GRÉCIA, GREGOS
Estes nomes derivam de Grai·koí, nome de uma tribo do NO da Grécia. Os italianos aplicavam este nome (lat.: Graeci) aos habitantes da Grécia como um todo. Por fim, até mesmo Aristóteles, nos seus escritos, usou este termo de modo similar.
Outro nome antigo, jônios, aparece a partir do oitavo século AEC em registros cuneiformes assírios, bem como em relatos persas e egípcios. Este nome deriva do de Javã (hebr.: Ya·wán), filho de Jafé e neto de Noé. Javã foi o antepassado jafético dos primitivos povos da Grécia e das ilhas circunvizinhas, bem como, evidentemente, dos primitivos habitantes de Chipre, de partes da Itália meridional, da Sicília e da Espanha. — Gên 10:1, 2, 4, 5; 1Cr 1:4, 5, 7; veja ELISÁ; JAVÃ; QUITIM.
Ao passo que “jônio” é o nome agora aplicado geograficamente ao mar entre a Itália meridional e a Grécia meridional, incluindo a cadeia de ilhas ao longo da costa O da Grécia, tinha outrora uma aplicação mais ampla, mais em harmonia com o uso de “Javã” nas Escrituras Hebraicas. O profeta Isaías, no oitavo século AEC, falou do tempo em que os retornados exilados de Judá seriam mandados a nações distantes, incluindo “Tubal, e Javã, as ilhas longínquas”. — Is 66:19.
Nas Escrituras Gregas Cristãs, esta terra é chamada Hel·lás (“Grécia”, At 20:2), e o povo, hél·le·nes. Os próprios gregos tinham usado estes nomes vários séculos antes da Era Comum e continuam a usá-los. “Hélade” (Hel·lás) talvez tenha alguma relação com “Elisá”, um dos filhos de Javã. (Gên 10:4) O nome Acaia também era aplicado à Grécia central e meridional após a conquista romana de 146 AEC.
A Terra e Suas Particularidades. A Grécia ocupava a parte meridional da montanhosa península balcânica e as ilhas vizinhas, no mar Jônico ao O e no mar Egeu ao L. Ao S ficava o Mediterrâneo. A fronteira setentrional é indeterminada, especialmente porque os javanitos da Grécia, nos períodos primitivos, não estavam consolidados como nação específica. Todavia, em tempos posteriores, entende-se que a “Grécia” estendia-se às regiões da Ilíria (que faziam divisa com a costa adriática) e à Macedônia. Na realidade, os macedônios talvez fossem da mesma estirpe básica dos que posteriormente foram chamados de gregos.
Aquela terra, naquele tempo, assim como hoje, era tanto acidentada como rochosa, com agrestes montanhas de calcário ocupando cerca de três quartos do terreno. As encostas dos montes eram densamente arborizadas. A escassez de planícies e vales férteis, e o solo pedregoso reduziam em muito a capacidade agrícola daquela terra. O clima ameno, porém, era favorável à cultura de oliveiras e videiras. Outros produtos eram cevada, trigo, maçã, figo e romã. Rebanhos de ovelhas e de cabras encontravam pastos nas áreas não cultivadas. Havia também alguns depósitos de minérios — prata, zinco, cobre, chumbo — e os montes forneciam quantidades abundantes de excelente mármore. A profecia de Ezequiel (27:1-3, 13) inclui Javã entre os que negociavam com Tiro e alista “objetos de cobre” entre os produtos negociados.
Vantagens marítimas. A viagem por terra era vagarosa e difícil, por causa das montanhas. As carroças puxadas por animais se atolavam facilmente no inverno. De modo que o mar era o melhor meio de transporte e comunicação gregos. A longa e irregular costa, com muitas baías e enseadas, oferecia muitos portos e abrigos aos navios. Por causa dos vários golfos penetrantes, poucos pontos dentro das antigas fronteiras encontravam-se a mais de 60 km do mar. A parte meridional da Grécia continental, chamada Peloponeso, quase que era uma ilha. Apenas uma estreita faixa de terra, entre o golfo Sarônico e o golfo de Corinto, ligava o Peloponeso com a Grécia central. (Atualmente, o canal de Corinto corta este estreito istmo por uns 6 km, sem eclusas, tornando a separação completa.)
Os javanitos da Grécia tornaram-se logo cedo um povo navegador. O calcanhar da “bota” da Itália ficava apenas a uns 160 km ao NO da Grécia, do outro lado do estreito de Otranto. Ao L, arquipélagos (cadeias de ilhas formadas por montes submersos, cujos cumes se erguem acima da superfície da água) serviam de gigantescas alpondras através do mar Egeu para a Ásia Menor. No canto NE do mar Egeu, uma passagem estreita, o Helesponto (também chamado de Dardanelos), levava ao mar de Mármara e daí, através do estreito do Bósforo, ao Mar Negro. Também, os navios gregos, navegando ao longo da costa meridional da Ásia Menor, já cedo chegavam às costas da Síria e da Palestina. Um navio podia percorrer até 100 km durante o período diurno. A entrega das cartas de Paulo aos tessalonicenses, na Macedônia, provavelmente escritas em Corinto, portanto, talvez levasse uma semana ou mais, dependendo das condições meteorológicas (e do número de portos em que o navio fazia escala ao longo do percurso).
