Será que Pedro visitou Roma?
1, 2. (a) Que crença tende a tornar Roma mais proeminente na cristandade? (b) Que perguntas surgem neste respeito? (c) Quão importante é entendermos a resposta destas perguntas?
MUITOS que crêem que Pedro foi o primeiro papa e o alicerce da igreja sustentam também que Pedro visitou Roma, escreveu dali e foi martirizado ali. Isto, naturalmente, faria que Roma parecesse ter muita proeminência na cristandade, como sendo centro espiritual. Será verdade que Pedro esteve em Roma? Será que estabeleceu ali a congregação cristã? Será Babilônia, de onde Pedro escreveu, um nome místico de Roma, como alguns dizem?
2 Estas perguntas talvez pareçam sem importância para algumas pessoas, mas, entender ou confundir as respostas delas significará que entenderemos ou confundiremos um dos mais importantes temas bíblicos e talvez percamos a vida por deixarmos de obedecer ao mandamento de ‘sair dela’ (de Babilônia, a Grande) a fim de evitar nossa própria destruição.
3. Que privilégio especial teve Pedro em relação com as nações ou os gentios, mas quem teve o cargo de “apóstolo para as nações”?
3 Ao passo que é verdade que Pedro usou as chaves do reino dos céus e abriu o conhecimento da oportunidade de entrar no reino do céu aos judeus em Jerusalém, no dia de Pentecostes de 33 E. C., e mais tarde aos gentios, quando abriu este conhecimento a Cornélio e sua família em Cesaréia, cerca, de oitenta quilômetros de distância, em 36 E. C., Paulo foi o escolhido por Cristo para ser o “apóstolo para as nações” ou gentios. (Atos 9:15; 22:17-21) O próprio Paulo explica a divisão territorial pela qual os apóstolos receberam diferentes partes do mundo em que pregar e estabelecer novas congregações cristãs:
UMA DESIGNAÇÃO DE TERRITÓRIO
4, 5. (a) Que divisão e designação de território foi feita pelo corpo governante da congregação cristã? (b) Em harmonia com suas designações, onde é que Pedro e Paulo executaram seu ministério?
4 “Daí, quatorze anos depois [de uma visita prévia], subi novamente a Jerusalém, com Barnabé, tomando também comigo a Tito. Mas, subi em resultado duma revelação. E eu lhes expus as boas novas que estou pregando entre as nações, . . . quando viram que eu tinha sido incumbido das boas novas para com os incircuncidados, assim como Pedro tinha sido para com os circuncisos — pois, Aquele que deu a Pedro os poderes necessários a um apostolado para com os circuncisos, deu também a mim poderes para com os que são das nações; sim, quando ficaram sabendo da benignidade imerecida que me tinha sido concedida, Tiago, e Cefas [Pedro], e João, os que pareciam ser colunas, deram a mim e a Barnabé a mão direita da parceria, para que fossemos às nações, mas eles [Tiago, Pedro e João] aos circuncisos.” — Gál. 2:1-9.
5 Agora, a maioria dos judeus estavam situados no Oriente, inclusive em Babilônia, durante o primeiro século. Assim, Pedro se concentraria ali. Por outro lado, para Paulo isso significava dirigir-se para o oeste, para a Europa. Que esta divisão de território foi aprovada por Deus se demonstra de que Paulo, ao visitar Trôade, na extremidade ocidental da Ásia Menor, foi mandado para o oeste por Deus: “Durante a noite, apareceu a Paulo uma visão: certo homem macedônio estava em pé, suplicando-lhe e dizendo: ‘Passa à Macedônia e ajuda-nos.’ (Atos 16:9) A primeira congregação a ser iniciada como resultado do trabalho de Paulo ali foi na cidade macedônica de Filipos. Então seguiu-se a abertura das congregações cristãs em Atenas, Corinto e outras cidades da Europa.
