Capítulo 13
Somos reconhecidos pela nossa conduta
VIVEMOS numa era em que as normas morais outrora respeitadas têm sido rejeitadas por grandes segmentos da humanidade. A maioria das religiões da cristandade tem feito o mesmo, quer em nome da tolerância, quer argumentando que os tempos mudaram e os tabus das gerações anteriores não mais se aplicam. Quanto ao resultado, Samuel Miller, deão da Escola de Teologia de Harvard, disse: “A igreja simplesmente não tem voz ativa. Ela aceitou a cultura do nosso tempo e a absorveu.” Tem sido devastador o efeito disso na vida dos que olhavam para essas religiões em busca de orientação.
Em contraste com isso, num exame sobre as Testemunhas de Jeová, L’Eglise de Montréal, boletim semanal da arquidiocese católica de Montreal, Canadá, dizia: “Elas têm notáveis valores morais.” Numerosos professores, empregadores e autoridades concordam com isso. Qual o motivo de tal reputação?
Ser Testemunha de Jeová significa muito mais do que apegar-se a certa estrutura de crenças doutrinais e dar testemunho sobre essas crenças a outros. O primitivo cristianismo era conhecido como “O Caminho”, e as Testemunhas de Jeová reconhecem que a verdadeira religião hoje precisa ser um modo de vida. (Atos 9:2) Como no caso de outras coisas, porém, as Testemunhas hodiernas não tiveram de imediato um apreço equilibrado do que isto significa.
“Caráter ou pacto — qual?”
Embora iniciassem com sólidos conselhos bíblicos sobre a necessidade de serem como Cristo, a ênfase que alguns dos primeiros Estudantes da Bíblia davam ao “desenvolvimento de caráter”, como o chamavam, tendia a minimizar certos aspectos do verdadeiro cristianismo. Alguns pareciam ser da opinião de que por serem polidos — parecendo sempre amáveis e bons, usando fala macia, evitando qualquer demonstração de ira e lendo diariamente as Escrituras — isso garantiria a sua entrada no céu. Mas estes perderam de vista o fato de que Cristo deu a seus seguidores um trabalho a fazer.
Esse problema foi abordado com rigor no artigo “Caráter ou Pacto — Qual?” na edição de 1.º de maio de 1926 de The Watch Tower (A Sentinela).a Mostrava que os esforços para o desenvolvimento de um “caráter perfeito”, enquanto na carne, faziam com que alguns desistissem por desânimo, mas, ao mesmo tempo, levavam outros a julgar-se “mais santos”, tendendo a fazer com que perdessem de vista o mérito do sacrifício de Cristo. Após enfatizar a fé no sangue derramado de Cristo, o artigo destacava a importância de a pessoa ‘fazer coisas’ no serviço ativo a Deus, para dar evidência de estar seguindo um proceder que agrade a ele. (2 Ped. 1:5-10) Naquele tempo, quando grande parte da cristandade ainda aparentava apegar-se às normas morais da Bíblia, esta ênfase sobre a atividade sublinhou o contraste entre as Testemunhas de Jeová e a cristandade. O contraste se tornou ainda mais evidente ao passo que as questões morais que se tornavam comuns tinham de ser tratadas por todos os que professavam ser cristãos.
‘Abstende-vos da fornicação’
A norma cristã a respeito da moralidade sexual foi há muito estabelecida em linguagem clara na Bíblia. “Isto é o que Deus quer, a vossa santificação, que vos abstenhais de fornicação . . . Pois Deus nos chamou, não como uma concessão para impureza, mas em conexão com a santificação. Assim, pois, quem mostra falta de consideração, não desconsidera o homem, mas a Deus.” (1 Tes. 4:3-8) “O matrimônio seja honroso entre todos e o leito conjugal imaculado, porque Deus julgará os fornicadores e os adúlteros.” (Heb. 13:4) “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não sejais desencaminhados. Nem fornicadores, . . . nem adúlteros, nem homens mantidos para propósitos desnaturais, nem homens que se deitam com homens . . . herdarão o reino de Deus.” — 1 Cor. 6:9, 10.
Na Watch Tower, chamou-se atenção a esta norma para os cristãos verdadeiros já em novembro de 1879. Mas não foi considerada repetidas vezes nem extensivamente como se esse fosse um problema grande entre os primeiros Estudantes da Bíblia. Entretanto, ao se tornar mais permissiva a atitude do mundo, chamou-se cada vez mais atenção para esse requisito, especialmente nos anos que cercaram a Segunda Guerra Mundial. Isto foi necessário porque alguns entre as Testemunhas de Jeová estavam adotando o conceito de que, conquanto se ocupassem com o testemunho, um pouco de relaxamento na moralidade sexual era mero assunto pessoal. É verdade que The Watchtower de 1.º março de 1935 já tinha dito claramente que a participação no ministério de campo não dava licença para conduta imoral. Mas, nem todos levaram isso a sério. Portanto, na edição de julho de 1941, A Atalaia (agora A Sentinela) considerou de novo esse assunto, e de modo bastante extenso, num artigo intitulado “Dia de Noé”. Esclareceu que a devassidão sexual nos dias de Noé foi um dos motivos de Deus destruir o mundo daquele tempo, e mostrou que o que Deus fez naquele tempo estabeleceu um padrão do que fará em nossos dias. Em linguagem clara, advertia que um servo íntegro de Deus não podia dedicar parte do dia a fazer a vontade do Senhor e daí, depois das horas de serviço, entregar-se às “obras da carne”. (Gál. 5:17-21) Isto foi complementado, em The Watchtower de 1.º de julho de 1942, com outro artigo que condenava a conduta que estivesse em desarmonia com as normas morais da Bíblia para solteiros e casados. Ninguém devia concluir que a participação na pregação pública da mensagem do Reino como Testemunha de Jeová lhe dava direito a uma vida devassa. (1 Cor. 9:27) Com o tempo, medidas ainda mais firmes seriam tomadas para resguardar a pureza moral da organização.
