O desolador da cristandade prefigurado historicamente
“Portanto, quando avistardes a coisa repugnante que causa desolação, conforme falado por intermédio de Daniel, o profeta, estar em pé num lugar santo, (que o leitor use de discernimento,) então, os que estiverem na Judéia comecem a fugir para os montes.” — Mat. 24:15, 16.
1. (a) Diante de que se surpreenderá em breve o mundo assim como ficou surpreso lá em 70 E. C? (b) Como sendo o que será isto reconhecido por pessoas informadas, segundo Isaías 28:21
HÁ dezenove séculos atrás, o mundo ficou surpreso quando a cidade de Jerusalém, no Oriente Médio, foi desolada pelas legiões romanas, no ano 70 E. C. Até mesmo o conquistador da cidade, o General Tito, filho do Imperador Vespasiano, admirou-se de que uma cidade tão fortificada tivesse caído diante dele dizendo; “Deus esteve do nosso lado; foi Deus quem tirou os judeus destes baluartes, pois o que poderiam mãos ou instrumentos humanos fazer contra tais torres”.a Mas em breve o mundo deverá ficar novamente surpreso. No futuro próximo, quando for desolada a fortemente entrincheirada cristandade, que já tem dezesseis séculos de idade, até mesmo o mundo moderno ficará espantado. As pessoas informadas reconhecerão isso como sendo o ‘ato estranho’ e a ‘obra incomum’ de Deus, conforme preditos pelo seu profeta Isaías.b Quem, então, será o desolador da cristandade? A própria Palavra profética de Deus indica quem desempenhará o papel de desolador. Ele até mesmo fez isso ser prefigurado.
2. (a) A que nos referimos com o termo cristandade? (b) O que acontecerá à cristandade por causa do que ela é, mas o que se dará com o verdadeiro cristianismo?
2 Mas a que nos referimos com o termo cristandade? Entre as definições dadas no Terceiro Novo Dicionário Internacional de Webster, em inglês, se encontra a seguinte: “A parte do mundo em que prevalece o cristianismo ou que é governada principalmente sob instituições cristãs.” Mas a religião que a cristandade pratica nas suas centenas de seitas religiosas está longe do cristianismo da Bíblia. Portanto, sua religião é professo cristianismo; e, por isso, a cristandade deve ser a parte do mundo da humanidade que é governada sob professas instituições cristãs. Por isso, a cristandade desvirtua o verdadeiro cristianismo. Este é o motivo por que será devidamente desolada e desaparecerá para sempre. Esta declaração talvez venha como um choque para muitos no domínio religioso, mas o cumprimento desta declaração será ainda mais chocante. Mas que dizer do genuíno cristianismo? Apesar de todas as tentativas de destruí-lo junto com o cristianismo fictício, o verdadeiro cristianismo nunca desaparecerá. Florescerá e prosperará numa terra pacífica transformada e será motivo de glória para seu Fundador, Jesus Cristo.
3. (a) Refere-se a Bíblia à cristandade por nome ou por outra espécie de referência? (b) Que textos ilustram o uso da palavra “antítipo”?
3 É verdade que o nome cristandade não se encontra nas Escrituras Sagradas, a Bíblia Sagrada. Também, nos dias em que foi escrita a Bíblia não havia tal coisa como a cristandade, pois ela só veio à existência no quarto século de nossa Era Comum, nos dias do Imperador Constantino, do Império Romano, e em resultado de sua ação religiosa. Todavia, a cristandade teve seu tipo ou protótipo no mundo bíblico antigo, e ela é representada tipicamente na Bíblia Sagrada. Portanto, na sua história geral e no seu proceder, a cristandade corresponde ao seu tipo antigo, do mesmo modo em que a impressão num papel corresponde ao tipo entintado usado pelo impressor. Na Bíblia Sagrada, em 1 Coríntios 10:11, observamos o uso da palavra “tipo”: “Ora, estas coisas lhes aconteciam como exemplos [literalmente: como tipos ou de modo típico] e foram escritas como aviso para nós, para quem já chegaram os fins dos sistemas de coisas.” E, segundo Hebreus 8:5, Jeová Deus disse ao seu profeta Moisés, no monte Sinai: “Cuida de que faças todas as coisas segundo o seu modelo [ou tipo] que te foi mostrado no monte.”
4. (a) Que escritor apostólico usa a palavra “antítipo”? (b) Qual é aqui o antítipo, e que relação tem com o tipo?
