Perguntas dos Leitores
• Quais são as autoridades mencionadas em Colossenses 1:16? Será que incluem as “autoridades superiores” de Romanos 13:1? — C. W., Estados Unidos.
Colossenses 1:16, 17 diz: “Mediante êle foram criadas tôdas as outras coisas nos céus e na terra, as coisas visíveis e as coisas invisíveis, quer sejam tronos, quer senhorios, quer governos, quer autoridades. Tôdas as outras coisas foram criadas por intermédio dêle e para êle. Também, êle é antes de todas as outras coisas e todas as outras coisas vieram a existir por meio dêle.”
A que autoridades se refere o apóstolo Paulo neste caso? Às “autoridades superiores” ou governadores dêste mundo mencionadas em Romanos 13:1? Não, pois diz-se que aquelas “autoridades superiores” são “colocadas por Deus nas suas posições relativas”, não que são criadas por Deus. Mas fala-se que as autoridades de Colossenses 1:16 são criadas por Deus mediante seu Filho. Além disso, as “autoridades superiores” do mundo não podem ser referidas como sendo criadas para êle, isto é, para Jesus Cristo, mas, antes, para homens sôbre a terra. Portanto, há várias autoridades. Algumas são parte da organização de Jeová e outras são parte do mundo e da organização de Satanás. O contexto de Colossenses, capítulo um, torna bem claro êste fato, pois no versículo 13 Paulo declarou: “Êle nos livrou da autoridade da escuridão e nos transplantou para o reino” ou autoridade “do Filho do seu amor”. Portanto, nesta mesma conexão temos referência a duas autoridades distintas.
As autoridades “do Filho do seu amor” lhe pertencem, foram criadas por meio do Filho, sendo êle o instrumento usado por Deus. E estas não incluem sòmente as autoridades celestiais espirituais e invisíveis, mas também as designadas a exercer autoridade na congregação cristã. Assim como Jeová tinha um canal para servir como autoridade ou corpo governante nos dias dos apóstolos e depois do Pentecostes de 33 E. C., assim também hoje Jeová Deus tem um corpo governante, uma classe de “escravo fiel e discreto”, que superintende o trabalho das testemunhas cristãs de Jeová na sociedade do Nôvo Mundo. — Mat. 24:45-47.
• Não seriam de natureza simbólica os terremotos mencionados por Jesus Cristo em Mateus 24:7? Não se refeririam a questões políticas tais como as revoluções?
Ao vaticinar a sua profecia para os últimos dias, Jesus disse o seguinte, segundo Mateus 24:7: “Porque nação se levantará contra nação e reino contra reino, e haverá escassez de vi̇́veres e terremotos num lugar após outro.” Alguns têm tratado os terremotos mencionados como se fôssem de natureza simbólica. Têm-nos considerado como típicos das revoluções humanas políticas ou das questões governamentais que causam dificuldades entre a humanidade. Todavia, será que tal conclusão pode ser sustentada ao se considerar o contexto da profecia de Jesus? Não, de fato, se tratássemos os terremotos como se fôssem figuras ou símbolos das revoluções políticas ou sociais, então estaríamos obrigados a tratar a escassez de víveres do mesmo modo. Além disso, teríamos que considerar como simbólicas as pestes mencionadas no registro de Lucas sôbre a profecia de Jesus referente aos últimos dias. (Luc. 21:11) E o que dizer das guerras preditas? São simbólicas? Seri̇́amos obrigados a dizer que sim se colocássemos uma estrutura simbólica nos terremotos da profecia de Jesus.
As guerras desta geração certamente têm sido tudo menos simbólicas. Milhões pereceram e milhões mais têm sofrido pelo flagelo da guerra nesta geração. Escassez de víveres e doenças literais devastadoras têm praguejado a humanidade em nossos dias. Quão grande, por exemplo, é o atual problema de alimentação, especialmente em face do aumento da população do mundo? “As corridas armamentista e espacial poderão tornar-se problemas de interêsse puramente acadêmico”, disse Norman W. Desrosier, professor de tecnologia de alimentação da Universidade de Purdue, se a humanidade não vencer a sua corrida para satisfazer as “necessidades essenciais da fome no mundo”. As guerras, as fomes, as pestes, pois, são literais. Também o são os terremotos.
Sob o cabeçalho “A Terra Inconstante”, William L. Laurence escreveu o seguinte no Times de Nova Iorque de 6 de março de 1960: “Dez ou mais terremotos grandes sacodem a terra cada ano. O menor dêles solta cêrca de mil vêzes mais energia do que uma bomba atômica do tipo que destruiu Hiroxima e Nagasáqui. . . . Embora os terremotos destrutivos sejam poucos em número, os menores são ocorrências comuns. Calcula-se que ao todo um milhão de abalos ocorrem cada ano.” Outro repórter disse: “Em 2.000 anos de registro histórico, os terremotos provàvelmente levaram 10.000.000 de vidas.” (Times de Nova Iorque de 20 de agosto de 1950) Isto seria uma média de 5.000 mortes por ano. Contudo, entre 1915 e 1949 morreram 848.450 pessoas por causa de terremotos. A média anual de mortes devida a terremotos não foi 5.000, mas 24.241 naquele período de trinta e cinco anos! É óbvio, portanto, que os terremotos de Mateus 24:7 são literais, assim como o são as outras particularidades do sinal composto do tempo do fim do mundo. Eles não são símbolos de dificuldades governamentais, de revoluções, nem de outros levantes na sociedade humana.