Alguns que naquele tempo expressavam o desejo de ser Testemunhas de Jeová haviam sido criados em lugares em que o casamento experimental era aceito, onde as relações sexuais entre noivos eram toleradas ou onde as relações consensuais entre pessoas não casadas eram consideradas normais. Alguns casados se esforçavam em abster-se de relações sexuais. Outras pessoas, embora não divorciadas, estavam imprudentemente separadas de seus cônjuges. Para fornecer a necessária orientação, A Sentinela, durante a década de 50, abordou todas essas situações, considerou as responsabilidades maritais, enfatizou que a Bíblia proíbe a fornicação e explicou o que é fornicação, de modo que não houvesse entendimento errado.b — Atos 15:19, 20; 1 Cor. 6:18.
Em lugares onde as pessoas que começavam a se associar com a organização de Jeová não levavam a sério as normas morais da Bíblia, isso recebeu atenção especial. Assim, em 1945, quando N. H. Knorr, o terceiro presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), visitou Costa Rica, proferiu um discurso sobre a moralidade cristã em que ele disse: “Dou um conselho a todos vocês aqui presentes esta noite que vivem com uma mulher, mas não registraram legalmente seu casamento. Vão à Igreja Católica e alistem-se como membros dela, porque lá vocês podem praticar tais coisas. Mas esta é a organização de Deus, e vocês não podem praticar essas coisas aqui.”
A partir da década de 60, quando os homossexuais passaram a assumir mais suas práticas, muitas igrejas debateram o assunto e daí os aceitaram como membros. Algumas igrejas agora até mesmo ordenam homossexuais como clérigos. Para ajudar as pessoas sinceras que tinham perguntas sobre esses assuntos, as publicações das Testemunhas de Jeová consideraram também essas questões. Mas, entre as Testemunhas, nunca houve dúvida sobre como considerar o homossexualismo. Por quê? Porque não consideram os requisitos da Bíblia como se fossem meramente opiniões de homens de outra época. (1 Tes. 2:13) Comprazem-se em dirigir estudos bíblicos com homossexuais para que estes possam aprender os requisitos de Jeová, e tais pessoas podem assistir às reuniões das Testemunhas de Jeová para ouvir, mas ninguém que continue a praticar o homossexualismo pode ser Testemunha de Jeová. — 1 Cor. 6:9-11; Judas 7.
Em anos recentes, a permissividade sexual por parte de jovens solteiros tornou-se comum no mundo. Jovens nas famílias de Testemunhas de Jeová sentiram a pressão, e alguns começaram a adotar o proceder do mundo em volta deles. Como lidou a organização com essa situação? A Sentinela e Despertai! publicaram artigos visando ajudar os pais e os jovens a considerar as coisas de modo bíblico. Dramas baseados na vida real foram apresentados em congressos para ajudar a todos a se conscientizarem dos frutos resultantes da rejeição das normas morais da Bíblia e dos benefícios da obediência aos mandamentos de Deus. Um dos primeiros dramas, encenado em 1969, intitulava-se “Espinhos e Laços Estão no Caminho Daquele Que É Independente”. Livros especiais foram preparados para ajudar os jovens a reconhecer a sabedoria dos conselhos bíblicos. Entre eles: Sua Juventude — O Melhor Modo de Usufruí-la (publicado em 1976) e Os Jovens Perguntam — Respostas Práticas (publicado em 1989). Anciãos locais deram ajuda espiritual a indivíduos e a famílias. As congregações das Testemunhas de Jeová foram também resguardadas mediante a expulsão dos transgressores impenitentes.
O colapso moral do mundo não levou a um conceito mais permissivo entre as Testemunhas de Jeová. Pelo contrário, o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová tem dado crescente ênfase à necessidade de evitar não só atos sexuais ilícitos, mas também influências e situações que corrompem os valores morais. Nas últimas três décadas, tem fornecido instrução para fortalecer pessoas contra “pecados ocultos”, como a masturbação, e alertá-las sobre o perigo da pornografia, das novelas e da música degradante. Assim, ao passo que a moral do mundo vem decaindo, a das Testemunhas de Jeová se eleva.
Vida familiar governada por normas divinas
O firme apego às normas bíblicas da moralidade sexual tem beneficiado grandemente a vida familiar das Testemunhas de Jeová. Mas, ser Testemunha de Jeová não é garantia de que tal pessoa nunca terá problemas domésticos. Contudo, as Testemunhas estão convencidas de que a Palavra de Deus fornece os melhores conselhos sobre como enfrentar tais problemas. Têm à sua disposição muitas provisões da organização para ajudá-las a pôr em prática tais conselhos; e, quando os seguem, os resultados são deveras benéficos.