4 Assim, a cristandade moderna tinha um modelo antigo numa organização antiga à qual corresponde e com que se parece. A cristandade segue o exemplo daquele modelo antigo e por isso lhe sobrevêm coisas similares. Aquele modelo antigo é chamado de “tipo”. A cristandade, por se assemelhar àquele modelo antigo, é chamada de “antítipo”. Por este motivo, as profecias bíblicas que se cumpriram no tipo antigo já se cumpriram ou ainda se cumprirão no antítipo moderno, a saber, na cristandade. O apóstolo cristão Pedro, ao escrever as suas cartas inspiradas no grego do primeiro século, usou a palavra “antítipo”. Por isso lemos em 1 Pedro 3:21: “O que corresponde a isso [ou literalmente: o que é antítipo] salva-vos também agora, a saber, o batismo.” Por conseguinte, o tipo antigo nos mostra o que é seu antítipo moderno; e aquilo que sobreveio ao tipo antigo indica profeticamente o que neste caso tem de sobrevir ao seu antítipo moderno, a saber, à cristandade.
5. (a) Que particularidades destacadas caracterizam o antítipo, a cristandade? (b) Qual era seu tipo antigo em vista de que similaridades?
5 Pois bem, a que antiga organização religiosa se assemelha a cristandade? A cristandade professa estar em relação com Deus, o Criador, a quem as inspiradas Escrituras Hebraicas chamam de Jeová ou Javé. (Sal. 83:18) Ela afirma estar em pacto com Jeová Deus, a saber, no “novo pacto”, e isto por intermédio do único mediador entre Deus e os homens, a saber, Jesus Cristo. Visto que as inspiradas Escrituras Hebraicas predisseram o Messias ou Cristo, ela aceita estas Escrituras Hebraicas como parte da Bíblia que ela usa nas suas igrejas. Afirma estar aguardando a vinda deste Messias ou Cristo, sua segunda vinda. Afirma estar passando por este mundo em direção à “cidade do Deus vivente, a Jerusalém celestial”. (Heb. 12:22) A que antiga organização religiosa se parece, pois, a cristandade? A resposta clara é: a Jerusalém e à província da Judéia, da qual Jerusalém era capital, há dezenove séculos atrás. Jerusalém e a Judéia possuíam as inspiradas Escrituras Hebraicas e afirmavam estar em pacto com Jeová Deus, mediante o profeta Moisés por mediador. Afirmavam aguardar a vinda do Messias ou Cristo.
6. Que atitude adotavam a maioria dos judeus do primeiro século para com Jesus Cristo, e o que faria recair sobre eles o seu proceder?
6 No primeiro século de nossa Era Comum, apenas uma minoria ou um restante dos judeus na Judéia e nas outras províncias romanas aceitou Jesus, o descendente do Rei Davi e do patriarca Abraão, como o prometido Messias de Deus. Com exceção deste restante, Jerusalém, a Judéia e os demais dos judeus dispersos em toda a terra o rejeitaram. Sua rejeição dele foi simbolizada quando o penduraram numa estaca de execução, fora dos muros de Jerusalém, no dia da Páscoa do ano 33 E. C. Mas os acontecimentos depois de ele ter sido pendurado aumentaram as muitas provas já fornecidas de que ele era realmente o predito Messias ou Cristo, o Filho de Deus. A rejeição dele havia de trazer conseqüências desastrosas sobre os judeus incrédulos, assim como havia sido predito em profecias antigas de Daniel e outros. — Dan. 9:24-27.
7. Quando fez Jesus a sua profecia sobre a desolação da Judéia a de Jerusalém, e que pergunta dos apóstolos suscitou esta profecia?
7 Três dias antes daquele dia crítico da Páscoa, ou em 11 de nisã de 33 E. C., o próprio Jesus Cristo profetizou a vindoura destruição de Jerusalém e de seu templo, bem como a desolação da Judéia, dentro da geração que então vivia. (Mat. 23:37 a 24:2; Mar. 13:1, 2; Luc. 21:5, 6; 19:41-44) Mais tarde, naquele mesmo dia, quatro dos apóstolos de Jesus perguntaram-lhe diretamente sobre isso, e, sem dúvida, os outros oito apóstolos se aproximaram para ouvir a resposta de Jesus. Segundo a narrativa do apóstolo Mateus (capítulo 24, versículo 3), perguntaram: “Dize-nos: Quando sucederão estas coisas e qual será o sinal da tua presença [parousia, em grego] e da terminação do sistema de coisas?” Fizeram-lhe a pergunta por ser profeta de Deus.
