As Responsabilidades Familiares de Manter Pura a Adoração de Jeová
PARA preservar a pureza da adoração de Jeová, a Bíblia põe a congregação cristã sob a responsabilidade de ‘remover o iníquo’ do meio dela. (1 Cor. 5:13) Êste ato de retirar, desassociar ou excomungar a pessoa da organização visível de Deus, preserva pura a sua adoração, protege a inteira congregação e também pode fazer o malfeitor se arrepender de suas obras ímpias e reconciliar-se com Deus. — 2 Cor. 7:10.
A edição de 15 de novembro de 1963 da revista A Sentinela explicou os princípios bíblicos envolvidos na desassociação ou excomunhão. Examinaram-se pela Palavra de Deus o propósito dêste proceder, as conseqüências para os desassociados e a atitude que outros membros da congregação cristã devem ter. Os princípios são explícitos, claros e fáceis de compreender, quando o desassociado não é parente de outros da congregação cristã. Corta-se tôda a associação com ele.
Mas o que dizer dos que são parentes do desassociado? Qual deve ser a atitude dos da família, os que estão ligados a êle por laços sanguíneos? Ao analisar a responsabilidade dos membros da família em manter pura a adoração de Jeová, há duas situações que precisam ser consideradas. A primeira é quando os parentes que têm boas relações com a congregação não moram sob o mesmo teto com o desassociado; isto é, quando os parentes não são do círculo familiar imediato. A outra situação é a em que os de boas relações moram sob o mesmo teto com o desassociado, o desassociado sendo membro do círculo familiar dêles.
PARENTES QUE NÃO ESTÃO NO MESMO CÍRCULO FAMILIAR
A desassociação dum parente não anula os laços sanguíneos naturais. Todavia, é bom ter presente que só se deve ter contato com o desassociado que mora fora do círculo familiar quando fôr absolutamente necessário, com referência a assuntos ligados aos interêsses familiares.
O princípio neste caso é similar ao mencionado no número de 15 de novembro de A Sentinela, na página 697, explicando que os cristãos empregados no mesmo lugar que o desassociado não devem falar com êle, a menos que seja necessário para fazerem um serviço, e mesmo assim a conversação deve limitar-se ao serviço. No caso de o parente desassociado não morar na mesma casa, o contato com êle também deverá restringir-se ao que for absolutamente necessário. Como se dá no emprêgo secular, o contato neste caso deve ser restrito ou até mesmo cortado completamente, se fôr possível.
Note-se um ponto importante: Embora haja laços naturais que obriguem contato de vez em quando, os laços espirituais devem ser cortados completamente. Não se deve palestrar sôbre assuntos de adoração com parentes que foram desassociados.
O que acontecerá se uma pessoa desassociada da congregação de Deus visitar inesperadamente os parentes dedicados? O que deverá fazer o cristão? Se esta fôr a primeira vez, o cristão dedicado poderá, se a sua consciência o permitir, demonstrar cortesias familiares nesta ocasião. Todavia, se a sua consciência não o permitir, êle não terá obrigação alguma de assim fazer. Porém, se demonstrar cortesia, o cristão deverá tornar claro que isto não será prática regular. Se se tornar um hábito, não será nada diferente do que associar-se com qualquer outro desassociado, e se violará o espírito do decreto de desassociação. O parente excomungado deve compreender que as suas visitas não mais são bem-vindas como antes, quando êle andava corretamente com Jeová. — 2 João 9-11.
É vital que pelas suas ações os cristãos dedicados da congregação tornem claro ao parente desassociado que sua conduta é desaprovada pela família. Precisam manter-se firmes pelos princípios justos. O malfeitor precisa entender que o seu estado mudou completamente, que seus parentes cristãos fiéis desaprovam todo o seu proceder ímpio e o mostram por limitar o contato ao inevitável.
