Harmonia Interna — Prova da Autoria Divina da Bi̇́blia
“Seja Deus verdadeiro, e mentiroso todo homem, segundo está escrito: Para seres justificado nas tuas palavras, e venhas a vencer quando fores julgado.” — Rom. 3:4, ALA.
1. Por que é que muitos têm pouco respeito pela religião cristã e pela Bíblia?
MUITAS pessoas e em muitos países sabem pouco ou nada da Bíblia. A miúdo isto é porque nunca a leram, não foram criadas na fé cristã. Mas têm a sua própria religião e seus escritos sagrados, tenda aprendido a aceitá-los coma verdadeiros. Por isso, o conhecimento delas e o juízo que fazem da religião cristã e dos seus escritos sagrados, a Bíblia, baseiam-se no que vêem e sabem do procedimento dos que professam ser cristãos, quer se tratem das nações chamadas cristãs quer, talvez, de uma comunidade cristã existente nos seus próprios países. Quando vêem quão profundamente está dividida a cristandade, quando vêem quão belicosa ela é, quando vêem suas práticas e princípios em questões comerciais e morais, não é de se admirar de que tenham pouco respeito pela religião cristã e de que formem uma opinião ruim sobre o seu livro, a Bíblia. Mas é este todo o vitupério, ou é este a pior espécie de vitupério que sofre a Bíblia
2. Em que sentido muitos da cristandade se julgam mais privilegiados do que outros e há justificativa para tanto?
2 Muitas pessoas e em muitas igrejas reconhecem relutantemente a má impressão causada pela cristandade nos seus vários campos de atividade. Balançam com tristeza a cabeça por causa da ignorância dos que nada sabem da Bíblia, tendo consciência da grande vantagem que possuem por pertencerem a uma comunidade cristã. “É claro que acreditamos em Deus”, dizem eles, “aceitamos a Bíblia como Palavra de Deus e a respeitamos concordemente”. Esta revista não duvida da sinceridade delas, mas achamos oportuno e mui apropriado fazermos uma ou duas perguntas quanto à verdadeira opinião delas para com a Bíblia.
3. (a) Como é que a maioria considera a Bíblia e o que causou isto? (b) Que fraqueza é aparente com respeito a este conceito?
3 Será que tais pessoas realmente aceitam sem reserva que Deus é de fato o Autor e inteiramente responsável pelos sessenta e seis livros que compõem o verdadeiro cânon da Bíblia, desde Gênesis até Apocalipse? Poucos, de fato, chegariam tanto, ou perto de tanto. Os da grande maioria, seguindo a tendência geral, fazem distinção entre o que chamam de o Velho e o Novo Testamento, baseando-se a sua fé quase inteiramente no último, usando pouco o primeiro ou tendo ainda menos confiança nele, exceto para seu interesse histórico ou literário. A muitos dos que foram criados nas escolas dominicais se contaram as histórias de Adão e Eva no jardim do éden e de outros acontecimentos e milagres dos tempos antigos. O que lhes aconteceu quando cresceram? Ainda seguindo a tendência geral, mentalmente colocam aquelas coisas na mesma categoria dos contos de fada da infância e as põem de lado. Mas podem então dizer que crêem no que chamam de Novo Testamento, quando as muitas citações que este faz das Escrituras Hebraicas são sempre apresentadas como inquestionavelmente verdadeiras e autorizadas, e quando Jesus, o Filho de Deus, disse com ênfase referente àqueles escritos (a única parte da Bíblia que então existia): “A tua palavra é a verdade”? — João 17:17, ALA.
4. Como é que muitos consideram a inspiração das Escrituras?
4 Isto suscita a importante questão da inspiração da Bíblia. Muitas pessoas da cristandade vêem na Bíblia um bom livro: O Livro, no que concerne à religião, e que deve ser tratado com o maior respeito por causa de sua antiguidade. E geralmente dizem que é inspirado. Mas em que sentido? Só no sentido em que se diz que os poetas e os músicos são inspirados. Comparam um escritor bíblico, digamos, Isaías ou Davi, com um poeta talentoso, completamente absorto e embevecido num grande tema, suscitando e estimulando as suas habilidades criativas, para que, segundo dizem, pudesse sobrepujar a si mesmo e ter a inspiração de produzir uma monumental e imortal obra-prima.
