É pessoa espiritual?
É PESSOA de mentalidade espiritual ou de mentalidade física? Todos os que afirmam ser servos de Jeová Deus fariam bem em fazer-se esta pergunta. Por quê? Por causa das palavras do apóstolo Paulo, encontradas em 1 Coríntios 2:14, 15. Elas mostram que “o homem físico não aceita as coisas do espírito de Deus, porque para ele são tolice . . . No entanto, o homem espiritual examina deveras todas as coisas”.
Embora o “homem espiritual” mencionado em 1 Coríntios 2:15 se refira principalmente aos seguidores das pisadas de Cristo, que têm esperança celestial, em certo sentido pode-se dizer que todos os que verdadeiramente servem a Deus são pessoas espirituais. Homens fiéis da antiguidade, tais como Abel, Noé, Abraão e a longa linha de profetas e reis hebreus fiéis podem ser chamados de homens espirituais, embora tivessem esperanças terrestres.
CARACTERÍSTICAS DO “HOMEM ESPIRITUAL”
O “homem espiritual” mencionado pelo apóstolo Paulo não é alguém que o dia inteiro usa uma expressão santimoniosa ou religiosa no rosto. De modo algum! Não usa a sua espiritualidade como uma espécie de distintivo. Sabe que os escribas e os fariseus, que se opuseram a Jesus Cristo, não eram homens espirituais. Talvez tivessem a reputação de serem tais, por repetirem em público longas orações e usarem apetrechos religiosos de modo conspícuo. Mas, estas mesmas coisas os marcaram como sendo realmente homens físicos, e ainda por cima hipócritas, pois faziam isso exclusivamente para serem vistos pelos homens. — Mat. 6:5; 23:5.
O “homem espiritual” se contrasta com tudo isso. Ele adora a Jeová Deus sinceramente, “com espírito e verdade”, a única maneira aceitável. Tem fé, sabe que Deus existe, que Deus vive, pois toda a criação visível atesta eloqüentemente a Sua existência. (João 4:24; Rom. 1:20) Sabendo que Deus é “recompensador dos que seriamente o buscam”, o homem espiritual se dedicou a servir a Deus e a seguir as pisadas do Filho de Deus, Jesus Cristo. — Heb. 11:6; Mat. 16:24.
O Criador é muito real para o ‘homem espiritual”. Igual a Moisés, da antiguidade, anda na vida como quem vê Aquele que é invisível. (Heb. 11:23-28) Visto que Deus lhe é tão real, confia em Jeová de todo o seu coração e não se estriba no seu próprio entendimento, mas nota a Deus em todos os seus caminhos. Por isso se agrada de comunicar-se com Deus em oração. Sabe avaliar quão precioso é o privilégio de falar com Deus e que precisa da ajuda de Deus em todas as ocasiões. Por isso toma o tempo para iniciar e terminar cada dia com louvor, agradecimento e petições ao seu Pai celestial. Tampouco está tão apressado para comer que não possa tomar o tempo para agradecer a Deus cada refeição e pedir em oração a bênção de Deus sobre ela. — Pro. 3:5, 6; Fil. 4:6, 7.
Sim, o homem espiritual está ‘cônscio de sua necessidade espiritual’. Reconhece que “o homem tem de viver, não somente de pão, mas de cada pronunciação procedente da boca de Jeová”. Em vez de tornar o alimento, a roupa, o abrigo e os prazeres mundanos os seus interesses principais, ‘persiste em buscar primeiro o reino de Deus e a Sua justiça’. Pensa o mesmo que o salmista que disse: “Quanto eu amo a tua lei! O dia inteiro ela é a minha preocupação.” Sente-se atraído a se associar com outros que são pessoas espirituais. — Mat. 5:3; 4:4; 6:25, 33; Sal. 119:97; Rom. 1:9-12.
Esta é a razão por que o homem espiritual ‘compra tempo’ dos seus afazeres diários para estudar a Palavra de Deus. Ele não somente lê a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, cada dia, mas deseja também compreender o que ele lê. É acessível às ofertas de ajuda e verifica que as ajudas para o estudo da Bíblia, publicadas pela Sociedade Torre de Vigia e distribuídas pelas testemunhas cristãs de Jeová são do máximo valor para se chegar a compreender a Palavra e os propósitos de Deus. É também por isso que se aproveita sabiamente das oportunidades oferecidas pelas reuniões congregacionais das Testemunhas para aumentar seu entendimento da Palavra de Deus. — Atos 8:30-35; Heb. 10:23-25.
Outra característica básica do homem espiritual é a sua esperança. Não se trata de uma esperança cega. Não, ele tem uma esperança sólida, forte, como âncora para a sua alma, baseada nas promessas e realizações de Deus nos tempos passados, conforme registradas na Sua Palavra. Sabe que Deus não pode mentir. Por causa de sua esperança, o homem espiritual não se perturba indevidamente com o aumento da iniqüidade e da violência, nem com o aspecto sombrio do futuro. Sabe que muito em breve ‘virá o reino de Deus e se realizará então a Sua vontade, como no céu, assim também na terra’. — Mat. 6:10; Heb. 6:18, 19.
