SUMO SACERDOTE
Principal representante do povo perante Deus. Cabia-lhe também a supervisão de todos os outros sacerdotes.
A Bíblia aplica diversos termos ao sumo sacerdote, a saber, “sumo [literalmente: grande] sacerdote” (Núm 35:25, 28; Jos 20:6, n), “o sacerdote, o ungido” (Le 4:3), “o sacerdote principal [ou: sumo; literalmente: cabeça]” (2Cr 26:20 n; 2Rs 25:18 n), “o cabeça” (2Cr 24:6), ou simplesmente “o sacerdote” (2Cr 26:17). No último caso, o contexto frequentemente esclarece que se fala do sumo sacerdote. Nas Escrituras Gregas Cristãs, evidentemente usa-se “principais sacerdotes” para indicar os mais importantes homens do sacerdócio, que incluíam ex-sumos sacerdotes depostos, e possivelmente, os homens adultos das famílias dos sumos sacerdotes e os cabeças das 24 turmas sacerdotais. — Mt 2:4; Mr 8:31.
A designação de Arão como primeiro sumo sacerdote de Israel procedia de Deus. (He 5:4) O sumo sacerdócio de Israel foi inaugurado com Arão e transmitido de pai para o filho mais velho, a menos que este filho morresse ou ficasse desqualificado, como no caso dos dois filhos mais velhos de Arão, que pecaram contra Jeová e morreram. (Le 10:1, 2) O Rei Salomão depôs um sumo sacerdote em cumprimento de profecia divina e colocou no seu lugar outro homem qualificado da linhagem de Arão. (1Rs 2:26, 27, 35) Mais tarde, quando a nação estava sob domínio gentio, esses governantes gentios removiam e nomeavam sumos sacerdotes segundo o seu beneplácito. No entanto, parece que se aderiu bem de perto à linhagem de Arão em toda a história da nação, até a destruição de Jerusalém em 70 EC, embora possa ter havido exceções, tais como Menelau, também chamado Onias (Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], XII, 238, 239 [v, 1], o qual, de acordo com 2 Macabeus 3:4, 5 e 4:23 (BJ), era benjamita.
Habilitações e Requisitos para o Cargo. Em harmonia com a dignidade do cargo, a proximidade do sumo sacerdote em relação a Jeová ao representar a nação perante Ele, e também a importância típica do cargo, os requisitos eram rígidos.
Em Levítico 21:16-23 é apresentada uma lista de defeitos físicos desqualificadores para todos os sacerdotes. Ao sumo sacerdote impunham-se restrições adicionais: ele só se podia casar com uma virgem de Israel; não se devia casar com uma viúva. (Le 21:13-15) Além disso, não se lhe permitia aviltar-se por um morto, isto é, não podia tocar num cadáver humano, nem o do seu pai ou da sua mãe, porque isso o tornaria impuro. Tampouco devia deixar o cabelo ficar desgrenhado, nem devia rasgar as vestes por causa de um morto. — Le 21:10-12.
A Bíblia não declara especificamente a idade para a elegibilidade do sumo sacerdote. Embora ela forneça para os levitas a idade de 50 anos para sua aposentadoria, não se menciona tal aposentadoria para sacerdotes, e seu registro indica que a designação do sumo sacerdote era vitalícia. (Núm 8:24, 25) Arão tinha 83 anos de idade quando compareceu com Moisés perante Faraó. Sua unção como sumo sacerdote parece ter ocorrido no ano seguinte. (Êx 7:7) Ele tinha 123 anos quando morreu. Durante todo este tempo ele serviu, sem se retirar do cargo. (Núm 20:28; 33:39) A provisão das cidades de refúgio menciona o serviço vitalício do sumo sacerdote, ao exigir que o homicida desintencional permanecesse na cidade até a morte do sumo sacerdote. — Núm 35:25.
Investidura. Alguns indícios do cargo que Jeová tinha em mente para Arão são vistos nos privilégios que recebeu logo depois do Êxodo do Egito. No ermo, em caminho para Sinai, foi a Arão que se ordenou que tomasse um jarro de maná e o depositasse diante do Testemunho como algo a ser guardado. Isto foi antes de virem à existência a tenda de reunião ou a Arca do Pacto. (Êx 16:33, 34, n) Mais tarde, Arão passou a ser o plenamente encarregado da tenda sagrada e da sua Arca. Arão e dois de seus filhos, com mais 70 anciãos de Israel, foram mencionados especificamente como privilegiados de subirem até certo ponto do monte Horebe, onde tiveram uma visão de Deus. — Êx 24:1-11.