A importância disto pode ser facilmente entendida nas cidades pequenas, onde certas congregações podem incluir vários grupos de parentes. Se todos mantivessem como antes os laços familiares com o excomungado, como se poderia dizer que os irmãos apóiam o decreto de desassociação, feito para manter limpa a organização visível de Deus? Estariam, de fato, violando o espírito da desassociação. Ademais, em vez de isto ser bom para com o desassociado, realmente causa-lhe dano.
Permitir-se a realização de negócios necessários de parentes com desassociados é uma exceção. As regras bíblicas são: “Fiqueis de ôlho nos que causam divisões e motivos para tropêço contra o ensino que aprendestes, e que os eviteis.” “Cesseis de ter convivência com qualquer que se chame irmão, que fôr fornicador, ou ganancioso, ou idólatra, ou injuriador, ou beberrão, ou extorsor, nem sequer comendo com tal homem.” “Removei o homem iníquo de entre vós.” — Rom. 16:17; 1 Cor. 5:11, 13.
O princípio fundamental sôbre o assunto, acha-se em Mateus 12:47-50. Alguém disse a Jesus: “Eis que a tua mãe e teus irmãos estão parados lá fora, procurando falar-te.” Jesus respondeu: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? . . . todo aquêle que faz a vontade de meu Pai que está no céu, êste é meu irmão, e minha irmã e minha mãe.”
Os princípios bíblicos não apóiam a associação regular de parentes com a pessoa desassociada que não more na mesma casa. Nosso principal objetivo deve ser manter pura a adoração de Jeová. Não devemos tentar descobrir quanto podemos associar-nos com parentes desassociados da organização de Jeová, mas devemos ‘cessar de ter convivência’ com êles.
DENTRO DO CÍRCULO FAMILIAR
Envolvem-se princípios adicionais quando o desassociado mora na mesma casa e faz parte do mesmo ci̇́rculo familiar dos cristãos. Alguns dos princípios bíblicos que precisam ser considerados são (1) 1 Timóteo 5:8: “Se alguém não fizer provisões para os seus próprios, e especialmente para os membros de sua família, tem repudiado a fé e é pior do que alguém sem fé.” (2) Mateus 22:21: “Pagai de volta a César as coisas de César, mas a Deus as coisas de Deus.” (3) Mateus l9:5, 6: ‘Por esta razão deixará o homem seu pai e sua mãe, e se apegará à sua espôsa, e os dois serão uma só carne’ . . . Portanto, o que Deus pôs sob o mesmo jugo, não o separe o homem.” (4) Colossenses 3:18, 19: “Vós, espôsas, estai sujeitas aos vossos maridos . . . Vós, maridos, persisti em amar as vossas espôsas.” (5) Efésios 6:1, 2: “Filhos, sêde obedientes aos vossos pais em união com o Senhor . . . ‘Honra o teu pai e a tua mãe.’
Requer-se, portanto, que o pai cristão e cabeça da casa continue a associar-se com os de sua casa que forem desassociados, e proveja alimento, abrigo e roupa para êles. Se o desassociado fôr um filho menor, os pais não poderão desligar-se dêle. Êle ainda faz parte da família. As leis de Deus requerem que os pais cumpram a sua responsabilidade. Até mesmo as leis de César requerem que os pais cuidem dos filhos menores. Portanto, os pais ainda estão sob o mandamento de Deus quanto à correção e disciplina do filho. Isto deve ser feito segundo os princípios bíblicos. Os pais devem exigir que o menor assista ao estudo da família e que ouça, embora não participe na palestra do grupo. Os pais devem exigir com firmeza que êle leia a Bíblia e as publicações que a explicam, tais como as revistas A Sentinela e Despertai! e outras ajudas bíblicas. Se o menor desassociado tiver perguntas, êle pode perguntar a um dos pais em particular e êste lhe mostrará como achar as respostas ou ele mesmo lhas dará, e só. Isto, junto com o menor freqüentar às reuniões cristãs, ajudará a sua restauração. (Tia. 5:20) Os pais devem compreender a seriedade da dedicação e do batismo do filho e reconhecer que a dedicação a Jeová põe a criança sob os arranjos disciplinares de Jeová, quando as leis dêle são violadas.
