das “ovelhas” de Deus em dirigir-se a ele como “Nosso Pai”. (Mat. 6:9) Os clérigos e as pessoas da cristandade repetem regularmente a oração do Pai-Nosso, e falam da paternidade de Deus e da fraternidade dos homens, mas isto, na maior parte, é mera formalidade e simulacro, em vista das condições e do espírito prevalecentes na cristandade.
14. (a) Que ponto de vista negativo se poderia adotar em vista das palavras de Paulo em Romanos 7:18-23? (b) Como nos ajudam os textos circundantes a ter um conceito mais equilibrado?
14 Quanto ao livramento da escravização, é importante reconhecer a posição verdadeira neste respeito. Às vezes se citam as palavras de Paulo como sendo o fato concreto da experiência real do cristão, ao dizer ele: “Eu realmente me deleito na lei de Deus segundo o homem que sou no íntimo, mas observo em meus membros outra lei guerreando contra a lei da minha mente e levando-me cativo à lei do pecado que está nos meus membros.” (Rom. 7:22, 23) Se esta fosse a última palavra sobre o assunto, então a situação seria deveras negativa e frustradora. Vejamos, porém, o texto na relação com os outros versículos circundantes. Embora Paulo escreva a cristãos que têm esperança celestial, o mesmo princípio se aplica a todos os do povo dedicado de Jeová. Em Romanos 5:21, Paulo diz: “Para que, assim como o pecado reinou com a morte, do mesmo modo também a benignidade imerecida reinasse por intermédio da justiça, visando a vida eterna por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor.” Paulo mostra então que a nossa vida atual está intimamente relacionada com Cristo no céu, e que, “assim como Cristo foi levantado dentre os mortos por intermédio da glória do Pai, também nós andássemos igualmente em novidade de vida”, aqui e agora mesmo. Paulo fala depois do “fruto que costumáveis ter [como escravos do pecado] . . . coisas das quais vos envergonhais agora”, e então Paulo acrescenta: “No entanto, agora, porque fostes libertos do pecado, mas vos tornastes escravos de Deus, tendes o vosso fruto [não apenas pretensões] no modo da santidade, e, por fim, a vida eterna.” — Rom. 6:4, 20-22.
15. De que ponto de vista argumenta Paulo em Romanos, capítulo 7, e em outra parte?
15 Daí, com empatia, Paulo se coloca na situação daqueles cristãos judaicos que argumentavam que o favor de Deus, para eles mesmos e para os gentios, no fim de contas, dependia de se satisfazerem os requisitos da Lei dada por intermédio de Moisés, inclusive a circuncisão. Paulo apresenta fortes argumentos, aqui e em outra parte, mostrando quão desesperada era tal situação, e daí clama: “Quem me resgatará do corpo que é submetido a esta morte?” Há um resgatador? Sim! “Graças a Deus, por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor!” — Rom. 3:20; 7:1, 18-21, 24, 25; Gál. 3:10-14.
16. (a) Como descreve Paulo a verdadeira situação do cristão, e com que ênfase? (b) De que modo, e até que ponto, podemos adotar um ponto de vista e um proceder positivos?
16 Agora, observe como Paulo passa a descrever a verdadeira situação do cristão, com muita ênfase na vida, dizendo: “Pois a lei desse espírito que dá vida em união com Cristo Jesus libertou-te da lei do pecado e da morte . . . a mentalidade segundo a carne significa morte, mas a mentalidade segundo o espírito significa vida e paz . . . Então, se morar em vós o espírito daquele que levantou a Jesus dentre os mortos, aquele que levantou a Cristo Jesus dentre os mortos também vivificará os vossos corpos mortais por intermédio do seu espírito que reside em vós.” (Rom. 8:2, 6, 11) Que situação forte e positiva! Embora o espírito de Deus possa operar de modo especial, dando a alguns a esperança de vida no céu, contudo, esta mesma força ativa pode operar e opera a favor de todas as testemunhas dedicadas de Jeová. Sustenta e fortalece hoje as “outras ovelhas”, a fim de participarem no ministério junto com os do restante ungido que estão no novo pacto, para “tornar manifesta a verdade” a todos os povos, revigorando até mesmo seu corpo mortal com “poder além do normal”. (2 Cor. 3:6; 4:2, 7) Admitidamente, é uma batalha diária com a carne, mas não precisa ser nem deve ser uma batalha perdida. (Rom. 8:13) Admitidamente, somos imperfeitos e precisamos diariamente pedir perdão pelas nossas faltas, mas Jeová fez bondosamente ampla provisão para que todos nós possamos manter uma posição limpa perante ele. Isto é tão eficaz, que “purificará as nossas consciências de obras mortas, para que prestemos serviço sagrado ao Deus vivente”. (Heb. 9:14; veja também Revelação 7:14; 14:5.) Estes são alguns dos benefícios usufruídos por muitas centenas de milhares de testemunhas de Jeová, as quais, pela dedicação e pelo batismo em água, ingressaram na família de Deus, e, de modo preliminar, usufruem “a liberdade gloriosa dos filhos de Deus”. Todas estas podem deveras juntar-se ao apóstolo Paulo no seu brado de exultação, de que nada “será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”! — Rom. 8:21, 39.
17. Da parte de que outro servo de Jeová podemos esperar orientação e encorajamento?
17 Certamente, é de grande ajuda e encorajamento prestar atenção a Paulo e acompanhar seu raciocínio inspirado pelo espírito de Deus. Houve, porém, outro servo fiel que gozava de uma relação única com Jesus, embora de antecedentes e personalidade diferentes, e esperamos receber mais conselho edificante por prestarmos atenção ao apóstolo João e ao que ele escreveu sob inspiração.