Jesus, o “objeto de hostilidade”
“Considerai de perto aquele que aturou tal conversa contrária de pecadores contra os próprios interesses deles.” — Heb. 12:3.
1. Por que se pode descrever Jesus de forma preliminar como sendo Jó Maior?
O NOME Jó significa “objeto de hostilidade”.a Com que precisão Jó, em suas experiências de provas, demonstrou ser um objeto de hostilidade por parte de Satanás e de seus companheiros religiosos babilonizados! Agora, todo este assunto se revela um drama profético pormenorizado, tendo cumprimento preliminar centralizado no Jó Maior, Jesus Cristo. Mas, antes que se possa examinar as muitas evidências instrutivas disso, torna-se necessário fazer uma breve pesquisa histórica das condições religiosas que grassavam na Palestina e no mundo pagão vizinho durante os cinco séculos que precederam os dias de Jesus. Em todos esses quinhentos anos, Satanás produzia sutis forças religiosas e doutrinas confusas que poriam o “descendente” prometido sob a mais severa prova, quando este surgisse na terra. (Gên. 3:15) Conforme veremos, o homem perfeito, Jesus, estava mais do que preparado e habilitado a ser o Jó Maior ou “objeto de hostilidade”. Para que a questão da Divindade Soberana de Jeová pudesse ser corretamente vindicada, Jesus suportou a conversa contraditória e hostil dos pecadores. — Heb. 12:3.
CENÁRIO RELIGIOSO SENDO MONTADO PARA JESUS
2, 3. (a) Como foi que chegaram a existir dois centros judaicos — um na Palestina e um em Babilônia? (b) De que forma a religião judaica foi disseminada no estrangeiro, e em que se centralizava?
2 Pela história bíblica e secular, torna-se evidente que apenas uma minoria dos judeus exilados em Babilônia, entre 607 e 537 A. E. C. voltou a Jerusalém em 537 A. E. C. e depois disso para participar em restaurar a verdadeira adoração ali e para reconstruir o templo sob a liderança de Zorobabel. (Esd. 2:1, 2) Alguns anos mais tarde, Neemias ajudou a reconstruir os muros de Jerusalém (Nee. 7:1), e Esdras tomou parte nisso por equipar o templo restaurado de sacerdotes para os serviços diários plenos. (Esd. 7:1-7) Esdras também liderou a grande obra de tornar disponíveis para circulação muitas cópias fidedignas das santas Escrituras Hebraicas. A maioria dos judeus exilados, contudo, preferiu permanecer em Babilônia, onde estavam bem plantados, materialmente, embora dispersos em muitas comunidades do país.b Aqueles judeus que permaneceram em Babilônia perpetuaram uma forma da verdadeira religião de Abraão, Moisés e dos Profetas, que poderia ser denominada “hebraísmo”.
3 A partir do quinto século A. E. C., muitos judeus de Babilônia e da Palestina se tornaram comerciantes envolvidos em negócios e no comércio. Junto com suas famílias, e parentes, fixaram-se em partes compactas das grandes cidades gentias por toda a Mesopotâmia, o Egito, a Grécia, Roma, e, eventualmente, por volta de todo o Mediterrâneo. Isto significava que as comunidades judaicas se desenvolveram, então, como atualmente, em quase toda parte do mundo civilizado. Tais judeus levaram consigo a sua religião hebraica, o hábito de se reunirem para oração e estudo sem rituais ou sacrifício do templo. Um simples salão de reunião era o centro de sua vida religiosa. Primeiramente, tal centro era conhecido como o Beth ha-Keneset (casa de oração) ou o Beth ha-Midrash (casa de estudo).c Mais tarde, devido à influência grega, tais edifícios vieram a ser chamados pela palavra grega synagogues.d
4. Quão extensivamente estava sendo montado para o ministério de Jesus um cenário mundial judaico?
4 Desta forma, os judeus levavam sua religião por “exportação” ao crescente mundo gentio. Com o tempo, tais “colônias” judaicas fora da Palestina ultrapassaram grandemente em números a população judaica na terra natal e se tornaram conhecidos como os judeus da dispersão (diáspora), isto é, os judeus ‘espalhados’. (Tia. 1:1) Durante séculos, os judeus se notabilizaram por efetuarem o que equivalia a um grande movimento missionário de levar sua religião aos gentios. “As sinagogas atraíam centenas de milhares de conversos”, escreve Josefo, para transformá-los em prosélitos.’ e(Mat. 23:15) Uma vez cada três anos, os homens judeus e os prosélitos faziam peregrinações a Jerusalém para assistir às festas.’f Josefo relata que nada menos de 2.700.000 homens se reuniram ali para certa páscoa.g A respeito disto, o judeu grecizado, Filo, escreve, chamando Jerusalém de a capital “não de uma só nação, mas de todas as nações”.h Por tais razões, podemos avaliar a medida do cenário mundial que estava sendo montado para que Jesus servisse qual “objeto de hostilidade”.