PEDRO NÃO ESTAVA ACIMA DE TODOS OS OUTROS
6, 7. (a) Como mostrou a carta de Paulo aos coríntios que a congregação foi ali estabelecida em resultado do trabalho de Paulo? (b) Como mostrou a carta que Pedro não poderia ser considerado o cabeça ou o alicerce da congregação cristã? (c) Que parte desempenharam na organização cristã os homens tais como Paulo, Pedro e Apolo? (d) Aqueles que diziam: “Eu pertenço a Paulo’, e: ‘Eu pertenço a Pedro’, pensavam de que modo?
6 Provando que esta cidade ocidental de Corinto tinha uma congregação nela estabelecida, em resultado do trabalho de Paulo, e também mostrando que Pedro não devia ser tido como o cabeça da congregação cristã, Paulo teve de escrever aos coríntios exatamente sobre esta questão, pois estavam formando seitas religiosas entre eles próprios. Diziam, de várias formas: “Eu pertenço a Paulo”, “eu a Apolo”, e outros: “eu a Cefas [Pedro]”, “eu a Cristo”. Paulo os repreendeu severamente: “Não sois carnais e não estais andando como homens? Pois, quando um diz: ‘Eu pertenço a Paulo’, mas outro diz: ‘Eu a Apolo’, não sois simples homens? O que, então, é Apolo? Sim, o que é Paulo? Ministros por intermédio de quem vos tornastes crentes, assim como o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, mas Deus o fazia crescer; de modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que o faz crescer. Por isso, ninguém se jacte dos homens; porque a vós pertencem todas as coisas, quer Paulo, quer Apolo, quer Cefas [Pedro], quer o mundo, quer a vida, quer a morte, quer as coisas agora aqui, quer as coisas por vir, a vós pertencem todas as coisas; por sua vez, vós pertenceis a Cristo; Cristo, por sua vez, pertence a Deus.” — 1 Cor. 1:12; 3:3-7, 21-23.
7 Estes homens por meio de quem creram e que os ajudaram a cultivar seu crescimento espiritual, alguns dos quais eram do corpo governante, pertenciam à congregação como seus servos, providos por Deus mediante Cristo. Eram “dádivas em homens”. Assim, por certo, nenhum homem, tal como Paulo ou Pedro, era o alicerce ou principal da igreja. Ela estava fundada em Jesus Cristo. Como Paulo disse aos coríntios:“nenhum homem pode lançar outro alicerce senão aquele que foi lançado, que é Jesus Cristo.” (1 Cor. 3:11) Os cristãos que olhavam para um homem como alicerce eram “simples homens”, carnais, degradando-se de pessoas espirituais ao modo de pensar de homens não-espirituais, materialísticos.
PAULO VAI A ROMA
8. Onde foi que Paulo efetuou a maior parte de seu trabalho, e o que mostra que se interessava em Roma?
8 O livro da Bíblia chamado de Atos dos Apóstolos nos dá o relato do trabalho de Paulo e mostra que era ele quem estava ativo no Ocidente, entre as nações gentias, embora, naturalmente, pregasse aos judeus em tais países. Mas, não foi nem mesmo Paulo, “apóstolo para as nações”, e, com mais certeza ainda, não foi Pedro quem estabeleceu a congregação de Roma. Quando estava em Éfeso, na Ásia Menor, depois de falar sobre uma visita planejada a Jerusalém, Paulo disse: “Depois de chegar lá, terei de ver também Roma.” (Atos 19:21) Escreveu à congregação em Roma, não em latim, mas em grego, e disse-lhes: “Fui também muitas vezes impedido de chegar a vós. Mas agora que não tenho mais território virgem nestas regiões, e já por alguns anos tenho tido o anseio de chegar a vós quando eu estiver em caminho para a Espanha, espero, acima de tudo quando eu estiver em viagem para lá, poder ver-vos e ser escoltado por vós parte do caminho para lá, depois de eu ter sido primeiro satisfeito, em alguma medida, pela vossa companhia.” — Rom. 15:22-24.
