A união da igreja cristã
“[Eu] lhes dei a glória que me deste, para que sejam um, assim como nós somos um.” — João 17:22, NM.
1. Por que pode Jeová ser chamado de grande Unificador?
JEOVÁ é o grande Unificador. É Ele quem é maravilhosamente capaz de reunir criaturas inteligentes numa unidade para o fim que desejar. Durante milhões de anos antes de o homem chegar a ver a luz do dia, Jeová trabalhara em perfeita união com seu Filho primogênito, por meio do qual criou tudo. O prosseguimento da obra de criação de Jeová e o aumento do número de criaturas inteligentes no universo não produziu confusão. Jeová reuniu todos numa unidade harmoniosa, de funcionamento suave, ligando-os a si próprio e entre si num vínculo de amor. Como ilustração desta união feliz, ele fala de sua organização universal de fiéis criaturas celestiais como sendo sua esposa, com a qual está unida num matrimônio feliz. — Col. 1:16; 1 João 4:8, 11-13; Isa. 54:5, 6.
2. Qual é o laço mais forte para produzir uma unidade de pessoas, e de que modo se tornou Israel a única verdadeira congregação ou igreja de Deus naqueles tempos?
2 Quando Jeová Deus começou -a edificar a sociedade humana, ele começou com a menor unidade dela, a união matrimonial, que normalmente é um dos vínculos mais fortes de que o homem participa. Isto se dá porque o fator unificador no matrimônio é o amor, e este é o cimento mais forte em qualquer união de criaturas. De fato, é a única base em que qualquer união pode durar. Em círculos cada vez maiores, os pais e os filhos estão ligados entre si por laços fortes de amor numa união familiar, e foram as famílias ou tribos dos doze filhos de Jacó, o patriarca, que Jeová Deus uniu numa unidade nacional. Fez-se um acordo ou pacto entre ele e os israelitas, no sentido de que não fosse apenas seu Rei, mas também seu Deus; e isso transformou Israel não só numa nação, mas também numa congregação ou igreja de Deus, a única igreja verdadeira daquele tempo. — Gên. 2:24; Êxo. 19:5, 6, 8; 20:1, 2; Atos 7:38; Sal. 147:20.
3. Foi Jeová nacionalista ao selecionar Israel como sua congregação?
3 Por que selecionou Jeová a nação de Israel para fazer dela uma igreja ou congregação? Foi ele um Deus nacionalista? Não, não foi. Mas, foi por causa duma promessa feita ao seu amigo Abraão, antepassado dos israelitas, que se lhes permitiu constituir o corpo daquela nova igreja. Mas, Jeová não impediu, num espírito nacionalista, que os não-israelitas se tornassem membros da única igreja verdadeira pela circuncisão. Todas as pessoas tementes a Deus que quisessem juntar-se a Israel na adoração do verdadeiro Deus foram aceitas, sem consideração de nacionalidade e raça, religião anterior ou afiliação política. Houve provisões para fazer de todos estes estrangeiros circuncisos parte da união que Deus tinha com Israel, por se lhes prover constitucionalmente um lugar dentro da organização congregacional debaixo da qual se achava Israel. Israel foi mandado amar o estranho assim como Jeová o amava. Tampouco mostrou Deus qualquer consideração de nacionalidade ou raça por formar unidades ou igrejas separadas com adoradores circuncisos de origem não-israelita. Havia apenas um templo onde Deus podia ser encontrado, apenas um sumo sacerdote, uma só Lei, uma só unidade ou igreja para todos os adoradores se unirem nela. O registro bíblico mostra que alguns povos e tribos, tais como a multidão mista que saiu do Egito, os gabaonitas e os recabitas circuncisos, bem como muitas pessoas tais como as mulheres Raab e Rute, entraram em união com Israel. Jeová mostrou assim que era o primeiro Unificador bem sucedido de nações. — Deu. 10:17-19; 1 Reis 8:41-43; Êxo. 12:38; 2 Sam. 21:1, 2; Jer. 35:18, 19.