Mas, Jeová fez a sua primeira declaração real do seu propósito de separar Arão e os filhos dele para o sacerdócio quando deu a Moisés instruções para a confecção das vestes sacerdotais. (Êx 28) Depois de dar estas instruções, Deus delineou para Moisés o procedimento para a investidura do sacerdócio e então fez saber definitivamente: “O sacerdócio tem de se tornar seu como estatuto por tempo indefinido.” — Êx 29:9.
Em harmonia com a majestade e a pureza de Jeová, Arão e seus filhos só podiam cumprir com os deveres sacerdotais depois de terem sido santificados e empossados pelo serviço de investidura. (Êx 29) Moisés, como mediador do pacto da Lei, realizou a investidura. Uma cerimônia de santificação, durando os sete dias de 1.º a 7 de nisã de 1512 AEC, realizou a plena investidura do sacerdócio, enchendo-se-lhes as mãos de poder para atuar como sacerdotes. (Le 8) No dia seguinte, 8 de nisã, realizou-se o serviço inicial de expiação para a nação (bem similar aos serviços regulares do Dia da Expiação, decretado a ser celebrado anualmente em 10 de tisri; esta primeira atuação do sacerdócio é descrita em Levítico 9). Isto foi apropriado e necessário, porque o povo de Israel precisava ser purificado dos seus pecados, inclusive da sua então recente transgressão com relação ao bezerro de ouro. — Êx 32.
Ao investir o sumo sacerdote, um dos atos significativos que Moisés teve de realizar foi a unção de Arão por derramar sobre a cabeça de Arão o óleo de santa unção, de composição especial segundo orientações de Deus. (Le 8:1, 2, 12; Êx 30:22-25, 30-33; Sal 133:2) Os posteriores sumos sacerdotes, sucessores de Arão, são chamados de “ungidos”. Embora a Bíblia não registre um caso de eles realmente terem sido ungidos com óleo literal, ela especifica esta lei: “E as vestes sagradas que são de Arão servirão para seus filhos após ele, para ungi-los nelas e nelas encher-lhes a mão de poder. Por sete dias as usará o sacerdote que lhe suceder dentre seus filhos e que entrar na tenda de reunião para ministrar no lugar santo.” — Êx 29:29, 30.
As Vestes do Cargo. Além de usar vestes de linho similares às dos subsacerdotes nas suas atividades usuais, o sumo sacerdote usava em certas ocasiões vestes especiais de glória e de beleza. Os capítulos 28 e 39 de Êxodo descrevem tanto o feitio como a confecção destas vestes sob a direção de Moisés, conforme ordenado por Deus. A veste mais íntima (exceto os calções de linho que iam “desde os quadris até às coxas”, usados por todos os sacerdotes “para cobrir a carne nua”; Êx 28:42) era a veste comprida (hebr.: kut·tó·neh) feita de linho fino (provavelmente branco) em tecido enxadrezado. Esta veste comprida parece ter tido mangas compridas e ter chegado até os tornozelos. Era provavelmente inteiriça. Uma faixa de linho fino retorcido, tecida com fios azuis, roxos e carmíneos, cingia o corpo, provavelmente à altura da cintura. — Êx 28:39; 39:29.
O turbante, evidentemente diferente da cobertura para a cabeça dos subsacerdotes, também era de linho fino. (Êx 28:39) Na dianteira do turbante estava presa uma lâmina lustrosa de ouro, tendo gravadas nela as palavras: “A santidade pertence a Jeová.” (Êx 28:36) Esta lâmina era chamada de “sinal sagrado de dedicação”. — Êx 29:6; 39:30.
Sobre a veste comprida de linho havia a túnica azul sem mangas (hebr.: meʽíl). Provavelmente tecida inteiriça, ela tinha a abertura superior reforçada, para impedir que se rasgasse. A túnica azul sem mangas era vestida por passá-la sobre a cabeça. Esta túnica era mais curta do que a veste comprida de linho, e na sua bainha havia alternadamente campainhas de ouro e romãs feitas de fio azul, roxo e carmíneo. As campainhas eram ouvidas quando o sumo sacerdote realizava seu trabalho no santuário. — Êx 28:31-35.
