Como a humildade poderá protegê-lo
“Cingi-vos de humildade mental uns para com os outros, . . . Mantende os vossos sentidos.” — 1 Ped. 5:5-8.
1. Que inclinação têm muitos homens e a que pode ela levar?
JÁ NOTOU a inclinação humana de atribuir a si mesmo uma importância indevida? Muitos têm a tendência de se salientar e chamar atenção para si mesmos, pelo seu porte pessoal, sua maneira de falar ou seu modo de vida. Sua atitude ambiciosa e muito confiante pode finalmente levar a sofrerem um desagradável revés, assim como diz o antigo provérbio bíblico: “Antes da derrocada, o coração do homem é soberbo.” — Pro. 18:12.
2, 3. (a) O que observou Jesus, enquanto estava num banquete? (b) Como deu Jesus uma lição de humildade?
2 Em certa ocasião, quando Jesus Cristo aceitou o convite dum fariseu, para um banquete, ele notou que os convivas tinham essa atitude altiva do coração. A Bíblia diz: “[Notou] como eles escolhiam os lugares mais destacados para si mesmos.” (Luc. 14:1, 7) Por isso, Jesus aproveitou a ocasião para ensinar uma lição de humildade. Deu aos convivas a seguinte ilustração:
3 “Quando fores convidado por alguém para uma festa de casamento, não te deites no lugar mais destacado. Talvez ele tenha convidado ao mesmo tempo alguém mais distinto do que tu, e aquele que te convidou venha com ele e te diga: ‘Deixa este homem ter o lugar.’ E então principiarás com vergonha a ocupar o lugar mais baixo. Mas, quando fores convidado, vai e recosta-te no lugar mais baixo, para que, quando vier o homem que te convidou, te diga: ‘Amigo, vai mais para cima.’ Então terás honra na frente de todos os que contigo foram convidados. Porque todo aquele que se enaltecer será humilhado, e aquele que se humilhar será enaltecido.” — Luc. 14:8-11.
4, 5. (a) Contra que poderá ser protegido pela humildade? (b) Que ilustração deu Jesus àqueles que se julgavam justos?
4 Quão simples e claros foram os termos em que Jesus mostrou como a humildade pode proteger! (Pro. 16:18) Ela não somente pode poupá-lo a um possível embaraço perante outros homens, porém, poupá-lo-á ao julgamento adverso de Deus, a respeito de quem se diz: “Deus opõe-se aos soberbos, mas dá benignidade imerecida aos humildes.” (Tia. 4:6; Luc. 20:45-47) Jesus indicou em outra ocasião a avaliação que Deus faz dos convencidos e dos que se julgam importantes, quando falou com “alguns que confiavam em si mesmos como sendo justos e que consideravam os demais como nada”. (Luc. 18:9) A esses ele contou uma ilustração a respeito dum fariseu e dum cobrador de impostos, explicando:
5 “O fariseu estava em pé e começou a orar as seguintes coisas no seu íntimo: ‘Ó Deus, agradeço-te que não sou como o resto dos homens, extorsores, injustos, adúlteros, ou mesmo como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana, dou o décimo de todas as coisas que adquiro.’ O cobrador de impostos, porém, estando em pé à distância, não estava nem disposto a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: ‘Ó Deus, sê clemente para comigo pecador.’ Digo-vos: Este homem desceu para sua casa provado mais justo do que aquele homem; porque todo o que se enaltecer será humilhado, mas quem se humilhar será enaltecido.” — Luc. 18:9-14.
6. (a) Que atitude foi encontrada freqüentemente por Jesus? (b) Que perguntas suscita isso?
6 Na leitura da Bíblia, é notável observar quantas vezes Jesus encontrou pessoas que pensavam ser superiores aos outros, e quantas vezes ele advertiu a tais sobre o perigo de sua atitude, de se julgarem mais importantes do que os outros. Fez isso outra vez, quando falou às multidões e aos seus apóstolos, em Jerusalém, apenas alguns dias antes de sua execução. Ele disse: “Não sejais chamados Rabi, pois um só é o vosso instrutor, ao passo que todos vós sois irmãos. . . . Tampouco sejais chamados ‘líderes’, pois o vosso Líder é um só, o Cristo. Mas o maior dentre vós tem de ser o vosso ministro. Quem se enaltecer, será humilhado, e quem se humilhar, será enaltecido.” (Mat. 23:1-12) Mas, especialmente em benefício de quem enfatizou Jesus novamente a necessidade de humildade? A quem, em especial, procurava ajudar e proteger?
