Capítulo 5
Por que permitiu Deus o sofrimento na terra?
1, 2. Como teve início a raça humana e que espécie de início foi?
A EVIDÊNCIA científica e a Bíblia atestam que todos os humanos descendem de um único casal original. Daí, após o Dilúvio, formaram-se três ramos principais da família humana, da descendência dos três filhos de Noé. — Gênesis 3:20; 9:18, 19.
2 O apóstolo Paulo disse: “[Deus] fez de um só homem toda nação dos homens, para morarem sobre a superfície inteira da terra.” (Atos 17:26) Este homem Adão e sua esposa Eva foram criados perfeitos, assim como todas as obras de Deus. — Deuteronômio 32:4; Gênesis 2:18, 21-23.
3. Como se comparava Adão com os anjos, na época em que foi criado?
3 Adão era filho de Deus, pleno membro da família de Deus, feito apenas um pouco inferior aos anjos. (Lucas 3:38) Os anjos são criaturas espirituais, maiores em poder e capacidade do que os homens. (2 Pedro 2:11) Mas, em parte alguma diz a Bíblia que os anjos têm maior capacidade moral. Quando Jesus Cristo era homem na terra, nascido de mulher, sua integridade moral era igual àquela de qualquer outro da família universal de Deus, no céu e na terra. — Salmo 8:4, 5; Hebreus 2:6-9; 7:26.
4, 5. Como é que a doença, as dificuldades e o sofrimento sobrevieram a toda a raça humana?
4 Então, como foi que a imperfeição e suas acompanhantes dificuldades, doenças e lutas vieram a ser a sorte da raça humana? A Bíblia explica que, sem culpa própria, todos os humanos, desde Adão e Eva, nasceram com imperfeições. Ela declara: “Por intermédio de um só homem entrou o pecado no mundo, e a morte por intermédio do pecado, e assim a morte se espalhou a todos os homens, porque todos tinham pecado.” — Romanos 5:12.
5 Segundo as leis da genética, os filhos herdam as tendências e as características, bem como os defeitos, de seus pais. Mas, como foi que o perfeito Adão se tornou deficiente, imperfeito e pecador? Por que se permitiram desde então as dificuldades e o sofrimento?
A SITUAÇÃO EXCELENTE DE ADÃO
6. Como foi Adão criado ‘A imagem e semelhança de Deus’?
6 Adão foi criado à imagem e semelhança de Deus. (Gênesis 1:26) Isto significa que ele possuía qualidades morais e era capaz de ter espiritualidade. Podia saber e aprender sobre Deus, e podia ter uma relação filial com Deus. Tinha a faculdade de raciocínio e a de consciência — o senso do que é certo e do que é errado. Adão era capaz de representar a Deus na terra, refletindo a glória de Deus — seus belos atributos — perante aqueles que haviam de nascer.
7. (a) Como proveu Deus as necessidades de Adão, que era novato na terra? (b) Como devia ter Adão correspondido a isso?
7 Deus estava em comunicação com Adão, possivelmente cada dia. De acordo com Gênesis 3:8, foi “por volta da viração do dia” que Adão e Eva “ouviram a voz de Jeová Deus” A referência a um período específico durante o dia sugere que esta talvez fosse a hora costumeira de Deus se comunicar com o homem. Sim, o Altíssimo tomava tempo para instruir Adão, como novato na terra. (Gênesis 1:28-30) Este primeiro homem precisava da ajuda e da instrução de Deus, para poder exercer o devido domínio sobre a criação inferior. Adão possuía plena capacidade para desenvolvimento espiritual e para cultivar amor. Podia aumentar em apreço e em amor pelo seu Criador, ao progredir no saber. (1 João 4:7, 8) Podia estabelecer uma relação ainda mais íntima com Ele.
