Capítulo 7
Forasteiros e residentes temporários de conduta exemplar
1, 2. Como são amiúde encarados os forasteiros, e por quê?
QUEM se destaca como bem diferente das pessoas da comunidade em que vive é amiúde encarado com desconfiança e suspeita. Sua conduta pode sofrer um escrutínio mais minucioso do que a dos nativos da região. Lamentavelmente, alguns talvez criem preconceito contra toda uma raça, nacionalidade ou tribo, por causa da má conduta de um único estrangeiro na sua vizinhança. Até mesmo os governos fazem leis e estabelecem regulamentos que só se aplicam a estrangeiros. Quando a conduta de um deles é considerada como indesejável, ele pode ser deportado.
2 Por que é tudo isso de séria preocupação para o cristão? Como deve influir no seu modo de vida?
3. (a) Por que são os verdadeiros cristãos “estrangeiros” neste mundo? (b) Como são encarados pelos incrédulos, e por quê?
3 Neste mundo, os verdadeiros cristãos são “forasteiros e residentes temporários”, porque aguardam uma moradia permanente como parte dos “novos céus e uma nova terra” criados por Deus. (1 Pedro 2:11; 2 Pedro 3:13) Visto que os genuínos discípulos de Jesus Cristo se esforçam em pensar e agir em harmonia com as Escrituras Sagradas, os incrédulos, ou os que apenas fingem praticar o cristianismo, talvez os menosprezem, como se fossem “estrangeiros” indesejáveis. Mas o conceito que o mundo forma sobre o cristão não deve fazê-lo sentir-se envergonhado. Do ponto de vista divino, sua condição de forasteiro tem dignidade. Por isso, o cristão deseja fazer o máximo para se comportar de modo que não dê a alguém um motivo válido para vituperá-lo.
4, 5. (a) No primeiro século E. C., por que podia o apóstolo Pedro chamar os cristãos de “residentes temporários espalhados”? (b) Como eram encarados por Jeová Deus?
4 O apóstolo Pedro, escrevendo a concrentes, trouxe à atenção a condição honrosa deles como “forasteiros e residentes temporários”. No início de sua primeira carta, lemos:
“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos residentes temporários espalhados por Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, aos escolhidos segundo a presciência de Deus, o Pai, com santificação pelo espírito, com o objetivo de que sejam obedientes e sejam aspergidos com o sangue de Jesus Cristo.” — 1 Pedro 1:1, 2.
5 Lá no primeiro século E. C., os crentes viram-se espalhados por diversos lugares, vivendo no meio duma grande população não-cristã. Muitas vezes, foram injustamente desprezados pelos seus vizinhos. Por isso, devem ter ficado animados ao lerem ou ouvirem a avaliação que Jeová fazia deles, conforme apresentada na carta de Pedro. Eles eram realmente os “escolhidos”, os eleitos de Deus. O Altíssimo fizera deles sua propriedade, seu povo. Muito antes de vir à existência a congregação cristã composta de judeus e de não-judeus, o Todo-poderoso sabia de antemão que haveria finalmente tal grupo de seus servos, espalhados nas diversas partes da terra. Por meio da operação do espírito de Deus sobre eles, foram santificados ou postos à parte para uso sagrado. O objetivo dos tratos de Jeová com eles era que fossem seus filhos obedientes, fazendo a vontade dele. Saberem deste uso que o Soberano Universal fazia deles deve tê-los emocionado profundamente, induzindo-os a querer viver à altura do nobre propósito para o qual Deus os designou.
6. (a) Como obtiveram os cristãos sua condição limpa perante Deus? (b) O que pode estar incluído em ‘serem aspergidos com o sangue de Jesus Cristo’?