ATITUDE DOS APÓSTOLOS
7. Por que não deve surpreender que as pessoas estejam inclinadas a ser orgulhosas e a procurar destaque?
7 É importante notar que os homens, por causa das imperfeições herdadas, estão inclinados a ser egoístas e a pensar mais de si do que deviam pensar. (Sal. 51:5; Rom. 12:3) Além disso, o mundo procura cultivar em nós o conceito de que nossa família, raça ou nacionalidade é melhor do que a dos outros. Incentiva-nos também a progredir e a exceder os outros, sem considerar os métodos usados. Por isso, não deve surpreender que as pessoas estejam dispostas a procurar posição e prestígio. Ora, muitos talvez neguem tal empenho. “Eu não quero poder”, talvez digam. Mas o que mostram suas ações? Por exemplo, mostraram Pedro, Tiago e João, ou qualquer dos outros apóstolos, o desejo de ter uma posição de destaque? O que foi que aconteceu certo dia quando eles, junto com Jesus, retornavam a Cafarnaum?
8, 9. (a) Que discussão tiveram os apóstolos de Jesus na estrada para Cafarnaum? (b) Naquela ocasião, como ensinou Jesus aos seus apóstolos que eles tinham uma atitude errada?
8 Marcos registrou o que aconteceu do seguinte modo: “Quando [Jesus] estava dentro da casa, fez-lhes a pergunta: ‘Sobre que estáveis disputando na estrada?’ Eles ficaram calados, pois na estrada tinham disputado entre si quem era maior.” Lucas também registra este incidente, mas parece que nem ele, nem Marcos, estavam presentes. (Mar. 9:33-37; Luc. 9:46-48) Todavia, o apóstolo Mateus estava lá, e, sem dúvida, ficou envergonhado por ter participado na discussão. Embora Mateus omita a discussão, ele descreve como Jesus, naquela ocasião, deu-lhes uma lição de humildade, explicando:
9 “Portanto, chamando a si uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: ‘Deveras, eu vos digo: A menos que deis meia-volta e vos torneis como criancinhas, de modo algum entrareis no reino dos céus. Por isso, todo aquele que se humilhar, semelhante a esta criancinha, é o que é o maior no reino dos céus.’” (Mat. 18:2-4) Que bela maneira de incutir em seus discípulos o valor da humildade! As criancinhas, por natureza, admiram seus pais e os consideram como superiores. Os apóstolos precisavam dar meia-volta e tornar-se assim. Fizeram isso? Mudaram de atitude?
10. Mais tarde, que solicitação fizeram Tiago e João a Jesus, e qual foi a reação dos outros dez apóstolos?
10 Não foi muito tempo depois que os apóstolos acompanharam Jesus a Jerusalém, para a última semana momentosa de sua vida. Em caminho para a cidade, aconteceu o seguinte, segundo registra Marcos: “Tiago e João, os dois filhos de Zebedeu, aproximaram-se dele e disseram-lhe: ‘Instrutor, queremos que faças para nós o que for que te peçamos.’ Disse-lhes ele: ‘Que quereis que eu faça para vós?’ Disseram-lhe: ‘Concede-nos que nos assentemos um à tua direita e outro à tua esquerda, na tua glória.’” Este pedido talvez o faça lembrar-se dos convivas no banquete, que escolhiam os melhores lugares para si mesmos. “Ora, quando os outros dez ficaram sabendo disso, principiaram a indignar-se com Tiago e João.” Os outros apóstolos não estavam de acordo com esta tentativa de Tiago e João, atrás das costas deles, de conseguir uma posição superior no governo de Cristo. — Mar. 10:35-41.
11. (a) Que conceito errôneo tiveram os apóstolos? (b) Como procurou Jesus endireitar seu modo de pensar?