9. (a) Como é que as palavras do próprio Senhor indicaram que Paulo não estabeleceu a congregação de Roma, mas para o que desejava Ele usar a Paulo ali? (b) Por quem fora estabelecida a congregação de Roma?
9 Depois de ser preso em Jerusalém e de sofrer às mãos dos fanáticos religiosos judeus ali, Paulo recorreu a César, e Cristo indicou sua aprovação disso, como o relato reza: “O Senhor estava em pé ao lado dele e disse: ‘Tem coragem! Pois assim como tens dado testemunho cabal em Jerusalém concernente às coisas a respeito de mim, terás de dar também testemunho em Roma.” (Atos 23:1-11) Tais fatos indicariam que Paulo não estabeleceu a congregação de Roma, mas que já fora sem dúvida estabelecida por judeus de Roma que estavam em Jerusalém naquele dia notável de Pentecostes do ano 33 E. C. e que se achavam entre os convertidos ali. Quando voltaram a Roma, pregaram as boas novas do Reino ali. — Atos 2:1-10.
10. O que é significativo no relato da viagem de Paulo a Roma, e seu encarceramento ali, também na carta de Paulo aos romanos?
10 Depois de muitas dificuldades, Paulo chegou em Roma. Atos 28:14-16 nos conta: “Ali [em Potéoli], achamos irmãos e suplicaram-nos que ficássemos com eles sete dias; e assim nos aproximamos de Roma. E os irmãos de lá, quando ouviram a notícia a nosso respeito, vieram ao nosso encontro até a Feira de Apio e as Três Tavernas, e, avistando-os, Paulo agradeceu a Deus e tomou coragem. Quando por fim entramos em Roma, permitiu-se a Paulo que ficasse sozinho com um soldado para guardá-lo.” Não há menção de que Pedro veio de Roma encontrar-se com Paulo, e o registro posterior não relata que Pedro visitou Paulo enquanto Paulo esteve sob custódia ali, antes de comparecer diante do Imperador Nero, o Sumo Pontífice. Nem é Pedro mencionado na longa carta de Paulo aos romanos, com todas as suas muitas saudações. — Rom. 16:3-23.
O MINISTÉRIO DE PEDRO ÀS CONGREGAÇOES ORIENTAIS
11. Onde é que Pedro poderia ser encontrado logicamente fazendo sua obra missionária?
11 No ínterim, onde é que Pedro realizava sua obra missionária? Bem, trabalhava onde fora designado, em seu apostolado para com os circuncisos. (Gál. 2:8) Por conseguinte, concentrava seus esforços na Diáspora, a dispersão.a Babilônia seria importante ponto de concentração da dispersão oriental dos judeus. A respeito disso, lemos:
12. O que a história nos conta a respeito de Babilônia como lugar de morada dos judeus neste tempo?
12 No tempo de Cristo, Josefo podia falar dos judeus em Babilônia como “incontáveis miríades” (Antiquities, XI, v, 2). Também nos conta sobre as 2.000 famílias judias que Antíoco transferiu de Babilônia e da Mesopotâmia para a Frigia e a Síria. . . . Babilônia permaneceu um foco do judaísmo oriental durante séculos, e, das discussões nas escolas rabínicas ali foi elaborado o Talmude de Jerusalém no 5.° século de nossa era, e o Talmude de Babilônia, um século depois. Os dois principais centros do judaísmo mesopotâmico eram Neardéia, cidade sobre o Eufrates, e Nisibin, no Migdones, afluente do Chaborâs, que também são centros do Cristianismo sírio. — International Standard Bible Encyclopedia, edição de 1955, Volume 2, página 856a.
13. Como é que os escritos de Tiago, de João e de Pedro mostram que seguiram o acordo mencionado em Gálatas 2:9 com respeito ás designações de território?
