A Identificação dos Ressuscitados
1. Quanto à ressurreição, o que desejamos com respeito a nós mesmos e a outros, e como podemos estar certos disto?
O QUE todos nós que podemos ter parte na ressurreição desejamos é reconhecer a nossos amigos e parentes depois da ressurreição deles. De fato, queremos reconhecer a nós mesmos. Não queremos sofrer uma perda de memória de modo a não podermos saber quem somos. A Palavra de Deus dá certeza de que reconheceremos uns aos outros. O apóstolo Paulo, que acreditava na ressurreição, disse: “Então conhecerei como também sou conhecido.” (1 Cor. 13:12, ALA) Mas que coisa nos identificará a nós e a outros?
2. Em face da explicação dada segundo o Símbolo dos Apóstolos, que perguntas surgem referentes aos corpos na ressurreição?
2 Será o mesmo corpo com o qual morremos? É assim que explica o chamado Símbolo dos Apóstolos. Assim, será que a pessoa que tenha morrido com um câncer maligno a estender os seus tentáculos pelo seu corpo terá que ressurgir nas garras do tal câncer? E a pessoa que tenha morrido consumida e horrivelmente desfigurada pela lepra, terá que ressurgir com o mesmo corpo aflito por tal doença repugnante? E a mulher grávida que tenha morrido com o filho no ventre — ressurgirá ela com a mesma gravidez e dará à luz ao filho no dia ou depois da ressurreição? E uma pessoa que tenha sido apanhada numa explosão e ficado sem os braços e as pernas, tendo que usar membros artificiais — ressurgirá ela só com o tronco sem membros? Ensina a Palavra de Deus a ressurreição do mesmo corpo?
3. Que casos podem ser apresentados em favor de se ressuscitarem os mesmos corpos, mas o que aconteceu aos que foram ressuscitados em tais casos?
3 É verdade que Elias ressuscitou no mesmo corpo o filho da viúva fenícia. Eliseu também ressuscitou no mesmo corpo o filho da mulher sunamita. Jesus também ressuscitou no mesmo corpo o filho da viúva de Naim, a filha de Jairo e o seu prezado amigo Lázaro, que estava morto por quatro dias. O apóstolo Pedro ressuscitou no mesmo corpo a Dorca, a caridosa cristã de Jope. O apostolo Paulo ressuscitou no mesmo corpo a Êutico, o jovem que caiu da janela de cima. Mas todos estes morreram de novo e precisam de outra ressurreição pelo poder de Deus mediante Jesus Cristo.
4. Que argumento quanto ao corpo pode ser usado em conexão com Jesus Cristo, mas o que diz 1 Pedro 3:18, 19 a titulo de correção?
4 Neste ponto alguns dos leitores de A Sentinela talvez interrompam e digam: ‘É verdade. Mas o próprio Jesus Cristo foi ressuscitado no mesmo corpo em que foi crucificado, e este fato estabeleceu o padrão para todos os que serão ressuscitados. E Jesus tem agora no céu o mesmo corpo com o qual ascendeu.’ Estes leitores foram assim instruídos nos sistemas religiosas que freqüentam. Mas, concordou o apóstolo Paulo com isto? Foi também de acordo o apóstolo Pedro? Em 1 Pedro 3:18, 19 ele disse, segundo a edição revista e corrigida da Versão Almeida: “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão.” Outras traduções modernas de 1 Pedro 3:18, 19 também rezam de modo similar.
5, 6. (a) Que eventos do dia da ressurreição de Jesus nos ajuda a explicar a declaração de Pedro? (b) Por que teve Jesus que materializar um corpo de carne e osso em cada ocasião?
5 Por conseguinte, referente à ressurreição de Jesus, Pedro disse que foi “vivificado no espírito”. Isto explica por que na manhã da ressurreição, quando o anjo rolou a pedra da porta do sepulcro de Jesus, os guardas não viram Jesus ressurgir dos mortos e sair, embora vissem o anjo materializado. (Mat. 28:1-4) Isto explica por que, quando o ressuscitado Jesus encontrou-se com dois dos seus discípulos, que naquele dia se dirigiam para Emaús, e foi com eles, chegando a começarem juntos uma refeição, sem que o reconhecessem até que começasse a servir-lhes o pão; e então desapareceu. — Luc. 24:13-35.
