A preparação do Agente Principal da Regência Divina
“Deus enalteceu a este, como Agente Principal e Salvador, para a sua direita, para dar a Israel arrependimento e perdão de pecados.” — Atos 5:31.
1. Por que não resultará para nós em salvação se desconsiderarmos o Agente Principal da Regência Divina?
NÃO podemos permitir-nos desconsiderar aquele a quem o Regente Divino do universo enaltece para ser seu Agente Principal e Salvador. Se desconsiderássemos este Agente Principal e tentássemos dirigir-nos ao Regente Divino em adoração, não resultaria em salvação para nós. É somente por intermédio do seu Agente Principal que o Regente Divino nos concede os meios para obtermos a salvação para a vida perfeita e a felicidade na nova ordem bendita prometida pelo Regente Divino. As pessoas em toda a parte precisam saber deste fato vital.
2. Em vista de que ação anterior do Sinédrio de Jerusalém precisava este tribunal saber disso?
2 Há dezenove séculos atrás, os mais altos dignitários de Jerusalém precisavam saber disso. Aqueles homens compunham o supremo tribunal judicial do país, o Sinédrio. Num julgamento feito algumas semanas antes, eles haviam condenado à morte uma pessoa muito discutida, Jesus Cristo. Tinham agora diante de si os doze seguidores principais desta pessoa controversial. Simão Pedro e os outros onze seguidores no banco dos réus disseram então ao Tribunal que o homem a quem haviam condenado à morte fora feito por Deus “Agente Principal e Salvador”. Disseram em resposta a uma ordem do Tribunal:
3. Em resposta à ordem do Sinédrio, que disseram aqueles doze seguidores do homem condenado a respeito da obediência e do Agente Principal?
3 ”Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens. O Deus de nossos antepassados levantou Jesus, a quem matastes por pendurá-lo num madeiro. Deus enalteceu a este, como Agente Principal e Salvador, para a sua direita, para dar a Israel arrependimento e perdão de pecados. E nós somos testemunhas destes assuntos, e assim é também o espírito santo, que Deus tem dado aos que obedecem a ele como governante.” — Atos 5:29-32.
4. O que devia dar a Israel aquele que foi enaltecido para ser Agente Principal e Salvador, e segundo que pacto de Deus?
4 Quer o supremo tribunal de Jerusalém gostasse disso, quer não, aquele Jesus que foi pendurado estava vivo dentre os mortos, até mesmo à destra de Deus, e assim podia agir como Agente Principal e Salvador para o Regente Divino, a favor da nação de Israel. “Agente Principal e Salvador” para fazer o quê? “Para dar a Israel arrependimento e perdão de pecados.” Este “perdão de pecados” seria dado segundo um “novo pacto” que o Regente Divino prometeu celebrar com seu povo escolhido. — Jer. 31:31-34; Luc. 22:20.
5. (a) Antes da morte de Jesus, por quem fora pregado o arrependimento a Israel? (b) Que perguntas eram então pertinentes quanto ao arrependimento e o perdão de pecados, e quanto à relação dos membros do Sinédrio com Deus?
5 Aquele Tribunal de Jerusalém sabia que, antes de Jesus Cristo aparecer na terra, João Batista havia pregado: “Arrependei-vos, pois o reino dos céus se tem aproximado.” Daí, depois do encarceramento de João Batista, este Jesus Cristo, a quem João havia batizado, prosseguiu com a mesma mensagem, dizendo: “Arrependei-vos, pois o reino dos céus se tem aproximado.” (Mat. 3:1, 2, 13-17; 4:12-17) Isto continuou até a morte de Jesus às instigações do Tribunal do Sinédrio em Jerusalém. Havia então alguma diferença na questão do arrependimento da parte de Israel? Quais eram os pecados que deviam ser perdoados? Não deram as palavras de Simão Pedro, proferidas perante os membros do Tribunal bastante motivo para fazê-los refletir? Como influía isso então na sua relação com Deus? Descansava esta relação na mesma base que antes? Vejamos.