Já em 1904, o sexto volume de Studies in the Scriptures (Estudos das Escrituras) trazia uma extensiva consideração sobre responsabilidades maritais e obrigações parentais. Desde então, centenas de artigos foram publicados e muitos discursos foram proferidos em todas as congregações das Testemunhas de Jeová para ajudar a cada membro de família a reconhecer o papel que lhe foi confiado por Deus. Essa educação na vida familiar sadia não é meramente para recém-casados, mas é um programa contínuo que envolve a congregação inteira. — Efé. 5:22-6:4; Col. 3:18-21.
Seria aceita a poligamia?
Embora os costumes relacionados com o casamento e a vida em família difiram de um país para outro, as Testemunhas de Jeová reconhecem que as normas estabelecidas na Bíblia se aplicam em toda a parte. À medida que a sua obra se desenvolvia na África neste século 20, as Testemunhas ensinavam, como o fazem em toda a parte, que o casamento cristão permite um só cônjuge. (Mat. 19:4, 5; 1 Cor. 7:2; 1 Tim. 3:2) Entretanto, houve centenas de pessoas que aceitaram a denúncia da Bíblia contra a idolatria e prazerosamente aceitaram o que as Testemunhas de Jeová lhes ensinaram sobre o Reino de Deus, mas foram batizadas sem abandonar a poligamia. Para corrigir essa situação, A Sentinela, de abril de 1947, salientou que o cristianismo não permite a poligamia, não importa qual o costume local. Uma carta enviada às congregações notificava que a quaisquer pessoas que professassem ser Testemunhas de Jeová, mas que fossem polígamas, dava-se o prazo de seis meses para harmonizarem seus assuntos maritais com a norma bíblica. Isto foi reforçado por um discurso do irmão Knorr por ocasião de sua visita à África naquele mesmo ano.
Na Nigéria, muitas pessoas do mundo predisseram que os esforços para abolir a poligamia entre as Testemunhas de Jeová significaria o fim dessas. E é verdade que nem todos os polígamos que haviam sido batizados como Testemunhas de Jeová fizeram as exigidas mudanças mesmo em 1947. Por exemplo, Asuquo Akpabio, um superintendente viajante, relata que uma Testemunha em cuja casa estava hospedado em Ifiayong o despertou à meia-noite e exigiu que mudasse o que fora anunciado a respeito do requisito da monogamia. Por recusar-se a fazer isso, seu hospedeiro o pôs para fora da casa naquela mesma noite debaixo de chuva torrencial.
Mas o amor a Jeová deu a outros a necessária força para obedecerem a seus mandamentos. A seguir, veja apenas alguns exemplos. No Zaire, um homem, que fora tanto católico como polígamo, despediu duas de suas esposas para poder ser Testemunha de Jeová, embora fosse uma dura prova de sua fé despedir a que mais amava, pois ela não era a ‘esposa de sua mocidade’. (Pro. 5:18) Em Daomé (agora Benin), um ex-metodista que ainda tinha cinco esposas transpôs dificílimos obstáculos legais para obter os necessários divórcios a fim de se qualificar para o batismo. Todavia, ele continuou a sustentar suas ex-esposas e seus filhos, como fizeram outros que despediram esposas secundárias. Warigbani Whittington, uma nigeriana, era a segunda das duas esposas de seu marido. Quando decidiu que agradar a Jeová, o Deus verdadeiro, era a coisa mais importante para ela, enfrentou a ira do marido e depois a de sua própria família. O marido deixou que ela partisse junto com seus dois filhos, mas sem dar ajuda financeira — nem mesmo para transporte. Contudo, ela disse: ‘Nenhum benefício material que abandonei pode comparar-se com agradar a Jeová.’
Que dizer sobre o divórcio?
Nos países ocidentais, a poligamia não é amplamente praticada, mas estão em voga outras atitudes que conflitam com as Escrituras. Uma dessas é a idéia de que é melhor divorciar-se do que perpetuar um casamento infeliz. Em anos recentes, algumas Testemunhas de Jeová começaram a imitar esse espírito, pedindo divórcio por motivos tais como “incompatibilidade”. Como têm as Testemunhas enfrentado isso? Uma vigorosa campanha de educação sobre o que Jeová acha do divórcio é feita regularmente pela organização para beneficiar tanto as Testemunhas antigas como as centenas de milhares que a cada ano se juntam às suas fileiras.
Para que orientações bíblicas tem A Sentinela chamado atenção? Entre outras, para a seguinte: no relato bíblico sobre o primeiro casamento humano, salienta-se a unicidade do marido e da esposa; diz ali: ‘O homem tem de se apegar à sua esposa, e eles têm de tornar-se uma só carne.’ (Gên. 2:24) Mais tarde, em Israel, a Lei proibia o adultério e condenava à morte qualquer pessoa que o cometesse. (Deut. 22:22-24) O divórcio por razões outras que não o adultério era permitido, mas apenas ‘por causa da dureza do coração deles’, conforme Jesus explicou. (Mat. 19:7, 8) Como considerava Jeová o costume de abandonar o cônjuge para se casar com outro? Malaquias 2:16 declara: “Ele tem odiado o divórcio.” Entretanto, ele permitiu que os que obtinham divórcio permanecessem na congregação de Israel. Ali, se aceitassem a disciplina que Jeová administrava a seu povo, seu coração de pedra poderia com o tempo ser substituído por um coração mais mole que pudesse expressar genuíno amor pelos Seus caminhos. — Veja Ezequiel 11:19, 20.