5. Como é que a própria declaração da Bíblia referente à sua inspiração se contrasta com a opinião geral com respeito aos seus escritores e o trabalho deles?
5 A realidade então é que muitos consideram a Bíblia uma coleção de livros escritos por homens devotos, antes que uma só obra, embora composta, escrita sob a direção de um único Autor divino, que inspirava mediante o seu espírito santo ou força ativa invisível. Este último é o ponto que a própria Bíblia apresenta, dizendo que “toda Escritura é inspirada por Deus” e que “nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens falaram da parte de Deus movidos pelo espírito santo”. (2 Tim. 3:16; 2 Ped. 1:21, ALA) Mas muito poucos na cristandade concordariam com isto. Antes, acham que os escritores do Velho Testamento eram homens que buscavam a Deus às apalpadelas e acrescentam apressadamente que nós já estamos muito longe daquele tempo. Não, não dizem que já estamos muito longe dos dias de Jesus e dos seus apóstolos, mas a atitude deles para com a Bíblia e a maneira em que a tratam, dá no mesmo. Certamente não consideram a Bíblia como um guia moderno para solução de problemas modernos, mas, antes, a consideram como algo que pode ser usado para lições morais e como uma excelente fonte dada a citações.
6. Como é que muitos se colocam numa posição esquerda e como se ilustra isto?
6 Assim, embora possuam uma Bíblia e falem abundantemente dela como Palavra de Deus, na realidade, estes professos amigos da Bíblia estão numa posição esquerda e, de fato, se contradizem. Isto é bem ilustrado pela citação de certa publicação católica romana.a Sob o titulo “Como os Católicos Consideram a Bíblia”, lemos: “Os católicos mantêm a maior estima e veneração pela Bíblia como Palavra inspirada de Deus e a consideram como um tesouro de valor sem igual.” Que melhor expressão de confiança poderíamos desejar? Mas, esperei A sentença seguinte diz: “Mas eles [os católicos] consideram que nunca se intencionou que a Bíblia fosse a única e adequada Regra de Fé, em parte porque ela não é um registro suficientemente exaustivo para todos os ensinos de Cristo, em parte porque as suas expressões doutrinárias nem sempre são claras e precisam de uma interpretação autorizada.” Tendo-se então solapado a sua confiança na Bíblia, diz-se-lhe que a autoridade da Igreja Católica é o meio divinamente provido para preservar para sempre a inteira doutrina de Cristo. Em outras palavras, não é a voz da Palavra de Deus, mas a da Igreja Católica que deve ser considerada como plena e final autoridade.
7. Que influência solapadora opera na cristandade e em que resulta?
7 Falamos tanto sobre isto para que os nossos numerosos leitores possam ver claramente a posição de tantos que falam da Bíblia como Palavra de Deus, contudo, pela falta de fé nela e por não aceitá-la, causam mais dano a ela, trazendo-lhe vitupério, do que até mesmo os não-cristãos declarados ou ateus confirmados: Esta influência solapadora é certamente uma das principais causas da indiferença que as testemunhas de Jeová encontram repetidas vezes, quando se empenham em suscitar interesse pela única esperança da humanidade, a mensagem bíblica sobre o reino de Deus, a única solução para todos os problemas atuais. Esta indiferença provém da falta de genuína confiança na única base fundamental da fé cristã, a saber, a verdadeira e correta Palavra de Deus, a Bíblia.