6 Naturalmente, os crentes não vieram a ser um povo escolhido e santificado por mérito próprio. Individualmente, eram pecadores e tiveram de ser purificados, e, por isso, o apóstolo Pedro referiu-se a eles como tendo sido “aspergidos com o sangue de Jesus Cristo”. Isto nos faz lembrar do processo de purificação do israelita que se tornara cerimonialmente impuro por ter tocado num cadáver humano, entre outras coisas. Para ser novamente limpo, ele tinha de ser aspergido com água de purificação. (Números 19:1-22) De maneira similar, os benefícios expiatórios do sacrifício de Cristo haviam sido aplicados aos cristãos, habilitando-os a ter uma consciência limpa perante Deus e franqueza no falar ao se dirigirem a ele em oração. (Hebreus 9:13, 14; 10:19-22) Também, quando os israelitas foram aceitos numa relação pactuada com Jeová, Moisés aspergiu o povo com o sangue de vítimas sacrificiais. (Êxodo 24:3-8) Por isso, as palavras sobre ‘serem aspergidos com o sangue de Jesus Cristo’ pode também trazer à atenção que esses crentes foram aceitos no novo pacto, cujo mediador é Jesus Cristo e que foi validado pelo seu sangue derramado, e que eles participam agora nos benefícios deste pacto.
7. O que requer de nós nossa condição de “forasteiros”?
7 Assim como os crentes do primeiro século E. C., os discípulos devotados de Jesus Cristo têm hoje uma posição honrosa perante Jeová Deus. Precisam comportar-se neste mundo como “forasteiros” e “residentes temporários” exemplares. Senão, lançam vitupério sobre Jeová Deus e a congregação de seu povo. Portanto, todos precisam tomar a peito a admoestação do apóstolo Pedro: “Amados, exorto-vos como a forasteiros e residentes temporários a que vos abstenhais dos desejos carnais, que são os que travam um combate contra a alma.” — 1 Pedro 2:11.
8. A que não devemos ficar indevidamente apegados, e por que não?
8 Por sermos “forasteiros e residentes temporários” neste sistema passageiro de coisas, não podemos dar-nos ao luxo de nos prender indevidamente a algo dentro da agora existente estrutura humana. Nenhuns vínculos terrenos, tristezas, alegrias ou bens são permanentes. O tempo e o imprevisto sobrevêm a todos e podem mudar repentina e dramaticamente a situação da pessoa. (Eclesiastes 9:11) Por isso, há verdadeira sabedoria em acatar o conselho do apóstolo Paulo: “Os que tiverem esposas sejam como se não as tivessem, e também os que choram sejam como os que não choram, e os que se alegram, como os que não se alegram, e os que compram, como os que não possuem, e os que fazem uso do mundo, como os que não o usam plenamente; porque está mudando a cena deste mundo.” (1 Coríntios 7:29-31) Ficarmos completamente absortos nas tristezas ou alegrias que são produto dessas situações e relações que sempre estão mudando poderia ir de encontro a nos achegarmos cada vez mais ao Altíssimo e seu Filho, com uma séria perda para nós.
9, 10. (a) O que explica o modo em que os mundanos encaram os bens? (b) Por que deve nossa maneira de encarar os bens ser diferente da dos incrédulos?
9 A situação da maioria da humanidade demonstra claramente por que não devemos tentar ‘fazer pleno uso do mundo’. As pessoas, em geral, ou não se apercebem da promessa de Deus, de “novos céus e uma nova terra”, ou não têm verdadeira fé em tal vindoura nova ordem justa. De modo que não têm nada senão a sua vida atual em que fixar a atenção. Falta-lhes a esperança sólida a respeito do futuro. Este é o motivo de estarem tão enfronhadas em pensar nas suas necessidades diárias e de estarem tão absortas em tirar do mundo o máximo possível. (Mateus 6:31, 32) Seus olhos brilham diante da perspectiva de obter roupa boa, jóias cintilantes, ornamentação dispendiosa, bela mobília ou lares suntuosos. Talvez esperem e procurem impressionar os outros por meio dos bens materiais. — 1 João 2:15-17.