8. Por que era essencial que Adão aprendesse muito sobre a vida vegetal e animal?
8 A Bíblia não diz por quanto tempo Deus se ocupou em dar instruções ao seu filho. Mas, era essencial que Adão aprendesse, entre as primeiras coisas, sobre a vida vegetal e a vida animal, visto que devia ser cultivador perito e instrutor de seus filhos na arte de jardinagem e de tratar dos animais domésticos. (Gênesis 2:15, 19) É evidente que isto podia levar algum tempo.
9. Que tarefa recebeu Adão de Deus, segundo Gênesis 2:19, 20, e de que modo podia Adão desincumbir-se dela corretamente?
9 Adão morava no lar ajardinado, edênico, que Deus fizera para ele. Esse era provavelmente uma grande região, que Adão podia percorrer. De modo que Adão podia observar os animais no seu habitat, de qualquer modo que Deus lhe facilitasse isso. Adão podia então dar-lhes nomes, segundo as suas tendências e caraterísticas. Não havia necessidade de pressa. — Gênesis 2:8, 19, 20.
10. Com o treinamento que Adão receber, o que estaria habilitado a fazer, mas que cuidado devia ter?
10 Embora Adão pudesse solucionar problemas que surgissem dentro do alcance de seu conhecimento, teria de recorrer a Deus como Projetista e Diretor quanto a como ‘sujeitar a terra’. O solo inculto, fora do jardim do Éden, teria de ser transformado num “lar” para bilhões de pessoas que ainda viriam. E assim como o construtor segue a planta do arquiteto, assim o homem teria de seguir fielmente a orientação sábia de Deus, a fim de dar beleza à terra e para o maior conforto e usufruto da raça humana. — Lucas 16:10.
11. No começo, como se desincumbiu Adão de sua responsabilidade, e que deveres o aguardavam?
11 Como se saiu Adão quanto às coisas com que Deus o abençoara? Por um tempo, saiu-se bem, instruindo sua esposa sobre o que havia aprendido de Deus. (Compare Gênesis 2:16, 17, com Gênesis 3:2, 3.) Por Jeová ser seu Criador, ele era seu Deus. A fim de continuarem a manter a relação correta com Deus, Adão e Eva precisavam estribar-se nele e obedecer-lhe como sendo o Governante Soberano. Ao passo que aumentasse sua família, para cobrir a terra, a sujeição ao governo de Deus seria essencial, para haver ordem e harmonia. Adão e Eva podiam instruir e educar seus filhos, a fim de que estes, por sua vez, pudessem dar glória a Deus.
‘A ÁRVORE DO CONHECIMENTO’
12. Que perspectiva tinham Adão e Eva, segundo Gênesis 2:17?
12 Deus dissera a Adão que podia comer livremente de toda árvore do jardim, exceto da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau. (Gênesis 2:17) A este casal e seus descendentes apresentava-se a vida eterna, condicionada apenas pela sua obediência. Seria uma desgraça para toda a família de Deus, no céu e na terra, se Adão fosse tão desrespeitoso, ao ponto de desobedecer a Deus.
13, 14. (a) Por que era inteiramente próprio e correto que Adão obedecesse a Deus? (b) O que deixou de fazer Adão, com respeito às boas coisas que possuía, e que atitude desenvolveu?
13 Deus dera a Adão tudo para o usufruto dele. O próprio Adão não fizera com que a terra produzisse as boas coisas para comer. Não foi ele quem criou a sua bela companheira, Eva. Não foi ele quem fez o seu próprio corpo, com as faculdades que o habilitavam a usufruir as coisas que possuía. Mas, embora Adão amasse e usufruísse a bela vida que se lhe concedera bondosamente, não continuou no proceder obediente.
14 Por fim, Adão passou a colocar seus supostos interesses acima daqueles de seu Pai celestial. Achava mais importantes os seus desejos imediatos, do que a família de Deus e os descendentes que havia de ter. Até mesmo homens imperfeitos desprezam alguém que trai a sua família ou que vende os seus próprios filhos em escravidão e morte. E isto foi o que Adão fez. — Romanos 7:14.