INFLUÊNCIAS CARNAIS DO HELENISMO
5, 6. (a) O que era o helenismo? (b) Como foi “exportado” para a Palestina? (c) A que influências carnais estavam sujeitos os judeus, e será que isso influiu em sua religião?
5 A seguir, examinemos como toda esta religião pré-cristã dos judeus ficou contaminada pela forma religiosa de pensar oriental e babilônica, isto sendo feito quer diretamente, mediante o cativeiro babilônico dos judeus, quer mais sutilmente, por meio dos gregos orientalizados. Os gregos eram antigamente mencionados como helenos, de modo que sua cultura e sua forma de vida religiosa veio a ser chamada de helenismo. Os muitos antigos filósofos gregos, com efeito, eram “profetas” do helenismo, e suas diferentes escolas filosóficas equivaliam ‘as várias seitas do helenismo pagão. O helenismo, em suas muitas seitas, apresentava as coisas segundo um apelo pagão ao “desejo da carne” (1 João 2:16), tal como a arte, a música, a dança, a cultura física, os esportes, as maneiras sensuais de viver, a busca para a felicidade na carne, o materialismo, a imortalidade da alma humana e a adoração de um panteão ou multidão de deuses. Quando o grecizado Alexandre Magno conquistou o mundo então antigo, “ao invés de desarraigar a população dos países súditos como os conquistadores orientais haviam feito, os gregos levaram a eles o seu próprio país”.i Assim, semelhantes aos judeus, os gregos exportaram sua cultura helenística por todas as nações. Por exemplo, segundo esta diretriz de Alexandre e seus sucessores, foi construída bem no meio da Judéia uma cadeia de dez cidades gregas, conhecida como a Decápolis (dez cidades). (Mat. 4:25; Mar. 5:20; 7:31) Isto foi feito para romper a solidariedade judaica. Produziu uma atmosfera ou espírito mundano que se achava tentadoramente saturado de sutis influências helênicas. (1 Cor. 2:12) Para os jovens judeus, estas cidades eram locais de atrações que apresentavam jogos atléticos, o apelo aos sentidos estéticos, à elegância, ao requinte e à beleza de forma.j Assim as maneiras gregas, as palavras gregas, as idéias gregas inundaram a Palestina.
6 Mas, todas estas formas helênicas de cultura e de religião já se tinham misturado com os modos orientais e babilônicos quando Alexandre devastou todo o Império Persa.k “Quando [o helenismo] se misturou com as idéias orientais, degenerou num produto completamente bastardo de sensualidade e racionalismo.”l Observa-se tanto a respeito dos judeus na Palestina como os na dispersão que “gradual, mas seguramente, os judeus começaram a assimilar as idéias religiosas dos ao redor deles, e a considerar as Escrituras sob a influência de tais idéias”.a Assim, isto significava que o hebraísmo primitivo agora se tornou mais apóstata como a religião do judaísmo, com todos os seus crescentes acréscimos de tradições e de regulamentos não-bíblicos. (Gál. 1:13; Mar. 7:13) A seguir, avaliemos as evidências de que o judaísmo se tornou babilonizado, daí dividiu-se em seitas, por volta do tempo de Jesus.
OS JUDEUS ACEITAM O MODO BABILÔNICO DE PENSAR
7. Com que termo vieram os babilônios a se referir a seu deus?
7 Primeiro note que, no assunto da divindade em Babilônia, Marduque (Merodaque) é mencionado como sendo “o mais velho dos deuses, o mais antigo”, o principal deus de Babilônia. (Jer. 50:2)b O fundo antigo de Marduque vai até Ninrode. “Ninrode . . . a mais admissível correspondência é com Marduque, o principal deus de Babilônia, provavelmente seu fundador histórico, assim como Assur, o deus da Assíria, parece . . . ser o fundador do império assírio.”c Muito antes do tempo de Isaías, do oitavo século A. E. C. (Isa. 46:1), crescera o hábito em Babilônia de chamar a seu grande deus pagão, Marduque (Merodaque) simplesmente pelo título geral “Senhor” ou Baal, como fizeram os antigos cananeus pagãos. (Juí. 2:11-13) “Marduque . . . é o deus-cidade de Babilônia, onde seu templo era chamado E-sagila . . . Seu nome próprio nos períodos posteriores foi gradualmente substituído pelo título Belu ‘senhor’, de modo que, por fim, era comumente mencionado como [pelo título] Bel.”d — Jer. 51:44.