13 Ao passo que Paulo foi para o Ocidente, para a Europa, Tiago e Cefas e João, em harmonia com o acordo mencionado em Gálatas 2:9, serviu no mundo oriental. Tiago, ao escrever sua carta, está de acordo com isso. Inicia sua carta: “Tiago, escravo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que estão espalhadas: Cumprimentos!” (Tia. 1:1) O apóstolo João, que escreveu o último livro da Bíblia, dirigiu-se às congregações orientais com as seguintes palavras: “João, às sete congregações que estão no distrito da Ásia.” O ressuscitado Cristo, que deu a João essa visão, ordenou: “O que vês, escreve num rolo e envia-o às sete congregações em Éfeso, e em Esmirna, e em Pérgamo, e em Tiatira, e em Sardes, e em Filadélfia, e em Laodicéia.” (Rev. 1:4, 11) Então, a quem Pedro escreveu? Pedro introduz sua primeira carta: “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos residentes temporários espalhados por Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia.” (1 Ped. 1:1) Nem um desses lugares está na Europa.
BABILÔNIA NÃO É NOME MÍSTICO PARA ROMA
14. (a) De onde afirma Pedro que escreveu sua primeira carta canônica, mas que explicação é dada por aqueles que dizem que a escreveu de Roma? (b) Quando foi escrita a primeira carta de Pedro, segundo a declaração aprovada pelo Cardeal Gibbons e o cômputo católico? (c) O que diz a nota marginal da tradução de Knox a respeito de 1 Pedro 5:13?
14 Não só Pedro não menciona Roma em sua carta, mas indica claramente que foi escrita de Babilônia, em 1 Pedro 5:13: “A igreja escolhida de Babilônia saúda-vos, assim como também Marcos, meu filho.” (Versão do Centro Bíblico Católico) Mas, os proponentes da idéia de que Pedro escreveu de Roma afirmam que ele se referia simbòlicamente a Roma, ocultando-a sob o nome de Babilônia. Por exemplo, o cabeçalho da primeira carta de Pedro, conforme impressa pelos editores, a Companhia John Murphy, com aprovação do Cardeal James Gibbons, reza, em parte:
Ele a escreveu em Roma, que chama figuradamente de Babilônia, cerca de quinze anos depois da Ascensão do nosso Senhor.
E a nota marginal sobre Babilônia, em 1 Pedro, reza: “Figuradamente, Roma.” A nota marginal da tradução do Novo Testamento, em inglês, do Monsenhor R. A. Knox (1944), reza: “Pouca dúvida pode existir de que Babilônia significa Roma, compare-se com Apocalipse xvii, 5.”
15, 16. (a) Qual seria a última data para a primeira carta de Pedro, pelo cômputo católico, segundo a publicação católica acima-mencionada? (b) O que diz The Catholic Encyclopedia quanto à data da primeira carta de Pedro?
15 Se Pedro escreveu sua primeira carta cerca de quinze anos depois da ascensão de Jesus para o céu, a última data, no máximo, atribuível à carta de Pedro por este cômputo católico seria 48 E. C. No entanto, The Catholic Encyclopedia, Volume 11, (edição de 1911), na página 753b, diz:
16 A opinião mais provável é a que a coloca por volta do fim do ano 63 ou o começo de 64; e, tendo S. Pedro sofrido martírio em Roma em 64 (67?), a Epistola não poderia ser subseqüente a essa data; ademais, subentende que a perseguição de Nero, que começou por volta do fim de 64, ainda não havia irrompido . . . a Epístola não poderia ser anterior a 63.
17-19. (a) Em vista da declaração acima de The Catholic Encyclopedia, por que Pedro não teria razão de disfarçar Roma como sendo Babilônia? (b) Que argumento é apresentado pela Cyclopedia de M’Clintock e Strong contra Babilônia ser nome místico de Roma? (c) Que outros fatores na carta de Pedro indicariam que a escreveu de Babilônia, na Mesopotâmia?