11 Tiago e João, bem como os demais apóstolos, encaravam os assuntos dum ponto de vista errôneo, mundano. Talvez pensassem em quando os reis israelitas da linhagem davídica governavam, centenas de anos antes. Talvez presumissem que o rei messiânico Jesus Cristo também teria um governo terrestre, com homens em altos cargos e de destaque. Talvez tivessem ambições pessoais, de servir em tais altos cargos. De qualquer modo, não haviam aprendido a lição de humildade. Por isso, Jesus tentou endireitar seu modo de pensar, dizendo-lhes: “Sabeis que os que parecem estar governando as nações dominam sobre elas, e seus grandes exercem autoridade sobre elas. Não é assim entre vós; mas quem quiser tornar-se grande entre vós, terá de ser o vosso ministro, e quem quiser ser o primeiro entre vós, tem de ser o escravo de todos.” — Mar. 10:42-44; Mat. 20:20-28.
12. Em quem pensava Jesus especialmente ao exortar as pessoas a ser humildes e a não ser chamadas de ‘líder’?
12 Em vista deste modo de pensar dos apóstolos de Jesus, podemos ter a certeza de que ele pensava especialmente neles, quando disse ao povo de Jerusalém, alguns dias depois, que deviam ser humildes e não se arvorar em ‘instrutores’ ou “líderes”. (Mat. 23:8-12) Por causa das repetidas discussões dos apóstolos, Jesus pode ter decidido dar ênfase ainda maior à necessidade de serem humildes. Esta oportunidade se apresentou dois dias depois, quando os doze estavam reunidos num sobrado em Jerusalém, para celebrarem juntos sua última Páscoa.
13. (a) Nos países orientais, como costumava o anfitrião mostrar sua hospitalidade para com os seus convidados? (b) Portanto, que oportunidade deu isso aos apóstolos, quando se reuniram para a última Páscoa que celebraram juntos?
13 Visto que os apóstolos não eram pessoas convidadas, mas apenas tinham a sala à sua disposição, não havia ali servos para lhes lavar os pés. Nos países orientais, onde as pessoas, em geral, costumavam usar sandálias ou andar descalças, era um ato de hospitalidade da parte do anfitrião providenciar que se lavassem os pés dos visitantes, ao entrarem na sua casa. A tarefa costumava ser designada ao servo mais humilde da casa. Neste respeito, a jovem Abigail mostrou verdadeira humildade quando se dirigiu aos servos de Davi, dizendo: “Eis a tua escrava como serva para lavar os pés dos servos do meu senhor.” (1 Sam. 25:41; Luc. 7:44; 1 Tim. 5:10) Os apóstolos, portanto, tiveram ali uma bela oportunidade para fazer este serviço necessário, mas, pelo visto, o espírito de rivalidade era tão grande no seu coração, que nenhum deles se apresentou para isso. Em resultado, passaram a tomar a refeição com os pés por lavar, o que era contrário ao costume.
14, 15. (a) Que serviço significativo realizou Jesus para seus apóstolos? (b) Que lição inculcou Jesus com isso, mas o que mostra se os apóstolos entenderam então o ponto em questão?
14 O apóstolo João registrou o que aconteceu então: Jesus ‘levantou-se da refeição noturna e pôs de lado a sua roupagem exterior. E, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois pôs água numa bacia e principiou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha de que estava cingido. . . . Tendo então lavado os pés deles e vestido a sua roupagem exterior, e tendo-se deitado novamente à mesa, disse-lhes: ‘Sabeis o que vos tenho feito? Vós me chamais de “Instrutor” e “Senhor”, e falais corretamente, pois eu o sou. Portanto, se eu, embora Senhor e Instrutor, lavei os vossos pés, vós também deveis lavar os pés uns dos outros.’” — João 13:1-14.
15 Que maneira excelente de instruir seus apóstolos em humildade! Seria de pensar que entenderam o ponto em questão. Ele lhes ensinava uma atitude mental — de humildade, que os tornaria dispostos a realizar as tarefas mais humildes para os outros. No entanto, o que aconteceu? Lucas explica que, no decorrer da noite: “Levantou-se também uma disputa acalorada entre eles sobre qual deles parecia ser o maior.” (Luc. 22:24) Pode imaginar isso! Depois de todos os esforços de Jesus, para lhes ensinar humildade, ainda não tiraram da mente a idéia de categoria e de alguns terem posições superiores aos outros. Toda a sua cultura, dominada pelos orgulhosos fariseus e saduceus, evidentemente havia contribuído para deturpar sua atitude de tal maneira, que não eram capazes de reconhecer que todos eles eram irmãos, em igualdade de condição.
