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AlfabetoAjuda ao Entendimento da Bíblia
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nome é amiúde tal que requer considerável imaginação. Assim, embora alguns creiam que a letra guímel originalmente representasse um camelo (ou o pescoço do camelo), outros sugerem que retratava originalmente um “taco de arremesso”; alguns, que dálete representava uma porta, outros, que talvez representasse originalmente um peixe; zaine, uma arma ou talvez uma oliveira; tete, uma serpente ou talvez um cesto, e assim por diante. É interessante, portanto, notar a declaração do Dr. Diringer, na página 40 de The Story of the Aleph Beth, em que, depois de mostrar que o valor fonético de cada letra hebraica corresponde ao som inicial do nome aplicado a ela, aponta: “Seria errado presumir que [isto] indique necessariamente o uso de representações pictóricas dos objetos cujos nomes as letras levavam; em outras palavras, não há evidência clara de que os símbolos fossem originalmente pictográfios.” Assim, um professor, ao ensinar a alguém o alfabeto português, poderia dizer que A representa “árvore”, B representa “banana”, C representa “casa”, e com isso dizer meramente que o valor fonético da letra é representado pela letra inicial da palavra que segue, e não que a forma da letra se pareça em algum sentido com o formato ou as características do objeto identificado por essa palavra.
Não há base sólida para a teoria de que o alfabeto seja o resultado de uma evolução gradual através das escritas pictográfica, ideográfica ou silábica. Embora os antigos egípcios usassem com o tempo diversos de seus sinais fonéticos para representar consoantes específicas, nunca os isolaram como alfabeto distinto, e continuaram a usar seus ideogramas e fonogramas silábicos até o tempo da Era Comum. Depois disso adotaram o alfabeto grego. Não há registro histórico de alguma escrita pictográfica que se tenha transformado de modo independente em alfabeto. Além do caso da escrita egípcia, outros povos, como os maias, empregavam evidentemente a escrita pictográfica por milênios, sem nenhuma evolução em um alfabeto. Os chineses, até os dias atuais, não desenvolveram um alfabeto de sua escrita originalmente pictográfica.
ACONTECIMENTOS POSTERIORES
Referindo-se ao alfabeto original, o Dr. Diringer mostra que outros povos ou civilizações criaram mais tarde suas próprias variantes daquele alfabeto básico, variantes estas que, com o passar do tempo, por fim chegaram a se tornar quase que irreconhecíveis na sua relação com outros membros da mesma família (bem como com o alfabeto original). Acrescenta: “Destarte, o alfabeto brâmine, o grande alfabeto-mãe da índia, o alfabeto coreano, os alfabetos mongólicos, derivaram-se da mesma fonte que os alfabetos grego, latino, rúnico, hebraico, árabe e russo, embora seja, a bem dizer, impossível um leigo ver qualquer verdadeira semelhança entre eles.” — The Story of the Aleph Beth, p. 39.
Após o cativeiro em Babilônia, os judeus adotaram o estilo aramaico de letras e disto se desenvolveu o estilo quadrado de letras, característico do alfabeto hebraico moderno. Não obstante, há evidência que indica que o antigo alfabeto hebraico continuou a ser usado nos tempos após o exílio.
O alfabeto grego deriva-se do alfabeto semítico. Os gregos fizeram valiosa adição a ele, no sentido de que tomaram as letras excedentes, para as quais não tinham consoantes correspondentes (álefe, hê, hete, aine, vau e iode) e empregaram-nas para representar os sons vocálicos a, e (curto), e (longo), o, y, i. Dos dois estilos de escrita grega, o oriental e o ocidental, este último se tornou a fonte do alfabeto latino e, por sua vez, de nosso alfabeto português.
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Alfa E ÔmegaAjuda ao Entendimento da Bíblia
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ALFA E ÔMEGA
Esses são os nomes da primeira e da última letras do alfabeto grego, e são usados três vezes como um título no livro de Revelação (Apocalipse). A ocorrência desta frase na Versão Trinitariana, em Revelação 1:11, contudo, não tem o apoio de alguns dos mais antigos manuscritos gregos, inclusive o Alexandrino, o Sinaítico e o Códice Ephraemi Rescriptus (Cópia de Efraim). Por conseguinte, é omitido em muitas traduções modernas.
Ao passo que muitos comentaristas aplicam este título tanto a Deus como a Cristo, um exame mais cuidadoso de seu uso restringe a sua aplicação ao Deus supremo. O primeiro versículo de Revelação mostra que a revelação foi dada originalmente por Deus, e mediante Jesus Cristo, por isso, aquele que fala (mediante um representante angélico), às vezes é o próprio Deus, e, outras vezes, é Cristo Jesus. (Rev. 22:8) Assim, Revelação 1:8 diz: “Eu sou o Alfa e o ômega,. . . diz o Senhor Deus [So; “Jeová Deus”, NM], que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso.” Embora o versículo anterior fale de Cristo Jesus, é claro que, no versículo 8, a aplicação do título é ao Deus “Todo-poderoso”. Neste particular, Albert Barnes, em Barnes’ Notes on the New Testament (Notas Sobre o Novo Testamento, de Barnes) observa: “Não se pode ter certeza absoluta de que o escritor queria referir-se especificamente aqui ao Senhor Jesus. . . Não existe nenhuma real incongruência em se supor, também, que o escritor aqui queria referir-se a Deus como tal.”
O título ocorre de novo em Revelação 21:6, e o versículo seguinte (21:7) identifica o orador por dizer: “Todo aquele que vencer herdará estas coisas, e eu serei o seu Deus e ele será o meu filho.” Visto que Jesus se referiu aos que serão seus co-herdeiros do reino como “irmãos”, e não como “filhos”, quem fala tem de ser Jeová Deus, o Pai celeste de Jesus. — Mat. 25:40; compare com Hebreus 2:10-12.