6 Isto explica, por que, quando os apóstolos e outros discípulos estavam reunidos atrás de portas trancadas em Jerusalém, com fosse dos judeus fanáticos, Jesus deve ter passado através da parede. Ficou assombrosamente de pé bem no meio deles e, depois de comerem juntos, ele desapareceu, mas não através de uma porta desaferrolhada. (Luc. 24:36-44; João 20:19-24) Naturalmente que para Jesus, que fora vivificado no espírito, aparecer aos seus discípulos, ele tinha que em cada ocasião materializar um corpo de carne e osso. O próprio Jesus disse: “Um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.” Visto que os discípulos de carne e osso não podiam ver o que não fosse de carne e osso, eles não podiam ver um espírito e não podiam ver a Jesus, que fora ressuscitado “no espírito”. — Luc. 24:39, ALA.
7. Como se explica o tato de Jesus não mencionar sangue quando falou aos discípulos sobre o que um espírito não tem?
7 Não mencionando Jesus o sangue, não queria dizer que um espírito tem sangue como uma pessoa humana. Quando tocamos numa pessoa, como os discípulos tocaram em Jesus, nós não sentimos o sangue, mas sentimos a carne e os ossos, especialmente os ossos das mãos, dos pés e do peito. Um corpo de carne, sem osso, desmoronaria.
8. Como se explica por que, em certas ocasiões, os discípulos não reconheceram o ressuscitado Jesus?
8 Houve ocasiões em que os discípulos não conheceram ou reconheceram a Jesus. (Mat. 28:16, 17; Luc. 24:15, 16; João 20:14-16; 21:4-12) A explicação sobre isto é dada nas palavras que aparecem na Vulgata Latina, na Versão Soares, Maredsous e Almeida, em Marcos 16:12. Este versículo, na Versão Soares, reza: “E, depois disto, mostrou-se sob outra forma a dois deles, enquanto iam para a aldeia.” A palavra grega traduzida “forma” é morphé, que o Léxico Grego-Inglês diz significar “forma, figura, aspecto, aparência”. Mas mesmo independentemente do que Marcos 16:12 diz, um exame cuidadoso de suas aparições torna claro ao investigador sincero, que não precisa ser um detective como Sherlock Holmes, que o ressuscitado Jesus materializou corpos diferentes segundo as ocasiões. Pelo menos em duas ocasiões, ele materializou corpos que pareciam com o que ele tinha quando foi cravado no madeiro. (Luc. 24:38-40; João 20:20-27) Em outras ocasiões, a forma ou figura com que ele se materializou, deixou os discípulos na dúvida por algum tempo.
9. Quando Jesus subiu ao céu, o que disseram os anjos aos discípulos que ficaram olhando, mas o que não disseram referente à volta de Cristo?
9 Possivelmente alguns dos leitores pensem agora na ascensão de Jesus, em como ele dirigiu os seus discípulos ao Monte das Oliveiras, onde, à vista deles, “uma nuvem o encobriu”, e onde os anjos lhes disseram: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como o vistes subir.” (Atos 1:9-11, ALA) Nas’ palavras “do modo como”, a palavra grega para “modo” não é morphé, mas trópos. Portanto, os anjos não disseram que Jesus voltaria na mesma figura ou forma, mas do mesmo modo. Tampouco disseram os anjos que aqueles discípulos veriam a volta de Jesus.
10, 11. (a) Como argumentam alguns contra o fato de Jesus não poder levar ao céu o seu corpo, segundo mostra 1 Coríntios 15:50? (b) Como é que se demonstra que não houve necessidade de se espiritualizarem coisas materiais?