Visto que “é da abundância do coração que a boca fala”, o homem espiritual se agrada em falar sobre as coisas relacionadas com a Palavra e os propósitos de Deus. Quando usufrui a companhia de outros, em reuniões sociais ou quando estão juntos em atividades tais como a construção ou a limpeza dum Salão do Reino, ou em trabalho antes dum congresso, o homem espiritual faz, com tato, que a palestra se focalize em coisas edificantes, espirituais. — Mat. 12:34.
O HOMEM ESPIRITUAL ORIENTA-SE POR DEUS
Alguém pode ser idealístico e de mentalidade nobre, e ainda assim não ser pessoa espiritual. De que modo? Porque ser pessoa espiritual envolve mais do que apenas tomar a sério o bem-estar do homem, assim como faz o humanista.
O homem espiritual sabe que amar o seu próximo como a si mesmo é apenas o segundo mandamento, e que o primeiro e principal mandamento é “amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua mente, e de toda a tua força”. — Mar. 12:29-31; Luc. 6:31.
Sim, o homem espiritual orienta-se por Deus. Olha para a Palavra de Deus em vez de para mero raciocínio humano para obter orientação. Trabalha no seu emprego, não com atos apenas ostensivos, como para agradar a homens”, mas “com temor de Jeová”, “como para Jeová”. Portanto, não só paga de volta a César as coisas de César, mas se preocupa ainda mais em pagar de volta a Deus as coisas de Deus. Por isso dá a Deus devoção exclusiva. — Col. 3:22, 23; Mat. 22:21; Êxo. 20:5.
O HOMEM ESPIRITUAL COMO SUPERINTENDENTE
O homem espiritual não perde de vista os princípios cristãos na sua relação com os concristãos. O homem espiritual será especialmente cuidadoso de ser governado por princípios cristãos se tiver a supervisão sobre outros cristãos. Por exemplo, o superintendente na organização de Deus pode ocupar também uma posição de responsabilidade no mundo dos negócios. Ao lidar o dia inteiro com pessoas que não só são impelidas por considerações puramente egoístas, mas que também se aproveitam prontamente de qualquer brandura e bondade que se lhes demonstrem, o cristão pode descobrir que está ficando endurecido e brusco.
A menos que exerça cuidado, poderá descobrir que está tratando assim os seus concristãos que servem altruistamente a Deus. Quão imprudente, quão inconsiderado, quão desamoroso seria tal atitude! Está evitando tal engano? Pense em quanto trabalho Jesus tinha de fazer em apenas poucos anos. Se tivesse pensado tanto na eficiência, teria escolhido que quase todos os seus apóstolos fossem galileus humildes? E quanta paciência ele teve ao tratar com eles!
Hoje em dia, o superintendente, quer de uma congregação, de um congresso ou de um departamento de congresso, fará bem em seguir o exemplo de Jesus neste respeito. Embora se interesse em que se façam as coisas, nunca desejará tratar os seus irmãos de maneira dura e brusca, como se fosse o impiedoso e eficiente executivo duma empresa, não é verdade? Portanto, embora muitas coisas lhe sobrecarreguem a mente, não desperceba a necessidade de manifestar empatia, assim como o apóstolo Paulo fez. (2 Cor. 11:29) Em vez de dar ordens enérgicas e abruptas, por que não falar antes com os seus irmãos num tom bondoso e perguntar: “Poderia fazer isso, por favor? Gostaria de fazer isso?” Naturalmente que gostariam! Querem fazer tudo o que podem para promover a obra de Jeová, pois fazem tudo de amor. E não seria melhor começar a manhã com a consideração do texto bíblico para o dia e os comentários, do que preocupar-se exclusivamente que cada um se apresente na hora para o serviço?
Caso os seus irmãos cristãos sejam vagarosos para “compreender” ou mostram falta de critério, não assuma impacientemente a atitude de que deveriam saber melhor. Não, embora seja exemplar no zelo e na eficiência, não deve impelir os outros ou esperar que os outros façam tanto quanto pessoalmente está fazendo. Antes, lembre-se, nos tratos com os seus irmãos, de manifestar os frutos do espírito santo de Deus. Pense especialmente no amor, na benignidade e na brandura. — Gál. 5:22, 23.
Poderiam os cristãos, que são pessoas espirituais, ser mais plenamente espirituais do que são às vezes? Alguns têm a tendência, quando se empenham na obra de Deus, de deixar os pensamentos do homem físico governar as suas relações com os seus irmãos cristãos, especialmente quando estão servindo sob as suas ordens. Neste respeito são pertinentes as palavras do apóstolo Paulo: ‘‘Irmãos, solicitamo-vos e exortamo-vos pelo Senhor Jesus, assim como recebestes instrução de nós quanto a como deveis andar e agradar a Deus, como de fato estais andando, que persistais em fazê-lo ainda mais plenamente.” — 1 Tes. 4:1.
Em vista de todo o precedente: É pessoa espiritual? Será bom poder responder “sim” a esta pergunta. Resta então a pergunta: Poderá sê-la ainda mais plenamente? Em caso afirmativo, será, sem dúvida junto com outros, tanto mais feliz por sê-la!
Como filhos obedientes, deixai de ser modelados segundo os desejos que tínheis anteriormente na vossa ignorância, mas, de acordo com o santo que vos chamou, vós, também, tornai-vos santos em toda a vossa conduta, porque está escrito: “Tendes de ser santos, porque eu sou santo.” — 1 Ped. 1:14-16.