4. Como chegou a congregação cristã a ser a verdadeira igreja de Deus?
4 A igreja ou congregação judaica, porém, não mostrou amor a Jeová, no decorrer do tempo; e, em conseqüência disso, foi cortada da união com ele, e a congregação cristã tornou-se a verdadeira igreja de Deus, a partir de Pentecostes de 33 E. C.
UNIÃO
5, 6. Como sabemos que a congregação de Deus precisa ser uma só, e quem está incluído nesta unidade?
5 O que se destacava na primitiva igreja cristã foi a sua união. Em primeiro lugar, estava unida a Jeová Deus e a Cristo Jesus, e esta é a união mais importante. Jesus enfatizou esta união na sua ilustração da videira: “Eu sou a videira, vós os ramos. Aquele que permanece em união comigo, e eu em união com ele, este dá muito fruto, porque sem mim não podeis fazer absolutamente nada. Se alguém não permanecer em união comigo, ele é lançado fora.” — João 15:4-6, NM.
6 A união com Cristo precisa também conduzir à união entre os que estão unidos com ele. Portanto, na sua oração imediatamente antes de ser traído, Jesus rogou por tal união entre seus seguidores, dizendo: “Faço solicitação, não a respeito destes somente, mas também a respeito daqueles que depositam fé em mim através da palavra deles, para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em união comigo e eu em união contigo, que também eles estejam em união conosco, para que o mundo creia que tu me enviaste. Também lhes dei a glória que me deste, para que sejam um, assim como nós somos um. Eu em união com eles e tu em união comigo, .de modo que sejam aperfeiçoados em um, para que o mundo tenha o conhecimento de que me enviaste e que os amaste assim como me amaste.” Note que direção esta unidade toma. Todos os seus seguidores devem ser um; não só os que viviam então, mas também os que depositassem fé nele através da palavra deles, isto é, dos seus discípulos; com isso, a unidade abrangia o futuro e inclui a todos os verdadeiros cristãos atualmente vivos. Ao mesmo tempo abrange o céu, incluindo a Jesus Cristo e a Jeová Deus, a fim de que seus seguidores estivessem “em união conosco”, conforme Jesus disse. — João 17:20-23, NM.
O ALCANCE DA UNIÃO
7. O que faz que uma união seja frouxa e fraca, e o que a torna intima e forte?
7 Que espécie de união pedia Jesus na sua famosa oração? Quantos e quão fortes seriam os laços que os manteriam unidos? Nem todas as uniões têm a mesma força. Algumas uniões afetam apenas certo campo de atividade nas vidas dos seus membros. Por exemplo, as pessoas podem pertencer à mesma união para a proteção de animais e ainda estar tão separadas como o Leste e o Oeste em questões de religião, de política e de outros interesses. Tais uniões são frouxas. Em contraste com elas, as uniões maritais ou familiares são íntimas e fortes, porque afetam toda uma série de interesses nas vidas de seus membros. Numa família normal, coisas tais como laços sangüíneos, amor mútuo, o lar comum, seu espírito ou ambiente, o nome da família, a tradição, a religião, a norma cultural, a confiança ao ponto de se partilharem os segredos, o respeito e a compreensão são todos coisas que os membros dela têm em comum; e quanto mais coisas as pessoas partilham, tanto mais íntimo e forte é o vínculo.
8. O que fez que a união da primitiva igreja cristã fosse tão forte?
8 Agora, voltando à nossa pergunta. De que espécie de união estava Jesus falando em João 17? Tratava-se apenas duma união frouxa, afetando somente um ou dois interesses nas vidas dos seus seguidores? Não, ele estava rogando pela união mais forte que há. “[Eu] lhes dei a glória que me deste, para que sejam um, assim como nós somos um.” Não podemos pensar em nenhuma união mais íntima e mais forte do que a existente entre Jeová Deus e seu Filho, Cristo Jesus. A força dessa união foi provada pelo proceder obediente de Jesus, mesmo até a morte na estaca de tortura. Jesus pediu que’ seus discípulos fossem incluídos na união familiar mais íntima de Deus, numa filiação privilegiada, e por isso lhes ‘deu a glória que Jeová lhe dera’, “glória tal como a que pertence a um filho unigênito de um pai”. (João 1:14, NM) Algumas das muitas coisas que haviam de ter em comum são mencionadas por Paulo em Efésios 4:3-6, onde ele fala sobre “procurando diligentemente observar a unidade do espírito no laço unificador da paz”; e daí passa a enumerar: “Há um só corpo, e um só espírito, como também fostes chamados em uma só esperança à qual fostes chamados; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todas as pessoas, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos.” (NM) Quão unido e compacto o corpo dos seus seguidores deve ter-se tornado, tomando-se em consideração quantas coisas tinham em comum!