A Sentinela tem muitas vezes dito que Jesus, ao falar sobre o divórcio segundo praticado no Israel antigo, mostrou que uma norma mais elevada havia de ser instituída entre seus seguidores. Ele disse que, se alguém se divorciasse da esposa, a não ser por motivo de fornicação (por·neí·a, “relações sexuais ilícitas”), e se casasse com outra, estaria cometendo adultério; e, mesmo se não se casasse, exporia sua esposa ao adultério. (Mat. 5:32; 19:9) Assim, A Sentinela tem mostrado que, para os cristãos, o divórcio é um assunto muito mais sério do que era em Israel. Embora as Escrituras não ordenem que toda pessoa que se divorcie seja expulsa da congregação, os que também cometem adultério e são impenitentes são desassociados pelas congregações das Testemunhas de Jeová. — 1 Cor. 6:9, 10.
Mudanças revolucionárias têm acontecido nos últimos anos nas atitudes do mundo concernentes ao casamento e à vida familiar. Apesar disso, as Testemunhas de Jeová continuam a aderir às normas de Deus, o Originador do casamento, normas estas esboçadas na Bíblia. Usando essas orientações, têm procurado ajudar as pessoas de coração honesto a vencer as circunstâncias difíceis em que muitas se encontram.
Em resultado disso, muitos que aceitaram a instrução bíblica ministrada pelas Testemunhas de Jeová fizeram mudanças notáveis em sua vida. Homens que antes batiam na esposa, homens que não arcavam com suas responsabilidades, homens que proviam materialmente, mas não em sentido emocional e espiritual — muitos milhares deles se tornaram maridos e pais amorosos que cuidam bem da família. Mulheres que eram extremamente independentes, mulheres que negligenciavam seus filhos e não cuidavam de si mesmas nem de sua casa — muitas dessas se tornaram esposas que respeitam a chefia e seguem um proceder que faz com que sejam muito amadas pelo marido e pelos filhos. Jovens que eram descaradamente desobedientes a seus pais e rebeldes contra a sociedade em geral, jovens que arruinavam sua vida por meio de coisas que praticavam, causando assim angústia a seus pais — muitos desses vieram a ter um objetivo piedoso na vida, e isso os tem ajudado a transformar sua personalidade.
Naturalmente, um fator importante no êxito no círculo familiar é a honestidade uns com os outros. A honestidade é também vital em outros relacionamentos.
Até que ponto se exige honestidade?
As Testemunhas de Jeová reconhecem que se exige honestidade em tudo o que fazem. Como base de seu conceito, indicam textos bíblicos tais como: Jeová é “o Deus da verdade”. (Sal. 31:5) Por outro lado, como disse Jesus, o Diabo é “o pai da mentira”. (João 8:44) Compreensivelmente, pois, entre as coisas que Jeová odeia está a “língua falsa”. (Pro. 6:16, 17) Sua Palavra nos diz: “Sendo que agora pusestes de lado a falsidade, falai a verdade.” (Efé. 4:25) E não só devem os cristãos falar a verdade, mas, como o apóstolo Paulo, precisam ‘comportar-se honestamente em todas as coisas’. (Heb. 13:18) Não existem aspectos na vida em que as Testemunhas de Jeová possam legitimamente ter outros valores.
Quando Jesus visitou a casa do coletor de impostos Zaqueu, este admitiu que suas práticas comerciais haviam sido impróprias, e deu passos para corrigir seus anteriores atos de extorsão. (Luc. 19:8) Em anos recentes, para terem uma consciência limpa perante Deus, algumas pessoas que começaram a se associar com as Testemunhas de Jeová têm tomado ação similar. Por exemplo, na Espanha, um ladrão inveterado começou a estudar a Bíblia com as Testemunhas de Jeová. Logo sua consciência começou a perturbá-lo; de modo que devolveu objetos roubados a seu ex-empregador e a vizinhos, e outros à Polícia. Exigiu-se que pagasse uma multa e ficou preso por um curto período, mas agora ele tem uma consciência limpa. Na Inglaterra, depois de estudar a Bíblia com uma Testemunha de Jeová por apenas dois meses, um ex-ladrão de diamantes entregou-se à Polícia que ficou espantada; ele vinha sendo procurado já por uns seis meses. Daí, durante os dois anos e meio que passou na prisão, ele estudou a Bíblia diligentemente e aprendeu a partilhar as verdades bíblicas com outros. Depois de ser solto, apresentou-se para o batismo como Testemunha de Jeová. — Efé. 4:28.
A reputação de honestidade das Testemunhas de Jeová é bem conhecida. Muitos patrões já sabem que as Testemunhas não só não roubam deles, mas tampouco mentem nem falsificam registros por ordem de seus patrões — não, nem mesmo se ameaçadas de perder o emprego. Para as Testemunhas de Jeová, uma boa relação com Deus é muito mais importante do que a aprovação de qualquer homem. E reconhecem que, não importa onde estejam ou o que quer que façam, “todas as coisas estão nuas e abertamente expostas aos olhos daquele com quem temos uma prestação de contas”. — Heb. 4:13; Pro. 15:3.