8. Como é bem substanciada a autoria divina da Bíblia e que aspectos envolve?
8 Por conseguinte, propomos o exame de algumas linhas de evidência que apresentam prova substancial da divina inspiração da Bíblia, indicando irresistivelmente a um único Autor divino. Uma das principais evidências é o modo maravilhoso em que centenas de profecias bíblicas se têm cumprido e estão cumprindo-se perante as nossos olhos nestes “tempos difíceis”. (2 Tim. 3:1, ALA) O que é notável neste campo de estudo é o fato de que Jeová previu e predisse tudo isto, não só quanto ao seu próprio povo, os que estão em harmonia com ele, mas também quanto aos que não estão em harmonia com ele. Isto inclui profecias referentes à marcha dos poderes mundiais, tanto a ascensão como a queda deles.b Em adição a isto está o fato de que Jeová fez com que estas profecias se cumprissem sem coerção, sem interferir-se com o livre arbítrio até mesmo dos seus inimigos. Acrescente-se a isto a notável exatidão quanto às várias épocas envolvidas.
9. Que outra linha de evidencia pode ser considerada, capacitando-nos a defrontar que desafio?
9 Estas coisas formam o que pode ser chamado de estudo objetivo da Palavra de Deus, e vez após vez elas têm sido o principal assunto dos artigos desta revista e indubitavelmente continuarão assim, se for da vontade de Jeová. Todavia, nesta consideração, pretendemos examinar certas evidências subjetivas, isto é, as que se encontram na própria Bíblia. A grande questão é: Pode-se dizer que a Bíblia realmente seja nada mais do que uma coleção de documentos humanos escritos sob influência de inspiração humana? É sustentável esta teoria, tem ela realmente valor? Ou, ao ser levada à conclusão lógica, descobriremos que é inteiramente insustentável e de tanto valor quanto tem uma peneira para tapar o sol? Em outras palavras, pode-se provar que há harmonia interna através de todas as Escrituras, uma harmonia e uma concepção das coisas tão fortes e além da originalidade humana, ao ponto de desafiarem a possibilidade de estes escritos serem acreditados a meros homens, embora devotos?
10. (a) Na escrituração das Escrituras, que fatores importantes surgem? (b) Podem os escritores da Bíblia ser acusados de conluio?
10 Antes de considerarmos a nossa primeira linha de evidência, gostaríamos de apresentar três fatores importantes referentes às Escrituras. Primeiro, o fator-tempo. Moisés, o primeiro dos escritores inspirados, começou a escrever, não depois de 1513 A. C., e João, o último escritor, completou o cânon da Bíblia cerca de 98 E. C. Assim, a Bíblia levou cerca de 1600 anos para ser escrita. Lembre-se disto. Segundo, mais de trinta e cinco homens, todos hebreus, foram usados para escrever a coleção dos sessenta e seis livros da Bíblia. Terceiro, muitos dos seus escritos, especialmente as profecias, foram expressos em linguagem altamente figurada e simbólica, freqüentemente além da compreensão dos próprios escritores. Segundo disse Daniel em certa ocasião: “Eu ouvi, porém não entendi”, e à sua pergunta, foi-lhe dito o seguinte: “Estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim.” O que concluímos destes três fatores, a saber, que trinta e cinco homens levaram cerca de 1600 anos para completarem os seus escritos, freqüentemente enunciados em linguagem figurada? Ora, o seguinte: que aqueles homens não puderam reunir-se para fazer com que tudo se enquadrasse. Não podia haver conluio, mas, antes, toda a possibilidade de colisão, especialmente porque, como veremos, nem todos escreveram do mesmo ponto de vista. — Dan. 12:8, 9, ALA. (Veja-se também 1 Pedro 1:10-12.)
A PRIMEIRA PROFECIA COMO FOI MANTIDA
11. (a) De que ângulo intencionamos examinar a profecia bíblica? (b) Relate as circunstâncias e as palavras da primeira profecia.
11 A primeira linha de evidência que desejamos examinar é com referência ao modo pelo qual uma profecia, especialmente a primeira, é mantida através da Bíblia. Lembre-se, não estamos considerando tanto do ângulo do cumprimento de profecia, mas com respeito ao modo em que os escritores bíblicos, do princípio ao fim, mantiveram seu tema e a sua concepção das coisas, relacionadas com o propósito de Deus. A primeira profecia é pequenina e, pela sua própria fraseologia, tem uma posição-chave. Foi vaticinada quando Jeová Deus pronunciou o julgamento que seguiu à desobediência deliberada de Adão e Eva no Éden, sendo instigados pela serpente que foi usada como porta-voz de alguém invisível. Depois de expressar julgamento sobre a própria serpente, Deus disse: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” — Gên. 3:15, ALA.