A influência e as povoações gregas de modo algum se limitavam à Grécia continental. As muitas ilhas que havia nos mares Jônio e Egeu eram consideradas parte da Grécia tanto quanto a parte continental. O sul da Itália e a Sicília estavam incluídos no que era chamado de Grande Hélade, ou, em latim, Graecia Magna. A evidência histórica indica que os javanitos da Grécia mantinham contatos e intercâmbio comercial com os de Társis (Espanha), neste respeito ultrapassando em muito os fenícios. Encontra-se uma associação similar entre os gregos e os javanitos de Chipre.
A Origem das Tribos Gregas. Os historiadores hodiernos apresentam diversas ideias a respeito da origem das tribos gregas e sobre a sua entrada nesta região. O conceito popular sobre “invasões” sucessivas de tribos setentrionais baseia-se na maior parte em mitos gregos e em conjecturas arqueológicas. Na realidade, a história secular a respeito da Grécia só começa por volta do oitavo século AEC (realizando-se a primeira olimpíada em 776 AEC), e um registro contínuo só é possível a partir do quinto século AEC. Isto era muitos séculos depois do Dilúvio, e, portanto, muito depois da dispersão das famílias por causa da confusão de línguas da humanidade em Babel. (Gên 11:1-9) Durante estes muitos séculos, outros grupos talvez se infiltrassem na estirpe de Javã e seus filhos, mas, quanto ao período anterior ao primeiro milênio AEC, só existem teorias de valor duvidoso.
As principais tribos gregas. Entre as principais tribos encontradas na Grécia havia os acaianos, da Tessália, do Peloponeso central e da Beócia; os eólios no centro-leste da Grécia e na parte NO da Ásia Menor chamada Aeolia; e nas ilhas vizinhas; os dórios do Peloponeso oriental, das ilhas meridionais do Egeu e da parte SO da Ásia Menor; e os jônios de Ática, da ilha Eubeia, das ilhas no meio do Egeu e das costas ocidentais da Ásia Menor. Entretanto, não há nenhuma certeza sobre algum relacionamento entre essas tribos e os macedônios, nos períodos primitivos.
Tradição Patriarcal e as Cidades-Estados. As tribos de língua grega eram bastante independentes, e até mesmo as cidades-estados que se desenvolveram dentro das tribos eram igualmente bastante independentes. Os aspectos geográficos contribuíam para isso. Muitos gregos viviam em ilhas, mas, no continente, a maioria vivia em pequenos vales cercados por montes. Sobre a sua primitiva estrutura social, The Encyclopedia Americana (A Enciclopédia Americana) oferece o seguinte conceito: “A derradeira unidade social era a família patriarcal. . . . A tradição patriarcal estava firmemente arraigada na cultura grega: os cidadãos ativos duma cidade-estado (polis) eram somente os varões adultos. A família patriarcal encerrava-se numa série de círculos concêntricos de parentesco — o clã (genos), a fratria [ou grupo de famílias], a tribo.” (1956, Vol. XIII, p. 377) Isto se harmoniza muito bem com o arranjo patriarcal pós-diluviano descrito no livro bíblico de Gênesis.
O padrão, na Grécia, era de certo modo similar ao de Canaã, onde as diversas tribos (descendentes de Canaã) formavam pequenos reinos, muitas vezes baseados em determinada cidade. A cidade-estado grega era chamada de pó·lis. Este termo parece ter sido aplicado originalmente a uma acrópole, ou elevação fortificada, ao redor da qual se desenvolviam povoações. Mais tarde, passou a designar toda aquela área e os cidadãos que constituíam a cidade-estado. A maioria das cidades-estados gregas eram pequenas, usualmente não tendo mais de 10.000 cidadãos (além das mulheres, dos escravos e das crianças). Diz-se que Atenas, no seu apogeu no quinto século AEC, tinha apenas uns 43.000 cidadãos do sexo masculino. Esparta tinha apenas uns 5.000. Iguais aos minúsculos reinos cananeus, as cidades-estados gregas às vezes formavam ligas e também lutavam entre si. O país permaneceu politicamente fragmentado até o tempo de Filipe (II) de Macedônia.
Experiências Democráticas. Embora seja obscuro o conhecimento sobre os métodos governamentais da maioria das cidades-estados gregas, conhecendo-se razoavelmente bem apenas os de Atenas e de Esparta, seus governos evidentemente vieram a diferir consideravelmente daqueles de Canaã, da Mesopotâmia ou do Egito. Pelo menos durante o que talvez possa ser classificado secularmente como período histórico, as cidades-estados gregas, em vez de terem reis, tinham magistrados, conselhos e uma assembleia (ek·kle·sí·a) de cidadãos. Atenas experimentou o governo democrático direto (a palavra “democracia” derivando da grega dé·mos, que significa “povo”, e krá·tos, que significa “governo”). Neste arranjo, todo o corpo de cidadãos constituía o legislativo, falando e votando na assembleia. Os “cidadãos”, porém, eram uma minoria, visto que mulheres, residentes de origem estrangeira e escravos não possuíam a cidadania. Pensa-se que os escravos constituíam tanto quanto um terço da população em muitas cidades-estados, e, sem dúvida, seu trabalho escravo tornava possível que os “cidadãos” tivessem o tempo livre necessário para participar na assembleia política. Deve-se notar que a mais antiga referência à Grécia nas Escrituras Hebraicas, por volta do nono século AEC, fala de os de Judá serem vendidos por Tiro, por Sídon e pela Filístia como escravos “aos filhos dos gregos [literalmente: “javanitos” ou “jônios”]”. — Jl 3:4-6.