10 Jesus não podia ter levado o seu corpo humano através do cinturão radioativo de Van Allen e através do espaço sideral, pois, ao falar sobre a ressurreição, Paulo disse: “Carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção”, o que está em harmonia com seu depoimento anterior: “Semeia-se em desonra, ressuscita em glória.” (1 Cor. 15:42, 50, ALA) Oh! mas alguns dos leitores dirão que ele espiritualizou seu corpo para poder levá-lo para o céu! Mas nós perguntamos: será que os anjos que materializaram corpos humanos, a fim de aparecerem aos discípulos no dia da ressurreição e da ascensão, espiritualizaram os corpos com os quais apareceram, para que pudessem voltar às regiões espirituais? Espiritualizou Jesus as vestes com as quais apareceu aos discípulos?
11 Jesus certamente teve que materializar vestes para poder aparecer, pois as que ele tinha antes de ser suspenso no madeiro foram divididas entre os soldados e eles lançaram sorte sobre sua túnica sem costura; e os lençóis com os quais o seu corpo tinha sido embrulhado e o pano que estivera sob sua cabeça, foram deixados no sepulcro. (João 19:23, 24; 20:5-7) Sendo que o ressuscitado Jesus podia materializar novas vestes, não podia ele materializar também corpos novos adequados para aparecer e depois desmaterializá-los em vez de espiritualizá-los? Sim!
NÃO SE TIRA DO ALTAR O SACRIFÍCIO
12, 13. O que significaria, se Jesus tivesse levado o seu corpo humano para o céu e por quê?
12 Se Jesus tivesse levado seu corpo de carne, osso e sangue para o céu e o tivesse ali, o que teria significado? Significaria que não haveria ressurreição para ninguém. Por que não? Porque Jesus teria tirado o seu sacrifício do altar de Deus.
13 Disse Jesus: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo, é a minha carne. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida.” (João 6:51, 54, 55, ALA) Como poderíamos comer a carne de Jesus e beber o seu sangue para ganharmos a vida eterna e ao mesmo tempo Jesus estivesse vivendo neles no céu? É provérbio conhecido que a pessoa não pode ficar com o bolo e ao mesmo tempo comê-lo.
14. Se Jesus tivesse o seu corpo humano no céu, o que significaria isto com respeito a conhecermos a Deus e a Cristo, mas como se desmente isto?
14 Suponhamos que Jesus tivesse o seu corpo humano no céu. Visto que os clérigos que insistem que Jesus tem seu corpo humano no céu também dizem que ele é o próprio Deus, então nós sabemos que aspecto Deus tem. Ele se parece com Jesus quando estava na terra; tem possivelmente um metro e oitenta, tem nariz de judeu, talvez barba, tem órgãos sexuais e parece pesar uns cem quilos. Talvez se pareça com o quadro de Miguel Ângelo sobre o julgamento final, que se encontra na Capela Sistina, no Vaticano. Todavia, Jesus disse aos judeus: “O Pai que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma [morphé].” (João 5:37, ALA) O querido apóstolo João também disse aos cristãos: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é.” (1 João 3:2, ALA) As palavras de João não seriam verdadeiras se Jesus tivesse seu corpo humano no céu, pois então saberíamos como os cristãos seriam ali, depois da ressurreição deles.
15. Se Jesus tivesse o seu corpo humano no céu, o que significaria isto com respeito a comer e a beber com seus discípulos ali?
15 Outra coisa: Se Jesus tivesse o seu corpo humano no céu, então ele teria todo o seu sistema digestivo, inclusive a boca e o estômago; e os seus fiéis discípulos, os que vão para lá, também teriam as mesmas coisas. Lembramo-nos do que Jesus lhes disse: “Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino.” (Luc. 22:29, 30, ALA) E então, depois de comerem e beberem, o alimento e a bebida passariam pelo sistema digestivo deles. E daí? Ora, Jesus disse que “tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e depois é lançado em lugar escuso”. (Mat. 15:17, ALA) Imagine só! Desde a chegada de corpos humanos, foi preciso haver lugares escusos no céu, reservados tanto públicos como particulares, com separação para homem e mulher. E agora e para sempre, Jesus, que os clérigos dizem ser o próprio Deus, terá que usar reservados celestiais, coisa que ele nunca teve de fazer no céu antes de se tornar homem!a Isto terá de ser assim, se conduzirmos os argumentos à sua conclusão lógica!
