Capítulo 7
O que se pode esperar dos juízes por mil anos
1. O que foi dado aos que se assentaram nos tronos vistos por João?
AO RECEBER esta previsão do período de mil anos, que em breve trará maravilhas quase que incríveis, o inspirado apóstolo João escreveu: “E eu vi tronos, e havia os que se assentavam neles, e foi-lhes dado poder para julgar.” — Revelação (Apocalipse) 20:4.
2. Por que detrai um pouco do quadro de outro modo brilhante a idéia apresentada aqui a respeito dum “julgamento”?
2 “Tronos”, ocupados pelos que receberam o poder de julgar! É esta uma perspectiva esperançosa e consoladora ou lança uma sombra tenebrosa sobre o que de outro modo seria um quadro brilhante do vindouro Milênio dos milênios? Como encarava o próprio apóstolo João tal perspectiva? Como a devemos encarar nós hoje? Não ficamos profundamente desapontados com o sistema judiciário que prevalece hoje, mesmo na cristandade? Em nosso tempo, como em nenhum outro tempo anterior, cumprem-se as palavras do Salmo 82:5 como profecia referente a homens em cargos judiciais, que são como “deuses”, mas que se mostraram falsos para com o seu cargo: “Nada souberam e não entendem; estão andando em escuridão; são abalados todos os alicerces da terra.” Ou conforme este versículo bíblico é expresso pela versão católica romana da Bíblia de Jerusalém, segundo a edição inglesa: “Ignorantes e insensíveis, agem de modo cego, minando a própria base da sociedade terrestre.”
3, 4. (a) No entanto, depois daquilo que João viu logo antes disso, que sentimento deve dar-nos a vista daqueles tronos? (b) Por que é correto esperar alívio por parte destes “tronos” para a humanidade mal julgada?
3 O que a humanidade deseja hoje em dia é alívio! E, felizmente, o que o apóstolo João viu a respeito destes “tronos” de julgamento é algo que nos dá grande alívio mental, não algo para suscitar receios lúgubres. Lembremo-nos de que, em visão profética, João havia previsto a guerra entre o celestial Rei dos reis e os “reis da terra” com seus “exércitos”, e com a organização política, mundial. Houve derrota e destruição de todos estes reis e seus apoiadores terrenos. Isto deixou vagos os tronos ou assentos de poder, dos quais os governantes políticos proferiam julgamentos. Logo após isso, o apóstolo João viu a descida do anjo de Deus para a vizinhança da terra e depois o acorrentamento de Satanás, o Diabo, e seus demônios, e o lançamento deles no abismo, para ficarem encarcerados ali por mil anos, sob o selo divino. — Revelação 19:11 a 20:3.
4 Tal destruição do sistema de coisas controlado pelo Diabo certamente exige uma mudança das judicaturas na humanidade. Especialmente agora, já que o controle celestial sobre a humanidade passou para as mãos do vitorioso Rei dos reis, que é chamado “Fiel e Verdadeiro, e ele julga e guerreia em justiça”. (Revelação 19:11-16) No decorrer dos acontecimentos, pois, vêm à existência novos tronos de julgamento. Não se poderia esperar nada menos do que um grupo melhor de juízes para ocupar estes novos tronos de julgamento, que são postos pela autoridade de Deus nos céus. Por isso, pode-se esperar alívio judicial para a humanidade mal governada e mal julgada.
5, 6. Quem serão os juízes que ocuparão esses “tronos”, segundo as palavras de Jesus aos seus onze apóstolos fiéis, antes de ele ser traído?
5 Quem são estes novos juízes sobre a humanidade? As palavras de Jesus Cristo a um grupo representativo destes prospectivos juízes indicam quem pertencerá a esta série de juízes celestiais.
6 Na noite em que Jesus foi traído e preso, e julgado injustamente pelo tribunal mais alto de Jerusalém, ele disse aos seus remanescentes apóstolos fiéis: “Vós sois os que ficastes comigo nas minhas provações; e eu faço convosco um pacto, assim como meu Pai fez comigo um pacto, para um reino, a fim de que comais e bebais à minha mesa, no meu reino, e vos senteis em tronos para julgar as doze tribos de Israel.” (Lucas 22:28-30) Estes apóstolos fiéis foram os primeiros dos 144.000 incluídos por Jesus Cristo no pacto para o reino celestial, com seus tronos de julgamento. (Mateus 19:27, 28) Sobre estes 144.000 juízes associados, naturalmente, estará o Juiz Presidente, Jesus Cristo.
7. Segundo as palavras de Paulo ao Tribunal do Areópago em Atenas, como será a terra habitada julgada no tempo designado de Deus?
7 Isto traz à lembrança as palavras do apóstolo Paulo, quando intimado a comparecer perante o Tribunal do Areópago em Atenas, por volta do ano 51 E.C. No decorrer de sua explicação do seu caso perante esses juízes, que pareciam “mais dados ao temor das deidades do que os outros”, Paulo disse, por fim: “É verdade que Deus não tem tomado em conta os tempos de tal ignorância, no entanto, agora ele está dizendo à humanidade que todos, em toda a parte, se arrependam. Porque ele fixou um dia em que se propôs julgar em justiça a terra habitada, por meio dum homem a quem designou, e ele tem fornecido garantia a todos os homens, visto que o ressuscitou dentre os mortos.” (Atos 17:22-31) Portanto, o julgamento da terra habitada será feito “em justiça”, e o principal mediante quem Deus fará o julgamento será seu ressuscitado Filho Jesus Cristo.
8, 9. (a) Como poderá este Juiz designado julgar a humanidade assim como nenhum juiz humano fez? (b) Segundo as palavras de Jesus em João 5:27-30, como cuidará ele de que todos sejam julgados?