Manufatura e Comércio. Além da agricultura, como atividade principal, os gregos produziam e exportavam muitos produtos manufaturados. Os vasos gregos tornaram-se famosos em toda a região do Mediterrâneo; também eram importantes os artigos de prata e de ouro, e tecidos de lã. Havia numerosas oficinas pequenas, independentes, de propriedade de artífices, os quais tinham a ajuda de alguns trabalhadores, quer escravos quer livres. Na cidade grega de Corinto, o apóstolo Paulo juntou-se a Áquila e Priscila na fabricação de tendas, usando provavelmente tecido feito de pelos de cabra, dos quais havia um bom suprimento na Grécia. (At 18:1-4) Corinto tornou-se um grande centro comercial por causa da sua localização estratégica perto do golfo de Corinto e do golfo Sarônico. Outras das principais cidades comerciais eram Atenas e Egina.
Cultura e Artes Gregas. A educação grega ficava restrita aos varões, e seu principal objetivo era produzir “bons cidadãos”. Mas, cada cidade-estado tinha seu próprio conceito sobre o que era um bom cidadão. Em Esparta, a educação era quase que inteiramente física (contraste isso com o conselho de Paulo a Timóteo, em 1Ti 4:8), tirando-se os meninos dos pais à idade de 7 anos e transferindo-os a casernas até a idade de 30 anos. Em Atenas, dava-se, por fim, mais ênfase à literatura, à matemática e às artes. Um escravo de confiança, chamado de pai·da·go·gós, acompanhava o menino à escola, onde o treinamento começava à idade de 6 anos. (Note a comparação de Paulo da Lei mosaica com um pai·da·go·gós, em Gál 3:23-25; veja TUTOR.) A poesia era muito popular em Atenas, e exigia-se dos alunos decorar muitos poemas. Embora Paulo fosse educado em Tarso, na Cilícia, fez uso de curtos trechos poéticos, em Atenas, para fazer com que sua mensagem fosse entendida. (At 17:22, 28) Dramas, tanto tragédias como comédias, tornaram-se populares.
Em Atenas, e, com o tempo, em toda a Grécia, dava-se muita importância à filosofia. Entre os principais grupos filosóficos estavam os sofistas, que sustentavam que a verdade era uma questão de opinião individual; este conceito (similar ao dos hindus) sofria oposição de famosos filósofos gregos tais como Sócrates, seu discípulo Platão, e o discípulo de Platão, Aristóteles. Outras filosofias tratavam da derradeira fonte da felicidade. Os estoicos sustentavam que a felicidade consiste em viver de acordo com a razão e apenas esta é que importa. Os epicureus acreditavam que a verdadeira fonte da felicidade é o prazer. (Contraste isso com a declaração de Paulo aos coríntios, em 1Co 15:32.) Filósofos destas últimas duas escolas estavam entre os que passaram a conversar com Paulo em Atenas, o que levou a ser ele conduzido ao Areópago para uma audiência. (At 17:18, 19) Outra escola de filosofia era a dos cépticos, que sustentavam que, a bem dizer, nada realmente importava na vida.
Os gregos, como povo, pelo menos em períodos posteriores, demonstravam uma tendência inquisitiva, e caracteristicamente gostavam de debater e de conversar sobre algo novo. (At 17:21) Esforçavam-se a solucionar algumas das principais questões da vida e do universo pelo processo da lógica (e especulação) humana. De modo que os gregos consideravam-se a classe intelectual do mundo antigo. A primeira carta de Paulo aos coríntios colocou a sabedoria e o intelectualismo humano no seu devido lugar, quando ele, entre outras coisas, disse: “Se alguém entre vós pensa que é sábio neste sistema de coisas, torne-se ele tolo, para que se torne sábio. . . . ‘Jeová sabe que os raciocínios dos sábios são fúteis.’” (1Co 1:17-31; 2:4-13; 3:18-20.) Apesar de todos os seus debates e investigações filosóficos, os escritos deles mostram que não encontraram nenhuma base genuína para esperança. Conforme salientaram os professores J. R. S. Sterrett e Samuel Angus: “Nenhuma outra literatura contém lamentos mais patéticos pelas tristezas da vida, pela transitoriedade do amor, pela ilusão da esperança e pela impiedade da morte.” — Funk and Wagnalls New Standard Bible Dictionary (Novo Dicionário Bíblico Padrão de Funk e Wagnalls), 1936, p. 313.