16. Como, porém, é a Bíblia razoável nesta questão?
16 Quão razoável, porém, é a Bíblia ao dizer que “carne e sangue não podem herdar o reino de Deus”! (1 Cor. 15:50, ALA) Ao explicar o Yom Kippur, o Dia da Expiação anual dos judeus, o judeu e cristão, Paulo, provou que Jesus Cristo não levou seu corpo de carne e osso para o céu, mas o deixou como sacrifício humano.
17. No Dia da Expiação anual dos judeus, como se fazia a expiação?
17 Segundo se explica em Levítico, capítulo dezesseis, na manhã do Dia da Expiação, o sumo sacerdote judeu levava o sangue do touro e do bode sacrificiais ao Santo dos Santos do tabernáculo sagrado ou templo feito por mãos humanas. Quanto ao couro, à carne e ao estrume do touro e do bode, eram queimados fora do acampamento ou da comunidade e assim desfeitos. Tanto o touro como o bode prefigurou Jesus Cristo em sacrifício humano. O Santíssimo, ao qual era levado o sangue do touro e do bode, prefigurou o próprio céu, onde está Deus, o Criador.
18. Como se nos explica isto em Hebreus 9:11, 12, 24-26 quanto ao significado?
18 Eis, pois, como a própria Palavra de Deus explica isto, em Hebreus 9:11, 12, 24-26: “Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção. Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus; nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio. Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar pelo sacrifício de si mesmo o pecado.” — ALA.
19, 20. O que prefigurou o desfazer-se do corpo do touro e do bode com relação a Jesus Cristo?
19 Como se desfaziam dos corpos dos sacrifícios no Dia da Expiação? Hebreus 13:10-13 responde: “Possuímos [os cristãos] um altar do qual não têm direito de comer os que ministram no tabernáculo. Pois, aqueles animais, cujo sangue é trazido para dentro do Santo dos Santos, pelo sumo sacerdote, como oblação pelo pecado, têm os seus corpos queimados fora do acampamento. Por isso é que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta. Safamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério.” — ALA.
20 Segundo o quadro do Dia da Expiação, que foi cumprido por Jesus Cristo, o seu corpo humano não foi levado ao verdadeiro Santo dos Santos, o céu, à presença de Deus. Semelhante aos corpos do touro e do bode expiatórios, o corpo de Jesus foi desfeito segundo a vontade de Deus, para que a humanidade, em fé, pudesse alimentar-se dele.
21. O que foi prefigurado pelo sumo sacerdote judeu levar o sangue expiatório para dentro do Santo dos Santos?
21 Até mesmo o sangue literal de Jesus não foi levado ao céu, mas aquilo que o seu sangue derramado representou é que ele levou ao céu. A Palavra de Deus diz: “Porque a vida [hebreu, néfesh] da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas [néfesh, no plural]: porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida [néfesh].” (Lev. 17:11, ALA) Segundo estas palavras, o sangue derramado de Jesus simbolizou a sua vida. Representava o valor de sua vida sacrificada. Portanto, quando o sumo sacerdote judeu, com o sangue expiador, ia além da cortina interna e entrava no Santo dos Santos do tabernáculo de adoração, prefigurava Jesus ser ressuscitado e entrar com o valor do seu sacrifício humano no próprio céu, apresentando-o ali a Deus, seu Pai: A sua vida, simbolizada pelo seu sangue, foi oferecida pela nossa, baseada em nosso próprio sangue.
OS CORPOS DA RESSURREIÇÃO
22, 23. (a) Se Jesus tivesse sido ressuscitado como homem, que obra ele não poderia fazer? (b) Com referência à ressurreição dos corpos, que ilustração usou Jesus e o que não disse Paulo?