9. O que ilustra Paulo ao se referir ao corpo humano, em 1 Coríntios, capítulo 12, e Efésios, capítulo 4?
9 Ilustrando ainda mais a intimidade e a unidade compacta, Paulo a compara ao corpo humano: “Porque, assim como o corpo é uma só coisa, mas tem muitos membros, e todos os membros daquele corpo, embora muitos, são um só corpo, assim também é o Cristo. Pois, na verdade, por um só espírito temos todos sido batizados em um só corpo, quer judeus quer gregos, quer escravos ,quer livres, e todos fomos dados a beber de um só espírito. . . . Deus formou o corpo, dando honra mais abundante à parte que carecia dela, para que não houvesse divisão no corpo, mas para que os membros tivessem igual cuidado uns pelos outros.” “Falando a verdade, cresçamos, por amor, em todas as coisas, naquele que é a cabeça, Cristo. Por ele é que o corpo inteiro, harmoniosamente ligado e movido a cooperar mediante toda junta que fornece o necessário, de acordo com o funcionamento de cada membro respectivo, na medida exata, efetua o crescimento do corpo para a edificação de si mesmo em amor.” Poderia haver uma união mais perfeita do que a existente entre os membros do corpo humano? Seria possível dividir o corpo? Poderia haver mais de uma cabeça no corpo? Que ilustração excelente para mostrar o mais elevado grau de união e unidade entre os muitos membros que constituem a congregação cristã! — 1 Cor. 12:12-25; Efé. 4:15, 16, NM.
10. Por que foi a igreja cristã um verdadeiro milagre do espírito de Deus, desde o seu inicio?
10 Desde o primeiro dia de sua existência, a congregação cristã mostrou-se capaz de assimilar na sua unidade não só pessoas da Palestina, mas também de muitos países diferentes, com suas línguas diferentes, pessoas de todas as seitas do judaísmo, judeus e prosélitos circuncisos, fazendo que as várias opiniões religiosas e locais cedessem ao modo cristão de pensar. Pessoas de origens sociais inteiramente diferentes, humildes pescadores, lavradores, pastores, cobradores de impostos, foram introduzidos numa unidade com fariseus eruditos e com médicos, ricos e pobres, jovens e velhos, homens, mulheres e crianças, e foram conjugados na união da congregação. Eles eram um até o ponto de partilhar temporariamente seus meios materiais para enfrentar uma situação crítica que surgiu em Jerusalém durante o primeiro influxo de membros e que exigiu ação imediata de socorro. “A multidão dos que criam tinha um só coração e uma só alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.” Foi um verdadeiro milagre do espírito de Deus. Nos primeiros três anos e meio de sua existência, porém, os membros da igreja permaneciam judeus e prosélitos judeus, que saíram do judaísmo. — Atos 2:5-11, 41; 4:32-35, NTR.
11. Em que sentido houve em 36 E. C. uma mudança na congregação cristã?
11 Depois, em 36 E. C. a congregação cristã entrou numa nova fase de sua história. Naquele ano aconteceu algo que surpreendeu a todos: Um homem incircunciso e sua família, gentios que não tinham estado antes em relação pactuada com Jeová Deus, tornaram-se repentinamente parte da congregação cristã, com plenos direitos e obrigações iguais, conforme demonstrado pelo fato de que estes gentios foram batizados e receberam o espírito santo, do mesmo modo que os crentes que procediam da organização judaica. Havia de se cumprir então o famoso mandamento de Jesus: “Ide e fazei discípulos de pessoas de todas as nações.” Passando de unidade ou organização de crentes judeus, a congregação devia abrir bem as suas portas para o resto da humanidade e expandir-se para se tornar uma organização internacional, encarando todos os problemas que as organizações internacionais sempre tiveram de enfrentar. Assim se preservaria a verdadeira união nos laços da paz e do amor. — Atos 10:44-48; Mat. 28:19, NM.
OUTRAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
12. Por que se interessava o Império Romano em reunir os seus povos subjugados numa unidade? Como se empenhava nisso e que êxito teve?
12 O Império Romano pagão daqueles tempos estava construindo e mantendo uma organização internacional do melhor modo que sabia fazê-lo. Depois de conquistar a maior parte do mundo civilizado, sua tarefa era manter os muitos povos, nações e raças em sujeição ao domínio romano. Como no caso de qualquer outra potência mundial, os sentimentos nacionais e religiosos eram os maiores obstáculos à unificação da grande variedade de pessoas sob o seu controle. Fizeram-se tentativas para equiparar as classes diferentes e para substituir os costumes locais por leis e administração uniformes, e para suplantar as religiões nacionais por uma só religião comum, a fim de amalgamar todo o império num só bloco sólido; mas esses esforços nunca foram coroados de êxito. O Hastings Dictionary of the Bible, Tomo IV, pág. 293, diz: “Roma nunca foi capaz de fazer de seu Império uma nação sólida. . . . O Império tinha no princípio objetivos mais elevados, e o senso do dever de conquistar o mundo aumentou com o tempo; mas, não pôde nem restaurar nem criar o patriotismo duma nação. A antiga nação romana ficou perdida nó mundo; e se o mundo ficou perdido em Roma, não constituiu uma nova nação romana. Os gregos ou os gauleses podem ter-se chamado de romanos e podem ter aparentemente esquecido seu povo antigo no orgulho da civitas [‘estado’] romana; mas permaneciam gregos e gauleses. . . . Havia povos em grande variedade; mas as antigas nações tinham morrido e a nova nação nunca nasceu.”
13. Por que não têm os governantes mundiais dos nossos dias nenhuma razão para menosprezar Roma?
13 Os governantes mundiais dos nossos dias não têm nenhuma razão para se gabar, porque não conseguiram melhores resultados do que os romanos, apesar do esclarecimento do século vinte e da sua organização das Nações Unidas. H. G. Wells, no seu livro Uma História do Mundo, compara as consecuções do seguinte modo: “O povo romano achava-se empenhado numa vasta experiência administrativa quase sem se aperceber disso. . . . Estava sempre mudando, nunca atingindo qualquer rigidez. Em certo sentido, a experiência [administrativa] fracassou. Em certo sentido, a experiência ficou por terminar, e a Europa e a América da atualidade ainda estão resolvendo os problemas da estadística mundial que primeiro confrontou o povo romano.” — Capítulo 33, “O Desenvolvimento do Império Romano”, páginas 149-151 da edição inglesa publicada em 1922.
14. Como blocos singulares, solucionaram o Oeste ou o Leste o problema de produzir uma verdadeira unidade de nações?
14 Nem o Oeste democrático nem o Leste comunista, como blocos singulares de nações, têm solucionado o problema da união internacional. No mundo ocidental, uma aliança militar internacional tal como a OTAN vê muitas vezes frustrada a cooperação por causa do orgulho nacional da parte de alguns, dos seus membros. No Leste, quando a Iugoslávia se separou do resto do bloco comunista e preferiu a sua própria marca de comunismo, o movimento internacional tão altamente idealista como o comunista e que por anos tinha trabalhado sob o lema: “Trabalhadores do mundo, uni-vos”, teve de encarar o fato de que nem todos os comunistas estavam preparados a sacrificar o seu orgulho nacional no altar da união comunista internacional. Embora o movimento comunista tenha obtido resultados notáveis em reunir os povos de muitas nações em volta dum plano político, fracassou em fazer dos comunistas uma unidade internacional. O nacionalismo, as raças, a religião, as línguas e muitos outros fatores divisórios têm sido como rochedos no mar, nos quais naufragaram mais cedo ou mais tarde os navios dos governantes humanos internacionais.