8 Mencionando por nome o designado a fazer o julgamento, o apóstolo Paulo disse, ao escrever sua última carta ao seu companheiro missionário Timóteo: “Eu te mando solenemente, perante Deus e Cristo Jesus, que está destinado a julgar os vivos e os mortos, e pela sua manifestação e pelo seu reino.” (2 Timóteo 4:1) Este Juiz divinamente designado agirá como magistrado dum modo como nenhum juiz humano na terra tem agido ou poderia agir; julgará mais do que apenas os humanos vivos. Ele julgará também os humanos mortos. Nenhum mero juiz humano designado por homens poderia trazer de volta os mortos, a fim de julgá-los. Mas este Juiz nomeado por Deus pode fazer isso. E esses mortos humanos terão tal julgamento milenar embora exija trazê-los de volta dentre os mortos, a fim de que possam ter tal julgamento ao qual tanto eles, como os “vivos” têm direito, por meio da morte sacrificial de Cristo. Note as palavras de Jesus:
9 “Assim como o Pai levanta os mortos e os faz viver, assim também o Filho faz viver os que ele quer. Porque o Pai não julga a ninguém, mas tem confiado todo o julgamento ao Filho, a fim de que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honrar o Filho, não honra o Pai que o enviou. E deu-lhe autoridade para julgar, porque é Filho do homem. Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos túmulos memoriais ouvirão a sua voz e sairão, os que fizeram boas coisas, para uma ressurreição de vida, os que praticaram coisas ruins, para uma ressurreição de julgamento. Não posso fazer nem uma única coisa de minha própria iniciativa; assim como ouço [do Pai], eu julgo; e o julgamento que faço é justo, porque não procuro a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou.” — João 5:21-23, 27-30.
10. (a) Para este julgamento, de que livrará o Juiz os mortos? (b) Que espécie de ato levou a esta libertação, e, assim, que pergunta surge sobre o objetivo da ressurreição?
10 Imagine só! Este Juiz, conhecido na terra como o Filho do homem, glorificará sua magistratura milenar por libertar a todos os mortos nos túmulos memoriais. O Dia do Juízo milenar será o dia de ressurreição para todos os nos túmulos memoriais, pelos quais o Filho do homem morreu como sacrifício humano perfeito. Isto significa todos os remidos da humanidade, além dos 144.000 juízes associados que têm parte na “primeira ressurreição”, uma ressurreição celestial. (Revelação 20:4-6) Devemos agora pensar que este ato amoroso de libertar os mortos enterrados, esta ressurreição terrestre, tem por objetivo prejudicar os ressuscitados? Faz-se um ato amoroso para prejudicar aquele para com quem é feito? O que queremos dizer é o seguinte: Esta ressurreição não será apenas daqueles que são considerados justos, mas também dos que são chamados “injustos”, em comparação. “Há de haver uma ressurreição tanto de justos como de injustos.” (Atos 24:15) Não tememos pelos justos, mas que dizer dos injustos?
11. (a) Que pergunta surge sobre o objetivo de os “injustos” serem ressuscitados? (b) Como influi neste assunto o caso do malfeitor moribundo, que se compadecia de Jesus?
11 Receberão os “injustos” a benignidade imerecida de serem ressuscitados apenas para enfrentarem um juiz severo e duro, que recapitulará toda a sua injustiça passada aos seus ouvidos e lhes mostrará assim por que os sentencia então à punição da destruição total, eliminando-os da existência? De que proveito prático seria a ressurreição para estes “injustos”, se este fosse o objetivo no seu caso? É este o propósito de serem ressuscitados, no caso daquele um dos “malfeitores”, pendurado numa estaca de execução ao lado de Jesus Cristo, no Calvário, o qual lhe disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”? Será que dizer ele estas palavras de compadecimento a Jesus o converteu de malfeitor em santo? Será que a resposta consoladora que Jesus lhe deu significava que o malfeitor fora declarado justo ou justificado pela fé, já quarenta e dois dias antes de o ressuscitado Jesus ascender à presença de seu Pai celestial, para apresentar o mérito de seu sacrifício humano? (Lucas 23:39-43) O homem ainda morreu como malfeitor condenado e deve ser contado como um dos “injustos” que hão de ser ressuscitados.
JUÍZES DOS TEMPOS PRÉ-CRISTÃOS
12. Por que precisarão tanto os “justos” como os “injustos” mais do que apenas a libertação dos túmulos memoriais por meio da ressurreição?
12 O que significará a ressurreição dos mortos para os chamados “injustos”, bem como os chamados “justos”? Todos eles morreram por causa do pecado e da penalidade deste, a morte, herdados dos desobedientes Adão e Eva. Portanto, todos eles morreram sem terem qualquer justiça própria. (Romanos 5:12; 3:23) Portanto, quando voltarem na ressurreição, sem transformação nas suas características pessoais, nem mesmo os “justos” serão humanamente perfeitos ou livres da imperfeição e da pecaminosidade. Isto se deu no caso dos homens e das mulheres que os profetas Elias e Eliseu, e o Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos ressuscitaram ou trouxeram de volta à vida na terra. (Hebreus 11:35) Em vista disso, os “justos” bem como os “injustos” precisarão de mais do que apenas a libertação dos túmulos memoriais pela ressurreição dentre os mortos. Os “justos” também precisarão ser libertos da pecaminosidade e da imperfeição humana. Por conseguinte, o Juiz celestial Jesus Cristo não pode de repente declará-los realmente inocentes, perfeitos, livres da pecaminosidade condenável, e no mesmo dia em que são ressuscitados fazer a decisão de que são dignos da vida eterna na terra.
13. (a) Por que destina Deus mil anos para Jesus Cristo ser o Juiz da humanidade? (b) O que mostra o livro dos “Juízes” sobre o que se espera do Juiz milenar de Deus?
13 Se a questão de cumprir com os deveres de juiz se limitasse apenas a fazer decisões no dia em que os “justos” e “injustos” ressuscitados comparecessem perante ele, por que se lhe designaram mil anos para servir como juiz a favor da humanidade? Designa-se este período longo para se fazer um trabalho e não apenas para proferir veredictos e sentenças. Na Bíblia, os que Deus suscitou como juízes para seu povo escolhido dos tempos pré-cristãos fizeram mais do que apenas resolver disputas entre pessoas ou proferir e executar decisões judiciais. Aqueles “juízes” da parte de Deus foram libertadores de Seu povo escolhido. Na Bíblia há um livro especificamente chamado “Juízes”. É um livro empolgante! Lemos nele a respeito das façanhas corajosas dos homens que Deus, “o Juiz de toda a terra”, suscitou para a libertação de seu povo oprimido. Aclamava-se o dia de julgamento que começava quando Deus suscitava um juiz para executar o julgamento a favor de seus aflitos!