15, 16. (a) Era real a “árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau”? (b) Que outras perguntas surgem a respeito desta árvore?
15 Em que consistia o pecado de Adão? Relacionava-se com a “árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau”. Tem havido muita conjetura sobre esta árvore. Era mesmo uma árvore? Qual era o “conhecimento” e ‘o que é bom e o que é mau’? Por que colocaria Deus tal árvore no jardim?
16 A Bíblia indica que a árvore era real, falando dela como sendo uma das árvores frutíferas do jardim. (Gênesis 2:9) Qual era o “conhecimento” representado pela árvore? A versão católica, em inglês, da Bíblia de Jerusalém faz um comentário pertinente, numa nota ao pé da página, sobre Gênesis 2:17:
17. Segundo uma nota no pé da página na versão católica, em inglês, da Bíblia de Jerusalém, que espécie de “conhecimento” representava a árvore?
17 “Este conhecimento é um privilégio que Deus reserva para si mesmo e de que o homem se apodera por pecar, [Gênesis] 3:5, 22. Por isso, não significa onisciência, que o homem decaído não possui; nem é discriminação moral, porque o homem, antes de cair, já a possuía e Deus não a podia negar a um ser racional. É o poder de decidir por si mesmo o que é bom e o que é mau, e de agir de acordo, uma reivindicação de completa independência moral, pela qual o homem se nega a reconhecer sua condição de ser criado. O primeiro pecado foi um ataque contra a soberania de Deus, um pecado de orgulho.”
18. (a) O que simbolizava a árvore? (b) Antes de o homem perfeito pecar por comer da ‘árvore do conhecimento’, que decisão tecla de tomar?
18 A árvore simbolizava, na realidade, a fronteira — a linha de demarcação — ou o limite do devido domínio do homem. Era certo e correto, sim, era essencial que Deus informasse Adão sobre esta fronteira. Comer o homem perfeito daquela árvore exigiria o consentimento deliberado de sua vontade indicaria a decisão feita de antemão, de que se retirava da sujeição ao governo de Deus, para seguir seu próprio caminho, fazendo “o que é bom” ou “o que é mau”, segundo as suas próprias decisões.
DESAFIADA A SOBERANIA DE DEUS
19. O que trouxe sobre Adão e os filhos dele o seu pecado deliberado, em harmonia com o princípio expresso em Romanos 1:28?
19 De modo que o homem seguiu um caminho independente de Deus. Deus não interferiu no livre-arbítrio de Adão. Mas a escolha errada de Adão trouxe sobre ele e seus filhos toda espécie de problemas difíceis e humanamente insolúveis. — Romanos 1:28.
20. De que modo suscitou o ato errado de Adão uma pergunta que incluía toda a humanidade?
20 Além disso, havia mais envolvido na questão do que apenas a rebelião de Adão e sua esposa. A rebelião do filho terreno de Deus suscitou a pergunta: Haveria alguém, na família terrena de Deus, o qual, usando de livre-arbítrio, escolheria ser leal ao governo de Deus, e permaneceria ele leal a Deus sob pressão ou sob a tentação de ganhar algo para si, por meio da desobediência? Assim, a integridade e a fidelidade de cada homem e mulher, a serem trazidos a existência, ficariam em dúvida na mente de todas as criaturas de Deus, no céu e na terra.
21. O pecado de Adão suscitou que questão muito maior do que a da integridade humana?
21 Esta questão, porém, era subsidiária ou secundária a uma muito maior — o desafio a respeito da legitimidade da soberania ou do governo de Deus — conforme ilustrado por acontecimentos ocorridos uns 2.500 anos mais tarde. Uma ilustração da questão envolvida é encontrada no que aconteceu na vida real com o homem Jó cujo registro foi preservado para nosso benefício.