6. Como se viu Jeová obrigado a remir seu povo Israel, tirando-o do Egito, e como fez isso?
6 A nação de Israel veio à existência lá na terra do Egito, durante os 215 anos da peregrinação de Jacó (Israel) e seus descendentes naquele país. (Gên. 49:28-33) Algum tempo depois da morte do primeiro-ministro do Egito, José, filho de Jacó, os israelitas foram escravizados, e fez-se uma tentativa de eliminar a nação. Daí, no próprio tempo predito por Deus, ele fez estes descendentes de Jacó (Israel) sair “da terra do Egito, da casa dos escravos”. Isto se deu depois de Deus lhes ter ordenado que celebrassem uma nova ceia, uma ceia pascoal, lá no Egito, no dia 14 de nisã do ano 1513 A. E. C. Na noitinha daquele dia matou-se o cordeiro pascoal e seu sangue foi aspergido sobre as ombreiras e as vergas das casas israelitas, e o cordeiro foi então assado inteiro e comido atrás das portas fechadas, marcadas com sangue. Deus aceitou o sacrifício do cordeiro pascoal e libertou-os do Egito, após a sua ceia sacrificial. Ele como que os comprou por meio daquele cordeiro pascoal sacrificado. (Êxo. 12:1 a 13:18) De modo que a nação de Israel era um povo “que Deus foi remir para si como povo”. — 2 Sam. 7:23.
7, 8. (a) No Mar Vermelho, como confirmou Deus mais ainda que o povo de Israel era propriedade sua? (b) O que passou Jeová a celebrar com Israel no monte Sinai, e o que mandou Moisés dizer como proposta?
7 Sob a liderança do profeta Moisés, Deus levou os israelitas remidos a salvo através das águas do Mar Vermelho, mas afogou atrás deles o exército egípcio que os perseguia. (Êxo. 14:1 a 15:21) Esta libertação milagrosa da nação de Israel confirmou tanto mais que eram propriedade de Deus; realmente pertenciam a ele. No terceiro mês lunar (sivã) depois de sua saída da terra do Egito, Deus os levou ao sopé do monte Sinai, na península da Arábia. O profeta Moisés, como mediador entre Deus e a nação de Israel, subiu ao monte Sinai (Horebe) para tratar com Deus a favor deste povo remido. Tomaram-se então medidas para celebrar um pacto, quer dizer, um contrato solene, validado, entre Deus e este povo remido de Israel. Note o que Deus mandou Moisés dizer ao povo:
8 “Vós mesmos vistes o que fiz aos egípcios, para vos carregar sobre asas de águias e vos trazer a mim. E agora, se obedecerdes estritamente à minha voz e deveras guardardes meu pacto, então vos haveis de tornar minha propriedade especial dentre todos os outros povos, pois minha é toda a terra. E vós mesmos vos tornareis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” — Êxo. 19:3-6.
9. Agiu Deus a base de seu direito para fazer Israel entrar num pacto sagrado com ele, ou como foi que tratou do assunto?
9 Assim se especificaram claramente as obrigações do pacto e o pacto recebeu um objetivo definido, o de produzir um “reino de sacerdotes”, uma “nação santa”, pertencente a Deus. Não se deve desperceber aqui que Deus não impôs este pacto à nação de Israel. Ele não disse: ‘Eu vos remi da escravidão no Egito e também vos libertei das águas do Mar Vermelho, e por isso vós me pertenceis por direito e por compra. Posso fazer convosco o que eu quiser, e o que eu digo é lei, e tereis de obedecer a isso.’ Antes, o que Deus mandou que Moisés dissesse ao povo indicava que Deus queria saber se seu povo remido queria ou desejava entrar num pacto sagrado com ele. Em vez de impor-lhes um pacto de modo ditatorial e tirânico, Deus esperou que expressassem sua vontade sobre o assunto. Se não houvesse prontidão da parte deles, não haveria pacto.
AGUARDADA A VONTADE EXPRESSA DO POVO REMIDO
10. Por que exigiu o pacto que houvesse um mediador e que fator humano reconheceu Deus nesta questão?
10 Devia ser um pacto bilateral, quer dizer, um contrato ou compromisso solene entre duas partes. Visto que devia ser um pacto entre o Deus Santíssimo e criaturas humanas imperfeitas e pecadoras, que haviam herdado de Adão e Eva a condenação e a morte, este pacto exigia um mediador, a quem Deus reconhecesse como justo por causa da fé, a saber, Moisés, filho de Anrão, o levita. ((Gál. 3:19, 20) Deus, uma das partes, mostrou seu desejo de entrar no pacto, mas qual era a vontade da outra parte convidada a entrar no pacto? A inauguração formal do pacto entre Deus e Israel aguardou a expressão da vontade do partícipe menor convidado. Deus reconheceu a vontade humana até neste ponto.