8. Será que os judeus foram influenciados pelo costume babilônico acima de chamarem a seu deus por um título?
8 É bem conhecido que os judeus seguiram um hábito similar depois de seu cativeiro babilônico, não mais se referindo a seu Deus, Jeová, pelo seu nome próprio pessoal, mas simplesmente o chamando pelo título “Senhor” (Adonai) exclusivamente. Em realidade, os sopherim judeus nos séculos babilonizados antes de Jesus fizeram 134 mudanças no texto Sagrado Hebraico, de Jeová (יהוה) para Senhor (אדני), favorecendo este hábito apóstata ou de sibolete.e Assim se vê quão ardilosamente os judeus sob o judaísmo foram induzidos por Satanás a ocultar o próprio nome de seu verdadeiro Deus por seguirem este sibolete dum costume babilônico de se referir ao Deus da pessoa simplesmente pelo título. A relação calorosa e pessoal estava sendo perdida por não mais chamá-lo de Jeová, mas substituí-lo por um título abstrato, Senhor.
9, 10. (a) De que modo reverente se observou que os verdadeiros adoradores de Jeová usavam o termo Senhor quando se referiam a Ele? (b) O que é observado na forma de Nabucodonosor reconhecer a Divindade Soberana de Jeová?
9 Desde os dias de Abraão até os Profetas, sempre que os verdadeiros adoradores antigos de Jeová se referiam a Ele como Senhor (Adonai), usavam no contexto o próprio nome divino.f Quando usavam Senhor (Adonai ou Adon) sozinho, sem “Jeová”, era em relação com Sua supremacia sobre os outros chamados senhores ou deuses pagãos (Deu. 10:17; Jos. 3:11, 13), ou somente ele era mencionado como ha-adon, o verdadeiro Senhor.g Isaías expressou o chibolete ou forma correta: “Ó Jeová, nosso Deus, outros senhores [adoním] além de ti têm agido como nossos donos [baalúnu]. Mas, somente de ti faremos menção do teu nome.” — Isa. 26:13.
10 Adicionalmente, torna-se claro que os babilônios, como os demais pagãos, jamais se referiam a seu deus principal pela expressão exclusiva que significa “o verdadeiro deus”, como o fizeram os genuínos adoradores hebreus de Jeová, dizendo ha-elohim. Quando Nabucodonosor se viu obrigado a reconhecer a Divindade Jeová, o Deus dos hebreus, como o verdadeiro Deus, jamais usou a expressão hebraica ha-elohim, mas simplesmente usou a expressão aramaica elaha (determinativa), deus. — Dan. 3:28, 29.
11. Dêem outras evidências de os judeus aceitarem o modo de pensar religioso babilônico.
11 A babilônica “noção de trindades dos poderes divinos” chegou aos judeus por meio da influência egípcia.h As crenças “na imortalidade de alma” chegaram ao judaísmo provenientes da Babilônia e da Grécia. “No segundo século [A. E. C.] os judeus da Palestina bem como de Alexandria aceitaram a doutrina da imortalidade de alma.”i Isto levou ainda mais à crença, no segundo século, na “ressurreição do corpo” que, conforme criam, habilitava a alma a continuar a viver imortalmente.j Por exemplo, o livro apócrifo chamado Sabedoria de Salomão, escrito por um judeu antes dos dias de Jesus, advoga o ensino do filósofo grego, Platão, quanto à separação da alma e o corpo. (1:4; 9:15) Apresenta o conceito grego da predestinação, em que se diz que a alma preexistente entra no corpo. (8:19, 20) A vida futura não vem por meio do Messias, mas pela sabedoria. (8:13) Ensina que o homem foi criado para a incorrupção e a imortalidade. (2:23; 6:19; 12:1) O modo grego de pensar é apresentado, de que o Hades é um lugar em que as almas injustas sofrem. (1:14; 3:1-10), e que a coisa sábia para o homem é viver uma vida de prazer agora. — 2:7-9.
GRUPOS JUDAICOS DE PRESSÃO SECTÁRIA
12-14. Descrevam, um de cada vez, os três grupos de pressão judaicos.