O éfode, uma veste do feitio dum avental, com frente e costas, e chegando um pouco abaixo da cintura, era usado por todos os sacerdotes e às vezes por pessoas que não pertenciam ao sacerdócio. (1Sa 2:18; 2Sa 6:14) Mas o éfode da vestimenta bela do sumo sacerdote era um trabalho bordado, especial. Era de linho fino retorcido, com lã tingida de roxo, fibras carmíneas e fios de ouro, de ouro batido em folhas finas e depois recortadas em fios. (Êx 39:2, 3) As ombreiras possivelmente se estendiam para baixo, em ambos os lados, desde os ombros até o cinto. Em cima das ombreiras havia dois engastes de ouro, cada um com uma pedra de ônix tendo gravado nela seis dos nomes dos filhos de Israel (Jacó) em ordem de nascimento. Um cinto do mesmo material atava o éfode na cintura, estando o cinto “sobre ele”, possivelmente preso ao éfode como parte dele. — Êx 28:6-14.
O peitoral do julgamento, sem dúvida, era a parte mais cara e mais gloriosa da vestimenta do sumo sacerdote. Era feito do mesmo material que o éfode, tinha formato retangular, sendo o comprimento dele o dobro da largura, mas era dobrado para formar um quadrado de uns 22 cm de cada lado. A dobra formava uma espécie de bolsa. (Veja PEITORAL.) O peitoral era adornado com 12 pedras preciosas engastadas em ouro, cada pedra tendo gravado nela o nome de um dos filhos de Israel. Estas pedras, rubi, topázio, esmeralda e outras gemas, ficavam dispostas em quatro fileiras. Fizeram-se no peitoral duas correntinhas de ouro, trançadas, como trabalho de cordas, e fixaram-se argolas de ouro nos cantos; as argolas de cima eram presas às ombreiras do éfode pelas correntinhas de ouro. As duas argolas de baixo eram presas com cordéis azuis às ombreiras do éfode, logo acima do cinto. — Êx 28:15-28.
O Urim e o Tumim foram colocados por Moisés “no peitoral”. (Le 8:8) Não se sabe exatamente o que eram o Urim e o Tumim. Alguns peritos acham que se tratava de sortes lançadas ou tiradas do peitoral, sob a direção de Jeová, basicamente fornecendo respostas de “sim” ou “não” às perguntas. Neste caso, talvez fossem colocados na “bolsa” do peitoral. (Êx 28:30, AT; Mo) Isto talvez seja indicado no texto de 1 Samuel 14:41, 42. No entanto, outros sustentam que o Urim e o Tumim tinham algo que ver com as gemas no peitoral, mas este conceito parece menos provável. Outras referências ao Urim e ao Tumim são encontradas em Números 27:21; Deuteronômio 33:8; 1 Samuel 28:6; Esdras 2:63; e Neemias 7:65. — Veja URIM E TUMIM.
Estas belas vestes eram usadas pelo sumo sacerdote quando se dirigia a Jeová com uma indagação sobre um assunto importante. (Núm 27:21; Jz 1:1; 20:18, 27, 28) Também, no Dia da Expiação, depois de se completarem as ofertas pelo pecado, ele trocava as vestes de linho branco por suas vestes de glória e beleza. (Le 16:23, 24) Pelo que parece, usava estas últimas também em outras ocasiões.
As instruções a respeito do Dia da Expiação, no capítulo 16 de Levítico, não declaram especificamente que o sumo sacerdote, depois de trajar sua vestimenta gloriosa, devia elevar as mãos e abençoar o povo. No entanto, no registro sobre o serviço de expiação realizado no dia depois da investidura do sacerdócio, que segue de perto o procedimento no Dia da Expiação, lemos: “Arão levantou então as mãos para o povo, e ele os abençoou.” (Le 9:22) Jeová mostrara qual deveria ser a bênção, ao ordenar a Moisés: “Fala a Arão e a seus filhos, dizendo: ‘Assim é que deveis abençoar os filhos de Israel, dizendo-lhes: “Jeová te abençoe e te guarde. Jeová faça que sua face te ilumine e te favoreça. Jeová levante sua face para ti e te designe a paz.”’” — Núm 6:23-27.