14. Brevemente, o que lemos a respeito dos juízes Eúde e Baraque?
14 Lemos a respeito de Eúde, que começou a sua magistratura por matar ele mesmo o extraordinariamente gordo Rei Eglom dos moabitas, na sua própria sala de conferências, e que depois escapou, organizou os israelitas e os levou à vitória sobre os opressores moabitas. Lemos a respeito de Baraque, que demonstrou ter sido escolhido para a magistratura de sua nação por derrotar as poderosas forças militares de Jabim, rei de Canaã, que tornou terríveis as suas forças militares por equipá-las com novecentos carros de guerra, que tinham foices de ferro nas rodas.
15. Do mesmo modo, o que lemos sobre Gideão e também sobre Jefté?
15 Depois houve Gideão, um homem despretensioso, que com apenas trezentos homens de fé em Deus desbaratou os midianitas e os orientais, que haviam inundado a terra de Israel como incontáveis gafanhotos. Na calada da noite, quando Gideão e seus trezentos quase que rodearam o acampamento dos inimigos adormecidos, eles despedaçaram ao mesmo tempo seus jarros contra o chão, ergueram as suas tochas expostas, tocaram as suas trombetas e gritaram: “A espada de Jeová e de Gideão!” O acampamento repentinamente agitado entrou em pânico e fugiu, matando-se uns aos outros, e Gideão e seus trezentos foram perseguir os sobreviventes. Muitos anos depois, surgiu outra crise na Terra da Promessa, e Jeová suscitou Jefté, um proscrito, para enfrentar os amonitas arrogantes. O zelo de Jefté pela causa de Jeová era tão fervoroso, que votou de sua própria iniciativa sacrificar a Deus aquele que lhe viesse ao encontro ao voltar para casa, se obtivesse a vitória. Quando ele, entusiasmado com a vitória, primeiro se encontrou com sua filha única, mostrou sua devoção a Deus por oferecê-la ao serviço divino.
16, 17. (a) Como serviu Sansão qual juiz de Israel? (b) O que diz o escritor inspirado sobre os Juízes, em Hebreus 11:32-34?
16 Ora, quem não ouviu falar de Sansão, homem cujo nascimento foi predito aos pais dele e que se mostrou o homem fisicamente mais forte que já houve na terra! Libertou sozinho seu povo de Israel dos filisteus opressivos, mas, no dia de sua morte, como prisioneiro cego dos filisteus, causou o colapso do templo de Dagom, em Gaza, na Filístia, que desmoronou sobre mais de três mil celebrantes, matando assim mais filisteus neste dia de sua morte do que matara durante a sua vida.
17 Incluindo estes juízes entre os homens de fé triunfante em Deus, o inspirado escritor cristão diz, em Hebreus 11:32-34: “E que mais hei de dizer? Pois o tempo me faltaria se prosseguisse relatando sobre Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, bem como Samuel e os outros profetas, os quais, pela fé, derrotaram reinos, puseram em execução a justiça, obtiveram promessas, taparam as bocas de leões, pararam a força do fogo, escaparam do fio da espada, dum estado fraco foram feitos poderosos, tornaram-se valentes na guerra, desbarataram os exércitos de estrangeiros.”
18, 19. (a) Quem foi responsável pelas aflições que sobrevieram aos israelitas após a colonização da Terra da Promessa? (b) Por que foi necessário que se lhes suscitasse uma série de juízes?
18 Naturalmente, os israelitas nos dias daqueles juízes eram responsáveis pelas aflições deles às mãos do inimigo, porque se haviam afastado da adoração pura de Jeová como o Deus vivente. Mas quando voltavam a ele em arrependimento sincero e adoração, Ele lhes mostrava favor. Conforme diz o registro em Juízes 2:16-19:
19 “Portanto, Jeová suscitava juízes e estes os salvavam da mão dos seus rapinantes. E não escutaram nem mesmo os seus juízes, mas tiveram relações imorais com outros deuses e foram curvar-se diante deles. Desviaram-se depressa do caminho em que seus antepassados haviam andado por obedecerem aos mandamentos de Jeová. Eles não fizeram assim. E quando Jeová lhes suscitou juízes, Jeová mostrou estar com o juiz e os salvou da mão dos seus inimigos, todos os dias do juiz; pois Jeová deplorava seu gemido por causa dos seus opressores e dos que os empurravam. E acontecia que, morrendo o juiz, voltavam atrás e agiam mais ruinosamente do que seus pais, andando após outros deuses para os servir e se curvar diante deles. Não desistiram das suas práticas, nem do seu proceder obstinado.”
JUÍZES CELESTIAIS, IMORTAIS
20. (a) Durante o milênio, por que não ficará a humanidade entregue a si mesma, vez após vez, assim como durante o tempo dos juízes de Israel? (b) Por que precisará até mesmo a “grande multidão” de sobreviventes da tribulação ter uma libertação adicional?
20 Entretanto, os juízes que este mesmo Jeová Deus suscita nas pessoas de Jesus Cristo e de seus 144.000 associados judiciais não morrerão, nem deixarão os habitantes da terra entregues a si mesmos, embora Satanás, o Diabo, e seus demônios tenham sido removidos da vizinhança, por serem lançados num abismo. Possuindo o “poder duma vida indestrutível”, todos servirão continuamente durante o pleno mandato judicial de mil anos. Não se sentarão apenas em tronos, emitindo decisões e decretos, mas agirão como libertadores, assim como fizeram os juízes fiéis, que obtiveram a aprovação de Jeová nos tempos antigos. Até mesmo “os vivos”, que sobreviverão à “grande tribulação” sob a proteção divina e continuarão a viver depois de Satanás e seus demônios terem sido lançados no abismo, ainda necessitarão de uma libertação adicional. Por causa de sua posição justa perante Deus, são preservados vivos na terra para o dia milenar de julgamento, mas no seu caso há mais algo de que precisam ser libertos. De que se trata? É sua pecaminosidade, imperfeição, fraqueza e seu estado morredouro com que foram preservados através da destruição deste sistema de coisas e o lançamento de Satanás e seus demônios no abismo.