12. Que personagens estão envolvidos naquela profecia e, humanamente falando, de que única maneira eia poderia ser mantida?
12 Há quatro personagens mencionados naquela profecia, a saber, (1) a serpente, (2) a sua descendência, (3) a mulher e (4) o seu descendente. Nada foi dito quanto a como ou quando ela se cumpriria nem quem realmente corresponderia àqueles quatro personagens. Ora, se as Escrituras fossem nada mais que de autoria humana, seguir-se-ia inquestionavelmente que o único meio de aquela profecia inicial ser mantida, seria pelos outros escritores da Bíblia continuarem citando-a e a ampliando, até que pudessem demonstrar como tudo fora elaborado. Sem dúvida concordamos que tal conclusão é simplesmente lógica.
13. (a) Quais são os resultados quando colocamos tal teoria à prova? (b) Em que sentidos Apocalipse; capítulo doze, se liga com Gênesis 3:15?
13 Pois bem. Coloquemos essa teoria à prova. Onde, mesmo no restante dos escritos de Moisés ou nos do próximo ou nos do outro, encontramos outra profecia mencionando aqueles quatro personagens? Procure em todas as Escrituras Hebraicas e não encontrará tal profecia. Continue procurando através das Escrituras Gregas Cristãs e também não encontrará, não, não encontrará até chegar ao último livro, o Apocalipse. Ali no capítulo doze, encontramos uma profecia que liga claramente com a primeira que fora proferida cerca de dezesseis séculos antes. Ali lemos referente à serpente, então crescida por assim dizer, tendo-se transformado num “dragão, grande, vermelho”, sendo mais adiante, no mesmo capítulo, identificada como “a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás”. Como veremos, a descendência da serpente também é mencionada. Ali, também, mui vividamente descrita, acha-se a mulher da profecia edênica, e eis que ela está realmente dando à luz o descendente prometido. O esmagamento da serpente também é parcialmente descrito no ele ser, com violência, “atirado para a terra”, juntamente com os seus anjos. Por fim, no último versículo (17), faz-se referência a certo esforço da serpente (ou dragão) para, de um modo secundário, ferir o calcanhar do descendente da mulher. — Apo. 12:1-3, 5, 9, 17, ALA.
14. Pode-se dizer que o próprio João tentava deslindar o mistério da primeira profecia?
14 Dirigimos agora a nossa atenção para outra coisa notável. Embora esta visão se ligue intimamente com a profecia do Éden, não se pode dizer que João, que a escreveu, estivesse deliberadamente mostrando como era arquitetada e apresentando um esclarecimento sobre ela. Como poderia ele, visto que esta visão, bem como o restante do livro, está numa linguagem altamente simbólica? Segundo declarado nas palavras iniciais, era uma revelação que Deus deu a Jesus Cristo, que “apresentou-a em sinais . . . ao seu escravo João”. (Apo. 1:1) Se levarmos a hipótese da autoria humana da Bíblia à sua conclusão lógica, teremos de dizer que João deve ter pensado: ‘Ah! aquela profecia nunca foi esclarecida; eu preciso ter uma visão sobre ela!’ Mas é claro que ele não pensou assim, Nenhuma sugestão poderia ser mais absurda.
15. Em que sentido se podem comparar as Escrituras com uma história de mistério?
15 A verdade é que a Bíblia pode muito bem ser comparada a uma história de mistério. Talvez esteja familiarizado com o sistema que freqüentemente se usa nesta espécie de literatura. O grande problema aparece no início, geralmente um crime cometido por uma pessoa desconhecida; então, ao passo que se lê, a mente fica alerta a cada possível indício, verdadeiro ou falso. No fim o problema é solucionado e, por intermédio de um detective, somos transportados de volta, falando-se figuradamente, e nos são mostrados todos os indícios que o autor colocou com cuidado e com habilidade escondeu no entrecho da novela. O resultado é que ficamos intrigados com a ingenuidade do autor, conseguindo ele construir toda a estrutura, mas conservando a solução tão beira escondida até o fim.