16. (a) Que comentários de Jesus, sem dúvida, lançaram a base para a discussão? (b) De que modo continuou Jesus pacientemente a tentar ajudar seus apóstolos?
16 As referências de Jesus ao reino de Deus, naquela noite, sem dúvida lançaram a base para esta discussão sobre quem parecia ser o maior. (Luc. 22:16-18) É deveras uma evidência notável da paciência e longanimidade de Jesus, de que ele não se zangou com seus apóstolos e não os censurou fortemente pelo seu desejo egoísta de ter destaque e de ocupar os lugares mais proeminentes com ele na sua glória do Reino. Antes, ele lhes disse de novo, com paciência, sem dúvida também em tom de exortação: “Os reis das nações dominam sobre elas, e os que têm autoridade sobre elas são chamados de Benfeitores. Vós, porém, não deveis ser assim. Mas, que o maior entre vós se torne como o mais jovem, e o que age como principal, como aquele que ministra.” — Luc. 22:25-27.
É VITAL APRENDER A LIÇÃO
17, 18. (a) Por que era vital que os apóstolos aprendessem a ser humildes? (b) A atitude de excessiva confiança, dos apóstolos, contribuiu para que, naquela noite?
17 Era muito vital que aprendessem essa lição de humildade. Sua própria vida estava em jogo, bem como a vida do rebanho cristão. Como? Ora, considere para que contribuiu a atitude deles naquela noite. Jesus os advertiu: “Todos vós tropeçareis em conexão comigo.” Mas os apóstolos protestaram que isso nunca ia acontecer. Achavam-se prontos para qualquer contingência, e, por isso, cada um deles disse: ‘Mesmo que tenhamos de morrer, de modo algum te repudiaremos.’ E na resposta de Pedro notamos uma forte indicação da rivalidade que existia entre eles: “Ainda que todos os outros tropecem em conexão contigo, eu nunca tropeçarei!” — Mat. 26:31-35.
18 Pois bem, lembramo-nos do que aconteceu. Todos os apóstolos falharam lamentavelmente ao seu Amo. Não estavam atentos, deixando de escutar as repetidas instruções dele. E, por fim, fugiram com medo, deixando Jesus sozinho para enfrentar a turba que veio prendê-lo. E Pedro negou em três ocasiões diferentes que até mesmo conhecesse o seu Amo! Pedro dissera, na realidade: ‘Todos os outros podem ter fraqueza quanto à sua fé, mas não eu — eu nunca te falharei, Senhor.’ Mas a sua atitude de excessiva confiança, de ‘eu-sou-mais-fiel-do-que-eles’, contribuiu para uma terrível queda de Pedro. Quão vital é aprender a humildade! Será que os apóstolos, por fim, aprenderam?
19, 20. (a) Que evidência há de que os apóstolos aprenderam a ser humildes? (b) De que maneira se presidia evidentemente a primitiva congregação cristã, e o que indica isso quanto à atitude dos apóstolos?
19 Sim, aprenderam. A paciência amorosa que Jesus teve com eles foi ricamente recompensada. Uma evidência disso é a maneira franca e honesta em que registraram os ensinos de Jesus sobre a humildade. Podemos imaginar como se devem ter sentido quando se lembraram de seu proceder anterior. Não obstante, queriam que outros tirassem proveito de seus enganos e especialmente da boa instrução que Jesus lhes dera. Evidência adicional de que aprenderam bem a lição é o próprio conselho deles, exortando à humildade. Por exemplo, o apóstolo Pedro escreveu mais tarde: “Sede todos da mesma mentalidade, . . . humildes na mente.” — 1 Ped. 3:8.