Na Itália, o jornal La Stampa disse a respeito das Testemunhas de Jeová: “Elas praticam o que pregam . . . Os ideais morais do amor ao próximo, recusa de poder, não-violência e a honestidade pessoal (que para a maioria dos cristãos são ‘regras dominicais’, boas apenas para serem pregadas do púlpito) incorporam-se no seu modo de vida ‘diário’.” E nos Estados Unidos, Louis Cassells, editor de assuntos religiosos da United Press International, Washington, DC, escreveu: “As Testemunhas aderem às suas crenças com grande fidelidade, mesmo quando fazer isso lhes custe muito caro.”
Por que a jogatina não tem sido um problema entre elas
Em tempos idos, a honestidade relacionava-se em geral com a disposição de trabalhar arduamente. A jogatina, isto é, arriscar dinheiro numa aposta sobre o resultado de um jogo ou de outro evento, era malvista pela sociedade em geral. Mas, quando o século 20 começou a ser invadido por um espírito de egoísmo e de querer enriquecer, a jogatina — legal e ilegal — tornou-se comum. É patrocinada não só pelo submundo, mas, não raro, também por igrejas e governos seculares para angariarem fundos. Como lidam as Testemunhas de Jeová com essa mudança de atitude na sociedade? À base de princípios bíblicos.
Segundo tem sido indicado em suas publicações, não há uma ordem específica na Bíblia que diga: não deves jogar. Mas os frutos da jogatina são sempre maus, e esses frutos podres têm sido expostos em A Sentinela e Despertai! já por meio século. Além disso, essas revistas têm mostrado que a jogatina de qualquer espécie envolve atitudes contra as quais a Bíblia adverte. Por exemplo, o amor ao dinheiro: “O amor ao dinheiro é raiz de toda sorte de coisas prejudiciais.” (1 Tim. 6:10) E o egoísmo: “Nem deves almejar egoistamente . . . qualquer coisa que pertença ao teu próximo.” (Deut. 5:21; compare com 1 Coríntios 10:24.) Também a ganância: “[Cessai] de ter convivência com qualquer que se chame irmão, que for . . . ganancioso.” (1 Cor. 5:11) Além disso, a Bíblia avisa contra recorrer à “Boa Sorte”, como se fosse uma espécie de força sobrenatural que concedesse favores. (Isa. 65:11) Por levarem a sério esses avisos bíblicos, as Testemunhas de Jeová evitam terminantemente a jogatina. E desde 1976 têm feito esforço especial para evitar ter em seu meio qualquer pessoa cujo emprego a identifique claramente qual parte de algum estabelecimento de jogatina.
A jogatina nunca foi uma grande questão entre as Testemunhas de Jeová. Sabem que, em vez de promover um espírito de ganhar à custa dos outros, a Bíblia as incentiva a trabalhar com suas mãos, a ser fiéis em cuidar do que lhes foi confiado, a ser generosas, a partilhar com os que estão em necessidade. (Efé. 4:28; Luc. 16:10; Rom. 12:13; 1 Tim. 6:18) É isto prontamente reconhecido pelos outros que têm tratos com elas? Sim, especialmente por aqueles com quem têm tratos comerciais. Não é incomum empregadores seculares procurarem Testemunhas de Jeová para contratá-las por saberem que elas são conscienciosas e fidedignas. Reconhecem que é a religião das Testemunhas que as torna a espécie de pessoas que são.
Que dizer do fumo e do abuso de drogas?
A Bíblia não menciona o fumo (tabaco), tampouco as muitas outras drogas usadas com abuso hoje em dia. Mas ela fornece orientações que têm ajudado as Testemunhas de Jeová a determinar qual a conduta que agrada a Deus. Assim, já em 1895, quando a Watch Tower comentava o uso do fumo, chamou atenção para 2 Coríntios 7:1, que diz: “Portanto, amados, visto que temos estas promessas, purifiquemo-nos de toda imundície da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade em temor de Deus.”
Por muitos anos, esse conselho parecia o suficiente. Mas, quando as fábricas de cigarro começaram a fazer propaganda para glamorizar o fumar e, depois, quando se tornou comum o abuso de drogas “ilegais”, foi preciso fazer mais. Outros princípios da Bíblia foram destacados: o respeito por Jeová, o Dador da vida (Atos 17:24, 25); o amor ao próximo (Tia. 2:8) e o fato de que uma pessoa que não ama seu próximo não ama realmente a Deus (1 João 4:20); também a obediência aos governantes seculares (Tito 3:1). Mostrou-se que a palavra grega far·ma·kí·a, que significa basicamente “drogaria”, foi usada pelos escritores da Bíblia para se referir à “prática do espiritismo” por causa do uso de drogas nas práticas espíritas. — Gál. 5:20.
Já em 1946, a revista Consolação expunha a natureza muitas vezes fraudulenta dos depoimentos pagos usados na propaganda de cigarros. Quando se tornou disponível a evidência científica, Despertai!, sucessora de Consolação, também publicou provas de que o uso do fumo causa câncer, doenças cardíacas, danos ao nascituro de uma mulher grávida e danos aos não-fumantes que são obrigados a inalar ar cheio de fumaça, bem como evidências de que a nicotina vicia. Chamou-se atenção para o efeito entorpecente da maconha e a evidência de que seu uso pode resultar em dano cerebral. Da mesma forma, os graves perigos de outras drogas viciadoras foram considerados repetidas vezes em benefício dos leitores das publicações da Torre de Vigia.