21, 22. (a) Por que precisarão os mortos humanos duma libertação adicional ao serem ressuscitados? (b) Por que motivo serão alguns, tais como Jó e Davi, considerados “justos” ao serem ressuscitados?
21 Também, no caso dos “mortos”, que precisam ser tirados dos túmulos memoriais: Quer tenham sido considerados “justos”, quer “injustos”, ao serem despertados do sono da morte, todos precisarão de ser libertos da pecaminosidade, das falhas, dos defeitos, das fraquezas humanas e da propensão para a morte. Serem alguns considerados como “justos” não significa que são humana e moralmente perfeitos na carne. Serem justos aos olhos de Deus, porém, significa que são homens e mulheres de integridade para com Deus, assim como o paciente Jó da terra de Uz. (Jó 2:3, 9; 27:5; Tiago 5:11; Ezequiel 14:14, 20) Ou como o Rei Davi, de Jerusalém, que não temia ser julgado pelo seu Deus, pois ele diz no Salmo 26:1-3, 11:
22 “Julga-me, ó Jeová, porque eu mesmo tenho andado na minha própria integridade e tenho confiado em Jeová, para não vacilar. Examina-me, ó Jeová, e põe-me à prova; refina-me os rins e o coração. Porque a tua benevolência está diante dos meus olhos e tenho andado na tua verdade. Quanto a mim, andarei na minha integridade. Oh! redime-me e mostra-me favor.”
23, 24. (a) Por causa de que espécie de ressurreição negaram-se aqueles homens de integridade, pré-cristãos, a negociar com os ímpios? (b) O que diz sobre tais Hebreus 11:35-40?
23 Outros homens dos tempos pré-cristãos, que morreram na sua integridade, negando-se a ser desleais a Jeová Deus por alguma negociata ou transigência com os ímpios, eram os homens e as mulheres mencionados ou falados no Heb capítulo onze do livro escrito aos hebreus cristianizados. Eles aguardavam uma ressurreição à vida sob condições terrestres melhores, sob um governo melhor, debaixo do qual pudessem viver para sempre em perfeita paz e felicidade, e em integridade para com o Deus vivente. Em expressão disso, escreveu-se em Hebreus 11:35-40:
24 “Mulheres receberam os seus mortos pela ressurreição; mas outros homens foram torturados porque não queriam aceitar um livramento por meio de algum resgate, a fim de que pudessem alcançar uma ressurreição melhor. Sim, outros receberam a sua provação por mofas e por açoites, deveras, mais do que isso, por laços e prisões. Foram apedrejados, foram provados, foram serrados em pedaços, morreram abatidos pela espada, andavam vestidos de peles de ovelhas e de peles de cabras, passando necessidade, tribulação, sofrendo maus tratos; e o mundo não era digno deles. Vagueavam pelos desertos, e pelas montanhas, e pelas covas, e pelas cavernas da terra. Contudo, embora todos estes recebessem testemunho por intermédio de sua fé, não obtiveram o cumprimento da promessa, visto que Deus previu algo melhor para nós, a fim de que eles não fossem aperfeiçoados à parte de nós.”
25, 26. (a) Por que não temerão os “justos”, ao serem ressuscitados, aquele Dia de Juízo? (b) Por que terão os “injustos” uma desvantagem, ao serem ressuscitados, em comparação com os “justos”?
25 Por terem morrido na sua integridade a Deus, estes “justos” serão ressuscitados na sua integridade para com Deus, embora não ressuscitados em perfeição humana e conduta impecável. Não temerão o grande Dia do Juízo de mil anos, ao qual são levados pela ressurreição. A integridade que desenvolveram antes da morte e com que serão ressuscitados lhes dará uma vantagem sobre os “injustos” em progredir para a própria perfeição humana, em completa liberdade da pecaminosidade. Eles terão como que uma dianteira sobre os “injustos” nesta direção.
26 Neste respeito, está escrito: “Alguém de poucos meios que está andando na sua integridade é melhor do que o pervertido nos seus lábios e o estúpido.” Também: “O justo está andando na sua integridade. Felizes são os seus filhos depois dele.” (Provérbios 19:1; 20:7) Por outro lado, será muito mais difícil para os “injustos” que até a morte cultivaram tendências pecaminosas, maus hábitos e anseios ruins. Estes serão impedimentos, desvantagens, estorvos, que operarão contra eles na corrida de ganhar a vida eterna em perfeição humana, sem pecado, numa terra paradísica. Também, muitos destes “injustos”, nesta vida, deixaram de aproveitar-se das oportunidades e provisões espirituais disponíveis, as quais desconsideraram, desprezaram, desdenharam ou repeliram. Assim, terão de vencer uma disposição de falta de apreço e de obstinação. Portanto, será penoso para eles. Jesus Cristo deu exemplos de casos assim, quando disse às cidades impenitentes de Corazim, Betsaida e Cafarnaum:
27. Como foi isto ilustrado por Jesus por meio de Corazim, Betsaida e Cafarnaum?
27 “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem ocorrido em Tiro e Sídon as obras poderosas que ocorreram em vós, há muito se teriam arrependido em saco e cinzas. Conseqüentemente, eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para Tiro e Sídon do que para vós. E tu, Cafarnaum, serás por acaso enaltecida ao céu? Até o Hades descerás; porque, se as obras poderosas que ocorreram em ti tivessem ocorrido em Sodoma, ela teria permanecido até o dia de hoje. Conseqüentemente, eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para a terra de Sodoma do que para ti.” — Mateus 11:20-24.