• Por que é que a Tradução do Nôvo Mundo em Êxodo 20:13 reza “Não assassinarás”, quando outras traduções usam a palavra “matar”, como a Versão Almeida Revisada, que diz: “Não matarás”? — D. T., Estados Unidos.
Diversas versões usam a palavra “matar” em Êxodo 20:13; entre as quais se acham a Soares, a Maredsous e a Brasileira. Todavia, a Tradução do Nôvo Mundo emprega a palavra “assassinar” em vez de “matar”, em Êxodo 20:13, porque a palavra hebraica neste caso é ratsach, que significa, segundo a Concordância Exaustiva de Young, em inglês, “assassinar, trespassar”. Referente a esta mesma palavra hebraica o dicionário hebraico de Strong declara: “ratsach, prim. raiz, também despedaçar, exemplo, matar (um ser humano), especialmente assassinar.” Assassinar significa: “Matar (um ser humano) contra a lei e com malícia premeditada ou voluntàriamente, deliberadamente e contra a lei.” — Third New International Dictionary de Webster.
Nas suas várias formas a palavra ratsach ocorre umas quarenta vêzes nas Escrituras Hebraicas. Invariàvelmente se refere a tirar uma vida humana, embora nem sempre de modo errado ou contra a lei. O que então determina se a palavra deve ser traduzida “matar” ou “assassinar”? É à base do contexto e também da luz que o restante da Palavra de Deus lança sôbre o assunto. Neste sentido deve ser notado que até mesmo a Versão Almeida Revisada às vêzes traduz esta palavra hebraica por “assassinar” ou por “homicida”. Por exemplo, “matam a viúva e o estrangeiro, e aos órfãos assassinam”. “De madrugada se levanta o homicida, mata ao pobre e ao necessitado.” (Sal. 94:6; Jó 24:14, ALA) A Versão Soares, entretanto, em Números 35:6-31, distingue entre homicida e quem involuntàriamente mata, fazendo isto segundo o contexto; todavia, a palavra hebraica envolvida ainda é ratsach: “Quando o fugitivo [ratsach] se tiver refugiado nelas, o parente do morto não poderá matá-lo.” “Se alguém ferir com ferro, e o que foi ferido morrer, é réu de homicídio [ratsach], e também êle morrerá.” — Núm. 35:12, 16, So.
É evidente, à luz do restante da Palavra de Deus, que Êxodo 20:13 não proibia tôda a espécie de morte, de fato, Deus ordenou que fôssem executados os homicidas, os adoradores de ídolos, os violadores do sábado, e assim por diante. Portanto, a execução dos assassinos não era contra a lei aos olhos de Deus e não podia ser considerada um “assassinato”; não era uma violação de Êxodo 20:13. (Gên. 9:6) Semelhantemente, os pagãos e adoradores de demônios que moravam na terra que Jeová tinha prometido ao seu povo vieram a estar sob a sentença de execução de Jeová por causa dos seus pecados, e ele usou o seu povo, os israelitas, para execução daquela sentença. Portanto, seguir êste mandamento de Jeová não foi uma violação do seu mandamento em Êxodo 20:13 nem podia ser considerado assassinato.
É especi̇́ficamente matar contra a lei ou assassinar um humano que Deus proíbe. Com boa razão bíblica, não sòmente a Tradução do Nôvo Mundo, mas também a versão de Robert Young, a de James Moffatt, a tradução de Knox, a versão Soncino e Uma Tradução Americana vertem ratsach, em Êxodo 20:13, por “assassinar”.
• Visto que o Logos, o Jesus pré-humano, não estava entre os anjos usados por Jeová para transmitir a lei de Deus a Moisés, como se pode entender Êxodo 23:20-23, que fala sobre um anjo com o nome de Jeová? — A. M., Estados Unidos.
Que o Logos, o Filho de Deus, não estava entre os anjos usados por Deus na ocasião da transmissão de sua lei a Moisés está claro das palavras de Paulo em Hebreus 2:2, 3: “Se a palavra falada por intermédio de anjos mostrou-se firme, e tôda transgressão e ato desobediente recebeu retribuição em harmonia com a justiça, como escaparemos nós, se tivermos negligenciado uma salvação de tal magnitude, sendo que começou a ser anunciada por intermédio do nosso Senhor e nos foi confirmada por aquêles que o ouviram?” Segue-se então que os anjos foram usados na ocasião e que o Filho de Deus, o Jesus pré-humano, não foi.
Entretanto, isto não elimina a possibilidade de o Logos ter sido usado em alguma capacidade especial nos tratos de Deus com Israel. Êxodo 23:20-23 (ALA) diz: “Eis que eu envio um Anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho, e te leve ao lugar que tenho preparado. Guarda-te diante dêle, e ouve a sua voz, e não te rebeles contra êle, porque não perdoará a vossa transgressão; pois nêle está o meu nome. Mas se diligentemente lhe ouvires a voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários. Porque o meu Anjo irá diante de ti.” É razoável concluir-se que êste anjo de quem Jeová disse: “Nêle está o meu nome”, fôsse Jesus Cristo em sua forma espiritual pré-humana. (1 Cor. 10:1-4) Jesus, cujo nome significa “Jeová é salvação”, é o principal apoiador e vindicador do glorioso nome de seu Pai.
O anjo com o nome de Deus não é referido como dando a Israel o seu código de leis, mas, antes, como guiando os israelitas no caminho da Terra Prometida. Então, as palavras de Paulo em Hebreus 2:2, 3 não eliminam a forte evidência de que o anjo de Êxodo 23:20-23 seja Jesus Cristo em sua forma espiritual pré-humana.