22. Como mostra o livro de Jó que o assunto da controvérsia tornou-se realmente a integridade e a lealdade de cada humano?
22 O livro de Jó revela que um anjo celestial de Deus lançou o desafio. Compareceu perante o Altíssimo, acusando com insolência o servo devotado de Deus, Jó e dizendo que a lealdade deste a Deus baseava-se exclusivamente no egoísmo. Deus permitiu que este filho espiritual submetesse Jó a uma prova de grande adversidade. Embora Jó se mostrasse fiel sob prova, o rebelde ainda o acusou de ter mau coração. Jeová disse-lhe: “Fixaste teu coração no meu servo Jó que não há ninguém igual a ele na terra, homem inculpe e reto, temendo a Deus e desviando-se do mal? Ele ainda se agarra à sua integridade [irrepreensibilidade, fidelidade a Deus], embora me instigues contra ele para tragá-lo sem causa.” O anjo respondeu: “Pele por pele, e tudo o que o homem tem dará pela sua alma. Ao invés disso, estende agora tua mão, por favor, e toca-lhe até o osso e a carne, e vê se não te amaldiçoará na tua própria face.” — Jó 2:2-5.
23. Qual foi o resultado de Jó se agarrar à sua fidelidade, sob severo sofrimento?
23 Deus deixou que Jó fosse provado, sabendo que permaneceria fiel. E Jó realmente não saiu perdendo por sofrer por um pouco. Pois, no fim da prova, Deus recompensou Jó muito além do que usufruía antes disso, dando-lhe inclusive mais 140 anos de vida. — Jó 42:12-16; veja Hebreus 11:6.
24. (a) Na realidade, quem foi que instigou e promoveu a rebelião contra Deus? (b) Portanto, tinham Adão e Eva alguma desculpa?
24 Este vislumbre dum acontecimento invisível no céu ajuda-nos a entender a questão real quanto a por que Deus permitiu o mal. O anjo desafiador, conhecido como Satanás, o Diabo, foi realmente quem instigou a rebelião. Não obstante, o primeiro casal humano, que tomou o lado de Satanás, quando ele começou a lançar o desafio, estava deliberadamente culpado, sem desculpa.
25, 26. (a) Visto que foi Satanás, o Diabo, quem atacou Adão quanto à sua lealdade a Deus, será que Deus deixou Adão injustamente exposto a tal ataque? (b) Como pôde ter raciocinado Satanás, quando estava prestes a atacar Eva?
25 Deus havia dado a Adão todas as instruções e oportunidades necessárias, a fim de que estivesse plenamente preparado para permanecer leal a Deus, porque Deus nunca deixaria um servo Seu exposto a um ataque contra o qual não tivesse defesa. (1 Coríntios 10:13) Por conseguinte, Adão, com perfeita liberdade de exercer a sua vontade, podia ter permanecido firme e demonstrado lealdade e fidelidade. Não havia nenhum fator além de seu controle, para fazê-lo pecar, como se dá hoje no caso da humanidade imperfeita. O pecado dele era inteiramente proposital e deliberado.
26 Contudo, o adversário de Deus, o rebelde filho espiritual, procurou uma oportunidade para iniciar uma rebelião no universo. Quis usar Adão e Eva como instrumentos para lançar seu desafio ao governo de Deus. A narrativa bíblica nos conta como ele atacou primeiro a mulher. Satanás estava confiante em que, tendo vencido Eva, poderia exercer maior pressão sobre Adão.