Muito antes de órgãos governamentais chegarem a um acordo quanto até que ponto deviam alertar as pessoas sobre os danos do uso do fumo, The Watchtower, na sua edição de 1.º de março de 1935, tornou claro que nenhum usuário de tabaco podia ser membro da equipe da sede da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA) nem ser um de seus representantes nomeados. Depois que todos os servos nas congregações das Testemunhas de Jeová passaram a ser designados pela Sociedade (sistema iniciado em 1938), The Watchtower de 1.º de julho de 1942 dizia que a proibição do fumo se aplicava também a todos esses servos designados. Em algumas regiões, levou vários anos para que isso fosse plenamente implantado. Entretanto, a maioria das Testemunhas de Jeová acatou esse conselho bíblico e o bom exemplo dos que tomavam a liderança entre elas.
Como passo adicional na aplicação coerente desse conselho bíblico, a partir de 1973 nenhuma pessoa que ainda fumava foi aceita para o batismo. Nos meses que se seguiram, os que estavam ativamente envolvidos na produção de fumo ou em promover a venda de produtos de fumo foram ajudados a compreender que não podiam continuar a fazer isso e ser aceitos como Testemunhas de Jeová. O conselho da Palavra de Deus tem de ser aplicado coerentemente a todos os aspectos da vida. Essa aplicação dos princípios bíblicos ao uso de tabaco, da maconha e das chamadas drogas pesadas tem protegido as Testemunhas. Com o uso das Escrituras, puderam também ajudar muitos milhares de pessoas cuja vida estava sendo arruinada pelo abuso de drogas.
São diferentes as bebidas alcoólicas?
As publicações da Torre de Vigia não adotaram o conceito de que o uso de bebidas alcoólicas seja o mesmo que o abuso de drogas. Por que não? Elas explicam: o Criador sabe como somos feitos, e sua Palavra permite o uso moderado de bebidas alcoólicas. (Sal. 104:15; 1 Tim. 5:23) Mas a Bíblia avisa também contra ‘o excesso no beber’, e condena fortemente a embriaguez. — Pro. 23:20, 21, 29, 30; 1 Cor. 6:9, 10; Efé. 5:18.
Visto que o consumo imoderado de bebidas inebriantes estava arruinando a vida de muitas pessoas, Charles Taze Russell era a favor da abstinência total. Contudo, ele reconhecia que Jesus fez uso de vinho. Durante o século 19 e no início do século 20, havia muita agitação pública a favor da proibição legal de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos. A Watch Tower expressou abertamente solidariedade para com os que tentavam combater os danos resultantes de bebidas alcoólicas, mas não aderiu à campanha deles para se baixarem leis proibitivas. Entretanto, a revista mostrou firmemente o dano resultante de beber demais e muitas vezes disse que seria melhor abster-se totalmente de vinho ou de outras bebidas alcoólicas. Os que achavam que podiam fazer uso moderado de bebidas alcoólicas foram incentivados a considerar Romanos 14:21 que diz: “É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer algo que faça teu irmão tropeçar.”
Todavia, em 1930, quando o superintendente da Liga de Temperança nos Estados Unidos foi ao ponto de afirmar publicamente que sua organização “nasceu de Deus”, J. F. Rutherford, então presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), usou a ocasião para dar discursos pelo rádio, mostrando que tal afirmativa era uma calúnia contra Deus. Por quê? Porque a Palavra de Deus não proíbe totalmente o uso de vinho; porque a lei seca não estava pondo fim à bebedice que Deus deveras condena; e porque a lei seca havia, ao contrário, causado a produção e distribuição ilegal de bebidas alcoólicas e a corrupção governamental.
O uso de bebidas alcoólicas ou a abstinência delas é considerado pelas Testemunhas de Jeová um assunto pessoal. Mas aderem ao requisito bíblico de que os superintendentes devem ser “moderados nos hábitos”. Essa expressão é traduzida do grego ne·fá·li·on, que literalmente significa ‘sóbrio, temperado; que se abstém de vinho, quer totalmente, quer, pelo menos, do uso imoderado’. Os servos ministeriais também precisam ser homens “não dados a muito vinho”. (1 Tim. 3:2, 3, 8) Portanto, os que bebem em excesso não se qualificam para privilégios especiais de serviço. O fato de que os que tomam a liderança entre as Testemunhas de Jeová dão bom exemplo lhes propicia liberdade de falar ao ajudarem outros que talvez tenham a tendência de recorrer a bebidas alcoólicas para combater o estresse ou que na realidade precisem ser totalmente abstêmios para permanecerem sóbrios. Quais são os resultados?
Por exemplo, certa notícia da África centro-sul dizia: “Segundo a opinião geral, aquelas regiões em que as Testemunhas de Jeová são mais fortes entre os africanos são agora regiões com menos problemas do que a média. Certamente, elas têm sido ativas contra agitadores, contra a feitiçaria, a bebedice e a violência de toda sorte.” — The Northern News (Zâmbia).
Outra maneira importante em que a conduta das Testemunhas de Jeová difere da do mundo é no que toca ao —
Respeito pela vida
Tal respeito vem do reconhecimento do fato de que a vida é um dom de Deus. (Sal. 36:9; Atos 17:24, 25) Inclui reconhecimento de que mesmo a vida do nascituro é preciosa aos olhos de Deus. (Êxo. 21:22-25; Sal. 139:1, 16) Leva em conta que “cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus”. — Rom. 14:12.