11. Que atitude expressou Israel para com o proposto pacto, e, antes desta expressão feita a Jeová, o que não lhes declarara Jeová?
11 Qual era a atitude do povo, representado ali pelos seus anciãos nacionais, para com o pacto oferecido? O registro bíblico diz: “Moisés chegou então e chamou os homens mais maduros do povo, e apresentou-lhes todas estas palavras que Jeová lhe ordenara. Após isso, todo o povo respondeu unanimemente e disse: ‘Tudo o que Jeová falou estamos dispostos a fazer.’ Moisés retornou imediatamente a Jeová com as palavras do povo.” (Êxo. 19:7, 8) Antes de Jeová Deus receber esta expressão da disposição da parte do povo, ele não lhes declarou do cume do monte Sinai os Dez Mandamentos, as leis fundamentais do proposto pacto da Lei. — Êxo. 19:9 a 20:22.
12. (a) Portanto, o que se deixou o povo fazer a respeito do pacto? (b) Como podemos chamar o ato dos Israelitas para com o pacto, e que termo descritivo é usado em Romanos 6:13?
12 Cabia ao povo expressar sua livre escolha de aceitar ou de rejeitar a proposta divina. Cabia-lhes decidir com livre arbítrio tornar-se para Jeová “propriedade especial dentre todos os outros povos” ou recusar tornar-se tal, em vista dos termos especificados. Portanto, quando este povo remido respondeu como um só homem à proposta divina: “Tudo o que Jeová falou estamos dispostos a fazer”, ou, literalmente, “estaremos fazendo”, o que faziam? Como devemos chamar seus atos, em outras palavras? Seria dizer demais que se estavam comprometendo com Jeová Deus para fazer a Sua vontade, conforme Ele a expressasse? É isto paralelo ao que o apóstolo cristão Paulo disse à congregação cristã em Roma: “Apresentai-vos a Deus como vivos dentre os mortos; também os vossos membros, a Deus, como armas da justiça”, (Rom. 6:13) A versão Almeida atualizada verte isso de modo mais forte: “Oferecei-vos a Deus.” A versão da Liga de Estudos Bíblicos: “Ponde-vos . . . a serviço de Deus.” As versões de Lincoln Ramos e de Huberto Rohden: “Entregai-vos a Deus.” E a tradução inglesa de Moffatt: “Tendes de dedicar-vos a Deus.”
13, 14. (a) Por que ofereceu-lhes Jeová este pacto, em vez de impô-lo à força a Israel, e, pela resposta deles, o que faziam realmente? (b) Quando reafirmaram sua vontade, e o que se tornaram assim para Jeová?
13 Jeová não usou de forte persuasão para com os israelitas, dizendo: ‘Eu vos remi do Egito e vos livrei do Mar Vermelho. Além disso, sois a descendência natural de Abraão, meu amigo. Por isso tereis de celebrar este pacto comigo.’ É verdade que era por estes motivos que Deus lhes ofereceu uma relação pactuada com ele, e ele lhes apresentou uma perspectiva atraente para entrarem no pacto. Mas cabia aos israelitas escolher se queriam tornar-se o povo de Jeová e tê-lo por seu Deus. Concordemente, quando disseram: “Tudo o que Jeová falou estaremos fazendo”, eles se dedicavam a Jeová para ser Seu povo, para fazer a Sua vontade a ser especificada no pacto. Mais tarde, depois de se darem os Dez Mandamentos e daí se entregar a coleção de leis a Moisés, o pacto foi validado com o sangue de vítimas animais. E os israelitas tornaram-se assim o povo dedicado de Deus, num pacto validado com Jeová Deus. Nesta ocasião, até mesmo com conhecimento melhor, o povo reafirmou sua determinação de fazer a vontade de Jeová, pois o registro de Êxodo 24:7, 8, nos diz:
14 ”Por fim [Moisés] tomou o livro do pacto e o leu aos ouvidos do povo. Disseram então: ‘Tudo o que Jeová falou estamos dispostos a fazer e a ser obedientes.’ Portanto, Moisés tomou o sangue e aspergiu com ele o povo, e disse: ‘Eis o sangue do pacto que Jeová concluiu convosco com respeito a todas estas palavras.” — Veja também Hebreus 9:18-20.