Responsabilidades e Deveres. A dignidade, a seriedade e a responsabilidade do cargo de sumo sacerdote são salientadas pelo fato de que os pecados da sua parte lançavam culpabilidade sobre o povo. (Le 4:3) Apenas o sumo sacerdote devia entrar no compartimento Santíssimo do santuário, e isso somente em um dia por ano, no Dia da Expiação. (Le 16:2) Quando entrava na tenda de reunião naquele dia, não se permitia nenhum outro sacerdote na tenda. (Le 16:17) Ele oficiava em todos os serviços do Dia da Expiação. Em ocasiões especiais, fazia expiação por sua casa e pelo povo (Le 9:7), e intercedia perante Jeová pelo povo quando a ira de Jeová se acendera contra este. (Núm 15:25, 26; 16:43-50) Ao surgirem questões de importância nacional, era ele quem se dirigia a Jeová com Urim e Tumim. (Núm 27:21) Oficiava no abate e na queima da vaca vermelha, cujas cinzas eram usadas na água da purificação. — Núm 19:1-5, 9.
Evidentemente, o sumo sacerdote podia, caso desejasse, participar em quaisquer deveres ou cerimônias sacerdotais. No tempo do Rei Davi, o sacerdócio já havia aumentado em número. A fim de que todos pudessem servir, Davi arranjou os sacerdotes em 24 turmas. (1Cr 24:1-18) Este sistema continuou durante a existência do sacerdócio. Todavia, o sumo sacerdote não ficava restrito a certos tempos para prestar serviço no santuário, assim como se dava com os subsacerdotes, mas podia participar em qualquer ocasião. (Os subsacerdotes podiam ajudar em qualquer ocasião, mas certos deveres eram reservados como privilégio dos sacerdotes da respectiva turma em serviço.) Assim como se dava com os subsacerdotes, as épocas festivas eram os períodos mais atarefados para o sumo sacerdote.
O santuário, seu serviço e o tesouro estavam sob a supervisão do sumo sacerdote. (2Rs 12:7-16; 22:4) Nesta responsabilidade, parece que havia um sacerdote secundário como seu ajudante principal. (2Rs 25:18) Em tempos posteriores, este ajudante, chamado de Sagan, oficiava em lugar do sumo sacerdote, quando este, por algum motivo, estava incapacitado. (The Temple [O Templo], de A. Edersheim, 1874, p. 75) Eleazar, filho de Arão, recebeu a incumbência duma supervisão especial. — Núm 4:16.
O sumo sacerdote também era o líder em dar instrução religiosa à nação. — Le 10:8-10; De 17:9-11.
Ele e os governantes seculares (Josué, os juízes, e, sob a monarquia, o rei) eram os supremos tribunais da nação. (De 17:9, 12; 2Cr 19:10, 11) Depois de se constituir o Sinédrio (em tempos posteriores), o sumo sacerdote presidia a este corpo. (Algumas tradições dizem que ele não presidia em cada caso — apenas conforme desejava.) (Mt 26:57; At 5:21) O sumo sacerdote Eleazar participou com Josué em repartir a terra entre as 12 tribos. — Jos 14:1; 21:1-3.
A morte do sumo sacerdote tinha de ser anunciada às cidades de refúgio em todo o país; significava a soltura de todos os confinados aos limites das cidades de refúgio por serem culpados de homicídio acidental. — Núm 35:25-29.
A Linhagem dos Sumos Sacerdotes. Queira ver a tabela acompanhante quanto à linhagem dos sumos sacerdotes e os nomes dos que realmente serviram neste cargo. A Bíblia menciona especificamente apenas uns poucos como servindo neste cargo, mas fornece-nos registros genealógicos da linhagem de Arão. Sem dúvida, um bom número dos alistados nas tabelas genealógicas serviram como sumos sacerdotes, embora a Bíblia não apresente um relato dos seus atos, nem os mencione definitivamente como ocupando este cargo. Os poucos que ela realmente menciona como tais dificilmente bastariam para preencher a lacuna no tempo, em especial entre o início do sacerdócio em 1512 AEC e a destruição de Jerusalém em 607 AEC. Também, muitas vezes há nomes passados por alto nas tabelas genealógicas, de modo que alguns daqueles cujo nome não se menciona também podem ter servido no cargo. A tabela, portanto, não pretende fornecer uma lista totalmente completa e exata, mas pode ajudar o leitor a obter uma visão melhor da linhagem dos sumos sacerdotes.