22 Para que Jesus pudesse efetuar esta obra de expiação no céu, onde vivem os espíritos, ele foi, segundo diz 1 Pedro 3:18, ressuscitado ou vivificado “no espírito”. Se ele tivesse sido ressuscitado como homem perfeito, não poderia cumprir no céu este dever sacerdotal. Que corpo teve ele na sua ressurreição e que corpo têm seus fiéis seguidores na ressurreição deles? O apóstolo Paulo ilustrou isto com o crescimento de uma planta, desde a semente. O pro rio Jesus referiu-se à planta e disse: “É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto.” (João 12:23, 24, ALA) Com que corpo ressurge a semente que cai na terra?
23 Há dezenove séculos atrás, os cristãos de Corinto fizeram esta pergunta a Paulo: Com que corpo são ressuscitados os mortos? Paulo não respondeu assim: ‘Eu creio no Símbolo dos Apóstolos; e ele diz que haverá “ressurreição da carne”, a mesma carne com que a pessoa morreu. Até mesmo os cristãos que entrarem no reino celestial, receberão de volta os seus corpos.’
24, 25. Com referência à ressurreição dos corpos de Cristo e dos seus discípulos, o que escreveu Paulo em 1 Coríntios 15:35-41?
24 O apóstolo Paulo escreveu de modo diferente do chamado Símbolo dos Apóstolos. Portanto, leiamos o que ele escreveu ao falar sobre a ressurreição de Jesus Cristo e dos seus seguidores. Transcrevemos:
25 “Mas, dirá alguém: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Louco, o que tu semeias não toma vida, se primeiro não morre. E, quando tu semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas um simples grão, como por exemplo de trigo ou de qualquer outra coisa. Porém Deus dá-lhe o corpo como lhe apraz, e a cada uma das sementes o seu próprio corpo. Nem toda a carne é a mesma carne; mas uma certamente é a carne dos homens, e outra a dos animais, uma a das aves, e outra a dos peixes. E há corpos celestes e corpos terrestres; mas uma é a glória dos celestes, e outra a dos terrestres; uma é a claridade do sol, e outra a claridade da lua, e outra a,claridade das estrelas. E ainda há diferença de estrela para estrela na claridade.” — 1 Cor. 15:35-41, So.
26. O que mostrou Paulo com referência aos corpos que ele considerou ali?
26 Note, por, favor! Paulo não disse que há uma combinação de corpos, um corpo parte celeste e parte terrestre, um corpo humano espiritualizado, um corpo parte peixe e parte pássaro, nem parte homem e parte macaco, nem Homem-Deus. Paulo disse que cada corpo tem sua espécie distinta, o corpo celeste é de sua própria espécie, o corpo terrestre é de sua própria espécie. Ora, pois, que corpo dá Deus aos cristãos gerados pelo espírito para uma vocação celestial? Eis o que Paulo respondeu:
27. Em 1 Coríntios 15:42-49, o que escreveu Paulo referente aos corpos dos ressuscitados cristãos gerados pelo espírito?
27 “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo corruptível, ressuscitará incorruptível. Semeia-se na ignomínia, ressuscitará glorioso; semeia-se inerte, ressuscitará robusto; é semeado um corpo animal, ressuscitará um corpo espiritual. Se há corpo animal, também há espiritual, como está escrito: O primeiro homem Adão foi feito alma vivente, o último Adão espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, mas sim o animal, e depois o espiritual. O primeiro homem da terra, terreno; o segundo homem do céu, celeste. Qual o terreno, tais também os terrenos; qual o celeste, tais também os celestes. Pelo que, assim como trouxemos a imagem do terreno, tragamos também a imagem do celeste.” — 1 Cor. 15:42-49, So.