15. Qual era a duração daquele pacto, e para quem era obrigatório?
15 Este pacto, inaugurado com os membros daquele povo remido ali presentes junto ao monte Sinai não só era obrigatório para os presentes, mas também era obrigatório para seus descendentes carnais, naturais. Era um “pacto por tempo indefinido”. (Lev. 24:8) Isto colocava a todos os seus descendentes naturais numa relação pactuada com Deus, enquanto durasse o pacto. Em conseqüência disso, os israelitas que nasceram no ermo depois da inauguração deste pacto feito junto ao monte Sinai estavam neste pacto com Deus no quadragésimo e último ano de sua peregrinação forçada pelo ermo. Por isso continuaram a ser um povo dedicado ou uma nação dedicada.
16. Nas planícies de Moabe, como preferiram muitos não permanecer numa relação pactuada com Jeová?
16 Entretanto, naquele último ano (1473 A. E. C.), milhares de membros daquela nação dedicada escolheram não permanecer numa relação pactuada com Jeová. Mostraram isso nas planícies de Moabe. Lemos na narrativa disso feita por Moisés, em Números 25:1-5:
“Ora, Israel estava morando em Sitim. O povo principiou então a ter relações imorais com as filhas de Moabe. E as mulheres vieram chamar o povo aos sacrifícios dos seus deuses, e o povo começou a comer e a curvar-se diante dos seus deuses. Israel ligou-se [ou: juntando-se Israel, Almeida, atual.; ou: uniu-se Israel, Trinitária] assim a Baal de Peor, e a ira de Jeová começou a acender-se contra Israel.
“Por isso, Jeová disse a Moisés: ‘Toma todos os cabeças do povo e expõe-nos a Jeová em direção ao sol, para que a ira ardente de Jeová retorne de Israel.’ Moisés disse então aos juízes de Israel: ‘Matai cada um de vós os seus homens que tiverem ligação [que se juntaram, Al; que se uniram, Tr] com Baal de Peor.’”
17. (a) Quantos morreram ali pela violação do pacto com Jeová? (b) Como fala Jeová, em Oséias 9:10, a respeito de eles se ligarem a Baal de Peor?
17 Vinte e quatro mil morreram em resultado deste rompimento de seu compromisso de fazer “tudo o que Jeová falou”. (Núm. 25:9; 1 Cor. 10:8) Jeová referiu-se a este incidente chocante mais de setecentos anos depois, por meio de seu profeta Oséias. Primeiro disse quão desejável lhe era a nação de Israel e depois contou como aconteceu que muitos israelitas se fizeram repugnantes para ele. Jeová disse: “Achei Israel como uvas no ermo. Como o figo temporão numa figueira no seu princípio vi os vossos antepassados. Eles mesmos entraram até Baal de Peor e passaram a dedicar-se à coisa vergonhosa, e tornaram-se repugnantes como a coisa de seu amor.” (Osé. 9:10, UM; Brasileira) A tradução bíblica inglesa de Moffatt diz: “Devotaram-se a Baal, o Infame.” (Também a versão judaica leeser) Visto que estes israelitas se separaram de Jeová Deus a fim de passar-se para outra deidade, a Versão Normal Revisada, em inglês, diz: “Consagraram-se a Baal.” (Veja a versão do Centro Bíblico Católico; Almeida)
18. (a) Como é salientado seu ato de deslealdade para com Jeová na tradução de Oséias 9:10 pela Sociedade Bíblica Trinitária? (b) Como e esta deslealdade salientada em conexão com a mesma palavra hebraica em Ezequiel 14:7, 8?
18 Aqueles israelitas infiéis haviam-se dedicado ao único Deus vivente e verdadeiro, mas então se separaram Dele para se devotarem ou dedicarem a Baal. Para salientar este ato desleal, a versão da Sociedade Bíblica Trinitária diz: “E se separaram para essa vergonha.” O verbo hebraico vital aqui é nazar, e é usado com relação ao que um nazireu judaico fazia quando se separava especialmente para Deus (Núm. 6:1-8) Nos dias do profeta Ezequiel, pouco antes da primeira destruição de Jerusalém em 607 A. E. C., houve muitos israelitas que agiram de modo similar ao dos israelitas infiéis nos dias de Moisés, nas planícies de Moabe. Sobre estes desleais, Jeová disse ao profeta Ezequiel:
“Absolutamente todo homem da casa de Israel ou dos residentes forasteiros que residem em Israel que se apartar [nazar] de me seguir, e que fizer os seus ídolos sórdidos subir ao seu coração, e que colocar diante da sua face a própria pedra de tropeço que causa o seu erro . . . terei de decepá-lo do meio do meu povo; e tereis de saber que eu sou Jeová.” — Eze. 14:7, 8.