28, 29. (a) Por que será a geração judaica dos dias de Jesus condenada pelos antigos ninivitas e pela rainha do sul? (b) No Dia do Juízo, que equilíbrio haverá entre os que agora têm vantagens e os que têm desvantagens religiosas?
28 Falando à geração dos judeus, que adulteravam sua relação com Deus pelo mundanismo e que baseavam sua crença em sinais visíveis, Jesus disse: “Homens de Nínive se levantarão no julgamento com esta geração e a condenarão; porque eles se arrependeram com o que Jonas pregou, mas, eis que algo maior do que Jonas está aqui. A rainha do sul será levantada no julgamento com esta geração e a condenará; porque ela veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, mas, eis que algo maior do que Salomão está aqui.” — Mateus 12:38-42.
29 Então, quantas surpresas haverá para muitos dos religiosos justos aos seus próprios olhos, para os religiosos formais, convencidos, complacentes, certos de que eram mais justos do que os que chamavam de pagãos! Verificarão que eram hipócritas religiosos, ao passo que os pagãos, que menosprezavam, eram mais sinceros, mais dóceis, mais apreciativos e menos repreensíveis, por causa de sua ignorância. A sinceridade e a atitude das pessoas religiosamente menos favorecidas condenará então os privilegiados, que negligenciaram suas oportunidades com indiferença ou deliberação. Portanto, haverá um equilíbrio justo da questão, entre os atuais favorecidos e os desfavorecidos.
AS VANTAGENS DO DIA DO JUÍZO
30, 31. (a) No Dia do Juízo, é preciso que se recapitule diante de todos os humanos sua condição anterior para ver se são inocentes ou culpados? (b) Usando-se os judeus sob a Lei, o que se demonstrou a respeito de toda a humanidade?
30 Não se pode negar a veracidade da declaração em Romanos 3:22, 23: “Não há distinção. Pois todos pecaram e não atingem a glória de Deus.” Portanto, no Dia do Juízo, todos, “os vivos e os mortos”, com a ajuda dos juízes celestiais que Jeová Deus suscitar, necessitarão urgentemente ser libertos de todos os vestígios do pecado, da fraqueza moral e da imperfeição física com que foram levados ao Dia do Juízo. Toda a evidência, todo o testemunho são contra a humanidade, conforme se declara compreensivelmente em Romanos 3:23 e em outros textos, e isto não precisa ser recapitulado perante os em julgamento, para ver se são inocentes ou culpados. O fracasso dos judeus naturais quanto a guardarem a Lei que Deus lhes deu mediante Moisés demonstrou que nenhuma parte da humanidade, nem mesmo os próprios judeus favorecidos, podiam guardar perfeitamente a lei de Deus. Assim, por meio desta demonstração prática com os judeus sob a Lei, toda boca humana foi calada quanto a defender quem a usava, e todo o mundo da humanidade foi provado culpado perante Deus. É assim como o apóstolo Paulo escreveu há muito tempo atrás:
31 “Ora, nós sabemos que todas as coisas ditas pela Lei ela dirige aos que estão debaixo da Lei, a fim de que tape cada boca e todo o mundo fique sujeito a Deus para punição.” — Romanos 3:19.
32. (a) O que se precisa dizer a respeito de os homens terem uma “segunda oportunidade” no Dia do Juízo? (b) Então, de quem dependerá se hão de viver ou não na terra paradísica, e por quê?
32 Visto que a humanidade nasceu pecadora e condenada à morte, ela nunca teve “uma oportunidade”. Nunca pôde justificar-se perante o Deus da absoluta perfeição por fazer obras perfeitas de justiça e livrar-se da pecaminosidade. Portanto, o Dia do Juízo não oferece à humanidade o que se chama de “segunda oportunidade”. Antes, oferece à humanidade sua primeira oportunidade real de obter a vida eterna em perfeição humana e absoluta inocência num Paraíso terrestre. O Dia do Juízo oferece à humanidade a oportunidade que o perfeito sacrifício humano de Cristo lhe provê para se purificar do pecado e ser soerguida à plena “glória de Deus”, que agora não atinge. Em vista disso, depende do que “os vivos e os mortos” farão no Dia do Juízo para ver se hão de possuir a terra paradísica para sempre ou não. Seus antecedentes já foram estabelecidos e são irreversíveis, com bons ou maus efeitos para eles. O Dia do Juízo lhes permitirá provar o desejo sincero de seu coração de ter acabado, liquidado e terminado com o pecado para sempre. Os juízes celestiais estarão no cargo para ajudá-los com instruções e orientação.
33. Como é a oportunidade do Dia do Juízo representada em linguagem simbólica em Revelação 20:11-15?
33 Esta oportunidade no Dia do Juízo é retratada para nós em Revelação 20:11-15 na seguinte linguagem simbólica: “E eu vi um grande trono branco e o que estava sentado nele. De diante dele fugiam a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E eu vi os mortos, os grandes e os pequenos, em pé diante do trono, e abriram-se rolos. Mas outro rolo foi aberto; é o rolo da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas escritas nos rolos, segundo as suas ações. E o mar entregou os mortos nele, e a morte e o Hades entregaram os mortos neles, e foram julgados individualmente segundo as suas ações. E a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. Este significa a segunda morte, o lago de fogo. Outrossim, todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.”
34. (a) Inclui a ressurreição representada ali os que participam da “primeira ressurreição”? (b) Que registro não está contido nos “rolos” abertos então, e por que não?
34 Este quadro simbólico não envolve os que participam da “primeira ressurreição” e dos quais já se falou em Revelação 20:4-6 como não estando em perigo da “segunda morte”. Este quadro se refere aos que participam na ressurreição à existência na terra e que serão julgados dignos da vida eterna só no fim dos mil anos, quando puderem mostrar sua justiça plenamente adquirida na perfeição humana. Os “rolos” abertos, cujas coisas escritas servem de base para serem julgados favoravelmente ou adversamente, não são rolos com o registro de todos os seus atos passados, imperfeitos e pecaminosos, na vida atual, sob este sistema de coisas. Os juízes celestiais não precisarão gastar mil anos repassando os registros das vidas humanas passadas para saber a culpa ou a inocência de cada um dos ressuscitados. Não são tão ignorantes ou tão mal informados sobre o passado da humanidade. Os juízes não procuram o passado da humanidade, mas sim o futuro dela. A humanidade precisa de orientação para o futuro!