10 O cristão, em contraste, reconhece que tem diante de si um futuro eterno. Seria tolo se ficasse tão absorto nos assuntos da vida, que virtualmente não tivesse tempo para o Criador, de quem depende o seu futuro. Isto não significa que o verdadeiro servo de Deus não possa usufruir devidamente as muitas coisas boas que o dinheiro pode comprar. Mas, nem mesmo os prazeres sadios e os bens materiais proveitosos devem jamais tornar-se o ponto focal de nossa vida, não, se realmente nos considerarmos como “residentes temporários” neste sistema atual. Embora não desperdicemos nossos recursos, nem sejamos descuidados com eles, nós os encaramos corretamente como fazem as pessoas de confiança, que apenas alugam um apartamento mobiliado, ferramentas, equipamento ou outras coisas de que possam precisar. Tais pessoas cuidam deles bem, mas nunca se prendem totalmente a eles, como se fossem propriedade permanente. Nossa vida deve demonstrar que reconhecemos que nada no atual sistema oferece qualquer garantia de permanência, e que somos apenas “forasteiros” e “residentes temporários”, avançando em direção à prometida nova ordem criada por Deus.
‘ABSTENHA-SE DOS DESEJOS CARNAIS’
11. O que está incluído nos desejos carnais, dos quais nos temos de abster?
11 No entanto, sermos bem sucedidos no nosso modo de vida como cristãos requer de nós muito mais do que apenas reconhecer que, no que se refere à nossa vida atual, nossa situação está sujeita a uma mudança imprevisível. Precisamos também dar séria atenção à exortação bíblica de nos ‘abstermos dos desejos carnais’. Estes são os anseios ou desejos errados dos membros físicos da pessoa. A carta do apóstolo Paulo aos gálatas revela a que pecados esses anseios errados levam. Depois de mostrar que aquele que é guiado pelo espírito de Deus não executa “nenhum desejo carnal”, o apóstolo enumera as obras da carne: “fornicação, impureza, conduta desenfreada, idolatria, prática de espiritismo, inimizades, rixa, ciúme, acessos de ira, contendas, divisões, seitas, invejas, bebedeiras, festanças e coisas semelhantes a estas”. — Gálatas 5:16, 19-21.
12, 13. (a) Como é que os desejos carnais “travam um combate contra a alma”? (b) O que temos de fazer para manter uma condição limpa perante Deus?
12 Em resultado do pecado herdado, estamos sujeitos a fortes pressões para ficar envolvidos nas obras da carne, para ‘executar os desejos carnais’. Os anseios impróprios são semelhantes a um exército invasor, que procura obter o domínio sobre toda a alma, a pessoa inteira, fazendo-a entregar-se a paixões pecaminosas. O apóstolo cristão Paulo apercebia-se muito bem da luta que assim pode surgir no íntimo da pessoa. Referente ao seu próprio caso, ele escreveu: “Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não mora nada bom; porque a capacidade de querer está presente em mim, mas a capacidade de produzir o que é excelente não está presente. Pois o bem que quero, não faço, mas o mal que não quero, este é o que pratico.” (Romanos 7:18, 19) Este conflito tornou necessário que Paulo ‘amofinasse o seu corpo e o conduzisse como escravo, para que, depois de ter pregado a outros, ele mesmo não viesse a ser de algum modo reprovado’. — 1 Coríntios 9:27.