A última ocorrência do título se dá em Revelação 22:13, que declara: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim.” É evidente que várias pessoas são representadas como falando neste capítulo de Revelação; os versículos 8 e 9 mostram que o anjo falou a João, o versículo 16 se aplica obviamente a Jesus, a primeira parte do versículo 17 é creditada ao “espirito e a noiva” e a pessoa que fala na última parte do versículo 20 é manifestamente o próprio João. O “Alfa e o ômega” dos versículos 12-15, por conseguinte, pode ser apropriadamente identificado como a mesma pessoa que porta o título nas duas outras ocorrências: Jeová Deus. A expressão: “Eis que venho depressa”, no versículo 12, não exige que os versículos adrede mencionados se apliquem a Jesus, uma vez que Deus também fala sobre ele próprio como “vindo” para executar o julgamento. (Compare com Isaías 26:21.) Malaquias 3:1-6 fala de uma vinda conjunta para julgamento, por parte de Jeová e de seu “mensageiro do pacto”.
O título “o Alfa e o ômega” transmite a mesma idéia que “o primeiro e o último”, e “o princípio e o fim” quando usado com referência a Jeová. Antes dele não havia nenhum Deus Todo-poderoso, e não haverá nenhum depois dele. Ele concluirá com êxito a questão da Divindade, sendo vindicado para sempre como o único e exclusivo Deus Todo-poderoso. — Compare com Isaías 44:6.
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EntendimentoAjuda ao Entendimento da Bíblia
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ENTENDIMENTO
As palavras das línguas originais que são traduzidas como “entendimento” nas Escrituras possuem uma aplicação ampla, assim como esse termo em português. Podem referir-se a uma espécie um tanto simples de compreensão, ou podem descrever a percepção plena e profunda da natureza íntima, das razões subjacentes e do significado de questões complexas. A perspicácia, o discernimento e a percepção são todos aspectos do entendimento, e, por vezes, tais sentidos são mais destacados e exigem o uso de tais termos portugueses na tradução.
O hebraico bin (verbo) e bináh (substantivo) relacionam-se mui freqüentemente com o entendimento. Às vezes, bin e bináh podem sublinhar mais particularmente os aspectos específicos do discernimento (1 Sam. 3:8; 2 Sam. 12:19; Sal. 19:12; Dan. 9:2), de se dar meticulosa consideração (Deut. 32:7; Pro. 14:15; 23:1; Jer. 2:10; Dan. 11:37) ou atenção (Jó 31:1; 32:12; 37:14; Sal. 37:10) a um assunto, e talvez sejam assim traduzidas. O professor R. C. Dentan, escrevendo em The Interpreteis Dictionary of the Bible (Dicionário Bíblico do Intéprete; Vol. IV, pp. 732, 733), afirma: “A raiz ביו [bin] significa primariamente ‘discernir com os sentidos’, ‘perceber as diferenças’, daí, ‘prestar muita atenção a’, e, por fim — especialmente nos radicais derivados — ‘obter compreensão’ ou ‘dá-la’ a outros.” O perito hebraico Gesenius [Hebrew and English Lexicon (Léxico Hebraico e Inglês), p. 140] fornece o sentido básico como sendo “separar, distinguir . . . por isso, discernir, marcar, entender, termos estes que dependem da ideia de separar, de distinguir, de discriminar.” Outros substantivos, tavún e tevunáh, evidentemente provêm da mesma raiz que bináh, e podem ser apropriadamente traduzidos “discernimento” (Pro. 10:23; 11:12) ou “entendimento” (Êxo. 31:3; Deut. 32:28), conforme o contexto.
O significado básico destes termos revela que a pessoa de entendimento é aquela que consegue penetrar num assunto, discernir sua composição, por separar os fatores ou modalidades individuais que compõem ou atuam juntos para formar um todo, e então perceber a relação entre eles, compreendendo ou captando assim o significado ou teor do assunto. Pode-se ilustrar isso por meio duma língua. Uma pessoa que ouve sons proferidos em certa língua precisa poder distinguir as palavras individuais que compõem as sentenças, conhecer o significado delas, e ver como se relacionam umas com as outras, se é que entenderá o que é dito. (Deut. 28:49) Não obstante, muito embora a pessoa possa compreender basicamente o que lhe é dito, o entendimento pode também ir além de tal compreensão simples e denotar que ela capta o verdadeiro significado e sentido dessa mensagem, podendo avaliá-la, beneficiar-se dela e saber que ação ela exige. Quando Esdras, o sacerdote, leu a Lei diante do povo em Jerusalém, “todos os suficientemente inteligentes [do heb. bin] para escutar” foram reunidos, porém, embora possuíssem mentes amadurecidas, capazes de entender todas as palavras, os levitas “explicavam [ou davam entendimento, uma forma de bin] a lei ao povo, . . . [lendo] alto no livro, na lei do verdadeiro Deus, fornecendo-se esclarecimento e dando-se o sentido dela; e continuaram a tornar a leitura compreensível [a dar entendimento à leitura]”. — Nee. 8:2, 3, 7, 8.
Dois outros termos hebraicos, sakhál (verbo) e sékhel (substantivo), relacionam-se ao entendimento. Sobre sakhál, o professor Dentan afirma que, no seu emprego bíblico, “veio a significar especificamente ‘ter perspicácia’ ou ‘ser prudente’”. (Compare com 1 Samuel 18:5, 30; 1 Reis 2:3; 1 Crônicas 28:19; Daniel 1:17.) Às vezes esses termos dão ênfase à discrição ou sensatez. — Sal. 47:7; Pro. 10:19.
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