35, 36. (a) Então, o que representam estes “rolos” e quem saberá o conteúdo deles? (b) Por que não haverá desculpa para ninguém na terra quanto a não saber disso?
35 De modo que estes “rolos” abertos são a nova série de instruções, orientações e ordens que são dadas à humanidade pelos juízes que atuam por Deus. Assim, toda a humanidade será informada sobre o conteúdo destes “rolos” abertos, para saber as normas segundo as quais será julgada e o que se espera dela quanto à sua conduta e obra futura. A humanidade não será deixada em ignorância, e todos serão obrigados a saber a lei segundo os rolos de julgamento. Não haverá nem Satanás, o Diabo, nem qualquer de seus demônios por perto, na vizinhança invisível da terra, para cegar as pessoas, para desencaminhá-las, para perverter a lei e as instruções publicadas. Não; porque aqueles velhos “céus” terão fugido de diante da face de Deus, quem estabelece o tempo para este Dia do Juízo. Por conseguinte, não haverá feiticeiros, nem médiuns espíritas ou adivinhos, nem astrólogos com horóscopos, nem haverá venda de pranchas Ouija e outros apetrechos demoníacos similares. Existirão apenas os “novos céus” e estes baixarão a justiça. Conforme lemos:
36 “Ó céus, fazei-o destilar de cima; e escoe o próprio céu nublado a justiça. Abra-se a terra e seja ela frutífera com salvação, e faça ela a própria justiça brotar ao mesmo tempo. Eu mesmo, Jeová, o criei.” — Isaías 45:8.
“PRÍNCIPES” TERRESTRES
37. (a) Como transmitirão os Juízes celestiais à humanidade o conteúdo desses “rolos”? (b) Como saberá a humanidade quando se executarão as leis e os regulamentos de Deus?
37 De que maneira os invisíveis juízes celestiais comunicarão o conteúdo dos “rolos” abertos aos habitantes da terra não se declara especificamente na Bíblia. Mas haverá representantes diretos do reino celestial de Deus na terra. Sua presença entre a humanidade será evidência oficial de que veio à existência uma “nova terra”, com sua nova sociedade humana. A velha “terra” dominada invisivelmente por Satanás, o Diabo, terá fugido de diante da face de Deus e não se encontrará lugar para ela exceto na destruição. Os tribunais, advogados, promotores e o sistema judiciário serão coisas do passado; caberá então à pessoa estar bem versada na lei de Deus, para julgar segundo ela e para aplicá-la. E quando os representantes terrestres do reino agirem, as pessoas saberão e compreenderão nitidamente que se executam a lei e os regulamentos de Deus.
38. Dependerá o Rei celestial Jesus Cristo de seus antepassados terrestres para ter distinção ou tem distinção pelo seu próprio mérito?
38 As Escrituras proféticas fornecem-nos indicações deste arranjo para o Dia do Juízo milenar. Por exemplo, veja o Salmo 45, que é um poema a respeito do Rei ungido de Deus, Jesus, o Messias ou Cristo. Depois de falar profeticamente sobre o casamento celestial de Jesus Cristo e de sua congregação-noiva, e sobre os que assistem a classe da noiva, o salmo diz: “Entrarão no palácio do rei. Em lugar de teus antepassados virá a haver teus filhos, os quais designarás para príncipes em toda a terra.” (Salmo 45:15, 16) Naturalmente, o Rei celestial Jesus Cristo teve antepassados ilustres, cuja lista é fornecida no registro bíblico, quer tenham servido no trono terrestre do Rei Davi, em Jerusalém, quer não. Mas o Rei celestial não dependerá deles para ter distinção. Terá a sua própria, embora na terra, como homem perfeito, Jesus Cristo se negasse a se sentar num trono material em Jerusalém ou em outra parte.
39. Como excederá o Rei Jesus Cristo em distinção até mesmo o Rei Davi quanto ao território abrangido?
39 O Rei celestial Jesus Cristo excederá até mesmo Davi em fama, honra e distinção. Estenderá seu reino muito além das fronteiras de todo o território que o Rei Davi conquistou nos seus dias, segundo a promessa de Deus a Abraão. (Gênesis 15:17-21) Sim, até onde o Oriente se encontra com o Ocidente o Norte com o Sul, sim, em volta do planeta, “toda a terra”. Conforme está escrito “Referente a Salomão”, como tipo profético do Rei Jesus Cristo: “Ó Deus, dá ao rei as tuas próprias decisões judiciais, e ao filho do rei a tua justiça. Pleiteie ele a causa do teu povo com justiça e dos teus atribulados com decisão judicial. E terá súditos de mar a mar e desde o Rio até os confins da terra.” — Salmo 72: cabeçalho, 1, 2, 8.
40. No que se refere a filhos principescos, que problema parece surgir, por Jesus não ter tido filhos na terra e por ele ser o Herdeiro Permanente do Rei Davi?
40 No entanto, parece haver um problema nisso? Este Rei que é maior e mais sábio do que Salomão, filho do Rei Davi, não se casou quando esteve aqui na terra como homem perfeito, com a faculdade de procriação nos lombos para produzir uma família humana, perfeita. Então, como se pode cumprir a profecia de que “em lugar de teus antepassados”, note, “virá a haver teus filhos, os quais designarás para príncipes em toda a terra”? Além disso, o Jesus Cristo celestial é o Herdeiro Permanente do Rei Davi, e por causa de seu “poder duma vida indestrutível” reinará sem sucessores, sem necessidade de que um filho o suceda. Conforme o anjo Gabriel disse a Maria a respeito de seu prospectivo Filho Jesus: “Jeová Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino.” — Lucas 1:32, 33.
41, 42. (a) Por que não são os 144.000 aqueles “filhos” a serem designados na terra? (b) De que modo terá o celestial Jesus Cristo “Filhos” terrenos, em cumprimento de que título profético?