O Sacerdócio de Melquisedeque. O primeiro sacerdote mencionado na Bíblia é Melquisedeque, que era “sacerdote do Deus Altíssimo”, bem como rei de Salém (Jerusalém). Abraão se encontrou com este sacerdote-rei ao retornar depois de derrotar os três reis coligados com o rei elamita Quedorlaomer. Abraão mostrou que reconhecia a origem divina da autoridade de Melquisedeque por dar-lhe um décimo dos frutos da sua vitória e por receber a bênção de Melquisedeque. A Bíblia não fornece o registro dos antepassados de Melquisedeque, nem de seu nascimento ou da sua morte. Não teve predecessores nem sucessores. — Gên 14:17-24; veja MELQUISEDEQUE.
O Sumo Sacerdócio de Jesus Cristo. O livro bíblico de Hebreus salienta que Jesus Cristo, desde a sua ressurreição e entrada no céu, é “sumo sacerdote para sempre à maneira de Melquisedeque”. (He 6:20; 7:17, 21) Para descrever a grandiosidade do sacerdócio de Cristo e sua superioridade sobre o sacerdócio arônico, o escritor mostra que Melquisedeque era tanto rei como sacerdote por designação do Deus Altíssimo, e não por herança. Cristo Jesus, não sendo da tribo de Levi, mas da de Judá e da linhagem de Davi, não herdou seu cargo por descender de Arão, mas o obteve por designação direta de Deus, assim como Melquisedeque. (He 5:10) Além da promessa registrada no Salmo 110:4: “Jeová jurou (e não o deplorará): ‘Tu és sacerdote por tempo indefinido à maneira de Melquisedeque!’”, designação que o torna o Rei-Sacerdote celestial, Cristo possui também a autoridade do Reino em razão da sua ascendência de Davi. Neste último caso, ele se torna o herdeiro do reinado prometido no pacto davídico. (2Sa 7:11-16) Portanto, ele ocupa os cargos conjuntos do reinado e do sacerdócio, assim como Melquisedeque.
Mostra-se de outra maneira a sobrepujante excelência do sumo sacerdócio de Cristo, a saber, por Levi, progenitor do sacerdócio judaico, na realidade ter dado dízimos a Melquisedeque, pois Levi ainda se encontrava nos lombos de Abraão quando este patriarca deu um décimo ao sacerdote-rei de Salém. Além disso, neste sentido, Levi foi também abençoado por Melquisedeque, e a regra é que o menor é abençoado pelo maior. (He 7:4-10) O apóstolo também traz à atenção que, estar Melquisedeque “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo nem princípio de dias nem fim de vida”, é representativo do sacerdócio eterno de Jesus Cristo, que foi ressuscitado para uma “vida indestrutível”. — He 7:3, 15-17.
Não obstante, embora Cristo não derive seu sacerdócio da descendência carnal de Arão, nem tenha predecessor ou sucessor no cargo, ele cumpre as coisas tipificadas pelo sumo sacerdote arônico. O apóstolo torna isso perfeitamente claro quando mostra que o tabernáculo em forma de tenda, construído no ermo, era modelo “da verdadeira tenda, que Jeová erigiu, e não algum homem”, e que os sacerdotes levíticos prestavam “serviço sagrado numa representação típica e como sombra das coisas celestiais”. (He 8:1-6; 9:11) Ele relata que Jesus Cristo, que não tinha sacrifícios de animais, mas sim seu próprio corpo para oferecer, eliminou a validade ou a necessidade de sacrifícios de animais; então Jesus “passou pelos céus”, “não com o sangue de bodes e de novilhos, mas com o seu próprio sangue, de uma vez para sempre, e obteve para nós um livramento eterno”. (He 4:14; 9:12; 10:5, 6, 9) Entrou no lugar santo, tipificado pelo Santíssimo em que Arão entrava, a saber, “no próprio céu, para aparecer agora por nós perante a pessoa de Deus”. — He 9:24.