12 O judaísmo começou a se dividir em diversas seitas, segundo a aceitação ou rejeição de várias crenças obscuras do mundo pagão. Tais seitas vieram a servir como grupos de pressão não só religiosa, mas também política. Neste período, a seita dos saduceus se desenvolveu. Os saduceus “incluíam grande parte da casta sacerdotal, e herdaram o conceito dos anteriores helenistas . . . Eram essencialmente materialistas; não partilhavam da esperança messiânica das pessoas, e depositavam sua confiança no raciocínio; sua confiança própria, sua rigidez em fazer cumprir a letra da lei rabínica, e sua negação da ressurreição, refletem o espírito da Estóica [uma escola grega de filosofia]”.k
13 A seita dos essênios partilhava, junto com os Puritanos helênicos que seguiam a Pitágoras, em crer “não só a doutrina dualística do corpo e alma, mas o empenho em favor da pureza corporal, a prática de abluções, a rejeição de ofertas de sangue, e o incentivo ao celibato [tornando-se com efeito eunucos]”.l
14 Os escribas formavam o que equivalia a uma seita ou partido. Primitivamente, estavam associados aos Hasidim (os piedosos). Eram estritos defensores da Lei de Moisés, sendo seus advogados. Nutriam grande antagonismo à língua grega e às idéias gregas.a
15-17. Citem alguns pontos interessantes a respeito de outros três adicionais grupos de pressão judaicos.
15 Ainda outra seita, a dos fariseus, veio a existir durante estas épocas pré-cristãs e eram conhecidos entre si como habherim, significando “próximos”. Sua afirmação de serem os próximos “aumentava o poder que [os fariseus] tinham por meio de sua influência junto ao povo”.’b Incidentalmente, quando Jesus falou aos fariseus em certa ocasião, isto elucida sua ilustração a respeito do “bom samaritano”, quando perguntou: “Qual destes três te parece ter-se feito [o] próximo do homem que caiu entre os salteadores?” (Luc. 10:25-37) Os fariseus eram estritos observadores das muitas tradições judaicas que haviam sido acrescentadas à lei de Moisés. Criam nos anjos e nos espíritos e se apegavam a uma “ressurreição do corpo”.c (Atos 23:6-8) Que as almas humanas são imortais e que os iníquos sofrem num hades foram coisas também ensinadas por eles. Josefo testifica a respeito: “[Os fariseus] pensam que toda alma é imortal; somente as almas dos homens bons passarão para outro corpo, mas as almas dos ruins sofrerão o castigo eterno.”d
16 Um outro grupo de pressão veio a ser chamado de herodianos ou o grupo de seguidores de Herodes. (Mat. 22:16) Havia um grupo de nacionalistas que apoiavam os alvos políticos dos Herodes em seu domínio sob os romanos.e
17 Um grupo final de pressão veio a ser o próprio Tribunal Sinédrio que agia como um todo. Seus membros se compunham de sacerdotes e líderes destas outras seitas e partidos. Tal é o alinhamento completo dos grupos sectários de pressão que se haviam formado por volta do tempo em que Jesus realizou seu ministério.
O JÓ MAIOR EM CENA
18, 19. Apresentem mais notáveis semelhanças entre Jesus e o antigo Jó.
18 A escola maior de cumprimento do drama de Jó se iniciou nos dias de Jesus. O próprio Jesus se tornou tal Jó Maior, o principal “objeto de hostilidade”, como indica o nome Jó. São surpreendentes os pormenores ocorridos no ministério terrestre de Jesus que vieram a ter cumprimento direto, como no caso de Jó, embora nem sempre na mesma ordem. Ademais, Jesus, sendo homem perfeito, com pleno conhecimento, estava em posição avançada para enfrentar as crescentes pressões que vieram sobre ele por parte da mão permitida de Satanás e de seus grupos babilônicos de pressão. É proveitoso examinar as surpreendentes evidências de que Jesus sustenta com maestria a Divindade Soberana de seu Pai, Jeová.