8. Em resposta, o que predisse Jesus primeiro, e como classificou então “todas essas coisas”?
8 Em resposta a esta pergunta de três pontos, Jesus predisse o aparecimento de falsos messias ou cristos, o irrompimento de guerras entre nações e reinos, fomes ou escassez de víveres, pestilências e terremotos. Isto havia de acontecer entre o tempo em que deu a profecia e a vindoura desolação de Jerusalém e da Judéia. Quanto ao significado destes acontecimentos, Jesus disse: “Todas essas coisas são um princípio das dores de aflição.” (Mat. 24:3-8) “Não fiqueis apavorados. Porque estas coisas têm de ocorrer primeiro, mas o fim não ocorre imediatamente.” — Luc. 21:9.
9. (a) Enquanto ocorressem tais coisas, que obra deviam os discípulos de Cristo fazer? (b) O que mostra se era pouco ou não o tempo que Jesus, lhes concedeu antes do fim, para fazerem esta obra?
9 O que haviam de fazer os apóstolos de Cristo enquanto ocorressem tais acontecimentos mundiais? Haviam de fazer a obra que lhes apresentara, dizendo: “Estas boas novas do reino serão pregadas em toda a terra habitada, em testemunho a todas as nações; e então virá o fim.” Haviam de fazer esta obra de pregação apesar da perseguição religiosa e do aumento do que é contra a lei, e do conseqüente esfriamento do amor da parte da maioria das pessoas religiosas. (Mat. 24:9-14; Mar. 13:9-13) “Em todas as nações têm de ser pregadas primeiro as boas novas.” (Mar. 13:10) Neste respeito, Jesus não concedia aos seus apóstolos e discípulos um tempo curto demais para dar este testemunho amplo do reino de Deus. Já no ano 60 ou 61 E. C., quando o apóstolo Paulo estava numa prisão romana por ter pregado o Reino de Deus, ele pôde escrever aos cristãos em Colossos, na Ásia Menor, e dizer: “Esperança daquelas boas novas que ouvistes e que foram pregadas em toda a criação debaixo do céu. Destas boas novas eu, Paulo, tornei-me ministro.” — Col. 1:23.
10. Quem pôde ouvir devido à pregação lá naquele tempo, adotando que proceder para a segurança?
10 O apóstolo Paulo pôde dizer isso cinco ou seis anos antes de os judeus na Judéia e em Jerusalém se revoltarem contra o Império Romano, o que fizeram no ano 66 E. C., três anos e meio antes da desolação de Jerusalém e de seu templo. Isto ofereceu a oportunidade de levar as boas novas do reino messiânico de Deus não só às nações gentias, mas também aos judeus circuncisos, espalhados pela terra, antes de sua capital religiosa, Jerusalém, ser destruída pelos romanos no ano 70 E. C. Podiam assim evitar a destruição junto com Jerusalém por não irem lá, por não subirem até lá cada ano para as suas festividades religiosas. Não ficariam chocados quando viesse “o fim” da Jerusalém judaica.
IDENTIFICADA POR JESUS A TÍPICA “COISA REPUGNANTE”
11, 12. (a) Após o término da pregação que sobreviria a Jerusalém? (b) Que palavras de Jesus, em Marcos 13:14-20, mostram se o “princípio das dores de aflição” havia de servir ou não como aviso final de que estava perigosamente próximo o fim de Jerusalém?
11 Após o término da predita pregação do reino de Deus em todo o mundo, poderia esperar-se o “fim” de Jerusalém e de seu templo. Pois bem, depois desta obra de pregação e depois da ocorrência das coisas que haviam de ser “um princípio das dores de aflição”, haveria algum indício especial de que “o fim”, estava realmente próximo para Jerusalém e seu templo? Sim, e Jesus predisse qual seria o indício e o que deviam fazer sem demora os cristãos no território em perigo. Segundo Marcos 13:14-20, Jesus prosseguiu, dizendo:
12 “No entanto, quando avistardes a coisa repugnante que causa desolação estar de pé num lugar onde não devia (que o leitor use de discernimento), então, comecem a fugir para os montes os que estiverem na Judéia. Que o homem que estiver no alto da casa não desça, nem entre para tirar algo de sua casa, e que o homem que estiver no campo não volte para as coisas deixadas atrás, para apanhar sua roupa exterior. Ai das mulheres grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Persisti em orar que não ocorra no tempo do inverno; pois estes dias serão dias de tribulação tal como nunca ocorreu desde o princípio da criação, que Deus criou, até esse tempo, nem ocorrerá de novo. De fato, se Jeová não tivesse abreviado os dias, nenhuma carne se salvaria. Mas, por causa dos escolhidos, que ele escolheu, abreviou os dias.”