16. Como se pode usar esta ilustração com respeito à Bíblia, conduzindo a que resultados?
16 Podemos fazer o mesmo com a Bíblia neste tema que estamos discutindo. Podemos, por assim dizer, apanhar alguns indícios colocados através da Bíblia, provando além de dúvida que só poderia haver um espírito orientador por trás de todos os escritos sagrados. Mencionamos apenas alguns desta vez, mas quanto mais estudamos os pormenores da evidência, tanto mais nos maravilhamos do modo habilidoso em que o Autor manteve a primeira profecia, embora escondida da visão geral. E ainda mais nos maravilhamos do extraordinário e glorioso desfecho determinado para aquela primeira profecia, arrancando a nossa profunda apreciação e gratidão.
A IDENTIFICAÇÃO DOS PERSONAGENS
17. (a) Quem é identificado como descendente da mulher? (b) Em que sentidos é ele adicionalmente identificado e com que resultado?
17 Dos quatro personagens da profecia inicial foi o descendente da mulher que recebeu maior atenção. Não nos causa surpresa, visto que as próprias Escrituras lhe dão a maior proeminência, e também quando aprendemos quem de fato é o descendente prometido. Sim, ele não é outro senão o próprio Messias prometido, Jesus Cristo. Ele não só é o predito Descendente da profecia edênica, mas também é o Descendente prometido de Abraão, mediante quem “serão benditas todas as nações da terra”. É também Aquele predito a vir da linhagem de Davi e a herdar o trono dele, sendo este um trono maior, um trono celestial. Lucas, o escritor de um Evangelho, traça a genealogia de Jesus até Adão, traçando-a por Judá, que recebeu a promessa de que dele ‘o cetro [a regência] não se arredaria . . . até que viesse Siló’. O modo em que esta linhagem foi preservada e pode ser traçada até ao primeiro advento de Jesus e então, segundo mostra o capítulo doze de Apocalipse, levando-nos ao seu segundo advento para um cumprimento maior da profecia edênica, é um dos mais fascinantes estudos da Palavra de Deus. Ele também fortalece a nossa confiança no seu glorioso desfecho, não só no esmagamento de todo o mal tanto no céu como na terra, mas também e certamente no reino de “novos céus e uma nova terra”, onde todos poderão abençoar-se, aprendendo a plena obediência, e onde nem mesmo “haverá mais morte”. — Gên. 22:18; 49:10; Luc. 3:23-38; Atos 2:34-36; Gál. 3:16; Apo. 21:1-4, ALA.
18. (a) Quem primeiro identificou a serpente e a sua descendência e quando? (b) Que principio importante foi revelado e aplicado naquele tempo?
18 Os outros dois personagens, a serpente e a sua, descendência, não foram identificados por nome senão quatro mil anos depois de Deus ter pronunciado o julgamento no Éden. É um longo tempo para se guardar um segredo. Foi o próprio Jesus quem o revelou. Alguns podem dizer que não é difícil prever quem estava usando a serpente como porta-voz, mas quem poderia dizer com certeza quem era a descendência da serpente? Jesus a revelou, não por suposição, mas divulgando um importantíssimo princípio de Deus. Os homens sempre consideram a família, ou o povo, a que pertençam, segundo a descendência natural por nascimento. Desconhecem qualquer outro meio. Os judeus fizeram isto quando os seus líderes, os fariseus, discutiam o que Jesus tinha dito e o que dizia ser: “Somos descendência de Abraão e jamais fomos escravos de alguém.” Jesus respondeu: “Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me.” Levando seu argumento a uma conclusão lógica e demonstrando que a atitude de coração é fator primordial, Jesus lhes disse por fim: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe aos desejos. Ele foi homicida desde o princípio [no Éden].” — João 8:33-44, ALA.