19 Quando Jesus foi ungido como Rei designado pelo espírito de Deus, no Rio Jordão em 29 E. C., ele, com efeito, tinha a posse da terra inteira com todas as suas riquezas e animais. Na verdade, Jesus Cristo era legalmente muito mais rico que o antigo Jó jamais chegou a ser. Jesus, como homem perfeito, poderia ter tido filhos perfeitos, muito embora se tivesse casado com uma esposa imperfeita. Por quê? Porque a perfeição é determinada pelo pai e não pela mãe. Isto é provado no caso de o pai perfeito, Jeová, usar a mãe imperfeita, Maria, para produzir o filho varão perfeito, Jesus. Desta forma, Jesus poderia ter povoado a terra inteira de criaturas humanas perfeitas, em cumprimento do símbolo dos dez filhos de Jó. Na realidade, contudo, Jeová Deus não deu a Jesus uma esposa humana terrestre, mas lhe deu o que equivalia a filhos. Deu-lhe “filhos” na forma de discípulos fiéis, seguidores leais de suas pisadas, a quem pôde ensinar e dos quais cuidou, assim como um pai terrestre faz com seus filhos. A respeito de Jesus, está profetizado: “Vê! Eu e os filhos que Jeová me tem dado, somos como sinais e como milagres em Israel.” — Isa. 8:18; Heb. 2:13; Mar. 10:13-16.
JESUS SUSTENTA A DIVINDADE DE JEOVÁ
20. Descrevam a prova inicial de Jesus da parte de Satanás. Qual foi o resultado?
20 Como no caso de Jó, Satanás, o Diabo, tentou despojar Jesus para sempre de sua destinada riqueza terrestre e de seus filhos espirituais. Diferente do caso de Jó, em que Satanás permaneceu em segundo plano, Satanás então pessoal e diretamente provocou o ordálio de “hostilidade” contra este principal “objeto”, o homem Jesus. Fez isto por três vezes tentar diretamente Jesus no deserto. Satanás, como Tentador pessoal provou a Jesus quanto (1) ao materialismo, (2) à fama pessoal e (3) à negação da Divindade de Jeová. Jesus saiu vitorioso de cada um destes testes básicos. Em cada caso, Jesus venceu a Satanás por usar as Santas Escrituras em que aparecia o nome oficial de Jeová. (Mat. 4:1-11) Sim, Jesus, o Jó Maior, sustentou com êxito a Divindade de Jeová desde o começo.
21. No caso de Jesus, o que parece corresponder a serem os filhos de Jó levados embora e a se tornar fraca a esposa de Jó?
21 No terceiro ano do ministério de Jesus (32 E. C.), pouco antes da época da Páscoa, Satanás causou grande desvio de discípulos de Jesus, similar a serem os dez filhos (número completo) de Jó levados embora. No decorrer do seu ministério, Jesus realmente perdeu alguns de seus professos discípulos, como no caso registrado em João 6:66-68, mas ainda tinha discípulos semelhantes a filhos que permaneceram junto a ele até sua amarga experiência no Jardim de Getsêmani, na noite de ser traído a seus sanguinários inimigos. Mas, naquela noite crucial, perdeu todos os seus discípulos, conforme simbolizados pelo número completo dos filhos de Jó e conforme predito na profecia de Zacarias 13:7. (Mat. 26:31) Primeiro, o apóstolo Judas Iscariotes o traiu, e então Jesus pediu que somente ele próprio, e não seus outros onze apóstolos, fosse preso. Mas, então, com medo do homem, todos os onze apóstolos (representando todos os seus discípulos) fugiram, por livre e espontânea vontade, abandonando-o a seus inimigos. (Mat. 26:56) Conforme ele lhes dissera: “[Vós] me deixareis sozinho.” (João 16:32; 18:8) Mas, esta era a “hora e a autoridade da escuridão” de seus inimigos. — Luc. 22:53.
JESUS SOFREU PRESSÃO COMO SE FOSSE PECADOR
22. Como sofreu Jesus pressão, como se fosse pecador?
22 Diante dos judeus materialistas de Israel, Jesus realmente parecia ser um homem paupérrimo. “Mas Jesus disse-lhe: ‘As raposas têm covis e as aves do céu têm poleiros, mas o Filho do homem não tem onde deitar a cabeça.”‘ (Mat. 8:20) Semelhante ao que aconteceu no caso de Jó, Jesus parecia aos judeus como sendo pecador. Em certa ocasião, os fariseus bradaram: “Sabemos que este homem é pecador.” (João 9:24) Novamente, diante dos judeus, parecia que Jesus estava familiarizado com a doença. “Ele era desprezado e era evitado pelos homens, um homem feito para as dores e para se familiarizar com a doença.” “Ele mesmo tomou as nossas doenças e levou as nossas moléstias.” (Isa. 53:3; Mat. 8:17) Na hostilidade contra Jó, viu-se Jó obrigado a sentar “nas cinzas”, isto é, na lixeira da cidade, do lado de fora da porta da cidade, como um pária. “Torna-se claro que a escolha feita por Jó da esterqueira (as cinzas, Jó 2:8) do lado de fora da porta, não é expressão de seu desespero, mas lhe fora imposto porque ele fora expulso por seus concidadãos.”f É notável, também, que Jesus, o Jó Maior, fosse considerado um pária pelos seus concidadãos judeus, e a Bíblia relata isso: “Jesus também, para santificar o povo com o seu próprio sangue, sofreu fora do portão. Saiamos, pois, a ele, fora do acampamento, levando o vitupério que ele levou.” — Heb. 13:12, 13; veja-se também Rom. 15:3; Sal. 69:7-9.