28. Como é que as palavras precedentes apóiam a verdade de que Jesus Cristo foi ressuscitado “no espírito”?
28 As palavras de Paulo referentes a receber um corpo diferente na ressurreição se aplicam ao próprio Jesus e não só aos seus fiéis seguidores gerados pelo espírito de Deus. Assim como Pedro disse que Jesus foi morto na carne e ressuscitado no espírito, assim também Paulo disse então que na ressurreição, Jesus, que é o “último Adão”, ressurgiu ou tornou-se um “espírito vivificante”. — 1 Cor. 15:45.
29. Por que é necessária uma mudança de corpos para a classe celeste, e que certeza dá Paulo quanto a isto?
29 Se Jesus tivesse ressuscitado humano, ele teria sido outra vez à imagem do “primeiro homem Adão”. Por conseguinte, ao tornarem-se como Jesus pela ressurreição os seus seguidores seriam à imagem do “terreno” e não do celeste. Mas, para tais cristãos, é absolutamente necessária uma mudança de corpo, visto que Paulo passou a dizer logo a seguir: “Ora eu digo isto, irmãos, porque a carne e o sangue não podem possuir o reino de Deus; nem a corrupção herdará a incorruptibilidade. . . . seremos mudados. Porque importa que este corruptível se revista da incorruptibilidade, e que este corpo se revista da imortalidade. E, quando este mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória.” — 1 Cor. 15:50-54, So.
SOBREVIVE ALGUMA COISA À MORTE?
30. Com referência aos corpos dos ressuscitados sem esperança celestial, que norma se deve aplicar, segundo declarada por Paulo em 1 Coríntios 15:37, 38?
30 Quanto aos cristãos gerados pelo espírito e com esperança celeste já basta o que dizemos. Mas o que dizer dos bilhões, inclusive os homens e mulheres fiéis a Deus, que morreram sem a esperança celeste antes da primeira vinda de Cristo? E o que dizer das pessoas de hoje? Centenas de milhares de homens e mulheres piedosos vivem sem esperança celeste. O que dizer referente à ressurreição de pessoas assim, que morrerem antes de Deus destruir este velho sistema de coisas e de iniciar o seu novo mundo ou o sistema de coisas sob o reino de Jesus Cristo? Referente a estes descendentes do primeiro homem Adão as palavras de Paulo citadas acima dizem “O primeiro homem da terra, terreno; . . . Qual o terreno, tais também os terrenos.” A estes, a regra referente a espécies de sementes deve aplicar-se, segando disse Paulo: “Deus dá-lhe o corpo como lhe apraz, e a cada uma das sementes o seu próprio corpo.” — 1 Cor. 15:37, 38, So.
31. Concordemente, que corpos lhes dará Deus na ressurreição?
31 Assim será com as pessoas que permanecem parte da semente terrena, as que não foram geradas pelo espírito de Deus para se tornarem uma semente celestial. Na ressurreição, surgirão com corpos pertencentes à semente terrestre. O Todo-poderoso Deus lhes dará corpos como lhe aprouver, corpos humanos, mas não idênticos aos corpos com os quais morreram. ‘Ah!’, talvez digam alguns leitores, ‘como então se saberá que é a mesma pessoal’ Deus cuidará que seja a mesma pessoa, muito embora não seja o mesmo corpo.
32. Que questão se apresenta quanto à necessidade de alguma coisa sobreviver para preservar a identidade?
32 Quanto a isto, tais leitores perguntarão: ‘Não precisa alguma coisa sobreviver à morte, a fim de que a pessoa seja a mesma na ressurreição e não outra recém-criada e semelhante à que morreu? Já se provou pela Bíblia que a alma humana morre ao morrer a criatura humana e que o corpo é comido por peixes do mar ou por vermes da terra e assim deixa de existir. Sendo assim, nada sobra, nem corpo nem alma.’
33. (a) Em Eclesiastes 12:7, o que é que volta para Deus? (b) Como mostra o Salmo 104:29, 30 que Deus pode recriar almas humanas?