19. (a) Envolvia a dedicação daqueles israelitas desleais a Baal de Peor qualquer outra dedicação? (b) Em vez de dizer que eles se separaram para Baal de Peor, o que diz mesmo Números 25:3?
19 De modo que a própria linguagem indica que aqueles israelitas separatistas estavam primeiro numa relação pactuada com Jeová Deus, relação em que seus antepassados os introduziram por dizer ao mediador Moisés: “Tudo o que Jeová falou estamos dispostos a fazer e a ser obedientes.” (Êxo. 24:7; 19:8) Mas agora, ao abandonarem o pacto e passarem para a idolatria, estavam violando a sua dedicação a Jeová e dedicavam-se à coisa idolatrada. Números 25:3, em vez de dizer que Israel se separava para Baal, diz definitivamente: “Israel ligou-se assim [uniu-se, Tr; juntando-se, Al atual.; consagrou-se, Soares; Figueiredo; também versículo 5] a Baal de Peor.” Isto deve ser uma advertência para nós hoje, caso alguém de nós esteja em relações com Jeová Deus. (1 Cor. 10:6, 11) Não desejamos cometer o mesmo erro fatal. Seria deslealdade para com a regência divina ou rebelião contra ela.
ENCAMINHAMENTO PARA UM NOVO PACTO
20. (a) Por que não era sem defeito aquele primeiro pacto, e o que admitia por isso? (b) Por intermédio de que profeta se predisse o novo pacto, e o que disse Moisés a respeito do mediador melhor?
20 O pacto que Jeová celebrou com o povo dedicado de Israel por meio de Moisés era um “pacto por tempo indefinido”. Este pacto celebrado não era sem defeito, em vista da imperfeição dos israelitas e de seu mediador Moisés. Admitia, por isso, um pacto melhor, um novo pacto. Por conseguinte, Jeová Deus propôs-se um novo pacto, e o privilégio de entrar neste segundo pacto seria oferecido à nação do Israel natural. Mais de seiscentos anos antes de se inaugurar este novo pacto mediante um mediador melhor, Jeová o predisse através do profeta Jeremias, no sétimo século antes da vinda deste Mediador melhor. (Jer. 31:31-34; Heb. 8:6-13) A vinda deste Mediador melhor e maior foi predita pelo profeta Moisés, e ele disse que este vindouro mediador seria suscitado dentre os israelitas; ele seria israelita natural. — Deu. 18:15-19; Atos 3:22, 23; 7:37, 38.
21. (a) Quando, onde e com que anúncio nasceu este mediador melhor? (b) Por que celebrou Jesus a Páscoa Judaica, e, na sua última celebração, ele se identificou como quem, e como?
21 Este Mediador melhor nasceu no ano 2 A. E. C., como descendente do Rei Davi e na cidade de Davi, Belém. Era ao mesmo tempo o Filho de Deus, e quando nasceu, o anjo de Deus anunciou aos pastores nos campos perto de Belém: “Eis que vos declaro boas novas duma grande alegria que todo o povo terá, porque hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Luc. 2:10, 11) Nascido de mãe judia, este que havia de ser “Cristo, o Senhor”, era judeu natural e estava sob a Lei do pacto que Moisés havia mediado entre Deus e Israel. Em confirmação disso, lemos em Gálatas 4:4: “Mas, quando chegou o pleno limite do tempo, Deus enviou o seu Filho, que veio a proceder duma mulher e que veio a estar debaixo de lei”. Estando debaixo da lei do pacto com Israel, Jesus Cristo celebrava a ceia pascoal. Na última celebração da Páscoa, em 33 E. C., indicou a si mesmo com sendo o Mediador do prometido novo pacto. Como? Estabeleceu então o que se chama de Ceia do Senhor, e quando entregou o copo de vinho aos seus apóstolos fiéis, ele disse: “Este copo significa o novo pacto em virtude do meu sangue, que há de ser derramado em vosso benefício.” (Luc. 22:20) Jesus derramou seu próprio sangue para validar este pacto.