19. Segundo este princípio, como a Bíblia nos ajuda adicionalmente a traçar e identificar a descendência da serpente?
19 Tendo-se este conhecimento ou indício, pode-se voltar então para as Escrituras Hebraicas e ver como o Diabo, desde o princípio, desenvolveu a sua descendência, os que ele podia usar como seus instrumentos, com espírito mortífero no coração. O primeiro na terra foi “Caim, que era do maligno e assassinou a seu irmão”. O seu desenvolvimento continuou, ininterruptamente até àqueles líderes religiosos dos dias de Jesus, e prosseguiu até aos nossos dias, quando a miúdo esta classe demonstra o mesmo espírito mortífero de hostilidade contra os seguidores de Jesus, que pregam obedientemente o “evangelho do reino”. Também podemos ver que Satanás, o Diabo, fundou uma organização e desenvolveu a sua descendência dentre os anjos celestiais, que copiaram seu exemplo de desobediência. Segundo revelou Pedro: “Deus não poupou a anjos quando pecaram.” Estes são os referidos em Apocalipse 12:9, que foram lançados para terra, junto com o líder deles, após a batalha no céu. — 1 João 3:12; Mat. 24:9, 14; João 16:2; 2 Ped. 2:4, ALA.
20. Em face deste princípio, que lição é então ensinada?
20 Fazemos aqui uma pausa para que nos aproveitemos da lição, sendo a de que o favor de Deus não depende de qualquer parentesco por nascimento ou por se associar com alguma organização terrestre, mesmo que ela pretenda ser uma religião cristã. Jesus estabeleceu a regra simples: “Aquele que tem os meus mandamentos, e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama, será amado por meu Pai.” João comentou em harmonia com isto, quando escreveu: “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, também aquele que não ama a seu irmão.” — João 14:21; 1 João 3:10, ALA.
A MULHER DA PROFECIA EDÊNICA
21. Com quem ligaríamos naturalmente a “mulher” de Gênesis 3:15 e como é isto corroborado?
21 Há mais uma dos personagens a ser discutida na profecia original, a saber, a mulher, a mãe do prometido descendente. Quem é ela? Ora, segundo diz o francês, quando o problema envolve uma pessoa desconhecida: “Cherchez la femme” (Procure a mulher). Humanamente falando, esta é a personagem mais intrigada para se identificar. Não há indício óbvio. De fato, quando se pronunciou o julgamento, havia só uma mulher na cena terrestre e esta era a própria Eva. Portanto, não era de surpreender se ela, embora mui indigna, pensasse que era a mulher referida, segundo indicado pelas suas próprias palavras por ocasião do nascimento de Caim, seu primogênito: “Adquiri um homem com a ajuda de Jeová.” Mas, não, precisamos olhar em outra direção para uma mulher santa, que Jeová teria satisfação de usar como canal digno de um propósito sagrado. — Gên. 4:1.
22. Na identificação da mulher, que orientação há em (a) Apocalipse 12:1, (b) Apocalipse 12:8 e (c) Apocalipse 12:17?
22 Voltando-nos outra vez para Apocalipse, capítulo doze, vemos que, embora não se lhe dê o nome, dá-se-lhe uma descrição que realmente chama a nossa atenção para uma direção diferente. Até mesmo no primeiro versículo do referido capítulo, onde ela se apresenta “vestida do sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça”, os nossos pensamentos são elevados muito acima de qualquer mulher humana, inclusive Maria, a mãe do humano menino Jesus. Mais adiante, o versículo quinto indica que a ocasião do nascimento é o tempo da entronização do descendente prometido, que por diversas vezes as páginas desta revista têm provado que ocorreu no céu em 1914 (E. C.). Além disso, o versículo dezessete do referido capítulo mostra que a mulher também é mãe dos “restantes da sua descendência”, isto é, o restante da verdadeira igreja, que ainda está na terra, depois que o Diabo e os seus anjos foram lançados do céu. A identificação destes “restantes” foi confirmada por Paulo, quando explicou que os membros da verdadeira igreja são parte da descendência de Abraão, dizendo: “Se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão.” — Gál. 3:29, ALA.