Religião Grega. O conhecimento mais antigo sobre a religião grega provém da poesia épica de Homero. Os historiadores presumem que dois poemas épicos, a Ilíada e a Odisseia, tenham sido escritos por ele. Acredita-se que as partes mais antigas destes poemas, em papiro, datem de algum tempo antes de 150 AEC. Conforme George G. A. Murray, professor de grego, diz a respeito destes antigos textos, eles “diferem ‘violentamente’ de nosso texto vulgar”, quer dizer, do texto popularmente aceito nos últimos séculos. (Encyclopædia Britannica [Enciclopédia Britânica], 1942, Vol. 11, p. 689) Assim, dessemelhante da Bíblia, não se preservou a integridade dos textos homéricos, mas eles existiam numa condição extremamente variável, conforme demonstra o Professor Murray. Os poemas homéricos tratavam de heróis guerreiros e deuses, que eram bem semelhantes aos homens.
Há evidência de influência babilônica na religião grega. Uma antiga fábula grega é praticamente uma tradução literal dum original acadiano.
Atribui-se a outro poeta, Hesíodo, provavelmente do oitavo século AEC, a sistematização da multidão de mitos e lendas gregos. A Teogonia de Hesíodo, junto com os poemas homéricos, constituíam os principais escritos sagrados, ou teologia, dos gregos.
Ao se considerarem os mitos gregos, é interessante ver como a Bíblia lança luz sobre sua possível ou mesmo provável origem. Conforme mostra Gênesis 6:1-13, antes do Dilúvio, filhos angélicos de Deus vieram à Terra, evidentemente materializando-se em forma humana, e coabitaram com mulheres atraentes. Produziram descendentes chamados de nefilins, ou derrubadores, isto é, “os que fazem outros cair”. O resultado desta união desnatural de criaturas espirituais com humanos, e a raça híbrida que produziu, foi uma terra cheia de imoralidade e de violência. (Compare isso com Ju 6; 1Pe 3:19, 20; 2Pe 2:4, 5; veja NEFILINS.) Javã, progenitor do povo grego, igual a outros dos tempos pós-diluvianos, sem dúvida ouviu os relatos sobre os tempos e as circunstâncias pré-diluvianos, provavelmente de seu pai Jafé, sobrevivente do Dilúvio. Observe, agora, o que os escritos atribuídos a Homero e a Hesíodo revelam.
Os numerosos deuses e deusas que eles descreveram tinham forma humana e grande beleza, embora frequentemente fossem gigantescos e sobre-humanos. Comiam, bebiam, dormiam, tinham relações sexuais entre si ou até mesmo com humanos, viviam como família, brigavam e lutavam, seduziam e estupravam. Embora supostamente santos e imortais, eram capazes de cometer qualquer tipo de fraude e de crime. Podiam locomover-se entre a humanidade de forma quer visível quer invisível. Escritores e filósofos gregos posteriores tentaram expurgar os relatos de Homero e de Hesíodo de alguns dos atos mais vis atribuídos aos deuses.
Estes relatos talvez reflitam, embora de forma grandemente ampliada, floreada e distorcida, o relato autêntico das condições pré-diluvianas encontrado em Gênesis. Uma notável correspondência adicional é que as lendas gregas descrevem, além dos principais deuses, também semideuses ou heróis de ascendência tanto divina como humana. Estes semideuses tinham uma força sobre-humana, mas eram mortais (sendo Hércules o único a quem se concedeu o privilégio de obter a imortalidade). Os semideuses têm assim uma notável similaridade com os nefilins do relato de Gênesis.
Observando esta correspondência básica, o orientalista E. A. Speiser remonta o tema dos mitos gregos à Mesopotâmia. (The World History of the Jewish People [A História Mundial do Povo Judaico], 1964, Vol. 1, p. 260) A Mesopotâmia era onde se encontrava Babilônia e também o ponto central de onde a humanidade se espalhou após a confusão de línguas do homem. — Gên 11:1-9.
Dizia-se que os principais deuses gregos residiam nas alturas do monte Olimpo (de 2.917 m de altitude), situado ao S da cidade de Bereia. (Paulo estava bem perto das encostas do Olimpo quando ministrava aos bereanos na sua segunda viagem missionária; At 17:10.) Entre estes deuses olímpicos estavam Zeus (chamado Júpiter pelos romanos; At 28:11), o deus do céu; Hera (a Juno romana), esposa de Zeus; Ge ou Geia, a deusa da terra, também chamada de Grande Mãe; Apolo, deus solar, deus da morte repentina, que atirava de longe suas flechas mortíferas; Ártemis (a Diana romana), a deusa da caça; a adoração de outra Ártemis, como deusa da fertilidade, tinha destaque em Éfeso (At 19:23-28, 34, 35); Ares (o Marte romano), o deus da guerra; Hermes (o Mercúrio romano), o deus dos viajantes, do comércio e da eloquência, o mensageiro dos deuses (em Listra, Ásia Menor, o povo chamou Barnabé de “Zeus, mas a Paulo de Hermes, visto que ele tomava a dianteira no falar”; At 14:12); Afrodite (a Vênus romana), a deusa da fertilidade e do amor, considerada a “irmã da Istar assírio-babilônica e da Astarteia [Astarte] siro-fenícia” (Greek Mythology [Mitologia Grega], de P. Hamlyn, Londres, 1963, p. 63); e numerosos outros deuses e deusas. Na realidade, cada cidade-estado parece ter tido seus próprios deuses menores, adorados segundo costumes locais.