13 De maneira similar, nosso desejo de manter uma condição limpa perante Deus e de receber sua bênção nos motivará a fazer empenho para que quaisquer anseios errados sejam mantidos sob controle. Por que deveríamos dificultar ainda mais uma luta árdua por nos envolvermos em diversões, leitura, associações e situações que forçosamente agitariam e aumentariam a pressão de nossas inclinações pecaminosas? O que é mais importante, precisamos tomar medidas positivas para nos proteger. Convém que nos lembremos de que não podemos ser bem sucedidos na nossa própria força, mas que precisamos do encorajamento de nossos devotados irmãos e da ajuda do espírito de Deus. O apóstolo Paulo exortou Timóteo a empenhar-se “pela justiça, pela fé, pelo amor, pela paz, ao lado dos que invocam o Senhor dum coração puro”. (2 Timóteo 2:22) Se estivermos fazendo isso, então, com a ajuda do espírito santo, poderemos ser bem sucedidos em impedir que os desejos errados nos dominem. Assim, por resistirmos aos desejos carnais por fixar a mente no que é verdadeiro, justo, casto, amável, virtuoso e louvável, impediremos ser desaprovados por Deus. (Filipenses 4:8, 9) Depois de termos procurado ajudar outros a serem bem sucedidos, não nos tornaremos fracassos.
A CONDUTA EXCELENTE PODE AJUDAR OUTROS A ACEITAR A VERDADEIRA ADORAÇÃO
14. Que proveito podem os outros tirar por nos verem ‘abster-nos dos desejos carnais’?
14 Nossa ‘abstenção dos desejos carnais’ traz consigo ainda outro benefício bem desejável. O apóstolo Pedro escreveu: “Mantende a vossa conduta excelente entre as nações, para que, naquilo em que falam de vós como de malfeitores, eles, em resultado das vossas obras excelentes, das quais são testemunhas oculares, glorifiquem a Deus no dia da sua inspeção.” — 1 Pedro 2:12.
15. Como foram os cristãos difamados no primeiro século E. C.?
15 No primeiro século, os cristãos foram muitas vezes alvo de difamação, apresentados como “malfeitores”. Acusações tais como as seguintes eram típicas: “Estes homens estão perturbando muito a nossa cidade, . . . e publicam costumes que não nos é lícito adotar ou praticar, por sermos romanos.” (Atos 16:20, 21) ‘Estes homens têm subvertido a terra habitada.’ ‘Eles agem em oposição aos decretos de César, dizendo que há outro rei, Jesus.’ (Atos 17:6, 7) O apóstolo Paulo foi acusado de ser “uma peste e [que] atiça sedições entre todos os judeus, por toda a terra habitada”. (Atos 24:5) Homens destacados dos judeus, em Roma, disseram a Paulo: “Deveras, quanto a esta seita, é sabido por nós que em toda a parte se fala contra ela.” — Atos 28:22.
16. (a) Qual é a melhor defesa dos verdadeiros cristãos contra as difamações? (b) Como pode isso ajudar aos opositores?
16 A melhor defesa contra tais difamações é a conduta excelente. Quando os cristãos mostram que obedecem às leis, que pagam fielmente seus impostos, que mostram a disposição de realizar qualquer “boa obra”, e quando nas suas ocupações pessoais são trabalhadores diligentes, honestos nos seus tratos, demonstrando verdadeira preocupação com o bem-estar de seu semelhante — mostra-se que as acusações levantadas contra eles são falsas. (Tito 2:2 a 3:2) Mesmo os que repetem informações caluniosas sobre os cristãos poderão ser assim ajudados a ver o erro de seu proceder e a ser induzidos a adotar a adoração verdadeira. Daí, por ocasião da inspeção de julgamento por Deus, tais ex-difamadores dos cristãos poderão ser contados entre os que glorificam ou louvam o Altíssimo.
17. Em vista do efeito salutar da boa conduta sobre os observadores, a que devemos dar séria consideração?
17 Levar o cristão uma vida reta pode exercer muita força a favor do bem, e isso nos deve induzir a pensar seriamente sobre a maneira em que tratamos os outros e até que ponto mostramos interesse nos nossos vizinhos. Certamente, não queremos fechar os olhos às necessidades dos que moram ao nosso lado. Naturalmente, sermos vizinhos bondosos, prestativos e corteses não é apenas “bom senso”. É algo básico para os cristãos. Jesus Cristo admoestou no seu Sermão do Monte: “Todas as coisas . . . que quereis que os homens vos façam, vós também tendes de fazer do mesmo modo a eles.” (Mateus 7:12) As Escrituras nos exortam: “Enquanto tivermos tempo favorável para isso, façamos o que é bom para com todos, mas especialmente para com os aparentados conosco na fé.” (Gálatas 6:10) “Se possível, no que depender de vós, sede pacíficos para com todos os homens.” (Romanos 12:18) “Empenhai-vos sempre pelo que é bom de uns para com os outros e para com todos os demais.” — 1 Tessalonicenses 5:15.