33 Isto é biblicamente correto. E Eclesiastes 12:7 (ALA) diz: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” Tanto o espírito dos iníquos como o dos justos volta para Deus que o deu. Como assim? Porque o espírito [rúahh] aqui mencionado não é a alma [néfesh] que morre. Espírito é a força ativante que Deus dá ou faz com que seja transmitida à pessoa ao nascer. Deus retira esta força vital de toda a humanidade que está sob a herança da morte de Adão e, quando Deus retira este espírito vital, a alma humana morre. (Rom. 5:12) Só Deus pode restaurar este espírito ou força vital, fazendo com que a alma viva outra vez. O Salmo 104:29, 30 (ALA) diz: “Se ocultas o teu rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem, e voltam ao seu pó. Envias o teu espírito [não a tua alma ou a alma deles], eles são criados.” Estas palavras inspiradas asseguram-nos de que o Deus Todo-poderoso pode recriar, sim, recriar as almas humanas.
34, 35. (a) Por que surge uma pergunta quanto ao poder de Deus recriar? (b) Quem determina quanto a se algo da alma morta deva sobreviver e que textos bíblicos mostram isto?
34 Neste ponto alguns leitores poderão dizer: ‘Como é que Deus pode recriar almas ou criar as mesmas almas novamente, se nada, nem material nem espiritual, sobra depois que a alma morre e o corpo se desfaz?’
35 Ah, mas há algo das almas mortas que continua a existir, se assim Deus quiser, e é isto que lança a base para a recriação. O que é? O registro da vida da alma que morreu. Deus pode destruir o registro de uma alma iníqua e pode preservar o registro de uma alma justa para a sua própria referencia e uso. Êxodo 32:33 (ALA) diz: “Então disse o SENHOR a Moisés: Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim.” Deuteronômio 29:20 (ALA) diz: “O SENHOR lhe apagará o nome de debaixo do céu.” A oração do Salmo 69:28 (ALA) roga: “Sejam riscados do livro dos vivos, e não tenham registro com os justos. Provérbios 10:7 (ALA) diz: “A memória do justo é abençoada, mas o nome dos perversos cai em podridão.” Por conseguinte, Deus não guarda os iníquos na sua memória. Riscando-os do livro dos vivos, ele não os ressuscitará. — Mat. 10:28; Sal. 145:20.
36. Como se mostra ser mui razoável a capacidade de Deus preservar registro de almas mortas?
36 Falando em guardar registros, hoje se filmam pessoas junto com a gravação de sua voz. Podem então passar na televisão. De fato, hoje se pode preservar em disco o registro da fala e do canto de alguém. Até mesmo em fita magnética se podem preservar filmes invisíveis de televisão e a voz do ator. Se o homem imperfeito e morredouro pode fazer isto porque o homem foi criado à, imagem de Deus, o que pode o Todo-poderoso Deus fazer em matéria de guardar registro, mesmo que for em sua própria memória, registro esse referente aos que ele reserva para uma ressurreição por intermédio de Jesus Cristo? Portanto, o que vale é o nosso registro com Deus.
37. (a) O que representa o registro de cada um com Deus? (b) Como se prova que a alma, segundo a idéia grega paga, não é a sede da inteligência, dos pensamentos, nem da personalidade?
37 Cada um de nós faz seu próprio registro perante Deus. Tal registro representa o próprio. Trata da personalidade dele. Tal personalidade não depende inteiramente do corpo físico. Visto que este se desgasta continuamente e repara os tecidos e órgãos do coro, nós temos um corpo inteiramente novo cada sete anos mais ou menos. Todavia, a personalidade continua como identificação de que somos a mesma pessoa. Até mesmo a nossa personalidade pode mudar, não porque o nosso corpo é renovado, mas porque o espírito santo de Deus ou a sua força transformadora age em nós. Cada um desenvolve o padrão de sua própria personalidade e esta fica gravada no cérebro de cada um, bem como no sangue até certo ponto. A sede da inteligência, dos pensamentos, da memória ou da consciência e da personalidade não é a alma ou psykhé, a idéia grega e pagã sobre ela. Os pagãos argumentam que a alma mora em cada um de nós e que ela é a sede da inteligência e da personalidade; mas nós sabemos que se o cérebro físico de uma pessoa é danificado, ela perde a sua inteligência ou sanidade e a tal de alma dentro dela não lhe mantém a inteligência, a sanidade ou a memória possuída nem a faculdade de raciocínio. Isto desmente a teoria pagã de que uma alma imortal seja a sede da vida e do pensamento.