Festividades e jogos. As festividades desempenhavam um papel importante na religião grega. Competições atléticas, junto com dramas, sacrifícios e orações, atraíam pessoas de uma ampla área, e, assim, estas festividades serviam de vínculo de união para as cidades-estados politicamente divididas. Entre as mais destacadas destas festividades estavam os Jogos Olímpicos (em Olímpia), os Jogos Ístmicos (realizados perto de Corinto), os Jogos Pítios (em Delfos) e os Jogos Nemeus (perto de Nemeia). A realização dos Jogos Olímpicos, cada quatro anos, fornecia a base para o cálculo das Eras Gregas, chamando-se cada período de quatro anos de Olimpíada. — Veja JOGOS.
Oráculos, astrologia e santuários. Os oráculos, médiuns por meio dos quais os deuses supostamente revelavam conhecimento oculto, tinham muitos devotos. Os mais famosos oráculos ocupavam templos em Delos, Delfos e Dodona. Ali, por um preço, as pessoas recebiam respostas às perguntas feitas ao oráculo. As respostas usualmente eram ambíguas, exigindo a interpretação dos sacerdotes. Em Filipos, na Macedônia, a moça que tinha a arte da predição (moça da qual Paulo fez o demônio retirar-se), atuava como oráculo e ‘fornecia muito ganho aos seus amos’. (At 16:16-19) O Professor G. Ernest Wright remonta a origem da astrologia moderna através dos gregos até os adivinhos de Babilônia. (Biblical Archaeology [Arqueologia Bíblica], 1962, p. 37) Santuários de cura também eram populares.
Ensino filosófico da imortalidade. Visto que os filósofos gregos se interessavam nas derradeiras questões da vida, seus conceitos serviram também para formular os conceitos religiosos do povo. Sócrates, do quinto século AEC, ensinava a imortalidade da alma humana. Em Phaedo (Fédon; 64C, 105E), Platão cita a conversa de Sócrates com dois dos seus colegas: “‘Cremos que existe tal coisa como a morte? . . . Cremos, não é, que a morte é a separação da alma do corpo, e que o estado de se estar morto é o estado em que o corpo está separado da alma e existe sozinha, e a alma está separada do corpo e existe sozinha? É a morte outra coisa senão isto?’ ‘Não, é isto’, disse ele. ‘E a alma não admite a morte?’ ‘Não.’” Sócrates prossegue: “‘Então, a alma é imortal.’ ‘Sim.’” Contraste isso com Ezequiel 18:4 e Eclesiastes 9:5, 10.
Templos e ídolos. Construíram-se magníficos templos em honra dos deuses, e, para representar seus deuses, produziram-se estátuas de mármore e de bronze belamente trabalhadas. As ruínas de alguns dos mais famosos destes templos podem ser encontradas na Acrópole de Atenas, e elas incluem o Partenon e o Erecteion, junto com os propileus. Foi nesta mesma cidade que Paulo falou perante uma assistência, comentando o notável temor aos deuses evidente em Atenas, e ele disse claramente aos seus ouvintes que o Criador do céu e da terra “não mora em templos feitos por mãos”, e que eles, como progênie de Deus, não deviam imaginar que o Criador seja “semelhante a ouro, ou prata, ou pedra, semelhante a algo esculpido pela arte e inventividade do homem”. — At 17:22-29.
Período das Guerras Persas. A ascensão do Império Medo-Persa sob Ciro (que conquistou Babilônia em 539 AEC) constituía uma ameaça para a Grécia. Ciro já conquistara a Ásia Menor, inclusive as colônias gregas ali existentes. No terceiro ano de Ciro (evidentemente como governante de Babilônia), o mensageiro angélico de Jeová informou Daniel que o quarto rei da Pérsia ‘incitaria tudo contra o reino da Grécia’. (Da 10:1; 11:1, 2) O terceiro rei persa (Dario Histaspes) sufocou uma revolta das colônias gregas em 499 AEC e se preparou para invadir a Grécia. A frota invasora persa foi destroçada por uma tempestade, em 492 AEC. Daí, em 490, uma grande força persa invadiu a Grécia, mas foi derrotada por um pequeno exército de atenienses, nas planícies de Maratona, ao NE de Atenas. Xerxes, filho de Dario, decidiu vingar esta derrota. Como o predito ‘quarto rei’, incitou todo o império para formar uma maciça força militar, e, em 480 AEC, cruzou o Helesponto.
Embora certas das principais cidades-estados da Grécia mostrassem então uma rara união na sua luta para impedir a invasão, as tropas persas marcharam através da Grécia setentrional e central, chegando a Atenas, e incendiaram a fortaleza elevada dela, a Acrópole. No entanto, no mar, os atenienses e gregos apoiadores superaram em estratégia a frota persa (com seus aliados fenícios e outros) e a destroçaram em Salamina. Depois desta vitória infligiram outra derrota aos persas em terra, em Plateia, e mais outra em Micale, na costa O da Ásia Menor, após o que as forças persas abandonaram a Grécia.