Em harmonia com esses princípios bíblicos, as Testemunhas de Jeová têm coerentemente evitado a prática do aborto. Para fornecer sólida orientação a seus leitores, a revista Despertai! tem-nas ajudado a reconhecer que a castidade é um requisito divino; tem considerado extensivamente as maravilhas do processo de procriação, bem como os fatores psicológicos e fisiológicos envolvidos no parto. Na era após a Segunda Guerra Mundial, à medida que os abortos se tornaram mais comuns, A Sentinela mostrou claramente que essa prática é contrária à Palavra de Deus. Sem rodeios, a edição de 15 de junho de 1970 dizia: “Um aborto simplesmente para se livrar dum filho indesejável é igual a se tirar deliberadamente uma vida humana.”
Por que recusam transfusões de sangue
O respeito pela vida que as Testemunhas de Jeová têm influiu também na sua posição com relação às transfusões de sangue. Quando se viram confrontadas com a questão das transfusões de sangue, The Watchtower de 1.º de julho de 1945 explicou em pormenores o conceito cristão a respeito da santidade do sangue.c Mostrou que tanto o sangue animal como o dos humanos estavam incluídos na proibição divina que se tornou obrigatória para Noé e todos os seus descendentes. (Gên. 9:3-6) Mostrou que este requisito foi salientado novamente no primeiro século na ordem de ‘se absterem de sangue’ dada aos cristãos. (Atos 15:28, 29) Esse mesmo artigo tornava claro, à base das Escrituras, que só o uso sacrificial do sangue era aprovado por Deus, e que, visto que os sacrifícios animais oferecidos sob a Lei mosaica prefiguravam o sacrifício de Cristo, a desconsideração do requisito para os cristãos ‘se absterem de sangue’ seria evidência de crasso desrespeito pelo sacrifício de resgate de Jesus Cristo. (Lev. 17:11, 12; Heb. 9:11-14, 22) Coerente com esse entendimento da questão, a partir de 1961, quem quer que desconsiderasse esse requisito divino, aceitando transfusão de sangue, e manifestasse uma atitude impenitente seria desassociado da congregação das Testemunhas de Jeová.
De início, os efeitos colaterais físicos das transfusões de sangue não foram considerados nas publicações da Torre de Vigia. Mais tarde, quando essas informações se tornaram disponíveis, essas também foram publicadas — não como a razão de as Testemunhas de Jeová recusarem transfusões de sangue, mas para fortalecer seu apreço pela proibição que o próprio Deus impôs sobre o uso do sangue. (Isa. 48:17) Para esse fim, em 1961 foi publicado o folheto cuidadosamente documentado O Sangue, a Medicina e a Lei de Deus. Em 1977, publicou-se outro folheto. Este, intitulado As Testemunhas de Jeová e a Questão do Sangue, salientou de novo o fato de que a posição tomada pelas Testemunhas de Jeová é religiosa, baseada no que a Bíblia diz, e não depende de fatores de risco clínico. Outra atualização do assunto foi apresentada em 1990 na brochura Como Pode o Sangue Salvar Sua Vida?. Com o uso dessas publicações, as Testemunhas de Jeová têm feito muito esforço para conseguir a cooperação dos médicos e ajudá-los a entender a posição delas. Entretanto, por muitos anos, o uso de transfusões de sangue tem gozado de elevada estima da classe médica.
Embora as Testemunhas de Jeová dissessem aos médicos que não tinham objeção religiosa a tratamentos alternativos, não foi fácil recusar transfusões de sangue. Muitas vezes, fez-se muita pressão sobre as Testemunhas e suas famílias para que se submetessem àquilo que era então o procedimento médico de praxe. Em Porto Rico, em novembro de 1976, Ana Paz de Rosario, de 45 anos, concordou em submeter-se a uma cirurgia e à necessária medicação, mas solicitou que, em razão de suas crenças religiosas, não se usasse sangue. Contudo, munidos de ordem judicial, cinco policiais e três enfermeiras foram ao seu quarto no hospital, depois da meia-noite, amarram-na ao leito e administraram-lhe à força uma transfusão de sangue, contrária ao seu desejo e ao de seu marido e filhos. Ela entrou em choque e morreu. Este de forma alguma é um caso isolado, e não foi só em Porto Rico que tais violências ocorreram.
Na Dinamarca, pais Testemunhas de Jeová foram perseguidos pela polícia, em 1975, porque recusaram permitir uma transfusão de sangue forçada a seu filho, buscando, em vez disso, um tratamento alternativo. Na Itália, em 1982, um casal, que amorosamente procurou assistência médica em quatro países para sua filha incuravelmente enferma, foi condenado a 14 anos de prisão sob a acusação de homicídio depois de a filha morrer enquanto recebia uma transfusão por ordem judicial.
Não raro, com relação a tentativas de impor transfusões a filhos menores de Testemunhas de Jeová, tem sido incitada grande hostilidade pública através da imprensa. Em alguns casos, até mesmo sem uma audiência em que os pais pudessem falar, juízes têm emitido ordens para administrar transfusões a filhos de Testemunhas. Em mais de 40 casos no Canadá, porém, as crianças que receberam transfusões foram devolvidas mortas a seus pais.