22. (a) Quando empreendeu Jesus tornar-se o mediador do novo pacto? (b) Por que objetou João, no início, a batizar Jesus?
22 O Senhor Jesus, no entanto, igual ao profeta Moisés, tinha de empreender tornar-se este Mediador do novo pacto. Quando empreendeu fazer isso? Por ocasião de seu batismo no rio Jordão. A idade de trinta anos, ele abandonou sua carpintaria em Nazaré e dirigiu-se a João Batista para ser imerso em água. Era uma nova espécie de batismo que João realizaria. Até então, lemos em Marcos 1:4: “Apareceu João, o batizador, no ermo, pregando o batismo em símbolo de arrependimento para o perdão de pecados.” (Luc. 3:3) Mas Jesus, o Filho de Deus, não se dirigiu a João Batista para ser batizado em símbolo de arrependimento para obter o perdão de pecados. Jesus era perfeito e sem pecados. (Heb. 7:26) Não se dirigiu a João com a consciência pesada, para fazer uma “solicitação de uma boa consciência, feita a Deus”. (1 Ped. 3:21) João sabia disso, e por isso lemos que João “tentou impedi-lo, dizendo: ‘Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?’” Mas, o que respondeu Jesus?
23. O que respondeu Jesus a João, e por que disse que era “apropriado que executemos tudo o que é justo”, embora tivesse guardado a Lei?
23 “Em resposta, Jesus disse-lhe: ‘Deixa por agora, pois assim é apropriado que executemos tudo o que é justo.’” (Mat. 3:13-15) O que queria Jesus dizer com isso? Como judeu natural, ele havia guardado a lei do pacto mosaico sem qualquer falta. Sobre isso ele disse mais tarde no seu Sermão do Monte: “Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas. Não vim destruir, mas cumprir.” (Mat. 5:17) Naturalmente, o pacto da Lei com Israel era a vontade de Deus, mas Jesus havia cumprido a vontade de Deus, neste respeito, durante toda a sua vida terrestre, até o seu batismo. Portanto, as palavras de Jesus, “tudo o que é justo”, significavam outra coisa, que ia além do pacto da Lei, mas algo que cumpriria os aspectos simbólicos do pacto da Lei. Era “tudo o que é justo”, porque era da vontade de Deus que cumprisse isso. Portanto, era isso o que empreendeu fazer por ocasião de seu batismo.
24. Segundo Hebreus 10:5-10, qual era a profecia específica que Jesus cumpriu ao se apresentar para o batismo?
24 Por apresentar-se para o batismo Jesus realmente cumpriu as palavras dos “Profetas”, assim como disse. O apóstolo Paulo indicou em Hebreus 10:5-10 qual das profecias Jesus cumpriu; sendo que lemos ali a respeito da ocasião em que Jesus veio para ser batizado: “Por isso, ao entrar no mundo ele diz: ‘“Sacrifício e oferta não quiseste, porém, preparaste-me um corpo. Não aprovaste os holocaustos e as ofertas pelos pecados.” Então disse eu: “Eis que vim (no rolo do livro está escrito a meu respeito) para fazer a tua vontade, ó Deus.’” . . . Pela dita ‘vontade’ é que temos sido santificados por intermédio da oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez para sempre.” Jesus cumpriu assim o Salmo 40:6-8. A “vontade” de Deus requereu que Jesus se sacrificasse, que sacrificasse seu “corpo”.
25. (a) Então, o que simbolizava o batismo de Jesus em água? (b) De que modo já era Jesus dedicado e remido?
25 Ora, visto que a profecia exigia isso, então, Jesus teria tido uma consciência pesada se não tivesse vindo para fazer a vontade especial de Deus e assim apresentar-se a João para o batismo. É evidente que o batismo de Jesus era simbólico. Seu batismo não era “em símbolo de arrependimento para obter perdão de pecados”. Era em símbolo da vinda de Jesus ou de sua apresentação para fazer a vontade de Deus, “vontade” divina que incluía o oferecimento do corpo de Jesus em sacrifício, uma vez para sempre. Como judeu natural, ele já estava sob a lei mosaica e era membro da única nação na terra que então estava dedicada a Deus, para fazer “tudo o que Jeová falou”. Também, como primogênito de Maria, primogênito dela que foi adotado pelo seu marido José como seu próprio primogênito, Jesus estava santificado a Deus e pertencia a ele. (Êxo. 13:1, 2) Por este motivo, Jesus teve de ser remido por José e Maria, para poder-se empenhar em serviço secular. (Núm. 3:13-51; 18:14-16) De modo que o batismo de Jesus não representava sua dedicação a Deus, mas sua apresentação de si mesmo para fazer a vontade de Deus mesmo ao ponto de sacrifício.