Supremacia Ateniense. Atenas obteve então a liderança na Grécia, em virtude da sua forte armada. O período que se seguiu, até por volta de 431 AEC, era a “Idade de Ouro” de Atenas, em que se produziram as mais famosas obras de arte e de arquitetura. Atenas chefiava a Liga de Delos, de diversas cidades e ilhas gregas. Devido ao ressentimento da Liga do Peloponeso com o destaque de Atenas, irrompeu a Guerra do Peloponeso chefiada por Esparta. Esta durou de 431 até 404 AEC, sofrendo os atenienses por fim a derrota total às mãos dos espartanos. O domínio rígido de Esparta durou até por volta de 371 AEC, e então Tebas obteve a superioridade. Os assuntos gregos entraram num período de decadência política, embora Atenas continuasse a ser o centro cultural e filosófico do Mediterrâneo. Por fim, a potência emergente da Macedônia, sob Filipe II, conquistou a Grécia em 338 AEC, e a Grécia foi unificada sob controle macedônio.
A Grécia sob Alexandre, o Grande (Magno). Lá no sexto século AEC, Daniel recebera uma visão profética, predizendo a derrubada do Império Medo-Persa pela Grécia. Alexandre, filho de Filipe, fora educado por Aristóteles, e, após o assassinato de Filipe, tornou-se o paladino dos povos de língua grega. Em 334 AEC, Alexandre empreendeu vingar-se dos ataques persas contra cidades gregas na costa O da Ásia Menor. Sua conquista veloz, não somente de toda a Ásia Menor, mas também da Síria, da Palestina, do Egito e de todo o Império Medo-Persa até a Índia, cumpriu o quadro profético de Daniel 8:5-7, 20, 21. (Veja Da 7:6.) Ao assumir o controle de Judá, em 332 AEC, a Grécia tornou-se então a quinta potência mundial sucessiva com relação à nação de Israel — tendo sido os quatro precedentes o Egito, a Assíria, Babilônia e a Medo-Pérsia. Em 328 AEC, a conquista de Alexandre estava completa, e então a parte remanescente da visão de Daniel teve cumprimento. Alexandre morreu em Babilônia, em 323 AEC, e, conforme predito, seu império foi subsequentemente dividido em quatro domínios, nenhum deles igual em força ao império original. — Da 8:8, 21, 22; 11:3, 4; veja MAPAS, Vol. 2, p. 334; ALEXANDRE N.º 1.
Antes de falecer, porém, Alexandre havia introduzido a cultura grega e a língua grega em todo o seu vasto domínio. Estabeleceram-se colônias gregas em muitas das terras conquistadas. No Egito construiu-se a cidade de Alexandria, e esta tornou-se rival de Atenas como centro de erudição. Assim se iniciou a helenização (ou grecização) de grande parte das regiões do Mediterrâneo e do Oriente Médio. O grego comum, ou coiné, tornou-se a língua franca, falada por pessoas de muitas nacionalidades. Foi a língua usada por eruditos judeus, em Alexandria, na produção de sua tradução das Escrituras Hebraicas, a Septuaginta. Mais tarde, as Escrituras Gregas Cristãs foram registradas em coiné, e a popularidade internacional desta língua contribuiu para a rápida difusão das boas novas cristãs pela região do Mediterrâneo. — Veja GREGO.
Efeito da Helenização sobre os Judeus. Quando a Grécia foi dividida entre os generais de Alexandre, Judá tornou-se um estado fronteiriço entre o regime ptolomaico do Egito e a dinastia selêucida da Síria. Essa terra, primeiro controlada pelo Egito, foi tomada pelos selêucidas em 198 AEC. No empenho de unificar Judá com a Síria numa cultura helênica, promoveram-se em toda a Judá a religião, a língua, a literatura e a vestimenta gregas.
Fundaram-se colônias gregas em todo o território judaico, inclusive as em Samaria (depois chamada Sebaste), Aco (Ptolemaida) e Bete-Seã (Citópolis), bem como algumas estabelecidas em lugares antes despovoados ao L do rio Jordão. (Veja DECÁPOLIS.) Em Jerusalém estabeleceu-se um ginásio, que atraiu os jovens judeus. Visto que os jogos gregos estavam vinculados com a religião grega, o ginásio serviu para corromper a aderência dos judeus aos princípios bíblicos. Até mesmo o sacerdócio sofreu uma considerável infiltração do helenismo durante este período. Deste modo, crenças antes alheias aos judeus, passaram aos poucos a arraigar-se; essas incluíam o ensino pagão da imortalidade da alma humana e a ideia de um mundo subterrâneo de tormento após a morte.
A dessacração do templo em Jerusalém por Antíoco Epifânio (168 AEC) pela introdução da adoração de Zeus ali, marcou o ponto extremo da helenização dos judeus e provocou a Guerra dos Macabeus.
Em Alexandria, no Egito, onde o setor judaico ocupava uma parte considerável da cidade, a influência helenizante também era forte. (Veja ALEXANDRIA.) Alguns judeus alexandrinos deixaram-se levar pela popularidade da filosofia grega. Certos escritores judeus sentiram-se obrigados a procurar ajustar as crenças judaicas ao que então era a “tendência moderna”. Tentaram demonstrar que as ideias filosóficas gregas então em voga realmente foram precedidas por ideias similares nas Escrituras Hebraicas ou até mesmo derivadas delas.