38. Como recriará Deus as almas mortas e o que indica Eclesiastes 11:8 quanto a isto?
38 Deus sabe de tudo isto. No seu tempo de ressuscitar as almas terrestres mortas, sob o reino do seu Filho Jesus Cristo, Deus pode consultar o seu registro sobre cada um deles na sua própria memória. Ele pode dar a cada ressuscitado para a vida sobre a terra um “corpo como lhe apraz”, com seu tipo de sangue distintivo. Tal corpo terá um cérebro humano, não feito, naturalmente, dos mesmos átomos ou moléculas do cérebro que a pessoa tinha ao morrer. Todavia ainda, será o mesmo cérebro. Como? Porque Deus o reproduzirá exatamente como a pessoa tinha antes de morrer. Ele reproduzirá as suas convoluções e implantará nelas o que a pessoa havia registrado na sua vida anterior. Deus implantará as impressões e a memória exata de tudo que aconteceu durante a consciência anterior da pessoa, sua capacidade de reconhecer gentes, cenários, lugares, todos os traços de sua personalidade, tudo o que demonstrou o seu desenvolvimento ou a sua retardação mental. Será assim porque, quando ela morreu como alma, e depois da morte, não teve nenhuma mudança mental nem de personalidade. Ao ponto em que se desenvolveram a sua personalidade e sua mentalidade quando morreu, ali permaneceram. — Ecl. 11:3.
39. Assim, por que é que a pessoa ressuscitada será, não uma similar pessoa recém-criada, mas a própria que morreu?
39 Por conseguinte, na ressurreição, a pessoa com tal personalidade e faculdade mental será a que morreu e não outra igual a ela. Ninguém mais fez o registro que aparecerá em tal pessoa; e alguém que meramente se pareça com ela não poderá ter tal registro em si mesmo, visto que não elaborou o registro em questão. Caso morra, seja ressuscitado e Deus lhe proveja corpo, cérebro e registro como os que tinha quando morreu, tal pessoa ressuscitada será a sua própria e ninguém mais. Os seus conhecidos a reconhecerão.
40. (a) Que oportunidade se lhes abrirá na terra a ressurreição? (b) Que oportunidade especial têm diante de si os atuais proclamadores do reino de Deus e por quê?
40 Quão maravilhoso é que na ressurreição das almas nós nos reconheceremos uns aos outros e nos lembraremos da benignidade passada de Deus! A ressurreição das almas para a vida na terra lhes abrirá a oportunidade de obterem a vida eterna num paraíso terrestre sob o perfeito governo do reino de Deus. (Luc. 23:42, 43) Além disto, hoje vive na terra uma grande multidão de pessoas tementes a Deus, as quais proclamam o Seu reino através do mundo e que não precisarão de uma ressurreição do túmulo comum da humanidade. Estas pessoas sobreviverão à “guerra do grande dia de Deus, o Todo-poderoso”, na qual terminará brevemente este iníquo sistema de coisas. (Apo. 16:14, 16) Portanto, sem morrer, entrarão no novo mundo sob o reino de Deus e ganharão o prêmio da vida eterna. Também estarão à disposição para acolher os mortos ressuscitados. Mas isto é uma questão a ser considerada em outra ocasião.
[Nota(s) de rodapé]
a Compare com as palavras do profeta Elias concernentes ao falso deus Baal, que foi comparado a humanos, em 1 Reis 18:27: “Ao meio-dia Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é deus; pode ser que esteja meditando, ou atendendo a necessidades.”
[Foto na página 621]
“JUÍZO FINAL” — CAPELA SISTINA