Perguntas dos Leitores
● Quando Deuteronômio 22:5 diz que a mulher não deve usar traje de homem, significa isso que as mulheres não devem usar “slacks”, ou seja, calça comprida? — J. P., Pensilvânia, EUA.
Deuteronômio 22:5 reza: “A mulher não trará traje de homem, nem o homem vestirá o vestido de mulher, porque aquelle que faz estas cousas é abominavel a Jehovah teu Deus.” Este texto certamente não foi registrado com a idéia de impedir as mulheres atuais usarem calça comprida. Os homens não usavam calças compridas quando isto foi registrado, mas usavam o que hoje seria considerado como vestido. De fato, em várias partes do Oriente os homens é que usavam vestes semelhantes a vestidos e as mulheres é que usavam calças tipo pijama, de vários estilos. Portanto usar “slacks” ou mesmo calças de trabalho, como se faz na fazenda, não é proibido pelo texto mencionado, e é um assunto particular. As mulheres podem usar de bom juízo quanto à ocasião e o lugar, e quanto a que é considerado como próprio na região onde residem. Em algumas partes, onde o inverno é rigoroso, muitas mulheres usam calças ou trajes de esqui, ou outra vestimenta similar, que cobrem e protegem suas pernas. Isto não é biblicamente errado.
Em Deuteronômio 22:5, a Bíblia não está tratando da moda, nem se preocupa com os figurinos, mas ela proíbe ali aparentemente que as pessoas de um sexo usem a roupa do sexo oposto com o fim de enganar, para dar-se a aparência de ser do sexo oposto, para ocultar os fatos verdadeiros. Os homens não devem enganosamente vestir-se como mulheres, para ocultar o fato de que são homens, nem devem as mulheres procurar vestir-se com roupa de homens, para ocultar o fato de que são mulheres. Para ser mais especifico, a Bíblia parece aplicar um golpe contra o pecado da sodomia. Era uma vergonha que os cabelos da mulher fossem cortados iguais aos dum homem, e era uma desonra, se o cabelo do homem fosse deixado crescer como a duma mulher. (1 Cor. 11:6, 14) A mulher não devia parecer masculina, por ter o cabelo cortado igual ao dum homem ou por usar roupa igual à do homem. Isto poderia sugerir aos outros que ela estava disponível para abusos desnaturais do sexo. O mesmo se aplicava ao homem. Se ele usasse cabelo comprido igual à mulher ou se vestisse igual à mulher, certamente teria aparência efeminada e pareceria acessível a propostas desnaturais de homens. Portanto é este significado mais profundo referente à sodomia, e não a mera troca de roupa em si mesma, que lança a proibição sobre esta prática e a faz merecer a sentença severa: “Aquelle que faz estas causas é abominavel a Jehovah teu Deus.”
● Por que difere a Tradução do Novo Mundo das outras traduções no texto de Juízes 16:28, dizendo: “Senhor Jeová, lembra-te de mim, por favor, e fortalece-me, por favor, só esta vez, ó Deus, e deixa-me vingar-me dos filisteus com vingança por um dos meus dois olhos.” — E., B., Estados Unidos.
A nota marginal da Tradução do Novo Mundo mostra que a Versão dos Setenta e a Vulgata rezam de modo diferente, como se Sansão orasse pedindo uma vingança pelos seus dois olhos. Esta é também a idéia expressa pelas versões católicas romanas e pela Versão Almeida. No entanto, a tradução “deixa-me vingar-me dos filisteus com vingança por um dos meus dois olhos” é a tradução literal do original hebraico e é a tradução adotada por versões modernas tais como a Normal Revisada em inglês e a “edição revista e atualizada no Brasil” da tradução de Almeida. Até mesmo a Versão Brasileira verte o texto deste modo. E a nota marginal da Emphasised Bible de Rotherham diz: “P. B. [Polychrome Bible] (Moore): ‘vingar-me . . . por um dos meus dois olhos’.”