Domínio Romano sobre os Estados Gregos. A Macedônia e a Grécia (que constituíam uma das quatro partes em que fora dividido o império de Alexandre) caíram diante dos romanos em 197 AEC. No ano seguinte, o general romano proclamou a “liberdade” de todas as cidades gregas. Isto significava que não se cobrariam tributos, mas que Roma esperava plena cooperação com os seus desejos. Aos poucos desenvolveu-se um sentimento antirromano. A Macedônia guerreou contra os romanos, mas foi novamente derrotada em 168 AEC, e uns 20 anos mais tarde tornou-se província romana. A Liga Acaica, chefiada por Corinto, rebelou-se em 146 AEC, e os exércitos de Roma invadiram a Grécia meridional e destruíram Corinto. Formou-se a província da “Acaia”, e, por volta de 27 AEC, esta passou a incluir toda a Grécia meridional e central. — At 19:21; Ro 15:26; veja ACAIA.
O período de domínio romano foi de declínio político e econômico para a Grécia. Apenas a cultura grega continuou forte e foi amplamente adotada pelos romanos conquistadores. Estes importaram entusiasticamente estátuas e literatura gregas. Até mesmo templos inteiros foram desmantelados e enviados à Itália. Muitos dos jovens varões de Roma foram educados em Atenas e em outras sedes gregas de erudição. A Grécia, por outro lado, voltou seus pensamentos para si mesma e passou a viver do passado, desenvolvendo uma atitude antiquada.
“Helenos” no Primeiro Século EC. Na época do ministério de Jesus Cristo e de seus apóstolos, os nativos da Grécia ou os de origem grega ainda eram conhecidos como hél·le·nes (no singular: hél·len). Os gregos chamavam os não gregos de “bárbaros”, significando simplesmente estrangeiros ou os que falavam língua estrangeira. O apóstolo Paulo, igualmente, contrasta “gregos” com “bárbaros” em Romanos 1:14. — Veja BÁRBARO.
Em alguns casos, porém, Paulo usa também o termo hél·le·nes em sentido mais amplo. Especialmente em contraste com os judeus, ele se refere aos hél·le·nes, ou gregos, como representativos de todos os povos não judaicos. (Ro 1:16; 2:6, 9, 10; 3:9; 10:12; 1Co 10:32; 12:13) Assim, em 1 Coríntios, capítulo 1, Paulo, evidentemente, equipara “os gregos” (v. 22) às “nações” (v. 23). Isto, sem dúvida, se devia ao destaque e proeminência da língua e cultura gregas em todo o Império Romano. Em certo sentido, os gregos ‘encabeçavam a lista’ dos povos não judaicos. Isto não significa que Paulo, e outros escritores das Escrituras Gregas Cristãs, usavam hél·le·nes num sentido muito livre, de modo que hél·len não significava mais do que um gentio, conforme alguns comentadores dão a entender. Mostrando que hél·le·nes foi usado para identificar um povo distinto, Paulo, em Colossenses 3:11, refere-se ao “grego” como diferente do “estrangeiro [bár·ba·ros]” e o “cita”.
Em harmonia com o precedente, o perito em grego Hans Windisch comenta: “O sentido de ‘gentio’ [da palavra hél·len] não pode ser provado, . . . nem com o judaísmo helenístico, nem com o NT.” (Theological Dictionary of the New Testament [Dicionário Teológico do Novo Testamento], editado por G. Kittel; tradutor da edição em inglês, G. Bromiley, 1971, Vol. II, p. 516.) No entanto, ele apresenta mesmo alguma evidência de que escritores gregos, às vezes, aplicavam o termo hél·len a pessoas de outras raças, que haviam adotado a língua e cultura gregas — pessoas “helenizadas”. Portanto, ao se considerarem as referências bíblicas a hél·le·nes, ou gregos, em muitos casos precisa-se pelo menos admitir a possibilidade de que estes não o eram por nascença ou ascendência.
A mulher “grega” de nacionalidade siro-fenícia, cuja filha Jesus curou (Mr 7:26-30), provavelmente era de ascendência grega, para ser diferenciada assim. Os “gregos entre os que subiram para adorar” na Páscoa, e que pediram uma entrevista com Jesus, evidentemente eram prosélitos gregos da religião judaica. (Jo 12:20, note a declaração profética de Jesus no versículo 32, sobre ‘atrair a si toda sorte de homens’). Tanto o pai de Timóteo como Tito são chamados de hél·len. (At 16:1, 3; Gál 2:3) Isto talvez signifique que eram de ascendência grega. No entanto, em vista da alegada tendência de alguns escritores gregos, de usar hél·le·nes para se referir a não gregos que falavam grego e eram de cultura grega, e em vista do uso do termo por Paulo em sentido representativo, já considerado, pode-se admitir a possibilidade de que tais pessoas eram gregos neste último sentido. Não obstante, estar a mulher grega na Siro-Fenícia, ou morar o pai de Timóteo em Listra, da Ásia Menor, ou que Tito parece ter morado em Antioquia da Síria, não prova que eles não eram etnicamente gregos ou descendentes de tais — porque havia colonos e imigrantes gregos em todas essas regiões.
