Por que é tão difícil ganhar a vida?
ACHA que está ficando cada vez mais difícil ganhar a vida? A maioria acha que é assim. Os salários não compram mais tanto quanto antes. As donas-de-casa notam que quase tudo nas lojas custa mais caro.
A raiz do problema é a inflação — quer dizer, o aumento constante dos preços. Isto tem sido assim agora já por muitas décadas. Por causa da inflação, requer cada vez mais dinheiro para comprar as mesmas coisas.
O que foi especialmente dificultoso no ano passado foi que os preços aumentaram mais depressa do que os salários. E para alguns, os salários aumentaram muito pouco ou nada. Isto quer dizer que quase todos estavam um pouco mais pobres no fim do ano.
Para outros, porém, o problema é muito pior. O jornal Times de Nova Iorque noticiou: “Não importa quão séria tenha sido a inflação dos preços dos alimentos nos Estados Unidos, foi branda em comparação com muitos outros países, onde os preços dobraram ou triplicaram nos últimos meses. Para muitos dos pobres, o preço duma única refeição excede agora o salário de um dia.” — (O grifo é nosso.)
Esta condição é cumprimento notável de profecias bíblicas a respeito dos nossos tempos, uma das quais predisse: “Uma medida de trigo pelo pagamento de um dia inteiro de trabalho.” (Rev. 6:6, A Bíblia na Linguagem de Hoje) Preços altos, escassez de víveres, doenças epidêmicas, guerras mundiais e outras dificuldades sem precedentes, na nossa geração, foram profetizados como resultado da cavalgada dos ‘cavaleiros apocalípticos’, tudo identificando o nosso tempo como os preditos “últimos dias”. — Rev. cap. 6; 2 Tim. 3:1-5.
POR QUE SUBIRAM OS PREÇOS?
Quais são os fatores que criaram em nosso tempo este aumento tremendo dos preços? São vários, um dos quais sendo a escassez de víveres e de diversas matérias-primas. Também, a “explosão” da população exerce crescente pressão sobre todos os gêneros. Depois houve o enorme aumento dos preços do petróleo nos últimos dois anos.
Mas um motivo mais fundamental da inflação durante tantas décadas é que são demais as nações e povos que vivem além de seus meios. Isto se dá especialmente nos países industriais mais “progressistas”. Durante muitos anos, a maioria dos governos, das empresas e das pessoas têm gasto mais dinheiro do que têm ganho. Por isso mergulham cada vez mais na dívida. Nos últimos poucos anos, este peso da dívida aumentou mais depressa. Agora, a dívida pública e privada na maioria das nações, atingiu o ponto mais elevado.
Tais empréstimos e gastos estimulam maior demanda de mercadorias e serviços do que é normal. Mas quando o fornecimento do dinheiro aumenta mais depressa do que os bens e os serviços disponíveis, os preços aumentam. Os trabalhadores exigem então maiores salários para compensar os preços mais elevados. Assim se forma um círculo vicioso e uma “psicologia” inflacionária, que é muito difícil de parar sem tomar medidas drásticas.
O QUE HÁ ATRÁS DISSO?
O que há atrás desta onda de empréstimos e gastos? Muitas vezes é o egoísmo, não se estar satisfeito de viver dentro dos recursos. É o desejo de se ter mais do que realmente se precisa ou pode ter.
Por isso, quando a renda duma pessoa (ou duma nação) não lhe permite comprar as coisas que anseia, amiúde contrai dívidas. Mas sempre vem o dia do ajuste de contas. As dívidas têm de ser pagas ou há bancarrota. E isto acontece agora com mais freqüência, não só com pessoas, mas com negócios e bancos. Ora, nações inteiras estão agora à beira da bancarrota!
As crescentes dívidas resultaram em grande aflição, noites de insônia, trabalho em dois empregos, rixas entre marido e mulher, e até mesmo na desintegração da família. Não se pode escapar da verdade, declarada na Bíblia, de que “o amor ao dinheiro é a raiz de toda sorte de coisas prejudiciais”, e que por causa dele, muitos “se traspassaram todo com muitas dores”. — 1 Tim. 6:10.
Assim, embora haja vários motivos para a inflação, um dos mais básicos é o de se viver além dos meios. Sobre esta causa, observou o jornal Times de Nova Iorque:
“O Times de Londres publicou outro dia um artigo de Christopher Derrick sobre ‘o problema moral da inflação’.
“‘O que é inflação, afinal?’ perguntou ele. ‘É a palavra do economista para excesso de consumo; para viver além dos meios; para tirar mais do cofrinho do que se coloca nele.’