18, 19. Em harmonia com 1 Pedro 3:8, quais devem ser nossas atitudes e ações, como cristãos?
18 É evidente que ser cristão inclui mais do que apenas cumprir com requisitos vitais assim como assistir às reuniões com concrentes e transmitir a verdade bíblica a outros. (Mateus 28:19, 20; Hebreus 10:24, 25) Recebemos também a ordem de imitar o Filho de Deus em nossas atitudes e ações, no que somos quais pessoas, como indivíduos. O apóstolo Pedro escreveu: “Finalmente, sede todos da mesma mentalidade, compartilhando os sentimentos, exercendo afeição fraternal, ternamente compassivos, humildes na mente.” (1 Pedro 3:8) Para termos a “mesma mentalidade”, precisamos estar “aptamente unidos na mesma mente e na mesma maneira de pensar”. (1 Coríntios 1:10) Nossa maneira de pensar deve-se harmonizar especialmente com a de Jesus Cristo, que expressou seu amor por entregar sua vida por nós. (João 13:34, 35; 15:12, 13) Embora os verdadeiros discípulos de Jesus Cristo tenham a “mesma mentalidade”, conforme evidenciam seu amor e sua união mundial, as perguntas a que precisamos responder individualmente são: ‘Contribuo genuinamente para este espírito de unidade e afeto? Como, e até que ponto?’
19 Se realmente amarmos nossos irmãos espirituais, seremos bondosos e perdoadores. Depois de discutir um problema e concordar numa solução, não continuaremos a ter ressentimentos e a evitar deliberadamente certos membros da congregação cristã, que talvez tenham contribuído para criar a dificuldade. Em harmonia com o conselho de Pedro, precisamos prevenir-nos contra sermos vítimas da calosidade, da dureza e do orgulho, que são tão comuns no mundo. Os outros deveriam poder ver que ‘compartilhamos os sentimentos’ ou que nos compadecemos dos que sofrem, que temos cordial amor ou afeição por nossos irmãos espirituais, que somos “ternamente compassivos” ou que estamos inclinados a ter dó, e que não temos uma opinião muito elevada sobre nós mesmos, mas que somos “humildes na mente”, dispostos a servir aos outros. — Veja Mateus 18:21-35; 1 Tessalonicenses 2:7-12; 5:14.
20. O que requer de nós o acatamento do conselho de 1 Pedro 3:9?
20 Além disso, não devemos limitar nossas expressões de compadecimento, compaixão e bondade apenas aos concrentes. (Lucas 6:27-36) O apóstolo Pedro prosseguiu, exortando os cristãos a ‘não pagarem de volta dano com dano ou injúria com injúria, mas, ao contrário, conferindo uma bênção’. (1 Pedro 3:9) Isto não significa que elogiaremos os que nos injuriam e difamam, ou que os cumularemos de afeição. Mas, produziremos o maior bem, e teremos a maior paz mental e felicidade, se continuarmos a ser bondosos e atenciosos nos nossos tratos com eles, esperando que mudem de proceder e se tornem beneficiários das bênçãos divinas.