20 Mais outra evidência de que finalmente aprenderam a humildade é encontrada no livro bíblico de Atos. Na leitura dele podemos ver como os apóstolos cooperaram unidos para a edificação da congregação cristã. Nenhum deles procurou ambiciosamente destaque ou prestígio, e ninguém agiu como se fosse o principal entre eles, tentando fazer com que sua palavra fosse lei. Antes, pelo visto, como corpo de homens, incluindo até mesmo outros anciãos, além dos apóstolos, decidiram questões importantes que afetaram a congregação cristã. O discípulo Tiago, meio-irmão de Jesus, que não era apóstolo, parece ter presidido à reunião em que se tomou a decisão a respeito da circuncisão. (Atos 15:6-29; 12:1, 2) Isto sugere que pode ter havido um rodízio de anciãos presidentes, sendo que um agia como presidente numa ocasião, e outro, em outro tempo. Desenvolveu-se entre os apóstolos um espírito de verdadeira humildade.
A LIÇÃO FOI ENFATIZADA — POR QUÊ?
21. Como enfatizou o apóstolo Pedro a importância da humildade?
21 O apóstolo Pedro, anos depois, achou necessário enfatizar a importância da humildade, e fez isso na primeira de suas cartas inspiradas, preservada no cânon da Bíblia. No capítulo quatro, ele menciona os sofrimentos que os cristãos podem esperar pela sua fidelidade a Deus, e depois diz: “Portanto, dou esta exortação aos [anciãos] entre vós . . . Pastoreai o rebanho de Deus, que está aos vossos cuidados, não sob compulsão, mas espontaneamente; . . . nem como que dominando sobre os que são a herança de Deus, mas tornando-vos exemplos para o rebanho. . . . Todos vós, porém, cingi-vos de humildade mental uns para com os outros, porque Deus se opõe aos soberbos mas dá benignidade imerecida aos humildes. Humilhai-vos, portanto . . . Mantende os vossos sentidos, sede vigilantes. Vosso adversário, o Diabo, anda em volta como leão que ruge, procurando a quem devorar.” — 1 Ped. 5:1-8.
22. Depois de Pedro mencionar os sofrimentos dos cristãos, por que usou ele a palavra “portanto” ao prefaciar sua exortação aos anciãos?
22 Por que disse Pedro, depois de mencionar os sofrimentos dos cristãos: ‘Portanto, dou esta exortação aos anciãos entre vós’? É pelo motivo de que, se faltar humildade aos anciãos, esta atitude pode aumentar o sofrimento e os fardos sob os quais os irmãos cristãos já labutam. Mas a atitude humilde dos anciãos é revigorante e torna mais fácil que os irmãos demonstrem perseverança. (Isa. 32:1, 2) Por isso, Pedro admoesta os anciãos a ‘não dominar sobre os que são a herança de Deus, mas a tornar-se exemplos para o rebanho’.
23. (a) Que comentários de Jesus talvez influenciassem Pedro a exortar os anciãos a não dominar sobre o rebanho? (b) De que qualidade devem cingir-se os anciãos, e com que resultado?
23 Pedro, evidentemente, lembrou-se dos comentários de Jesus a respeito dos governantes mundanos, que “dominam sobre elas” e “exercem autoridade sobre elas”, e que ele disse: “Vós, porém, não deveis ser assim.” (Mar. 10:42-44; Luc. 22:25-27) Não, os anciãos cristãos não devem ser como os orgulhosos fariseus, que diziam aos outros o que fazer, mas que não estavam dispostos eles mesmos a levantarem sequer um dedo para fazê-las. (Mat. 23:3, 4) Antes, devem dar exemplo; eles mesmos devem estar dispostos a fazer o que pedem que outros façam. Junto com todos os outros cristãos, devem ‘cingir-se de humildade mental’. Em harmonia com o significado da palavra grega enkombóomai, traduzida por “cingi-vos”, em 1 Pedro 5:5, devem firmemente ‘atar esta humildade a si mesmos, como que por nós’. Em resultado, nunca se considerarão acima das tarefas servis, tais como limpar o Salão do Reino, ou acima da participação em todos os aspectos da atividade pregadora da congregação cristã.