A idéia de Sansão era que mesmo o dano que pudesse causar aos filisteus por derrubar o templo de Dagão sobre a cabeça dos adoradores de Dagão não compensaria plenamente a perda de ambos os seus olhos, mas apenas de um deles, falando-se em sentido relativo. Como diz a nota marginal sobre este versículo nos livros Soncino da Bíblia: “O texto pode ter uma tradução mais eficaz: ‘a vingança por um dos meus dois olhos’. Ele acha que a vingança que pretende tomar será apenas parcial, mas é tudo o que pode conseguir nas circunstâncias.”
● Em que autoridade se baseia o uso da expressão “sacerdotes que praticavam magia”, na Tradução do Novo Mundo, nos livros de Gênesis, Êxodo e Daniel? Não encontro outra tradução que use esta expressão. — L. B., Estados Unidos.
A palavra hebraica traduzida “sacerdotes que praticavam magia”, em Gênesis, Êxodo e Daniel, como, por exemplo, em Gênesis 41:8, é hhartumim’. Esta palavra é definida pelo Lexicon in Old Testament Books de Koehler e Baumgartner, Volume I, página 333, coluna 1, como “epíteto para os sacerdotes que praticavam magia”, mostrando a antiga derivação da palavra. Sugere também que se verta a palavra nas traduções como “sacerdotes prognosticadores”. Este léxico foi publicado na inteireza em 1851.
Portanto, esta maneira de verter a palavra pela Tradução do Novo Mundo é tanto literal como explícita, em harmonia com o fato de que se trata duma versão literal.
● Há alguma objeção à celebração de aniversários de casamento? — I., S., Estados Unidos.
Nos tempos antigos, os aniversários natalícios estavam associados com a astrologia. Não resta dúvida de que é por esse motivo que as Escrituras dizem que só os pagãos é que os celebravam. Todavia, não há nada nas Escrituras em apoio da celebração do aniversário de casamento de alguém, para torná-la obrigatória. O casamento é algo que deve ser lembrado diariamente pelos casais, no que diz respeito às suas obrigações. Naturalmente, o dia do casamento é uma ocasião alegre — fato que Jesus reconheceu por comparecer às bodas de Caná. Quando o casamento é bem sucedido, é só natural o casal lembrar-se anualmente de tal evento feliz. Com efeito, isto pode contribuir para fortalecer a relação matrimonial. — João 2:1-11.
Fica ao critério dos que estão envolvidos decidir quais arranjos devem ser feitos para marcar o aniversário e até que ponto devem estes se estender, embora seja bom observar que nisso também se aplica a regra: “Quer comais, quer bebais, quer façais alguma outra coisa, fazei todas as coisas para a glória de Deus.” — 1 Cor. 10:31, NM.
● Habacuc 3:3 reza: “Deus vem de Teman, e do monte de Paran o Santo.” Isto tem sido usado como argumento para mostrar donde Deus veio. É este o entendimento certo deste texto? — J. F., Estados Unidos.
Não, absolutamente não é assim. Jeová Deus não é representado como procedendo de Temã no sentido de se originar de lá, ou de que esse fosse o lugar de sua morada. Jeová Deus é sem origem, nem da terra nem do céu. Ele é “de tempo indefinido a tempo indefinido”. A sua morada, porém, se acha nos céus: “O céo é o meu throno.” — Sal. 80:2, NM; Isa. 66:1.
Esta profecia prediz a vinda de Deus com fúria destrutiva na batalha do Armagedon, que o profeta compara aos atos de Deus nos tempos passados. O profeta vê em visão Deus vindo de Temã, ou, conforme mostra a nota marginal “e” na Tradução do Novo Mundo, Deus vem do sul. Na realidade, Jeová dirigiu triunfantemente, no passado, o seu povo desde o Monte Sinai até Jerusalém, através da terra de Temã. A bênção de Moisés, em Deuteronômio 33:2, e o cântico de Débora, em Juízes 5:4, 5, referem-se à mesma coisa: “Jehovah veiu do Sinai, e de Seir [do qual Temã faz parte] lhes ralou; resplandeceu desde o monte Paran.” “Jehovah, quando sabias de Seir, quando marchavas da região de Edom, tremeu a terra, gottejaram os céos, tambem as nuvens gottejaram aguas. Os montes se derreteram na presença de Jehovah, até o Sinai, na presença de Jehovah, Deus de Israel.”