13. (a) Segundo as narrativas de Marcos e Mateus, o que sobreviria então à Judéia e a Jerusalém? (b) Segundo a narrativa de Lucas, a vingança de quem se expressaria então, e o furor de quem se manifestaria?
13 Em vista desta profecia, a província da Judéia, inclusive sua capital religiosa de Jerusalém, sofreria uma tribulação como nunca houve e nunca mais haveria. No relato da profecia de Jesus em Mateus 24:21, 22, ela é chamada de “grande tribulação”. Segundo a narrativa em Lucas 21:22, 23, Jesus disse: “Estes são dias para se executar a justiça, para que se cumpram todas as coisas escritas. . . . Porque haverá grande necessidade na terra e furor sobre este povo.” Aqueles “dias” seriam de uma “grande tribulação” merecida. Seriam “dias para se executar a justiça”, ou literalmente “dias de Vigilância”, tratando-se de “vingança” da parte de Deus. Expressar-se-ia o “furor” de Deus sobre os habitantes da Judéia e de Jerusalém. Jesus Cristo cumpria aqui a profecia de Isaías 61:1, 2, proclamando “o dia de vingança da parte de nosso Deus”. — Veja Kingdom Interlinear em Lucas 21:22.
14. A fim de evitar a destruição junto com Jerusalém, que deviam fazer os cristãos judaicos na Judéia e em Jerusalém, e quando?
14 Os cristãos judaicos na Judéia e em Jerusalém deviam fugir depressa da possível destruição nesta “grande tribulação”. Quando! Assim que vissem surgir em volta de Jerusalém uma situação pela qual compreenderiam ‘que se tinha aproximado a desolação dela’. (Luc. 21:20) Mas quem causaria esta “desolação” de Jerusalém? Evidentemente aqueles “exércitos acampados” pelos quais a cidade seria “cercada”. Jesus chamou de “coisa repugnante” o meio de causar a desolação, segundo Marcos 13:14, onde se relata que Jesus disse: “No entanto, quando avistardes a coisa repugnante que causa desolação estar de pé num lugar onde não devia (que o leitor use de discernimento), então, comecem a fugir para os montes os que estiverem na Judéia.”
15, 16. (a) Em que lugar não devia estar a “coisa repugnante”? (b) Como que espécie de cidade se considerava então Jerusalém, e salvou-a esta condição da destruição?
15 Mas, qual é o lugar onde a “coisa repugnante” não devia estar? Uma coisa repugnante não tem direito de estar num lugar considerado sagrado; e é assim que Mateus 24:15, 16, chama o lugar, dizendo: “Portanto, quando avistardes a coisa repugnante que causa desolação, conforme falado por intermédio de Daniel, o profeta, estar em pé num lugar santo, (que o leitor use de discernimento,) então, os que estiverem na Judéia comecem a fugir para os montes.” Aquele lugar santo era Jerusalém e seus arrabaldes.
16 Por exemplo, Mateus 4:5 e 27:53 falam de Jerusalém como sendo a “cidade santa”. Depois que os judeus se revoltaram em 66 E. C. e as legiões romanas sob o General Céstio Galo foram desbaratadas, os judeus em Jerusalém cunharam alguns novos siclos de prata, nos quais, de um lado, havia inscritas as palavras “Jerusalém, a Santa”. Mas a condição santa usufruída por Jerusalém até o martírio de Jesus Cristo, fora das muralhas dela, não a salvou da desolação no ano 70 E. C., nem mesmo o seu templo, considerado especialmente sagrado. (Atos 21:28) O meio pelo qual Deus ia executar a “vingança” era a “coisa repugnante”.
17, 18. (a) Que profeta predisse esta “coisa repugnante”, e onde, no texto hebraico da profecia? (b) Onde mais se usa também esta expressão no texto grego da Versão dos Setenta?