REBELIÃO CONTRA DEUS
27. Embora fosse uma serpente que falou a Eva, como sabemos que a serpente foi realmente apenas instrumento do Diabo?
27 Como foi realmente lançado o desafio ao governo de Deus, intentado por Satanás? O relato bíblico diz que um humilde animal do campo, uma serpente, falou a Eva. Naturalmente, nenhum animal pode falar por si mesmo. Satanás, o Diabo, foi realmente quem falou, usando a serpente. Por causa desta fraude e do uso da serpente, Deus o chamou de “serpente [enganador] original”. (Revelação 12:9) Jesus salientou que Satanás foi o instigador do desafio à soberania de Deus, quando disse que o Diabo era o “pai da mentira” e homicida, desde o começo de seu proceder rebelde, no Éden. (João 8:44) o registro bíblico sobre esta primeira mentira e a rebelião reza:
28. Em vista da narrativa de Gênesis 3:1-5 (a) Como e que a pergunta que Satanás fez a Eva deu a entender que Deus estava negando a ela algo a que tinha direito? (b) Desconhecia Eva a lei de Deus, sobre não comer da ‘árvore do conhecimento’?
28 “Ora, a serpente mostrava ser a mais cautelosa de todos os animais selváticos do campo, que Jeová Deus havia feito. Assim, ela começou a dizer à mulher: ‘É realmente assim que Deus disse, que não deveis comer de toda árvore do jardim?’ A isso a mulher disse à serpente: ‘Do fruto das árvores do jardim podemos comer. Mas, quanto a comer do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: “Não deveis comer dele, não, nem deveis tocar nele, para que não morrais.”’ A isso a serpente disse à mulher: ‘Positivamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no mesmo dia em que comerdes dele, forçosamente se abrirão os vossos olhos e forçosamente sereis como Deus, sabendo o que é bom e o que é mau.’” — Gênesis 3:1-5.
29, 30. Como havia Eva encarado o fruto da ‘árvore do conhecimento’ antes de Satanás mentir, e como o encarava depois da mentira?
29 Até aquele tempo, a mulher havia obedecido à injunção de não comer da “árvore do conhecimento”, à qual a serpente se referiu. Ela tinha toda espécie de alimento para comer e não padecia necessidade. Entendia que comer da árvore traria maus resultados. Não era que o fruto fosse venenoso, mas Deus havia dito que comer dele traria a condenação, à morte por Ele. Ora, quando alguém, na floresta, vê certas plantas, tais como o sumagre-venenoso ou certas árvores frutíferas, de que é perigoso comer, sente-se atraído ou impelido a tocar nelas, e tomar e comer delas? Não, não há tal atrativo. Assim foi com Eva. Mas, a mentira de Satanás deu então atrativo à árvore Ela creu nas palavras dele, proferidas por meio da humilde serpente, mais do que nas de seu Criador. Lemos:
30 “Conseqüentemente, a mulher viu que a árvore era boa para alimento e que era algo para os olhos anelarem, sim, a árvore era desejável para se contemplar. De modo que começou a tomar do seu fruto e a comê-lo.” — Gênesis 3:6.
EVA FOI ENGANADA
31. O que talvez raciocinasse Eva, quando a serpente lhe falou?
31 Por que Eva não ficou pasmada e por que não fugiu quando a serpente lhe falou, o que era de surpreender? A Bíblia não o diz. É possível que ela viu a serpente na árvore e que as ações dela lhe possam ter atraído a atenção. Sabia que era um animal muito cauteloso. De modo que a serpente pode ter parecido muito sábia, e quando falou, parecia ter sabedoria especial.
32, 33. (a) Que liberdade, achava Eva, lhe daria comer ela do fruto? (b) De que modo realmente perdeu Eva a liberdade ao adiantar-se a seu marido?
32 De qualquer modo, a mentira proferida por meio deste animal convenceu-a de que ela não morreria se comesse do fruto. Antes, acreditava que obteria poderes especiais — ser semelhante a Deus, livre e independente, para julgar por si mesma o proceder a adotar. Ela não dependeria de ninguém, nem estaria sujeita a alguém. Certamente, abandonou a sujeição ao seu marido, que lhe havia declarado a ordem de Deus. Foi adiante e tomou do fruto, sem consultá-lo.