HOSTILIDADE DOS GRUPOS DE PRESSÃO
23. O que corresponde aos três companheiros de Jó? Como assim?
23 Satanás então pôs em ação seus grupos de pressão e hostilidade, preparados durante séculos. Este deveria ser um ordálio longo e extenuante que tentaria destruir a integridade de coração de Jesus para com Jeová, e derrotar a Jeová na questão da Divindade. No tempo de Jesus, os três “companheiros” dos dias de Jó representavam todos os grupos de ensino ou seitas do judaísmo, junto com seus séquitos de discípulos que deveriam ser companheiros de Jesus em sustentar corretamente a Divindade de Jeová e os verdadeiros ensinos da Bíblia. Ao invés, estas falsas agências de ensino foram usadas para lançar ataques doutrinais duros e violentos contra Jesus. O número três, indicando biblicamente ênfase, ilustra aptamente o ataque enfático e total da parte de todas estas seitas principais dos dias de Jesus, que se haviam maculado doutrinalmente com o modo de pensar babilônico. As estatísticas mostram que Jesus teve cerca de quarenta diferentes escaramuças ou batalhas de palavras com estes diversos grupos de pressão. Houve duas que envolveram os saduceus, duas com o grupo de seguidores de Herodes, cinco com os membros do Sinédrio, oito com os escribas, uma que se referiu indiretamente aos essênios (Mat. 19:12) e trinta e três que envolveram a seita principal, a dos fariseus.
RESPOSTAS DE JESUS VINDICAM A DEUS
24. Apresentem algumas declarações de verdades reveladas nas respostas de Jesus. Como são paralelas às respostas de Jó?
24 As muitas respostas de Jesus às perguntas atacantes da parte de seus hostilizadores sectários continham grande dilúvio de novas verdades que fluíram para enriquecer a verdadeira religião do Cristianismo. Semelhante a Jó, Jesus protestou contra a falsa acusação de que era pecador só porque estava sendo provado quanto à integridade. (Jó 10:14, 15; Luc. 5:30; João 8:46; 9:24) Semelhante a Jó, Jesus rejeitou o falso ensino babilônico de que o homem tem uma alma imortal, mostrando plenamente que o homem é mortal e que, quando está morto, está inconsciente, dormindo. (Jó 7:9, 17; 10:18; João 11:11-14) Semelhante a Jó, Jesus ensinou que haveria a ressurreição da alma, da pessoa, e não a “ressurreição do corpo”, conforme erroneamente ensinado pelos fariseus. (Jó 14:7, 14, 15; João 5:25, 28, 29) Semelhante a Jó, Jesus ensinou que a vida futura não é obtida pelas obras da carne ou obras da Lei, mas vem pelo meio legal de resgate por meio dum resgatador. (Jó 19:25, 26; Mat. 10:28) Estes são apenas alguns paralelos entre os contra-argumentos de Jesus contra seus oponentes religiosos e os similarmente apresentados por Jó.
25. Citem uma notável reviravolta que Jesus produziu contra os oponentes.
25 Tome-se por exemplo uma notável reviravolta causada por Jesus contra seus principais oponentes sectários, os fariseus. Na ilustração inteligente de Jesus a respeito do homem rico [Dives] e Lázaro, assemelha os fariseus, entre outros, ao homem rico. (Luc. 16:14, 19-31) “O rico morreu e foi enterrado. E no Hades, ele ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu Abraão de longe, e Lázaro com ele na posição junto ao seio.” Assim, isto colocou os fariseus no próprio lugar em que eles zombeteira e falsamente ensinavam que todos os pobres iriam, tais como os representados pelo ‘mendigo Lázaro’. No entanto, isto não significa que Jesus ensinava que havia qualquer hades ou inferno de tormento em que as almas sofrem. O próprio Jesus foi para o Hades ou “inferno” literal, mas não sofreu ali tormento algum, e saiu dele no terceiro dia, e agora tem as “chaves da morte e do Hades”, a fim de libertar todos que estão nele no tempo de Deus. (Sal. 16:10; Atos 2:30-32; Mat. 16:18; Rev. 1:17, 18) Por conseguinte, o Hades, Seol ou “inferno” bíblico é a sepultura comum da humanidade morta, da qual há uma ressurreição.g Isto, então, impede muitos dos mestres religiosos babilonizados até mesmo na atualidade de usarem esta mesma parábola do homem rico e Lázaro para apoiar seu ensino dum inferno de fogo.