15. (a) O que tornou a igreja cristã internacional uma maravilha maior do que a igreja cristã originalmente judaica? (b) Como obteve este resultado?
15 E este mar, tão cheio de rochedos submersos e de restos de naufrágios, havia então de ser navegado pela congregação cristã, jovem e inexperiente em questões internacionais. Poderia ela manter a sua absoluta unidade conseguida, ao se ramificar e abrir as suas portas a pessoas de todas as nações, ao enfrentar todas as formas de religião e filosofia pagã, de orgulho nacional, de barreiras lingüísticas e de controvérsias raciais, políticas e sociais? Poderia ela proceder assim sem ter de transigir nos seus ensinos e nas normas para seus membros? Poderia ela ainda manter imutável o arranjo teocrático de sua organização, com um corpo governante visível em Jerusalém? Não se desfaria em grupos nacionais com alguma forma de autodeterminação para cada grupo, os quais seriam então juntados de algum modo? Poderia ela manter a sua feição? Se a igreja judaica nacional já foi um milagre, então este foi pequeno em comparação com o milagre da igreja internacional, especialmente conforme observada no fundo histórico. O que para os edificadores humanos do mundo tem sido um problema insolúvel até o dia de hoje, não foi problema para Cristo Jesus, o Chefe da igreja cristã. Os cristãos puseram-se a trabalhar na própria raiz do que divide bem como une, a saber, a mente humana. Começaram a transformar as mentes de pessoas humildes e tementes a Deus em toda a parte. Tais pessoas em todas as nações, em pouco tempo, passaram por uma mudança de personalidade ao começarem a imitar o seu Chefe, Cristo Jesus, e o resultado foi notável: Desapareceram todas as barreiras divisórias ao passo que as pessoas das nações eram incorporadas no corpo de Cristo. Paulo escreveu à congregação local em Colossos, na Ásia Menor: “Despojai-vos da velha personalidade com as suas práticas, e revesti-vos da nova personalidade que, por meio de conhecimento acurado, se renova segundo a imagem daquele que a criou, onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, estrangeiro, cita, escravo, livre, mas Cristo é todas as coisas e em todos.” E aos da igreja na Galácia escreveu: “Vós todos sois, de fato, filhos de Deus por meio da vossa fé em Cristo Jesus. Pois todos vós, os que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Não há nem judeu nem grego, não há nem escravo nem livre, não há nem macho nem fêmea, pois todos vós sois um em união com Cristo Jesus.” — Col. 3:9-11; Gál. 3:26-28, NM.
16. Qual é um dos pré-requisitos para haver uma só igreja e possuíam-no os primeiros cristãos?
16 A base para uma só igreja é a uniformidade de ensino e de crença, e enquanto estavam presentes os apóstolos e outros irmãos maduros, cheios de espírito, tal uniformidade foi preservada. Certa vez, ,quando surgiu a tendência de criar seitas na congregação de Corinto, Paulo lembrou-lhes: “Acaso Cristo está dividido?” e foram exortados a que falassem “todos a mesma cousa, e que não haja entre vós divisões; antes sejais inteiramente unidos, na mesma atitude mental e no mesmo parecer”. A fé comum produz uma igreja comum, não importa quem são os crentes ou onde se encontram. — 1 Cor. 1:10, 13, ARA.
17. Que outro fator contribuiu para a união Internacional?
17 Outro fator em apoio da unidade cristã foi o conceito específico que os primeiros cristãos formavam sobre o governo. Não eram parte deste mundo e do seu sistema político, e só este fato já contribui muito para a união. Contudo, não se consideravam como um povo sem governo ou sem governante, mas tinham confiança nas Escrituras Hebraicas e nas palavras do próprio Jesus quanto a ele ser o verdadeiro Rei num verdadeiro reino, exercendo realmente o governo e tendo um exército bastante forte para destruir todos os outros reinos, no tempo devido. Confessavam o Rei supernacional, Jesus Cristo, como seu Senhor e dedicavam as suas vidas ao reino de Deus, por meio dele, em lealdade inabalável. Ainda permaneciam cidadãos obedientes das nações onde moravam, mas em caso de choque entre os mandamentos de seu Senhor e Mestre e os de’ homens, eles adotavam a atitude de que tinham de obedecer antes a Deus do que aos homens; e estavam decididos nisso, conforme descobriram os césares de Roma quando procuravam interferir na união em que os cristãos se achavam com Deus e com seu Rei. Eles não tinham a idéia de que o reino de Deus fosse apenas algo nos corações dos homens, assim como muitos professos cristãos pensam hoje em dia. Por se manterem separados do mundo, fixando os olhos firmemente no reino celestial e deixando-se guiar pelo espírito santo que produz amor, eles eram “um só corpo”, embora este fosse internacional. — João 17:16; 18:36, 37; Dan. 2:44; Atos 5:29.