“‘O fato é que todos nós . . . passamos a adotar como certa uma noção bastante fantasiosa e irreal sobre o nível de vida a que temos direito.’”
O QUE PODERÁ FAZER?
Há pouco que possa fazer para impedir a inflação mundial. Não poderá controlar a escassez, nem os aumentos de preços por parte dos produtores. Contudo, há coisas que poderá fazer para ajudar sua família a lidar com o problema. A Bíblia não só indicou tais ajudas há muito tempo atrás, mas nos fornece também o incentivo para pô-las em operação.
Para viver com a inflação, terá de ter um conceito bem realístico sobre o que fazer com o dinheiro que ganha. Concentre-se nas coisas de que precisa, em vez de nas coisas que gostaria de ter, mas para as quais realmente não tem os meios. Sobre isso, leia na Bíblia as palavras inspiradas do apóstolo em 1 Timóteo 6:6-8.
Em tempos difíceis, é preciso adotar medidas duras. E estamos em tempos difíceis. É o tempo de reavaliar seus recursos, de sentar-se com a família e anotar sua renda, em confronto com suas despesas, e depois considerar como reduzir os gastos.
Uma medida imediata que muitos podem tomar é não aumentar suas dívidas, a não ser numa emergência. Endividar-se constantemente mantém a pessoa em “apuros” financeiros. E se houver um infortúnio e o devedor não puder fazer os pagamentos, então o credor leva de volta a sua mercadoria. Às vezes, o devedor perde também o dinheiro que já pagou. O conselho inspirado de Provérbios 22:26, 27, é tão prático hoje como sempre foi: “Não venhas a ficar . . . entre os que são fiadores de empréstimos. Se não tiveres nada com que pagar, por que tirarias a tua cama debaixo de ti?” Embora isto se refira mais ao fiador, o princípio também se aplica àquele que toma emprestado, mas não pode pagar.
Mesmo que aquele que toma empréstimo pague regularmente todas as prestações, os juros costumam ser agora tão elevados, que ele acaba pagando mais pelo objeto do que o preço alistado. Isto é como jogar fora bom dinheiro. Conforme diz a Bíblia, por pagar tanto aos que emprestam, “quem toma emprestado é servo do homem que empresta”. — Pro. 22:7.
Deveras, não se endividar pode significar não comprar algumas das coisas bonitas que deseja. Mas, não é isso melhor do que assumir fardos que facilmente podem resultar em maiores dificuldades?
Reduzir os desejos e evitar os laços do materialismo certamente tem sentido em vista dos atuais preços altos e condições econômicas instáveis. “Melhor um pedaço de pão seco com tranqüilidade, do que uma casa cheia dos sacrifícios da altercação.” — Pro. 17:1
Que outras medidas imediatas podem ser adotadas para aliviar a pressão em ganhar a vida hoje? Por que não examinar alguns pontos em que possa poupar dinheiro e que ao mesmo tempo lhe façam bem em outros sentidos?
REDUZIR O QUE NÃO É ESSENCIAL
Um ponto em que se pode poupar muito dinheiro é na recreação ou diversão. Hoje em dia, alguns acham que não se divertem a menos que gastem dinheiro com cinema, teatro, esportes ou ir a restaurantes. Contudo, nos “velhos tempos”, a maioria das famílias não tinha dinheiro para tais coisas, e a maioria das atuais formas de diversão de qualquer modo não estavam disponíveis à pessoa mediana.
Tais formas de recreação, mesmo sem regularidade, podem agora ser muito dispendiosas. Podem-se economizar centenas de cruzeiros por achar outra recreação, tal como a dentro do círculo familiar ou com amigos. Excursões e visitas a lugares interessantes podem ser agradáveis e relativamente baratas. Entregar-se a passatempos com os filhos, ou com adultos, pode ser um intervalo animador nas pressões cotidianas. Reuniões com amigos, sem se gastar muito dinheiro com comida ou bebida, podem ser agradáveis. De fato, quando as famílias se concentram em achar meios de se divertirem juntas sem gastar muito dinheiro, amiúde ficam surpresas com os bons resultados.
Uma forma esquecida de recreação por parte da maioria, mas agora usufruída por um crescente número de famílias, é ler em companhia livros e revistas sadios. Revezar-se na leitura em voz alta e comentar o que se lê é estimulante e educativo.