17 Portanto, então, segundo o cômputo católico, Pedro escreveu sua carta antes que Roma empreendesse sua carreira de perseguidora da congregação cristã. Qual seria a finalidade ou a lógica de disfarçar o nome de Roma ou ter de usar Babilônia como metáfora para Roma, quando Roma não perseguia os cristãos? A respeito disso; a Cyclopedia de M’Clintock e Strong, Volume 8, página 18, diz:
18 Mas, por que descobrir um sentido místico num nome estabelecido como o lugar da escrita duma epistola? Não há razão para isso ser feito, assim como não há para se atribuir idêntico significado aos nomes geográficos de [capítulo] 1, [versículo] 1. Como poderiam os seus leitores descobrir que a Igreja de Roma era o que queria dizer por ἡ συνεκλεκτὴ [he syneklekté: a igreja eleita com] em Babilônia? E se Babilônia realmente significa uma potência espiritual hostil, como em Apocalipse (xviii, 21), então é estranho que os críticos católicos como um grupo não adotassem aqui tal significado, e admitissem, por estar subentendida, a atribuição deste caráter à sua metrópole espiritual. O Dr. Brown, de Edimburgo, estabelece um caso um tanto paralelo — “Nossa própria cidade é às vezes chamada de Atenas, por causa de sua situação, e por ser um centro de erudição; mas, de nada valeria argumentar que uma carta veio de Edimburgo porque está datada de Atenas” (Expository Discourses on 1st Peter, i, 548).
19 . . . A interpretação natural é de se tomar Babilônia como o nome da bem-conhecida cidade. Não dispomos, deveras, de nenhum registro de qualquer viagem missionária de Pedro à Caldéia, pois bem pouco da vida posterior de Pedro nos é dado no Novo Testamento. Mas, sabemos que muitos judeus habitavam em Babilônia — οὐ γαρ ὀλίγοι μυριάδες [ou gar olígoi myriádes: pois não são poucas miríades], segundo Josefo — e não era tal lugar, em grande parte, uma colônia ou povoado judeu, passível de atrair o apóstolo da circuncisão? . . . Considerando-se que o império parto [em que estava Babilônia então] tinha o seu próprio governo, escreve a pessoas em outras províncias sob a jurisdição romana, e insta com elas a que obedeçam ao imperador como supremo, e aos vários governadores enviados por ele com fins de administração local. Ademais, como se tem observado amiúde, os países das pessoas a quem se dirige na epístola (i, 1) são enumeradas na ordem em que a pessoa escrevendo de Babilônia as colocaria naturalmente, começando com as que estão mais próximas dele, e passando num circuito para as do ocidente e do sul, mais distantes dele. O significado natural da designação Babilônia é sustentado por Erasmo, Calvino, Besa, Lightfoot, Wieseler, Mayerhoff, Bengel, De Wette, Bleek, e talvez a maioria dos críticos modernos.
20, 21. (a) Como é que certo comentário critico explica que é muitíssimo razoável que Pedro tenha escrito de Babilônia? (b) O que motivou a tradição de que Pedro sofreu martírio em Roma? (c) (nota marginal) Mostrem que Clemente estava realmente contra a Idéia de que Pedro escreveu de Roma.