41 Sabemos que os 144.000 co-herdeiros de Jesus Cristo não são seus filhos espirituais, mas que são filhos de Deus, “deveras, herdeiros de Deus, mas co-herdeiros de Cristo”. (Romanos 8:17) Então, quem são estes mencionados como sendo “teus filhos, os quais designarás para príncipes em toda a terra”? Evidentemente, não são filhos celestiais do Rei Jesus Cristo. Devem ser filhos terrestres, os quais, por estarem na terra, podem ser designados para príncipes “em toda a terra”. Estes serão filhos Seus por meio da ressurreição dos mortos, especificamente dos mortos “justos”. Seu título prometido, segundo a profecia de Isaías 9:6, 7, a saber, Pai Eterno, não será mero título honorífico, fútil. Ele será realmente pai para a família humana ressuscitada. Ele é “o último Adão”, que se tornou “espírito vivificante”. (1 Coríntios 15:45, 47) O primeiro homem Adão vendeu todos os seus descendentes ao pecado e à morte, mas o “segundo homem”, que “é do céu”, depôs a sua vida humana perfeita para comprá-los de volta de tal herança adâmica. Por isso lemos:
42 “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus, o qual se entregou como resgate correspondente por todos.” (1 Timóteo 2:5, 6) “Observamos a Jesus, feito um pouco menor que os anjos, coroado de glória e de honra por ter sofrido a morte, para que, pela benignidade imerecida de Deus, provasse a morte por todo homem.” — Hebreus 2:9.
43. (a) Como se tornará o Rei pai da “grande multidão” de sobreviventes da tribulação que não precisam de ressurreição? (b) Como se tornará eterna a sua paternidade quanto à humanidade?
43 Pelo sacrifício de si próprio, segundo a vontade de Deus, Jesus Cristo obteve o direito de conferir a vida à raça morredoura da humanidade, tornando-se assim seu pai. Ele transmitirá vida aos “mortos”, tanto os “justos” como os “injustos”, por chamá-los para fora de seus túmulos memoriais e de suas sepulturas aquosas, soerguendo então todos os dispostos à perfeição da vida humana. Quanto aos “vivos”, que sobreviverão à “grande tribulação” para o reino milenar de Cristo, também elevará estes sobreviventes “justos” a um nível de vida “em abundância”, à vida como criaturas humanas em perfeição gloriosa. (João 10:10; 2 Timóteo 4:1; Atos 24:15) Terá realizado tudo isso até o fim dos mil anos. Mas esta vida abundante de seus filhos terrestres pode prosseguir para sempre, e haverá os que por manterem a integridade em perfeição, se mostrarão merecedores da vida eterna. Estes serão seus filhos eternos e ele será literalmente seu Pai Eterno.
44, 45. (a) Como começará o Rei a reinar com suficientes príncipes na terra e por que serão todos os designados classificados como “príncipes”? (b) No entanto, é necessário ter linhagem real para que o chefe sobre outros seja chamado de príncipe (sar)?
44 No princípio de seu reinado milenar, o ilustre Rei Jesus Cristo começará a tomar os aptos dentre os seus filhos terrestres para ser “príncipes em toda a terra”. Os “vivos” que sobreviverem à “grande tribulação” e ao lançamento de Satanás e seus demônios no abismo fornecerão certo número destes “príncipes”. Os “justos” dentre os “mortos” ressuscitados do sono da morte fornecerão mais outros, suficientes para se ter os designados “príncipes em toda a terra”. O Salmo 45:16 parece significar que tais “príncipes” incluirão os homens “justos” dentre os seus “antepassados” ressuscitados. Antigamente eram seus antepassados, mas então se tornarão seus “filhos”, por meio da ressurreição. Sendo filhos do Rei celestial, tais designados serão classificados como “príncipes”.
45 Entretanto, deve-se notar que a palavra hebraica para “príncipes”, no Salmo 45:16, é sarim. Entre os antigos israelitas, nem todo aquele que era chamado “sar” tinha parentesco real. Entre eles, chamava-se “sar” o chefe de mil, o chefe de cem, o chefe de cinqüenta e até o chefe de dez homens. Até mesmo o chefe dos copeiros reais ou o chefe dos padeiros reais podia ser chamado “sar”. — Êxodo 18:21, 25; Deuteronômio 1:15; 20:9; 1 Samuel 8:12; Gênesis 40:2. Compare isso com Gênesis 23:5, 6.
46, 47. (a) Será que todos os designados terão de ser antepassados régios ou patriarcais do Rei, e que espécie de homens terão de ser? (b) Nos interesses de quem terão de ter verdadeiro interesse, conforme descrita em Isaías 32:1, 2?
46 Nem todos estes designados para ser “príncipes em toda a terra” terão de ser dos antepassados reais ou patriarcais de Jesus Cristo como homem. Basicamente, terão de ser homens de integridade, “homens capacitados”, “homens sábios e experientes”, tais como os que o profeta Moisés designou para ser juízes, a respeito dos quais lemos: “Moisés passou a escolher homens capacitados dentre todo o Israel e a dar-lhes posições como cabeças sobre o povo, como chefes [sarim] de mil, chefes [sarim] de cem, chefes [sarim] de cinqüenta e chefes [sarim] de dez. E julgaram o povo em toda ocasião propícia. Qualquer causa difícil traziam a Moisés, mas toda causa pequena resolveram eles mesmos como juízes.” (Êxodo 18:25, 26; Deuteronômio 1:15) Os príncipes terrestres designados pelo Rei Jesus Cristo estarão realmente interessados no bem-estar do povo e em resolver pacífica e amigavelmente as dificuldades. Serão corajosos e protetórios do que é direito, assim como os príncipes descritos em Isaías 32:1, 2, que diz:
47 “Eis que um rei reinará para a própria justiça; e quanto a príncipes [sarim] governarão como príncipes para o próprio juízo. E cada um deles terá de mostrar ser como abrigo contra o vento e como esconderijo contra o temporal, como correntes de água numa terra árida, como a sombra dum pesado rochedo numa terra esgotada.”