26. (a) Como manifestou Deus sua aceitação da apresentação que Jesus fez de si mesmo? (b) Até que ponto cumpriu Jesus, na carne, esta “vontade” divina?
26 Jeová Deus manifestou que aceitava esta apresentação de seu Filho Jesus por derramar Seu espírito santo sobre o batizado Jesus e por deixar ouvir Sua voz desde o céu, dizendo: “Este é meu Filho, o amado, a quem tenho aprovado.” (Mat. 3:16, 17) Depois disso, João Batista anunciou o ungido Jesus como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (João 1:28-36; Atos 10:37, 38) Jesus cumpriu a vontade de Deus até o fim dos seus dias na carne, na terra. Durante a sua última noite na terra, no corpo humano natural, ele orou a Deus e disse: “Pai meu, se não é possível que isto se afaste de mim sem que eu o beba, realize-se a tua vontade.” (Mat. 26:39-44) Na tarde seguinte, por volta das três horas, quando Jesus estava pendurado na estaca de tortura, conforme nos diz João 19:30, “Jesus disse: ‘Está consumado!’ e, inclinando a cabeça, entregou o seu espírito”. (UM ed. ingl. 1971) Assim, segundo a vontade de Deus, o corpo de Jesus foi oferecido uma vez para sempre.
27. (a) Que espécie de ressurreição teve Jesus Cristo, e por que? (b) Como veio então a obter posse de toda a humanidade, e o que aguarda os mortos?
27 Em harmonia com esta oferta sacrificial de seu corpo humano perfeito, Jesus Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, no terceiro dia, não num corpo de sangue e carne, mas num corpo espiritual. (1 Ped. 3:18; 1 Cor. 15:42-45) No quadragésimo dia depois de sua ressurreição, Jesus subiu ao céu e apresentou ali a Deus o valor ou mérito de seu sacrifício humano a favor de toda a humanidade. Ele dissera na terra que viera “para ministrar e dar a sua alma como resgate em troca de muitos”. (Mat. 20:28) O apóstolo Paulo fala a respeito de Jesus como tendo “sofrido a morte, para que, pela benignidade imerecida de Deus, provasse a morte por todo homem”. Paulo fala também a respeito de “um homem, Cristo Jesus, o qual se entregou como resgate correspondente por todos”. (Heb. 2:9; 1 Tim. 2:5, 6) Jesus Cristo, apresentando assim a Deus o valor da vida de seu sacrifício humano, resgatou assim toda a humanidade, comprou-a, mesmo sem ela ter pedido isso. Por este motivo, sob o seu reino celestial, haverá uma “ressurreição tanto de justos como de injustos”. (Atos 24:15) Jesus Cristo é dono de todos eles.
28. (a) O que se tornou assim o ressuscitado Jesus Cristo para com a salvação da humanidade? (b) De que coisa maior serve também como Agente Principal?
28 Desta maneira, segundo a “vontade” divina, Jesus Cristo, o Filho de Deus, tornou-se o Agente Principal da salvação de toda a humanidade. Este é o entendimento que devemos ter de Hebreus 2:9, 10, que reza: “Observamos a Jesus, feito um pouco menor que os anjos, coroado de glória e de honra por ter sofrido a morte, para que, pela benignidade imerecida de Deus, provasse a morte por todo homem. Porque era próprio que aquele, para quem são todas as coisas e por intermédio de quem são todas as coisas, trazendo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse por sofrimentos o Agente Principal da salvação deles.” E em Hebreus 5:9, 10: “E, depois de ter sido aperfeiçoado, tornou-se responsável pela salvação eterna de todos os que lhe obedecem, porque ele tem sido chamado especificamente por Deus como sumo sacerdote à maneira de Melquisedeque.” Ele mostrou-se digno de servir como Agente Principal da Regência Divina.
[Foto na página 362]
Embora o povo de Israel realmente pertencesse a Jeová, ele não lhe impôs seu pacto, mas esperou que o povo indicasse seu próprio desejo neste assunto.