O sacrifício de Jesus como Sumo Sacerdote antitípico não precisava ser repetido, assim como os dos sacerdotes arônicos, porque seu sacrifício realmente removeu o pecado. (He 9:13, 14, 25, 26) Além disso, como tipo ou como sombra, nenhum sacerdote do sacerdócio arônico podia viver o suficiente para salvar completamente ou trazer plena salvação e perfeição a todos aqueles a quem ministrava, mas Cristo “é também capaz de salvar completamente os que se aproximam de Deus por intermédio dele, porque está sempre vivo para interceder por eles”. — He 7:23-25.
Além de oferecer sacrifícios, o sumo sacerdote em Israel abençoava o povo e era seu principal instrutor nas leis justas de Deus. O mesmo se dá com Jesus Cristo. Ao comparecer perante seu Pai nos céus, ele “ofereceu um só sacrifício pelos pecados, perpetuamente, e se assentou à direita de Deus, daí em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo dos seus pés”. (He 10:12, 13; 8:1) Portanto, “na segunda vez que ele aparecer, será à parte do pecado e para os que seriamente o procuram para a sua salvação”. — He 9:28.
A superioridade de Jesus Cristo como Sumo Sacerdote é vista também em outro sentido. Ao se tornar homem de sangue e carne igual aos seus “irmãos” (He 2:14-17), ele foi cabalmente provado; sofreu toda espécie de oposição, perseguição, e, por fim, uma morte ignominiosa. Conforme se declara: “Embora fosse Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu; e, depois de ter sido aperfeiçoado, tornou-se responsável pela salvação eterna de todos os que lhe obedecem.” (He 5:8, 9) Paulo explica os benefícios que podemos derivar de ele ter sido assim provado: “Por ter ele mesmo sofrido, ao ser posto à prova, pode vir em auxílio daqueles que estão sendo postos à prova.” (He 2:18) Os que necessitam de ajuda têm a garantia de receber consideração misericordiosa e compassiva. “Pois”, diz Paulo, “temos por sumo sacerdote, não alguém que não se possa compadecer das nossas fraquezas, mas alguém que foi provado em todos os sentidos como nós mesmos, porém, sem pecado”. — He 4:15, 16.
Subsacerdotes Cristãos. Jesus Cristo é o único sacerdote “à maneira de Melquisedeque” (He 7:17), mas, igual a Arão, o sumo sacerdote de Israel, Jesus Cristo tem um grupo de subsacerdotes que seu Pai, Jeová, lhe proveu. A estes se prometeu serem coerdeiros de Jesus Cristo nos céus, onde também participarão no seu Reino quais reis associados. (Ro 8:17) São conhecidos como “sacerdócio real”. (1Pe 2:9) Na visão do livro bíblico de Revelação (Apocalipse), são mostrados cantando um novo cântico, no qual dizem que Cristo os comprou com o seu sangue e que fez “deles um reino e sacerdotes para o nosso Deus, e [que] hão de reinar sobre a terra”. (Re 5:9, 10) Mais adiante na visão, mostra-se que são 144.000 em número. São também descritos como tendo sido “comprados da terra” quais seguidores do Cordeiro, “comprados dentre a humanidade como primícias para Deus e para o Cordeiro”. (Re 14:1-4; compare isso com Tg 1:18.) Neste capítulo (14) de Revelação dá-se um aviso a respeito da marca da fera, mostrando-se que evitar esta marca “significa perseverança para os santos”. (Re 14:9-12) Estes 144.000 comprados são os que perseveram com fidelidade, que passam a viver e a reinar com Cristo, e que “serão sacerdotes de Deus e do Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos”. (Re 20:4, 6) Os serviços de Jesus como sumo sacerdote os levam a esta posição gloriosa.
Os Beneficiados pelo Sacerdócio Celestial. A visão da Nova Jerusalém, registrada em Revelação, fornece um indício de quem receberá as ministrações do grande Sumo Sacerdote e dos associados com ele quais subsacerdotes celestiais. Arão e sua família, junto com a tribo sacerdotal de Levi, ministravam ao povo das 12 tribos na terra da Palestina. Quanto à Nova Jerusalém, “as nações andarão por meio da sua luz”. — Re 21:2, 22-24.
Veja também SACERDOTE.