17 É importante observar que a “coisa repugnante que causa desolação” é aquela de que se falou “por intermédio de Daniel, o profeta”. (Mat. 24:15) Sem dúvida, os apóstolos de Jesus Cristo sabiam o que fora predito a respeito da “coisa repugnante que causa desolação”, no texto hebraico da Bíblia, em Daniel 11:31 e 12:11. E uma vez que as narrativas da vida de Jesus Cristo, conforme apresentadas por Mateus e Marcos foram escritas em grego, sua referência à “coisa repugnante que causa desolação” incluiria também a tradução grega de Daniel 9:27 na Versão dos Setenta, onde ocorre a expressão grega similar e onde lemos:
18 “Ora, uma semana confirmará um pacto para muitos e na metade desta semana Meu sacrifício e Minha libação serão tirados. E sobre o templo haverá uma abominação das desolações, e no fim de um tempo, por-se-á fim àquela desolação.” — The Septuagint Bible, de Charles Thomson; veja também a de Bagster.
19. (a) Portanto, com que tinha relação a ‘‘coisa repugnante”, e, por isso, por que era apropriado que Jesus mencionasse isso? (b) Como reza, porém, o texto hebraico de Daniel 9:27?
19 Esta profecia de Daniel, proferida perto do fim dos setenta anos de desolação de Jerusalém, tinha que ver especificamente com a cidade de Jerusalém e a vinda do messias. Por isso era bem apropriado que Jesus Cristo se referisse a esta mesma profecia, em Mateus 24:15. Portanto, esta profecia de Daniel tinha que ver com o templo reconstruído em Jerusalém, conforme apresentada na tradução da Versão dos Setenta grega da profecia de Daniel. Indica que a “abominação das desolações” ou “a coisa repugnante que causa desolação” tinha algo que ver com o templo de Jerusalém, no qual o Messias se havia de apresentar. O texto hebraico da profecia de Daniel, conforme existe no texto massorético, reza um pouco diferente. A última parte de Daniel 9:27 reza: “E sobre a asa de coisas repugnantes [a asa de abominações, Young] haverá um causando desolação; e até a exterminação derramar-se-á a coisa determinada também sobre aquele que desola.”
20. Portanto, quem é indicado por esta profecia de Daniel 9:26 como sendo a “coisa repugnante que causa desolação”?
20 Assim, “aquele que desola” havia de vir sobre a asa de coisas repugnantes [ou: abominações]”. Tal desolador seria, concordemente, uma “coisa repugnante que causa desolação” ou uma “abominação das desolações”. (Versão dos Setenta) O que esta “coisa” causava era a desolação de Jerusalém e de seu templo. Isto foi profetizado na última parte do versículo precedente (26) da profecia de Daniel, que diz: “E a cidade e o lugar santo serão arruinados pelo povo de um líder que há de vir. E o fim disso será pela inundação. E até o fim haverá guerra; o que foi determinado são desolações.” (Dan. 9:26) Esta profecia identifica a “abominação das desolações” ou “a coisa repugnante que causa desolação” como sendo o “líder que há de vir”, junto com o “povo” que lidera.
21. Quem é mostrado pela história como sendo o “povo” e o “líder” que trouxeram a desolação, de acordo com Lucas 21:20, 21?
21 Quem mostra a história ser o “povo de um líder que há de vir”, povo que veio depois de Jesus ter sido ungido como “Messias, o Líder”, em 29 E. C. e que causou a ruína e a desolação da cidade de Jerusalém e do lugar santo do seu templo? Foi o “povo” militar sob o “líder” General Tito, filho do imperador romano Vespasiano. Isto se harmoniza com as palavras de Jesus aos seus apóstolos indagadores: “Quando virdes Jerusalém cercada por exércitos acampados, então sabei que se tem aproximado a desolação dela. Então, comecem a fugir para os montes os que estiverem na Judéia.” — Luc. 21:20, 21.
22. (a) De quem eram os “exércitos acampados” em torno de Jerusalém? (b) Portanto, que coisas mencionadas na profecia de Daniel e na profecia de Jesus mostram ser a mesma coisa?
22 Os “exércitos acampados” que cercaram Jerusalém no ano 66 E. C. e os “exércitos acampados” que a cercaram em 70 E. C. foram em ambos os casos exércitos da Sexta Potência Mundial, a saber, de Roma. Os que a cercaram em 66 E. C. foram tropas trazidas da Síria pelo General Céstio Galo. Depois da retirada surpreendente deste “povo” militar sob o General Galo, os cristãos judaicos em Jerusalém e na Judéia agiram segundo o conselho de Jesus e começaram a “fugir para os montes”, sendo que tais judeus convertidos estavam entre os “escolhidos” ungidos de Deus. Os “exércitos acampados” que cercaram Jerusalém no ano 70 E. C. foram as quatro legiões romanas sob o General Tito, a décima segunda legião no oeste, a quinta e a décima quinta no norte e a décima no leste. Estas legiões foram finalmente suplementadas por um muro fortificado construído pelos romanos em toda a volta da cidade, para fazer os judeus resistentes render-se pela fome. Assim, os “exércitos acampados” romanos, mencionados em Lucas 21:20, e a “abominação das desolações”, conforme mencionada em Daniel 9:27 (Versão dos Setenta), bem como a “coisa repugnante que causa desolação”, mencionada em Mateus 24:15 e Marcos 13:14, são a mesma coisa.