Com referência à relação entre marido e mulher, as palavras de Jesus em Mateus 19:5, 6 precisam ser obedecidas. Ninguém pode separar marido e mulher, nem mesmo se um dos dois fôr desassociado. A exceção, naturalmente, é quando houve adultério. Neste caso, o cônjuge inocente pode separar-se se assim desejar. (Mat. 19:9) Ao assistir às reuniões congregacionais no Salão do Reino, o marido, a mulher e os filhos devem permanecer juntos, não se separando por causa de um ser desassociado. Não envolve qualquer comunicação espiritual neste caso. Estão meramente sentados juntos qual família. Não se deve mexer com o laço familiar. Todavia, seria incorreto o cônjuge de boas relações tentar forçar os irmãos na congregação a se associarem com o cônjuge desassociado, quando palestra com êles. Embora permaneça a unidade familiar, contudo, o membro excomungado não pode associar-se com os membros da congregação.
Mas será que se aplica êste princípio de ficarem juntos a um casal de noivos, sendo um dêles desassociado? Não, pois o casamento não foi realizado. O cristão deve separar-se de alguém desassociado. “Saí do meio dêles e separai-vos.” (2 Cor. 6:17) Se o cristão desrespeitar isto, casando-se com alguém desassociado, êle também poderá ser desassociado.
Embora os laços familiares consumados permaneçam intatos quando alguém é desassociado e as funções normais da casa continuem diàriamente como de costume, há algo que termina. É a comunicação espiritual entre o desassociado e os outros do círculo familiar. Assim, semelhante aos exemplos mencionados acima, sendo alguém desassociado, não mais se palestra com êle sôbre assuntos que envolvem a adoração.
Portanto, se a mulher fôr excomungada, o marido continuará a dirigir o estudo bíblico familiar com os filhos e em ocasiões apropriadas dirigirá os filhos em oração. A espôsa pode sentar-se e ouvir a oração ou acompanhar o estudo, recebendo assim informação valiosa, mas êle não pode participar na palestra.
Se o marido fôr desassociado, a mulher e os filhos ainda estarão sujeitos ao cabeça em assuntos familiares. Tal chefia não é cancelada. A espôsa não se torna o cabeça da casa nos deveres diários. Mas se o marido desejar sinceramente fazer o que é direito, tomará ações necessárias para reconciliar-se com Jeová e com a sua organização visível. Reconhecerá que não está qualificado para dirigir os assuntos familiares espirituais. Todavia, a espôsa, em ocasião conveniente, quando o marido não estiver para manobrar a situação, arranjará um estudo bíblico com os filhos.
O mesmo princípio se aplica às refeições. Não se deve ter associação espiritual nesta ocasião. O cabeça desassociado não está em condição de dirigir a sua família em oração, nem pode corretamente pedir que outrem represente a família em oração, sendo que assim o estaria fazendo sob a sua direção. Os que desejam orar devem fazê-lo particularmente. Todavia, na sua ausência, os fiéis membros dedicados da família podem associar-se em oração.
Se o chefe excomungado da casa insistir em fazer oração nas refeições, os membros dedicados da família não dirão “Amém” no fim da oração, nem ficarão de mãos dadas, como alguns têm costume, pois assim participariam espiritualmente. Poderão inclinar a cabeça e fazer as suas próprias orações em silêncio a Jeová. Se êle insistir em expressar seu conceito sôbre assuntos religiosos, não se pode impedir que assim o faça na sua própria casa; mas os fiéis membros cristãos da família não são obrigados a participar na palestra. Mostrarão respeito pelo decreto que desassocia o malfeitor da organização de Deus. “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens.” — Atos 5:29.
É responsabilidade séria os cristãos manterem pura a adoração de Jeová. Para fazer isto, o cristão obedecerá aos requisitos justos de Jeová, até mesmo quando membros de sua própria família são cortados da organização visível de Deus. O amor a Deus vem em primeiro lugar. O cristão toma medidas apropriadas para mostrar que concorda com os caminhos de Jeová, agradando-lhe assim e mantendo a adoração pura.