24. De que maneira poderiam os anciãos estar dominando sobre o rebanho?
24 Ao mesmo tempo, os que se cingem de humildade não se arrogarão confortos ou privilégios especiais, como se merecessem algo melhor do que os outros recebem. Por exemplo, nas assembléias cristãs, não significaria realmente dominar sobre os irmãos se os anciãos obtivessem para si refeições especiais e as melhores tarefas de serviço, ao mesmo tempo atribuindo aos seus irmãos as inferiores? Ou significaria dar exemplo ao rebanho, se furassem a fila no restaurante e obtivessem suas refeições na frente dos que já esperam por mais tempo? É verdade que pode haver emergências, por causa de tarefas urgentes de serviço, quando se pode tornar necessário adiantar-se na fila do restaurante, ou comer em hora ou lugar diferentes dos outros. Contudo, esses são assuntos que merecem séria cogitação. Por quê?
25. (a) Será que aqueles que têm habilidades ou privilégios especiais de serviço são pessoas superiores? (b) Que conselho, portanto, é vital que os cristãos acatem?
25 Em primeiro lugar, quando alguém recebe autoridade, talvez fique especialmente inclinado a pensar que ele é melhor, mais merecedor do que os outros. Mas, é mesmo? Talvez tenha certas habilidades que o qualificam como ancião cristão e para cuidar de alguma operação na assembléia, mas estas habilitações não o tornam uma pessoa superior. (1 Tim. 3:1-7) Jeová Deus não considera que o ancião, ou qualquer outro homem com capacidade especial, seja superior aos seus irmãos. Quão vital é, pois, que se acate o conselho de Deus, de mostrar “humildade mental, considerando os outros superiores”! (Fil. 2:3) Esta disposição mental humilde protege o cristão contra a queda terrível que o orgulho pode trazer. — Pro. 16:18; 18:12.
26. Como pode a falta de humildade da parte dos anciãos pôr em perigo o rebanho?
26 Esta atitude humilde do ancião cristão protegerá também o rebanho. As “ovelhas” poderiam tropeçar facilmente e se desviar da congregação cristã, se os anciãos se arrogarem privilégios especiais, procurarem prestígio ou destaque, ou de outro modo mostrarem ter um espírito orgulhoso e soberbo. A Palavra de Deus exorta: “Tomai a dianteira em dar honra uns aos outros.” (Rom. 12:10) Mas, se os do rebanho virem os anciãos, que supostamente são exemplos, honrar a si mesmos com as melhores coisas e agir de modo arbitrário e arrogante, como ficarão afetados? Forçosamente ficarão prejudicados. Os sofrimentos que suportam por serem cristãos aumentarão e isso poderá levar a um desastre.
27. Como podem os anciãos manter os sentidos e impedir que o Diabo devore a eles e o rebanho?
27 É de se admirar, então, que o apóstolo Pedro advertiu: “Mantende os vossos sentidos, sede vigilantes. Vosso adversário, o Diabo, anda em volta como leão que ruge, procurando a quem devorar”? Se um ancião cristão cultivar um espírito orgulhoso e soberbo, poderá abrir o caminho para o Diabo conseguir devorar tanto a ele como também os membros do rebanho. Portanto, anciãos, procurem evitar até mesmo só a aparência de serem arrogantes ou terem atitude de superioridade. Cinjam-se de humildade. Sejam tratáveis, bondosos, ternos e compassivos, como quando a mãe lactante acalenta seus próprios filhos. (Efé. 4:32; 1 Tes. 2:7, 8) Sempre olhem para o exemplo e os ensinos de Jesus Cristo e façam o mais que puderem para imitá-lo.
28. Que perspectiva excelente do futuro há, e onde obtemos um antegosto disso?
28 Imagine quão belo será quando todos os vivos demonstrarem ter humildade mental e considerarem os outros superiores a si mesmos. Quanto revigoramento e paz haverá então! Mesmo já agora, dentro da congregação cristã, recebemos um antegosto desta bênção de nos associarmos com homens, mulheres e crianças humildes e altruístas. Não ficamos com isso animados a nos cingir de humildade! Ela pode proteger-nos, impedindo que sejamos devorados pelo Diabo, e pode ajudar-nos a sobreviver à “grande tribulação” e a viver eternamente na nova ordem justa de Deus, que se aproxima rapidamente. — Sal. 133:1-3; Rev. 7:9-14.