MOTIVOS PARA NÃO REVIDAR
21. Como nos pode ajudar o exemplo de Jeová para não revidarmos?
21 Ter Jeová Deus perdoado misericordiosamente os nossos pecados, à base do sacrifício de Jesus, devia induzir-nos a tratar até mesmo nossos inimigos de modo bondoso e compassivo Jesus Cristo disse: “Se não perdoardes aos homens as suas falhas, tampouco o vosso Pai vos perdoará as vossas falhas.” (Mateus 6:15) Portanto, herdarmos bênçãos permanentes de Deus é afetado por nossa disposição de abençoar os outros. Jeová Deus permite que soframos tratamento indelicado. Entre os motivos disso há o de termos a oportunidade de demonstrar que perdoamos e somos compassivos para com o nosso semelhante. O apóstolo Pedro expressou esta idéia por prosseguir, dizendo: “Fostes chamados para este proceder [de abençoar os que procuram causar-vos dano], para que herdeis uma bênção.” (1 Pedro 3:9) Isto não quer dizer que nosso Pai celestial quer que outros nos causem dano. Ele simplesmente não intervém para impedir que soframos os problemas a que os homens pecaminosos do mundo pecador estão expostos. E isto nos deixa demonstrar se realmente queremos ser iguais a ele: benignos, compassivos e perdoadores.
22. Que exortação provê o Salmo 34:12-16 para evitarmos o espírito vingativo?
22 Continuando com sua exortação a não revidarmos em palavra ou em ato, Pedro citou o Salmo 34:12-16 e escreveu:
“Pois, ‘aquele que amar a vida e quiser ver bons dias, refreie a sua língua do que é mau e os seus lábios de falar engano, mas desvie-se ele do que é mau e faça o que é bom; busque a paz e empenhe-se por ela. Porque os olhos de Jeová estão sobre os justos e os seus ouvidos estão atentos às súplicas deles; mas o rosto de Jeová é contra os que fazem coisas más’.” — 1 Pedro 3:10-12.
23, 24. (a) O que significa ‘amarmos a vida’ e querermos “ver bons dias”? (b) Como somos beneficiados por mostrarmos amor à vida?
23 Estas palavras de Pedro enfatizam que tratar todos de maneira bondosa é realmente o único modo correto de viver, o melhor modo de viver. Quem ‘ama a vida’, reconhecendo-a como dádiva de Deus, e quer ver “bons dias” — dias que lhe dêem a sensação de objetivo e significado na vida — mostra isso por promover a felicidade dos seus semelhantes. Controla a língua, não a usando para rebaixar, difamar, enganar ou defraudar os outros. Deseja evitar toda a maldade e fazer o que é bom do ponto de vista de Deus. Sendo alguém que busca a paz e se empenha por ela, não será agressivo ou beligerante, mas fará esforço para promover boas relações com os outros e entre eles. — Romanos 14:19.
24 Quem demonstra seu amor à vida por ajudar outros a usufruir felicidade e paz torna-se companheiro desejável. Os outros mostrarão por palavras e ações que o encaram como necessário, desejado e apreciado. Em resultado, sua vida nunca será vazia ou sem significado. — Provérbios 11:17, 25.
25. Por que podemos ter certeza do cuidado amoroso e da ajuda de Deus?
25 Embora sua bondade talvez nem sempre seja recebida com gratidão, ele tem assegurado o cuidado amoroso de Jeová Deus. Visto que os olhos do Altíssimo estão sobre os justos e seus ouvidos estão sempre atentos a eles, sabe exatamente quais as necessidades que eles têm e pode reagir rapidamente para satisfazê-las. Fará deveras com que ‘vejam bons dias’, porque a devoção piedosa que demonstram “tem a promessa da vida agora e daquela que há de vir”. (1 Timóteo 4:8) Por outro lado, os que praticam o que é mau — que não trabalham em prol da paz e da felicidade dos outros — não podem esperar uma expressão de aprovação divina. O “rosto” de Deus é contra eles com julgamento adverso, porque nada escapa da sua observação.