Outro ponto em que se podem fazer grandes economias é em eliminar maus hábitos. Muitos gastam muito dinheiro, cada ano, com o fumo. Contudo, conforme a Bíblia indica e a medicina corrobora, o fumo é “imundície da carne”. (2 Cor. 7:1) Não só é caro, como é prejudicial. Eliminar algo tão prejudicial tem sentido em qualquer ocasião, não tem? Também o uso excessivo de bebidas alcoólicas pode ser muito dispendioso, tanto em dinheiro como em saúde. Embora a Palavra de Deus não condene tomar bebidas alcoólicas, aconselha a moderação. (Pro. 23:29, 30) O preço de tais bebidas é hoje muito elevado, de modo que reduzi-las poupará dinheiro e talvez também a saúde. O conselho bíblico foi recentemente repetido por um jornal, escrito para mineiros nos Estados Unidos, dando as seguintes sugestões para economizar: “Se gosta de beber e faz isso muitas vezes, beba menos. Se fuma, é uma boa ocasião de parar.”
Muitos que nunca antes se entregaram a jogos de azar fazem isso agora. Acham que podem ganhar assim “dinheiro fácil”. Outros jogam para ‘esquecer suas dificuldades’. Certo redator de jornal, no Japão, disse: “Vejo hoje pessoas apostarem para esquecer suas dificuldades. Não têm esperança de comprar uma casa, por causa da inflação. Não podem planejar o futuro, de modo que vivem para hoje.” Contudo, a grande maioria dos apostadores tem de perder! Perder é inerente na jogatina, porque a “banca” sempre lucra. Parece isso um modo de se afastar das dificuldades? Ao contrário, usualmente as aumenta. — 1 Tim. 6:9.
Naturalmente, poderia dizer-se muito mais sobre economizar dinheiro de outros modos, tal como comprar alimentos menos caros, mas procurar modos mais interessantes de prepará-los. Alguns plantam hortas quando há terreno disponível. Donas-de-casa podem economizar muito dinheiro por aprender a costurar e por não se preocupar demais com ficar na moda. Com menos preocupação com tais coisas passageiras, tanto mulheres como homens podem amiúde usar roupa por muito mais tempo do que fazem agora.
O QUE O FUTURO TRARÁ
Haverá alguma vez fim da inflação? Solucionar-se-ão os problemas econômicos do mundo atual? Naturalmente, com esforços estrênuos, líderes mundiais podem fazer algum progresso. Mas, ao mesmo tempo, a situação é como descrita pela revista New York:
“Parece que este país e o resto do mundo industrializado está à beira da bancarrota e da depressão.
“Expandimo-nos demais. Tomamos emprestado demais do futuro, no empenho de satisfazer as enormes expectativas que tivemos.”
Ao passo que os observadores humanos apenas podem adivinhar o futuro, há uma fonte realmente fidedigna de informações quanto ao que o futuro próximo trará. Este guia para o futuro é a Palavra de Deus, a Bíblia. Suas profecias para os nossos dias já se mostraram notavelmente exatas; o mesmo se dará com suas profecias sobre o futuro. — 2 Ped. 1:20, 21.
A Palavra profética de Deus revela que a humanidade em geral, em breve, ‘ceifará o que semeou’. (Gál. 6:7) Todo o atual sistema de governo econômico, político e religioso, baseado no egoísmo, está prestes a mergulhar no maior tempo de tribulação já conhecido na história. Jesus predisse isso para o futuro muito próximo, dizendo: “Então haverá grande tribulação, tal como nunca ocorreu desde o princípio do mundo até agora, não, nem tampouco ocorrerá de novo.” — Mat. 24:21.
Esta “grande tribulação” acabará com o atual sistema de coisas, eliminado por Deus. Os que confiaram em planos humanos e no poder do dinheiro forçosamente sofrerão desapontamento, segundo o princípio de Provérbios 11:4: “Coisas valiosas de nada aproveitarão no dia da fúria, mas a justiça é que livrará da morte.”
Depois deste vindouro tempo de aflição, a nova ordem de Deus trará a era mais pacífica e frutífera que os homens já tiveram. Sob a regência do único governo de Deus, seu reino celestial, as pessoas na terra nunca mais terão de preocupar-se com preços elevados ou escassez. “Um banquete de pratos bem azeitados” é o que o futuro trará, e não só para os que têm muito dinheiro, mas para toda a humanidade então viva. — Isa. 25:6; Sal. 72:16; Mat. 6:9, 10.
[Foto na página 196]
A BÍBLIA PREDISSE: “O salário de um dia inteiro por um pão.” — Rev. 6:6, tradução inglesa de Weymouth.
[Gráfico na página 197]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
AUMENTO DOS PREÇOS EM UM ANO
ESTADOS UNIDOS
FRANÇA
GRÃ-BRETANHA
MALÁSIA
ITÁLIA
JAPÃO
MÉXICO
BRASIL
ÍNDIA
Porcentagem 0 5 10 15 20 25 30
[Capa na página 193]
[Endereço da filial]