23. Como nos ajudam a ilustração e a analogia de Paulo em Gálatas 4:21-31, levando a que conclusão?
23 Fala-se que estes verdadeiros cristãos têm mãe? Sim, e este é o indício vital. Pouco depois de fazer na sua carta a declaração acima citada, Paulo prosseguiu a explicar um “drama profético”, que envolve duas mulheres, dois pactos e duas cidades. Talvez pense o leitor: O enredo complica-se! mas logo que se entende a analogia de Paulo, vê-se bem adiantado na solução do problema. Primeiro, ele menciona a escrava Agar, mãe de Ismael, filho de Abraão. Agar representou o pacto da lei inaugurado no Monte Sinai e feito com Israel segundo, a carne, pacto este que ‘gerou para escravidão’, sob seus termos restringentes. O Monte Sinai, disse Paulo, representou a cidade de Jerusalém dos seus dias “em escravidão com seus filhos [os judeus]”. Em contraste, a outra mulher, “a livre”, foi Sara, a mãe de Isaque. Sara representou o pacto abraâmico, que produz a verdadeira igreja, o Israel espiritual, cujo cabeça é o Senhor Jesus Cristo. A igreja, que é o “corpo de Cristo”, começou a ser gerada em Pentecostes, como parte da “descendência de Abraão”, por meio de quem todas as nações da terra serão abençoadas. Por isso Paulo, escrevendo como um dos membros da descendência de Abraão, disse aos seus companheiros: “A Jerusalém lá de cima é livre [como Sara], a qual é nossa mãe.” — Gál. 3:16-18, 26-29; 4:21-31; Gên. 22:18, ALA.
24. Quando uma mulher é associada com uma cidade na profecia, o que significa?
24 Notou como Paulo ligou as duas mulheres com duas cidades? Trata-se de algo importante. Quando em profecia se associa uma mulher com uma cidade, indica-se que a coisa assim simbolizada é algo maior do que uma criatura, quer terrestre, quer celestial. Indica uma organização, pois uma cidade é um símbolo apropriado de pessoas sob um arranjo intimamente organizado. Isto se dá particularmente quando se trata de uma cidade capital, conforme foi o caso de Jerusalém ou Sião, que era o centro tanto do governo nacional como da verdadeira adoração, estando ali tanto o trono como o templo. Assim podemos compreender que a “Jerusalém de cima” o “monte Sião” a “cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial”, é realmente a organização teocrática e universal de Jeová, organização essa que foi também simbolizada pela “mulher” da profecia edênica. — Heb. 12:22, ALA.
25. Como se nota a mesma coisa com respeito ã organização de Satanás?
25 Incidentalmente, e em grande confirmação do acima, a associação de uma mulher com uma cidade é também usada na Bíblia para representar a organização de Satanás, como se dá no caso da mulher descrita como a “grande meretriz”, também chamada de “BABILÔNIA, A GRANDE” e sendo especificamente descrita na visão de João: “A mulher que viste é a grande cidade [Babilônia].” (Apo. 17:1, 18, ALA) Todavia, Gênesis 3:15 não menciona mulher alguma para a serpente.
26, 27. (a) Que outras referências ajudadoras se encontram na profecia de Isaías? (b) Que informação importante se dá ali, completando que quadro?