26. No meio de crescente hostilidade, o que deixou Jesus bem claro quanto à Divindade?
26 A hostilidade continuou a aumentar. Os fariseus acusaram Jesus de fazer seus milagres por meio do ‘governante dos demônios, Belzebu’. (Mat. 12:24) Seus oponentes tiveram dificuldade de se controlar e diversas vezes desejaram matar Jesus.h Daí veio o assunto sensível da Divindade de Jeová e quem é o verdadeiro pai espiritual. O teste decisivo deveria determinar quem é o Pai espiritual da pessoa, Jeová ou o Diabo. “Se Deus fosse o vosso Pai, vós me amaríeis, pois procedi de Deus e aqui estou. . . . Vós sois de vosso pai, o Diabo, e quereis fazer os desejos de vosso pai.” (João 8:42, 44) Jesus apoiou ainda mais esta poderosa condenação pública destes sectários: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! . . . Serpentes, descendência de víboras, como haveis de fugir do julgamento da Geena” (Mat. 23:29, 33) Tais pessoas ficaram então expostas como sendo parte da ‘descendência da serpente’ que deveria então ferir o “calcanhar” de Jesus, o descendente da mulher de Deus. — Gên. 3:15.
JESUS USA O NOME DE JEOVÁ
27. Qual era a situação quanto ao uso do nome divino durante a controvérsia religiosa nos dias de Jesus?
27 Semelhantes aos três companheiros do tempo de Jó, que não usaram o nome divino uma vez sequer em seus discursos como o fez Jó, assim também aconteceu com os líderes religiosos sectários do tempo de Jesus. Nem uma vez sequer em todas as suas perguntas usaram o nome divino, Jeová. Nos quatro relatos evangélicos, há registro de que Jesus usou ele próprio o nome divino vinte e quatro vezes.i Diferente dos judeus, Jesus não se prendia ao costume babilônico de simplesmente usar Senhor, ao invés de pronunciar o nome divino. Com efeito, Jesus se destacou por ensinar o nome a seus discípulos. — João 17:6, 26.
28, 29. (a) O que parece corresponder ao observador neutro, Eliú, com que pontos de apoio? (b) Que confirmação dá Jeová?
28 Durante três anos e meio ardentes, Jesus, o “objeto de hostilidade”, não pecou nem cedeu em sua posição de integridade como o Principal Agente da vida da parte de Jeová. (Atos 3:15) Quem, então, poderia ser o observador despido de preconceitos, neutro, como Eliú, que podia dizer que lado estava certo, os lideres sectários judeus ou Jesus? (Jó 32:2, 3) Poderia ser o corpo governante da recém-estabelecida e jovem congregação cristã, no dia de Pentecostes de 33 E. C., cinqüenta dias depois de Jesus ser ressuscitado dos mortos. Antes de falar, nos dias de Jó, Eliú ficou cheio do espírito de Jeová Deus. (Jó 32:9, 18-20) Semelhantemente, quando Pedro e seus co-apóstolos falaram, em vindicação de Deus e de seu Filho, Jesus Cristo, no dia de Pentecostes, ficaram primeiramente cheios do espírito santo de Deus e, assim, falaram sob inspiração. Provaram que Deus era verdadeiro e que Jesus era o Cristo, exaltado ao céu. — Atos 2:22-37.
29 Outro paralelo notado é que, nos dias de Jó, a voz de Jeová falou do meio do vento tempestuoso, ao passo que nos dias de Jesus a voz de Jeová foi ouvida três vezes diretamente do céu, três sendo sinal de ênfase, confirmando Sua aprovação de Jesus como Seu representante oficial. — Mat. 3:17; 17:5; João 12:28.