20 Em apoio do acima, temos o volume intitulado “A Commentary, Critical and Explanatory, on the Old and New Testaments” (Comentário, Crítico e Explanatório, sobre o Velho e o Novo Testamentos), dos Drs. R. Jamieson, A. R. Fausset e D. Brown, da Grã-Bretanha, edição de 1873, cuja Parte Dois diz a respeito de Babilônia, na página 514b:
21 A Babilônia caldéia sobre o Eufrates. Veja-se Introdução, SOBRE O LOCAL DE ESCRITA desta Epistola, em prova de que não se quer dizer Roma como os papistas asseveram; compare-se com o sermão de LIGHTFOOT. Quão improvável é que, numa saudação amigável, o titulo enigmático fornecido em profecia (João, Revelação 17.5) fosse usado! Babilônia era o centro do qual se derivava a dispersão asiática a quem Pedro se dirigia. FILO, Legatío ad Caium, seção 36, e JOSEFO, Antiquities, 15, 2.2; 23:12 nos informam que Babilônia abrangia grande número de judeus na era apostólica (ao passo que os de Roma eram poucos comparativamente, cerca de 8.000, JOSEFO 17.11); assim, seria visitada naturalmente pelo apóstolo da circuncisão. Era a sede daqueles a quem se dirigira com tanto êxito em Pentecostes, Atos 2:9, judeus “partos . . . moradores na Mesopotâmia” (os partos eram então senhores da Babilônia mesopotâmica); a estes ele ministrou em pessoa. Seus outros ouvintes, os judeus “residentes na Capadócia, Ponto, Ásia, Frigia, Panfilia”, ele agora ministra por carta. A mais primitiva autoridade distinta para o martírio de Pedro em Roma é DIONÍSIO, bispo de Corinto, na última metade do segundo século. O ser desejável representar a Pedro e a Paulo, os dois principais apóstolos, como fundando juntos a Igreja da metrópole, parece ter originado a tradição. CLEMENTE DE ROMA (1 Epístola ad Corinthios, seção 4, 5), AMIÚDE CITADO A FAVOR, ESTÁ REALMENTE CONTRA ISSO. Menciona Paulo e Pedro juntos, mas faz com que seja uma circunstância diferenciadora de Paulo ter ele pregado tanto no Oriente como no Ocidente, subentendendo que Pedro jamais esteve no Ocidente.b
22. (a) Como é que a declaração de Pedro em 2 Pedro 1:14 fortalece o argumento de que ele jamais visitou Roma? (b) (nota marginal) Quem era Dionísio, e o que tinha a dizer Epifânio a respeito do bispo dos cristãos em Roma?
22 Em 2 Pedro 1:14, diz: “Tenho de deixar em breve este tabernáculo”, subentendendo que seu martírio estava próximo, todavia, não faz alusão a Roma, ou a qualquer intenção de visita-la.c
A VERDADE, E NÃO A TRADIÇÃO, DA LIBERDADE
23. (a) Por que aceitamos as palavras de Pedro em preferência às de alguns escritores religiosos que o contradizem? (b) Por que estaria Pedro errado se quisesse dizer que Babilônia se referia simbòlicamente a Roma?
23 O que dizer se esses escritores religiosos de literatura que não é parte da Bíblia disserem que Babilônia era Roma — que é o nome apócrifo de Roma? Tais homens não foram inspirados, como o foram os servos de Deus que escreveram as Escrituras Sagradas. Pedro se achava entre os inspirados escritores da Bíblia. (2 Ped. 1:21) Se, por dizer Babilônia, queria realmente dizer Roma, então o espírito de Deus que inspirou Pedro estava errado, o que, por certo, é inimaginável, pois Babilônia não é Roma e não representa Roma, como veremos em artigos posteriores desta série. Deus é sempre verdadeiro e seus escritores inspirados escreveram a verdade. Portanto, a declaração de Pedro em 1 Pedro 5:13 não significa Roma, mas significa a cidade literal de Babilônia, na Mesopotâmia.
24. Se “aquela que está em Babilônia” significava uma congregação ali, será que “aquela” pôde salvar Babilônia da destruição? Por quê?
24 Quanto à existência de Babilônia naquele tempo. The Westminster Historical Atlas to the Bible, Edição Revisada de 1956, de Wright e Filson (página 89, o mapa intitulado “O Mundo Romano no Nascimento de Jesus”), mostra que Babilônia existia como cidade naquele tempo. A expressão de 1 Pedro 5:13: “Aquela que está em Babilônia” pode significar uma congregação ali, mas “aquela” não salvou Babilônia de se tornar completa desolação, para cumprir a profecia.
25. (a) Teria qualquer cidade na terra, ou o fato de que determinado homem a visitou, importância especial para os cristãos? (b) A respeito da identidade de Babilônia, o que é importante saber, e por quê? (c) Ao obter o necessário conhecimento a respeito de Babilônia, a Grande, para onde temos de olhar, e por quê?