33 Foi por isso que o apóstolo Paulo enfatizou a submissão por parte da mulher cristã. Indicou que Eva, pensando que conseguiria a independência absoluta, na realidade estava fazendo exatamente o oposto e trazendo sobre si mesma a maior dificuldade. Tentou fazer algo para o qual não estava equipada. Paulo disse: “Adão não foi enganado mas a mulher foi totalmente enganada e veio a estar em transgressão.” — 1 Timóteo 2:11-14.
ADÃO TEVE FALTA DE FÉ
34, 35. (a) Visto que Adão não foi enganado, por que participou da rebelião? (b) Por que foi maior, para Adão, o problema criado pelo pecado de Eva, do que seus problemas cotidianos em cuidar do jardim do Éden, e como demonstrou ele ter falta de fé?
34 Visto que Adão não foi enganado, o que o impeliu a juntar-se a sua esposa na rebelião? Ele deixou que o anelo que tinha de sua esposa, Eva, tivesse prioridade sobre a sua relação com Deus. Portanto, quando viu sua esposa, tomou dela o fruto. — Gênesis 3:6.
35 A Bíblia não registra as palavras trocadas entre Adão e Eva. Mas, de repente, ele ficou ali com um seríssimo problema ‘na mão’. Adão talvez tenha tido problemas a resolver com relação ao seu domínio sobre os animais e ao cultivo do jardim mas esta situação com Eva era algo que lhe tocava diretamente o coração e testava sua lealdade. Tal vez se perguntasse: ‘Por que tinha de me acontece algo assim, tão de repente e tão chocante, no meio duma vida feliz? Por que permitiu Deus que ocorresse?’ Sua fé em Deus ficou testada. Devia ter demonstrado amor superior a Deus. Devia ter sabido que Deus o apoiaria. — Salmo 34:15.
36, 37. (a) Além de falta de fé, como revelou Adão que procurava desculpar-se? (b) Mas, era ele plenamente responsável pela sua rebelião?
36 Deus, certamente, teria cuidado de seu filho Adão, se este tivesse permanecido leal. Teria resolvido a questão para a completa felicidade de Adão. (Veja o Salmo 22:4, 5.) Mas, Adão não exerceu tal fé. Além disso, procurou desculpar-se, dizendo: “A mulher que me deste para estar comigo, ela me deu do fruto da árvore e por isso o comi.” — Gênesis 3:12.
37 A resposta de Adão, em que ele se desculpava, acusou a mulher como sendo a culpada. Mas Adão era plenamente responsável, e, como chefe de sua família, era com ele que Deus lidava diretamente. Era repreensível. Na realidade, Adão adotou o proceder descrito em Tiago 1:13-15:
38. Como descreve Tiago 1:13-15 o processo pelo qual os humanos perfeitos, Adão e Eva, vieram a pecar?
38 “Quando posto à prova, ninguém diga: ‘Estou sendo provado por Deus.’ Não; pois, por coisas más, Deus não pode ser provado, nem prova ele a alguém. Mas cada um é provado por ser provocado e engodado pelo seu próprio desejo. Então o desejo, tendo-se tornado fértil, dá à luz o pecado, o pecado, por sua vez tendo sido consumado, produz a morte.”
PREJUDICADA TODA A RAÇA HUMANA
39. (a) Como veio Adão a morrer “no dia” em que pecou? (Gênesis 2:17) (b) Que efeito físico teve a perda de espiritualidade sobre ele e também sobre seus filhos?