Quando Jesus disse a um grupo que ele ‘iria para aquele que o enviou’ e que “onde eu [vou] vós não podeis ir”, os judeus disseram entre si mesmos: “Para onde pretende ir este homem, de modo que não o havemos de achar? Será que pretende ir para os judeus dispersos entre os gregos e ensinar os gregos?” (Jo 7:32-36) Por “judeus dispersos entre os gregos” evidentemente eles se referiam exatamente a tais, não aos judeus estabelecidos em Babilônia, mas aos espalhados pelas longínquas cidades e terras gregas ao ocidente. Os relatos sobre as viagens missionárias de Paulo revelam o notável número de imigrantes judeus que havia em tais regiões gregas.
Os textos de Atos 17:12 e 18:4 certamente se referem a pessoas de ascendência grega, pois tratam de acontecimentos nas cidades gregas de Bereia e de Corinto. O mesmo pode dar-se também com os “gregos” na Tessalônica macedônia (At 17:4); os em Éfeso, na costa ocidental da Ásia Menor, há muito colonizada por gregos e certa vez a capital da Jônia (At 19:10, 17; 20:21); e até mesmo os em Icônio, na Ásia Menor central (At 14:1). Embora a combinação “judeus e gregos”, em alguns destes textos, talvez indique que Lucas, igual a Paulo, usava neste caso “gregos” como representativos de povos não judeus em geral, na realidade apenas Icônio ficava geograficamente fora da principal esfera de influência grega.
Helenistas. No livro de Atos aparece outro termo: Hel·le·ni·staí (singular: Hel·le·ni·stés). Este termo não é encontrado nem na literatura grega, nem na helenística judaica; portanto, não se tem plena certeza do seu sentido. Todavia, a maioria dos lexicógrafos acredita que designe “judeus que falavam grego”, em Atos 6:1 e 9:29. No primeiro destes dois textos, estes Hel·le·ni·staí são contrastados com os “judeus que falavam hebraico” (E·braí·oi [texto de Westcott e Hort]). No dia de Pentecostes de 33 EC, judeus e prosélitos de muitas terras estavam ali presentes. Que muitas pessoas que falavam grego vieram à cidade é evidenciado pela “Inscrição de Teódoto” encontrada no morro de Ofel, em Jerusalém. Escrita em grego, declara: “Teódoto, filho de Vêneto, sacerdote e presidente de sinagoga, filho de um presidente de sinagoga e neto de um presidente de sinagoga, construiu a sinagoga para a leitura da Lei e para o ensino dos Mandamentos, e (ele construiu) a casa de hóspedes, os quartos e as cisternas de água a fim de hospedar os que viessem de fora e precisassem de hospedagem — (a sinagoga) que foi fundada por seus antepassados e pelos anciãos, e por Simônides.” (Biblical Archaelogy, de G. Ernest Wright, 1962, p. 240) Alguns relacionariam esta inscrição com a “Sinagoga dos Libertos”, da qual alguns membros estavam entre os responsáveis pelo martírio de Estêvão. — At 6:9; veja LIBERTO, HOMEM LIVRE.
A forma Hel·le·ni·staí, que aparece em Atos 11:20, porém, com referência a certos habitantes de Antioquia, da Síria, talvez se refira em geral “ao povo que falava grego”, em vez de a judeus que falavam grego. Isto parece ser evidenciado pela indicação de que, até a chegada de cristãos de Cirene e de Chipre, a pregação da palavra em Antioquia ficara restrita apenas “a judeus”. (At 11:19) De modo que os Hel·le·ni·staí mencionados ali talvez se refiram a pessoas helenizadas de diversas nacionalidades, as quais falavam a língua grega (e que talvez vivessem segundo costumes gregos). — Veja ANTIOQUIA N.º 1; CIRENE, CIRENEU.
O apóstolo Paulo visitou a Macedônia e a Grécia tanto na sua segunda como na sua terceira viagem missionária. (At 16:11-18:11; 20:1-6) Gastou tempo ministrando nas importantes cidades macedônias de Filipos, Tessalônica e Bereia, e nas principais cidades acaicas de Atenas e Corinto. (At 16:11, 12; 17:1-4, 10-12, 15; 18:1, 8) Devotou um ano e meio ao ministério em Corinto, na sua segunda viagem (At 18:11), ocasião em que escreveu as duas cartas aos tessalonicenses e possivelmente aquela aos gálatas. Na sua terceira viagem, escreveu de Corinto a sua carta aos romanos. Após o seu primeiro encarceramento em Roma, Paulo, pelo visto, visitou de novo a Macedônia, entre 61 e 64 EC, provavelmente escrevendo ali a sua primeira carta a Timóteo e possivelmente sua carta a Tito.
Durante os primeiros séculos da Era Comum, a cultura grega continuava a influenciar o Império Romano, e a Grécia preservava suas realizações intelectuais, possuindo Atenas uma das principais universidades do Império Romano. Constantino esforçou-se a fundir o cristianismo com certas práticas e ensinos pagãos, e seu próprio proceder preparou o cenário para tal religião amalgamada tornar-se a religião oficial do império. Isto tornou a Grécia parte da cristandade.
Atualmente, a Grécia controla uma área terrestre de 131.957 km2, e tem uma população de 10.096.000 (segundo estimativas de 1989).