UM PROCEDER LUCRATIVO
26. Segundo as palavras de Pedro, quem talvez goste de ver-nos retornar às práticas corrutas do mundo?
26 Se tivermos sempre em mente os benefícios resultantes da conduta excelente, isso nos ajudará a resistir às pressões para nos envolvermos nas práticas degradadas do mundo. O apóstolo Pedro nos deu neste sentido um forte estímulo, dizendo:
“Já basta o tempo decorrido para terdes feito a vontade das nações, quando procedestes em ações de conduta desenfreada, em concupiscência, em excessos com vinho, em festanças, em competições no beber e em idolatrias ilegais. Visto que não continuais a correr com eles neste proceder para o mesmo antro vil de devassidão, ficam intrigados e falam de vós de modo ultrajante. Mas, estas pessoas prestarão contas àquele que está pronto para julgar os viventes e os mortos. De fato, com este objetivo se declararam as boas novas também aos mortos, para que fossem julgados quanto à carne, do ponto de vista dos homens, mas vivessem quanto ao espírito, do ponto de vista de Deus.” — 1 Pedro 4:3-6.
27. Por que nunca devemos querer voltar à corrução do mundo?
27 O tempo que o cristão talvez tenha gasto em satisfazer paixões e desejos pecaminosos, enquanto desconhecia a vontade e o propósito de Deus, certamente deve bastar para que ele nunca mais queira voltar a uma vida que se carateriza pelos excessos e pela falta de freio moral. Nunca queremos esquecer quão fútil e sem significado é a vida da satisfação dos próprios desejos, nem a vergonha que amiúde a acompanha. (Romanos 6:21) As diversões vulgares e obscenas, as danças lascivas e a música desenfreada que estimula as paixões, que têm obtido tanto destaque no mundo, devem repelir-nos, não atrair-nos. Embora talvez não seja fácil ser ultrajado pelos anteriores companheiros, por evitarmos tais coisas, certamente não temos nada para ganhar por participar com eles nas festanças desenfreadas e no seu modo de vida sem restrições. Mas temos muito a perder por adotar o mundanismo. Todos os que praticam o que é mau terão de prestar contas pelas suas ações a Jesus Cristo, a quem Jeová Deus designou para ser juiz dos vivos e dos mortos. (2 Timóteo 4:1) Visto que tal julgamento é certo, as “boas novas” foram declaradas aos “mortos”, quer dizer, aos espiritualmente mortos, que precisam arrepender-se, dar meia-volta e passar a viver do ponto de vista de Deus, por se aplicarem a eles os benefícios expiatórios do sacrifício de Cristo.
28. (a) Por que os cristãos talvez sejam “julgados quanto à carne, do ponto de vista dos homens”? (b) Por que não devemos ficar perturbados com tal julgamento?
28 Aqueles que se arrependem são deveras preciosos aos olhos de Jeová Deus, e ele quer que usufruam uma eternidade de vida feliz. Os homens deste mundo, porém, não reconhecem a excelente posição que os verdadeiros cristãos usufruem diante do Criador. Esses mundanos encaram os discípulos de Cristo assim como encaram os outros homens, e julgam-nos “quanto à carne”, pela aparência externa. Mas, não devemos ficar perturbados porque o julgamento que fazem de nós é desfavorável. O que realmente importa é se Jeová Deus nos encara como ‘vivendo quanto ao espírito’, quer dizer, levando uma vida espiritual. Será assim se a nossa vida continuar a estar em harmonia com as ordens do Altíssimo.
29. Que bons motivos temos para manter uma conduta excelente?
29 Temos realmente bons motivos para manter uma conduta excelente como “forasteiros e residentes temporários” no atual sistema. O Altíssimo ordena isso. Seu próprio exemplo, de lidar conosco de maneira bondosa e misericordiosa, requer que sejamos atenciosos, compassivos e perdoadores nos nossos tratos com outros. Nossa conduta elogiável lança reflexos favoráveis sobre o nosso Deus e pode ajudar outros a se tornarem seus servos. Apenas por mantermos uma conduta excelente continuaremos a ter a bênção de Jeová e finalmente receber a vida eterna numa moradia permanente. Nenhum outro modo de vida é tão proveitoso agora e oferece promessas tão grandiosas quanto ao futuro.