39 Adão tornou-se com isso pecador. De acordo com o significado da palavra hebraica para “pecado”, ele ‘errou o alvo’. Não conseguia mais estar à altura das normas perfeitas. Morreu em sentido espiritual e também começou a morrer fisicamente, naquele dia. Adão tinha então uma falta, uma fraqueza moral, que também o afetava fisicamente porque “o aguilhão que produz a morte é o pecado”. (1 Coríntios 15:56) Com a ruína da espiritualidade de Adão, seu funcionamento mental ficou desequilibrado, e isto contribuiu para o desequilíbrio e a deterioração de seu corpo físico. Adão tinha de morrer. (Gênesis 3:19) Não podia transmitir a plena força moral ou física aos seus filhos, porque não mais a possuía para dar. Por conseguinte, “todos pecaram e não atingem a glória de Deus”, que Adão antigamente refletia na sua perfeição. — Romanos 3:23.
40. (a) Por que expulsou Jeová Deus a Adão do jardim do Éden, depois de esse ter pecado? (b) Que ação similar é tomada hoje pelas congregações cristãs, conforme mostra 1 Coríntios 5:11-13?
40 Sendo pecador, Adão não tinha mais direito a ter comunicação com Jeová Deus. Não tinha mais direito a continuar a viver no jardim paradísico. Deus, evidentemente, falou então ao seu primogênito Filho celestial. Este Filho havia sido usado por Jeová na obra criativa. (Colossenses 1:13, 15, 17) Jeová disse: “‘Eis que o homem se tem tornado como um de nós, sabendo o que é bom e o que é mau, e agora, a fim de que não estenda a sua mão e tome realmente também do fruto da árvore da vida, e coma, e viva por tempo indefinido . . .’ Com isso, Jeová Deus o pôs para fora do jardim do Éden para lavrar o solo de que tinha sido tomado.” (Gênesis 3:22, 23) Assim também hoje, as Escrituras ordenam que a pessoa má ou imoral, que é impenitente, tem de ser desassociada da comunhão e associação da congregação cristã. — 1 Coríntios 5:11-13.
41. Visto que todos herdaram a fraqueza, pode alguém lançar a culpa de todos os seus atos maus sobre este fato? (Romanos 3:23; 5:12)
41 O que significava tudo isso para a raça humana? O resultado foi a fraqueza herdada. No entanto, ninguém pode de direito lançar sobre isso a culpa de todas as ações más que faz, porque, na realidade, todos podem pecar propositalmente e assim ter responsabilidade individual. O pecado multiplicou-se na raça humana, de modo que se manifestou a sua extrema maldade, com todas as dores e tristezas que isso traz. O pecado tem reinado sobre a humanidade, permeando quase todos os pensamentos e ações; o egoísmo está arraigado. — Romanos 5:14.
A REAÇÃO DE DEUS AO DESAFIO
42. (a) Qual foi o desafio quanto ao governo ou a soberania de Deus? (b) O que afirmou ou argumentou o Diabo sobre isso?
42 Felizmente, por causa da benignidade imerecida de Deus e de seu amor à raça humana, ele não abandonou a humanidade a ponto de que esta ficasse permanentemente extinta. Pense, porém, na situação em que Deus foi colocado: Seu governo, sua soberania, foi desafiada quanto à sua legitimidade, sua justiça e seu mérito. Segundo o Diabo, Jeová não estava governando por meio do amor. Ele afirmou que o motivo pelo qual as criaturas inteligentes de Deus obedeciam não era o de amarem o governo de Deus e o preferirem acima de todos os outros. Não, ele sustentou que a soberania de Deus derivava ‘seu apoio dos outros apenas em resultado de Ele dar todas as coisas boas àqueles que lhe obedecem — que Ele, na realidade, governava por meio duma forma de suborno. (Jó 1:9-11) Além disso, o Diabo acusou a Deus de negar algo às Suas criaturas, a que estas tinham direito. Uma destas coisas negadas era a independência completa e separada Dele, o direito de agirem assim como bem entendessem. — Gênesis 3:5.