25 Os cristãos, atualmente, olham para Cristo Jesus como sendo o Alicerce da congregação cristã e para os apóstolos como sendo homens fiéis usados pelo seu Cabeça e Mestre, Cristo, edificados sobre o Alicerce. Não olham para nenhuma cidade na terra como sendo o centro de sua fé ou como sendo de maior importância do que outra cidade aos olhos de Deus, no tempo atual. Quer certo homem, até mesmo um dos apóstolos de Jesus Cristo, visitasse determinada cidade, quer não, não é a coisa que importa aqui. Mas, é importante saber que Pedro não queria dizer Roma quando disse Babilônia, pois se Babilônia é nome místico para Roma, então Babilônia, a Grande, é Roma. Mas a Bíblia mostra que Babilônia, a Grande, é algo muito mais importante e exerce influência muito mais ampla do que Roma já exerceu, ou que exerce a religião que emana de Roma. Babilônia, a Grande, é o império mundial da religião falsa, o qual inclui, não só as religiões da cristandade, mas também as do paganismo. A fim de obedecer à ordem da Bíblia de sair dela, a pessoa não precisa estar em Roma; pode estar em qualquer localidade da terra e ser mantida prisioneira espiritual sob a influência de Babilônia, a Grande. É desta que tem de fugir. Deve entender inequivocamente o que é Babilônia, a Grande a fim de fugir dela para salvar a sua vida. Para fazer isto, deve ter claro entendimento do que a Bíblia diz a respeito de Babilônia. Portanto, confiemos na inspirada Palavra de Deus, antes que nas tradições de homens que não são inspirados e que tentam apoiar uma opinião preconcebida. É somente a verdade que liberta os homens. — João 8:32.
[Nota(s) de rodapé]
a “Referindo-se aos judeus em ‘exílio’ voluntário ou forçado da Terra Santa, especialmente na área da expulsão judaica de sua terra natal depois da destruição de Jerusalém ás mãos de Tito (70 E. C.).” — Concise Dictionary of Judaism (Dicionário Conciso do Judaísmo), de Dagobert D. Runes, 1959.
b A Primeira Carta de Clemente aos Coríntios, seção 5, reza: “. . . Coloquemos diante dos olhos os bons Apóstolos. Pedro, por inveja injusta, sofreu não um nem dois padecimentos, mas muitos; e, assim, tendo dado testemunho até à morte, foi para o lugar de glória que lhe era devido. Por causa de inveja, Paulo obteve a recompensa da paciência. Sete vezes foi colocado em cadeias; foi açoitado; foi apedrejado. Pregou tanto no oriente como no ocidente, deixando atrás de si o glorioso relatório de sua fé. E, assim, tendo ensinado a justiça ao inteiro mundo, e tingido a mais longínqua extremidade do ocidente, sofreu o martírio, por ordem dos governadores, e partiu deste mundo, e foi para o lugar santo, tendo-se tornado muitíssimo exemplar padrão de paciência.” — Página 6 de A Translation of The Epistles of Clement of Rome, Polycarp and Ignatius, de Temple Chevalier, B. D., edição de 1833, Londres, Inglaterra. Veja-se também as páginas 51, 52 de The Apostolic Fathers — An American Translation, de Edgard T. Goodspeed, edição de 1950.
c A respeito do Dionísio acima-mencionado, a Cyolopedia de M’Clintock e Strong, Volume 8, página 14, diz: “Eusebius (111, 25 numa citação de Dionísio, bispo de Corinto) acrescenta que eles [Pedro e Paulo] sofreram juntos o martírio . . . Todavia, a inteira história descansa em última análise no testemunho de Dionísio apenas, que deve ter morrido por volta de 176 E. C. (os trechos em Clemens Romanus 1 to Corinthians v, e Ignatius, to the Romans, v, nada estabelecem.) . . . Epifânio (xxvii, 7) até mesmo chama a Paulo de o bispo (ἐπίσκοπος) dos cristãos em Roma.”