O CLÍMAX DA HOSTILIDADE — A RESTAURAÇÃO
30. Qual foi o clímax da hostilidade, e como foi que Jesus reagiu?
30 A hostilidade chegou ao clímax quando todas as forças de Satanás atingiram a plenitude, causando a morte de Jesus na estaca de tortura. Sim, Satanás realizara então o ferimento do calcanhar do Descendente. (Gên. 3:15) Durante o tempo em que Jesus ficou morto no túmulo de outro homem, ficou deveras privado de tudo — de filhos e de bens. Mas, até mesmo no momento de morrer na estaca de tortura fora de Jerusalém, Jesus, semelhante a Jó, “não pecou nem atribuiu qualquer coisa imprópria a Deus”. (Jó 1:22) Seus lábios e seu coração eram inculpes, quando disse: “Pai, às tuas mãos confio o meu espírito”, e, daí: “Está consumado!” e finalmente expirou. — Luc. 23:46; João 19:30.
31, 32. (a) Dêem paralelos entre as restaurações de Jó e de Jesus. (b) Que final feliz tem o drama no caso de Jesus?
31 Como na restauração de Jó, em que veio a ter o dobro da riqueza e dez filhos, assim também Jesus, restaurado por milagrosa ressurreição, veio a ser o “herdeiro de todas as coisas”. (Heb. 1:2) Assim como a esposa original de Jó teve dez outros filhos, assim, com a ajuda da organização-esposa de Deus, conforme representada pelo Jesus celeste que derramou o espírito santo, foi produzido um grupo de novos filhos espirituais em Pentecostes de 33 E. C. e depois disso no cumprimento do primeiro século deste drama. Eram “filhos” de Jesus, dados por Deus. (Isa. 8:18; Heb. 2:10-13) Como sacerdote Jó também deveria oferecer um sacrifício e orar pelos três companheiros arrependidos, a fim de recuperá-los. (Jó 42:8) Isto, também, aconteceu, no sentido de que uma minoria arrependida dos sectários judeus veio a se tornar obediente à fé e foi recuperada pelos serviços sacerdotais de Jesus e pelo sacrifício de resgate dele, depois de Pentecostes de 33 E. C. — Atos 6:7.
32 Então, no grandioso final deste drama espetacular — a respeito de toda a família de Deus no céu e na terra, Jeová, como o Deus Soberano, pode dizer a Satanás e a toda a criação: ‘Não há ninguém semelhante a Jesus Cristo em todo o universo.’ (Jó 2:3) Assim, Jeová fez Jesus, o vindicador de sua Divindade, tornar-se felicíssimo. Nós, também, declaramos que Jesus é feliz para todo o sempre. (Tia. 5:11) Examine a próxima A Sentinela quanto ao resultado feliz advindo àqueles que são os “objetos de hostilidade” nestes últimos dias.
[Nota(s) de rodapé]
b Hellenism, 1919, de Norman Bentwich, Sociedade publicadora Judaica dos EUA, p. 18.
c Ibidem, p. 19.
d Ibidem, p. 117.
e Ibidem, p. 143.
f A Ibidem, págs. 41, 115.
g Guerras Judaicas, de Flávio Josefo, Livro VI, Capítulo 9.
h Hellenism, p. 41.
i Hellenism, 1919, de Norman Bentwich, p. 45.
j Ibidem, p. 49.
k Ibidem, págs. 80, 83.
l Ibidem, p. 55.
a Ibidem, p. 129.
b Cyclopaedia of Biblical, Theological and Ecclesiastical Literature, de John M’Clintock e James Strong, de 1891, Vol. VI, p. 118.
c I.S.B.E., p. 2147.
d Ibidem, p. 371.
e Veja-se Apêndice da NM, págs. 1452, 1453, em inglês.
f Gên. 15:2, 8; Deu. 3:24; 9:26; 2 Sam. 7:18, 19, 20, 28, 29; 1 Reis 2:26; 8:53; Nee. 8:10; 10:29; Sal. 8:1, 9; Isa. 51:22.
g Veja-se Apêndice da NM, págs. 1453, 1454, em inglês.
h Hellenism, p. 65.
i Hellenism, 1919, de Norman Bentwich, p. 149.
j Ibidem, p. 150.
k Hellenism, 1919, de Norman Bentwich, págs. 103, 104.
l Ibidem, p. 108.
a Ibidem, p. 93.
b I.S.B.E., p. 2361.
c Hellenism, p. 150.
d I.S.B.E., p. 2363; A Sentinela, 1959, p. 634.
e I.S.B.E., p. 1383.
f From Tragedy to Triumph (Da Tragédia ao Triunfo), 1958, de H. L. Ellison, p. 26.
g Páginas 3570-3572, 3586 da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, Apêndice, edição de 1963, em inglês.
i Veja-se o Apêndice da NM de 1961, págs. 1454, 1455, em inglês.