43. Por que o Deus Todo-poderoso não distraiu ali mesmo o Diabo, mas permitiu que a iniqüidade continuasse por um tempo?
43 Deus sabia que seu governo era correto. Podia ter destruído o Diabo lá naquele instante. Mas isto não teria solucionado a questão suscitada. Porque o desafio de Satanás, apoiado por Adão e Eva, não só caluniava o nome e o governo de Deus; lançava também uma sombra sobre o nome de cada pessoa inteligente no universo. Portanto, por causa de seu próprio nome, como rei, e por causa de toda a sua família de pessoas fiéis, vivendo naquele tempo e no futuro, Deus permitiu que a iniqüidade continuasse por um tempo limitado.
44. (a) Onde estaríamos nos viventes, hoje, se Deus tivesse logo morto a Adão e Eva? (b) Que confiança tinha Deus nos homem que haviam de nascer, e mostrou-se justificada esta confiança?
44 Se Deus tivesse logo morto a Adão e Eva, nenhum de nós, os que vivemos na terra, jamais teríamos nascido. Embora Adão e Eva se tornassem maus, Deus sabia que nem todos os descendentes deles seriam assim. Muitos serviriam a Deus durante todas as provas que Satanás pudesse trazer. Portanto, Deus permitiu que Satanás continuasse, como proscrito, e permitiu que Adão e Eva tivessem filhos. Muitos dos descendentes deles provaram ser fiéis, conforme atesta o registro bíblico — Hebreus, capítulo 11.
45. (a) Quem tem sofrido por mais tempo, por Deus ter permitido a iniqüidade? (b) De fato, quem tirou proveito da permissão da iniquidade por um tempo, por Deus?
45 Embora as condições tenham sido adversas, a humanidade, na maior parte, tem sido feliz em usufruir certa medida de vida. Na realidade, poucas pessoas sofreram por mais do que apenas comparativamente poucos anos de sua vida. Assim, apesar das dificuldades, a maioria alegra-se de ter nascido. Entretanto, Jeová Deus tolerou estas coisas más, observando a iniqüidade e o sofrimento, durante cerca de 6.000 anos. Sendo Pai de sua família universal, isto o tem entristecido. (Veja o Salmo 78:40.) Tinha o poder de impedir a iniqüidade em qualquer ocasião, mas refreou-se com certo objetivo, não para seu benefício pessoal, mas para o das criaturas inteligentes do universo, agora e por todo o tempo vindouro. (Lucas 18:7, 8; Jó 35:6-8) A história do mundo e a Bíblia indicam que a questão está chegando ao tempo de ser completamente resolvida.
46. Que benefício se obterá por se deixar que a questão do governo de Deus seja plenamente examinada, embora isso já leve cerca de 6.000 anos?
46 Havia um motivo legal para a ação de Deus. Por exemplo, quando um caso é levado perante o Supremo Tribunal e ali argumentado e plenamente decidido, o acórdão do Supremo Tribunal firma jurisprudência, para se decidir a mesma questão em todos os casos individuais depois disso. Assim, também, esta questão universal, resolvida no Supremo Tribunal do céu, servirá de precedente. Nunca mais se permitirá que a iniqüidade, com o seu sofrimento acompanhante, perturbe o universo. Em Daniel 7:9, 10, temos uma visão da Corte de Jeová.
47. Além de resolver a questão universal da justeza da soberania de Deus, o que mais proveu ele?
47 Por isso, Deus permitiu a iniqüidade e o sofrimento para resolver a questão de sua soberania universal. E ao resolver a questão, Deus fez também provisões para soerguer a raça humana de sua condição lamentável. Esta provisão eliminará todo o dano causado pelo reinado do pecado sobre a raça humana. A maneira em que Deus fez esta provisão é o tema interessante que se nos apresenta no Capítulo 6.
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Recebendo instruções de Deus, Adão aprendeu a exercer domínio sobre os animais.
[Foto na página 63]
Quando um caso foi eqüitativamente julgado num tribunal, a decisão firma jurisprudência. Do mesmo modo, quando o supremo tribunal do céu decidir a questão universal, toda a criação será beneficiada.