18. (a) Foram as congregações locais da primitiva Igreja orientadas diretamente pelo espírito? (b) Por que seria de supor que surgissem complicações com as decisões feitas pelo corpo governante visível em Jerusalém? E, surgiram tais complicações?
18 Já que havia apenas uma organização, podia haver apenas uma agência administrativa central para a organização inteira. Os apóstolos e irmãos maduros em Jerusalém constituíam tal agência ou corpo governante visível sob a orientação do espírito. Era reconhecido e recebia toda a cooperação em todo o mundo. Os problemas de importância internacional para a igreja foram apresentados em Jerusalém para a sua decisão. Quando surgiu a questão da circuncisão, Paulo não convocou um sínodo dos superintendentes das congregações de Antioquia e do resto da, província da Síria, a fim de que a questão fosse discutida e decidida, nem esperava êle que o espírito de Deus fornecesse orientação direta às congregações, mas ele se dirigiu ao corpo governante visível em Jerusalém; e depois de se decidir ali a questão, sob a orientação do espírito sobre êsse corpo, ele foi enviado de volta às congregações, para as fazer saber a decisão. Este processo não criou complicações da parte dos não-judeus, conforme seriam de esperar em outras circunstâncias. Do ponto de vista mundano, não teria sido surpresa ouvir os gregos levantar objeções, por chamarem atenção às suas orgulhosas tradições do passado. Afinal de contas, não eram gregos os principais historiadores, poetas, matemáticos e arquitetos do mundo? Não era realmente grego tudo o que existia em nome da cultura, mesmo em todo o Império Romano? Ou os romanos, os convencidos cidadãos da capital do mundo, por que deveriam eles dar atenção a judeus desprezados, que, em certas ocasiões, nem tiveram permissão de viver em Roma? Não tinha, a dominação do mundo pela raça semítica passado para a raça ariana, com a queda de Babilônia? Por que deviam então os romanos e gregos arianos aceitar ordens de judeus semíticos, de língua aramaica, em Jerusalém? Não tinham eles mesmos bastante capacidade para pensar? Não há nenhum indício nos registros que indique que tal pensamento nacionalista ou racial mundano solapasse as raízes da união cristã. Evidentemente, todos formavam o mesmo conceito como o apóstolo Paulo: “‘Não há distinção entre judeu e grego, pois há o mesmo Senhor sobre todos.” Longe de isso causar dissensões, o registro diz: “Então, ao passo que viajavam através das cidades, entregavam aos que havia ali, pára a observância deles, os decretos decididos pelos apóstolos e pelos homens mais idosos que se achavam em Jerusalém. Assim, deveras, as congregações continuavam a ser fortalecidas na fé e a aumentar em número de dia em dia.” — Atos 15:2, 41; 16:4, 5; Rom. 10:12, NM.
19. Em que sentido foi a primitiva igreja cristã algo nunca visto?
19 Deveras, a igreja foi uma maravilha e uma exceção notável na história da humanidade; foi uma organização internacional, no entanto, caracterizava-se por “um só coração e uma só alma”, pela “mesma atitude mental” e o “mesmo parecer”, ‘um só corpo, um só espírito, uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai’. (Atos 4:32, NTR; 1 Cor. 1:10, ARA; Efé. 4:4-6, NM) Foi algo nunca visto. Um verdadeiro produto do espírito de Deus. Jeová, certamente, tinha cumprido a oração de Jesus em prol da união da igreja cristã. — João 17:20-23.