23. Como se pode demonstrar se o próprio Império Romano era ou não a “coisa repugnante”?
23 Vê-se assim que o Império Romano, como Sexta Potência Mundial, não era a “coisa repugnante que causa desolação”. O Império Romano havia ocupado a Judéia desde o tempo do General Pompeu, em 63 A. E. C. (exceto de 40 a 37 A. E. C.), e tinha tropas romanas aquarteladas em Jerusalém, no tempo em que o apóstolo cristão Paulo foi atacado por uma turba em Jerusalém, por volta de 56 E. C., e até à revolta judaica em 66 E. C. (Atos 21:31 a 23:31) Durante os poucos anos que os judeus na Judéia gozavam de independência, depois da sua revolta, não havia soldados romanos em Jerusalém ou em volta dela.
24. (a) Portanto, quem desempenhou especificamente o papel da “coisa repugnante”? (b) Trouxe isso o favor de Deus para o desolador?
24 Em 70 E. C., naturalmente, os “exércitos acampados”, sob o General Tito, eram os agentes do Império Romano e representavam este império, a Sexta Potência Mundial. Mas estes “exércitos acampados”, por fazerem diretamente a obra de desolação da cidade que era considerada “santa” e com a qual estiveram ligados o nome e a adoração de Deus, eram a “coisa repugnante que causa desolação”. Embora cumprissem as profecias dos profetas de Jeová, não lhes granjeou isso o favor dele. Ainda eram exércitos pagãos, levando os estandartes militares romanos que os soldados adoravam como deuses.
25. O que se pode dizer sobre se os atuais exércitos de Roma são ou não são a hodierna “coisa repugnante que causa desolação”?
25 Atualmente, neste século vinte de nossa Era Comum, Roma ainda é uma cidade, mas os exércitos de Roma não constituem, na inteireza ou em parte, a hodierna “abominação das desolações” ou “a coisa repugnante que causa desolação”. Isto não se dá por Roma ter afirmado ser “cristã”, desde os dias do Imperador Constantino, no quarto século. O Império Romano já deixou de existir há muito tempo. Foi suplantado pela Sétima Potência Mundial, a potência mundial dupla, anglo-americana.
26. Que pergunta surge com relação à Sétima Potência Mundial, especialmente em vista das profecias de Daniel 11:31 e 12:11?
26 Serão os exércitos desta Sétima Potência Mundial a hodierna “coisa repugnante que causa desolação”, embora esta Sétima Potência Mundial professe ser cristã? Segundo a profecia divina (Daniel 11:31 e 12:11), uma “coisa repugnante que causa desolação” havia de desempenhar um papel chocante neste século vinte. Qual é ela, e será o predito desolador da cristandade religiosa? Temos de examinar mais para ver isso.
[Nota(s) de rodapé]
a Citado do Capítulo 21 página 350, parágrafo 2 de The Jewish War (A Guerra Judaica) de Josefo, traduzido ao inglês por G. A. Williamson, de 1959, publicado como The Penguin Classics. Veja isto também na História dos Hebreus, Guerra dos Judeus Contra os Romanos (Flávio Josefo), tradução brasileira de Vicente Pedrosa, Volume Oitavo, Capítulo XLIII, página 331.
b Isaías, capítulo 28 versículo 21, reza: “Porque Jeová se levantará assim como no monte Perazim, ficará agitado como na baixada perto de Gibeão, para fazer o seu ato — seu ato estranho — e para executar a sua obra — sua obra é incomum.” — Tradução do Novo Mundo.
[Foto na página 396]
“Quando virdes Jerusalém cercada por exércitos acampados, então . . . comecem a fugir . . . os que estiverem na Judéia.” — Luc. 21:20, 21.
[Mapa na página 396]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
MAR MEDITERRÂNEO
Pela
Samaria
MONTE GERIZIM
SAMARIA
PERÉIA
Jericó
Jerusalém
Betânia
JUDÉIA
Ermo de Judá
Massada
IDUMÉIA
MAR SALGADO