48, 49. (a) Tem havido um aumento dos crimes por causa de que crença estimulada nos criminosos em vista dos atuais processos legais? (b) Segundo Eclesiastes 8:11-13, a quem irá bem — com o que repete os crimes ou com quem?
48 Naqueles dias do celestial Príncipe [Sar] da Paz, fazer a justiça e trazer os violadores ao juízo não será um processo vagaroso e demorado, sem juízes e funcionários suficientes para julgar prontamente todos os violadores. Levar muito tempo, em muitos casos vários anos, para levar contraventores a juízo, para desfazer injustiças e fazer vigorar a justiça, tem estimulado os criminosos, que são induzidos a pensar que podem safar-se finalmente sem punição. O crime tem aumentado enormemente durante a última metade deste século vinte, mas já antes de começar o século onze antes de nossa Era Comum, o sábio escritor inspirado de observações aguçadas escreveu:
49 “Por não se ter executado prontamente a sentença contra um trabalho mau é que o coração dos filhos dos homens ficou neles plenamente determinado a fazer o mal. Embora o pecador faça o mal cem vezes” — imagine só! Mas o escritor inspirado prossegue: “e continue por um longo tempo conforme quiser, contudo, estou também apercebido de que resultará em bem para os que temem o verdadeiro Deus, porque têm tido temor dele. Mas não resultará em nada de bom para o iníquo nem prolongará ele os seus dias, que são como uma sombra, porque ele não tem temor de Deus”. — Eclesiastes 8:11-13.
50. (a) A atual vagarosidade da justiça se deve a que, muito acima da humanidade? (b) como reagirá a “nova terra” para com os “novos céus” diante da justiça?
50 O atual processo vagaroso de se levar os contraventores a juízo ou de nunca serem levados a prestar contas deve-se a vivermos na ‘velha terra’ sob os ‘velhos céus’, e a que Satanás, o Diabo, e suas “forças espirituais iníquas nos lugares celestiais” estão dominando a sociedade humana. A destruição da velha sociedade humana corruta e o lançamento de Satanás e seus demônios no abismo removerá toda a obstrução da justiça durante a magistratura milenar do Príncipe [Sar] da Paz, com seus 144.000 juízes associados. Em resultado da destilação e do escoamento da justiça desde os “novos céus”, o solo humano da “nova terra” reagirá favoravelmente e se tornará frutífero de modo correspondente. Jeová predisse isso, dizendo: “Abra-se a terra e seja ela frutífera com salvação, e faça ela a própria justiça brotar ao mesmo tempo. Eu mesmo, Jeová, o criei.” — Isaías 45:8.
51. Então, que época ansiamos de alma, junto com Isaías?
51 Não ansiamos tal era de justiça e juízo? Durante esse tempo, a vereda do justo não será tão escabrosa como agora, mas será alisada. Na expectativa desta época desejável, o profeta Isaías, que aguardava uma ressurreição terrestre, escreveu sob inspiração: “A vereda do justo é retidão. Sendo tu reto, aplainarás o próprio rumo do justo. Sim, pela vereda dos teus julgamentos, ó Jeová, temos esperado em ti. O desejo da alma tem sido por teu nome e por teu memorial. Almejei-te com a minha alma durante a noite; sim, com o meu espírito dentro de mim estou à procura de ti; porque, quando há julgamentos teus para a terra, os habitantes do solo produtivo certamente aprenderão a justiça. Ainda que se mostre favor ao iníquo, ele simplesmente não aprenderá a justiça. Na terra da direiteza ele agirá injustamente e não verá a alteza de Jeová.” — Isaías 26:7-10.
52, 53. (a) Mesmo na terra da direiteza, sob o favor divino, para quem será difícil aprender a justiça? (b) No caso destes, que princípio declarado pelo apóstolo Pedro parece apropriado?
52 A milenar “terra da direiteza”, de direiteza nos tratos com o povo e entre o povo, será um lugar onde se mostrará grande favor a toda a humanidade na sua imperfeição humana, inata. Alguns membros da família humana caíram mais profundamente na degradação pecaminosa do que outros e ficaram endurecidos numa personalidade injusta, por causa da longa demora de serem levados ao juízo. Sua tendência habitual é para a injustiça. É fácil de ver como os iníquos desta espécie achariam difícil de aprender a justiça e a retidão, mesmo que tudo em volta deles seja direiteza e se lhes mostre favor divino mediante o Rei Jesus Cristo. Apesar de toda a ajuda que lhes será oferecida, estarão inclinados a agir injustamente. Não vão querer reconhecer a alteza de Jeová como Legislador legítimo, nem a retidão de suas normas da vida. Parece ajustar-se a eles o princípio expresso pelo apóstolo Pedro:
53 “Pois é o tempo designado para o julgamento principiar com a casa de Deus. Ora, se primeiro começa conosco, qual será o fim daqueles que não são obedientes às boas novas de Deus? ‘E se o justo está sendo salvo com dificuldade, onde aparecerá o ímpio e o pecador?’” — 1 Pedro 4:17, 18.
54. Precisarão ser preservados vivos até o fim do Dia do Juízo os que receberem em vão o favor de Deus, desacertando seu propósito? Qual é o motivo disso?
54 Os que na “terra da direiteza” receberem o “favor” de Deus em vão, desacertando seu propósito amoroso, e que se mostrarem incorrigíveis, não necessariamente terão de ser preservados até o fim dos mil anos antes de serem executados, como inaptos para a vida eterna no Paraíso restabelecido na terra. Sem qualquer injustiça para com tais que se mostrarem além de correção, poderão ser executados por aquele a quem Deus designou para julgar em justiça a terra habitada. Eles não recebem seus nomes inscritos no “livro da vida” e por isso só são aptos para a “segunda morte”, conforme simbolizada pelo “lago de fogo” que causa uma destruição completa. (Revelação 20:14, 15) Quão sábio e prudente é, pois, ser agora obediente às “boas novas de Deus” e cultivar amor à justiça, em vista daquele vindouro Dia do Juízo!