26 Embora se encontrem muitas referências ou indícios nas Escrituras Gregas Cristãs, todos eles têm raiz nas Escrituras Hebraicas. Comprovando isto, vemos que Paulo, depois de explicar o “drama simbólico” acima mencionado, faz uma citação confirmativa da profecia de Isaías, escrita cerca de 800 anos antes dos seus dias. E em Gálatas 4:27 (ALA), Paulo disse: “Porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz . . . porque são mais numerosos os filhos da abandonada, que os da que tem marido.” Ele citou de Isaías 54:1. Considerando o contexto, ventos que Isaías, depois de dizer como Sião seria libertada e restaurada ao favor de Jeová, associa então a cidade com uma mulher que tinha sido estéril, mas que devia alegrar-se muito, pois se lhe prometia muitos filhos. Quem seria o seu marido e o pai dos muitos filhos? Isto é muito importante. E o profeta foi inspirado a escrever: “Porque o teu Criador é o teu marido; o SENHOR [Jeová] dos Exércitos é o seu nome; . . . Porque o SENHOR [Jeová] te chamou como a mulher.” E então o profeta faz outra vez a mesma associação e liga a “mulher desamparada” com uma cidade, cujo fundamento e fronteiras são postos com “pedras preciosas”, e daí termina com uma grande promessa: “Todos os teus filhos serão ensinados do SENHOR [Jeová] e será grande a paz de teus filhos.” — Isa. 52:1, 2; 54:1-6, 11-13, ALA.
27 Assim temos agora diante de nossa visão mental um lindo quadro do que foi representado pela profecia vaticinada no Éden, juntamente com seus quatro personagens, e com a inclusão do Santo, o próprio Jeová, que desempenha o papel de marido com relação à mulher, a mãe do prometido descendente.
28. O que se pode dizer agora quanto às Escrituras serem simples documentos humanos e como podemos responder aos críticos da cristandade?
28 Quem diria que Isaías, ao escrever como escreveu, estivesse conscientemente colocando indícios ocultos como vínculos vitais na identificação do principal personagem da profecia edênica o “marido” da mulher ou cidade? De ato, podemos perguntar: Quantos dos que acham que as Escrituras são simplesmente documentos humanos, escritos sob inspiração humana, podem compreender a importância do que discutimos aqui? Entre todos os brilhantes eruditos e comentaristas da cristandade, houve algum capaz de deslindar estas coisas e identificar a mulher profética que daria à luz o descendente prometido? Senão houve, então não precisamos preocupar-nos com o criticismo e o julgamento adverso expressos pelos porta-vozes da cristandade, no que se refere à autenticidade e à origem divina da Bíblia Sagrada. Podemos dizer destemidamente: “Seja Deus verdadeiro”, estando todo-confiantes de que ele ‘será justificado nas suas palavras, e virá a vencer quando for julgado’. — Rom. 3:4, ALA.
29. (a) De quem é todo o crédito do entendimento da Bíblia? (b) Quem é usado por Jeová para transmitir verdades espirituais e como se faz isto?
29 O entendimento destas coisas não provém de nós. Todo o crédito se deve a Jeová., mediante Cristo Jesus. O apóstolo enfatizou isto, quando disse aos seus irmãos cristãos: “Não foram chamados muitos sábios segundo a carne, . . . pelo contrário, Deus escolheu as cousas loucas do mundo para envergonhar os sábios, . . . Mas vós sois dele [de Deus], em Cristo Jesus, o qual nos tornou da parte de Deus sabedoria.” É como Jeová, mediante um anjo, assegurou a Daniel que, no “tempo do fim”: Nenhum iníquo entenderia, mas os sábios entenderiam’. Segundo isto, e agindo como representante de seu Pai, Jesus prometeu na sua profecia concernente ao “tempo do fim”, que revelaria o seu “servo fiel e prudente”, falando coletivamente do restante dos seus verdadeiros seguidores pertencentes à classe celestial, e que este também seria colocado sobre “todos os seus bens”. Em outras palavras, esta classe de servo fiel, aceitando, sem reserva, a Bíblia inteira como Palavra inspirada de Deus, sendo os próprios membros dessa classe cheios do espírito de Deus e guiados por ele, é usada por Deus, agindo por intermédio de Cristo Jesus, para transmitir verdades espirituais, o “sustento a seu tempo”. — 1 Cor. 1:26-31; Dan. 12:9, 10; Mat. 24:45-47, ALA.
[Nota(s) de rodapé]
a What the Catholic Church Is and What She Teaches, por E. R. Hull, S. J.
b Em confirmação, leia ‘Seja Feita a Tua Vontade na Terra’, publicado em 1958, pela Sociedade Torre de Vigia.