Nem todos os médicos e juízes concordam com tais métodos arbitrários. Alguns começaram a instar por uma atitude mais prestativa. Alguns médicos empregaram suas habilidades em fornecer tratamento sem sangue. Nesse processo, ganharam muita experiência com todos os tipos de cirurgia sem sangue. Demonstrou-se aos poucos que todos os tipos de cirurgia podiam ser realizados com êxito, tanto em adultos como em crianças, sem transfusões de sangue.d
Para evitar desnecessárias confrontações em casos de emergência, as Testemunhas de Jeová, em princípios da década de 60, começaram a fazer visitas especiais a seus médicos para considerar com eles a sua posição e fornecer-lhes literatura apropriada. Mais tarde, solicitaram que uma declaração por escrito fosse colocada nos seus respectivos prontuários, na qual se declara que não lhes sejam administradas transfusões de sangue. Na década de 70, tomaram por hábito carregar consigo um cartão para notificar à classe médica que não lhes sejam administradas transfusões de sangue em nenhuma circunstância. Depois de consultarem médicos e advogados, o estilo do cartão foi ajustado para torná-lo um documento legal.
Com o fim de amparar as Testemunhas de Jeová na sua determinação de evitar que lhes sejam dadas transfusões de sangue e para eliminar equívocos da parte de médicos e hospitais, bem como estabelecer um espírito mais cooperativo entre as instituições médicas e pacientes Testemunhas de Jeová, formaram-se Comissões de Ligação com Hospitais sob a direção do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová. De um punhado de tais comissões, em 1979, elas aumentaram para mais de 800 em mais de 70 países. Anciãos selecionados foram treinados e prestam esse serviço na América do Norte, no Extremo Oriente, nos principais países do Pacífico Sul, na Europa e na América Latina. Além de explicarem a posição das Testemunhas de Jeová, esses anciãos alertam as equipes hospitalares sobre o fato de que existem alternativas válidas para infusões de sangue. Em casos de emergência, eles ajudam a providenciar que haja contatos entre o médico inicialmente consultado e cirurgiões que já trataram de casos similares em Testemunhas sem o uso de sangue. Quando necessário, essas comissões têm visitado não só equipes hospitalares, mas também juízes envolvidos em casos em que os hospitais procuraram ordens judiciais para administrar transfusões.
Nos casos em que o respeito pela sua crença religiosa sobre a santidade do sangue não pôde ser assegurado por outros meios, as Testemunhas de Jeová têm ocasionalmente processado médicos e hospitais. Elas têm geralmente procurado simplesmente uma ordem de restrição ou um interdito. Em anos recentes, porém, têm até mesmo instaurado processos de indenização contra médicos e hospitais que agiram arbitrariamente. Em 1990, o Tribunal de Recursos de Ontário, no Canadá, deu respaldo a tal processo de indenização por danos em razão de ter o médico desconsiderado um cartão na bolsa da paciente em que se dizia claramente que a Testemunha não aceitaria transfusão de sangue em circunstância alguma. Nos Estados Unidos, desde 1985, pelo menos dez desses processos de indenização por danos foram instaurados em várias partes do país, e freqüentemente os processados têm decidido resolver a questão à parte do tribunal com uma determinada importância, em vez de enfrentarem a possibilidade de um júri estipular mais para a indenização por danos. As Testemunhas de Jeová estão terminantemente decididas a obedecer à proibição divina ao uso de sangue. Preferem não processar médicos, mas farão isso, se for necessário, para impedi-los de administrar à força um tratamento que lhes é moralmente repugnante.
O público se torna cada vez mais ciente dos perigos inerentes de transfusões de sangue. Isto se dá, em parte, por causa do medo da AIDS. As Testemunhas, porém, são motivadas pelo seu desejo sincero de agradar a Deus. Em 1987, o diário médico francês Le Quotidien du Médecin dizia: “Talvez as Testemunhas de Jeová estejam certas em recusar produtos que contenham sangue, pois é verdade que considerável número de agentes patogênicos podem ser transmitidos pelo sangue transfundido.”
A posição das Testemunhas de Jeová não se baseia em conhecimento médico superior que se originasse delas. Simplesmente confiam que a maneira de Jeová é certa e que ele ‘não reterá nada de bom’ de seus servos leais. (Sal. 19:7, 11; 84:11) Mesmo se uma Testemunha morrer em resultado de perda de sangue — e isso tem acontecido ocasionalmente — as Testemunhas de Jeová confiam plenamente que Deus não se esquece dos que lhe são fiéis, e lhes restituirá a vida por meio da ressurreição. — Atos 24:15.
Quando as pessoas decidem desconsiderar as normas bíblicas
Milhões de pessoas estudaram a Bíblia com as Testemunhas de Jeová, mas nem todas se tornaram Testemunhas. Quando certas pessoas aprendem as elevadas normas que precisam seguir, decidem que não é a espécie de vida que desejam. Todos os que chegam a ser batizados recebem primeiro uma instrução cabal sobre os ensinamentos fundamentais da Bíblia, e depois (especialmente desde 1967) os anciãos na congregação recapitulam esses ensinamentos com cada candidato ao batismo. Faz-se todo o esforço para se certificar de que os batizandos entendam claramente não só a doutrina, mas também o que realmente significa a conduta cristã. Entretanto, que dizer se alguns desses mais tarde permitirem que o amor ao mundo os engode a cometer grave transgressão?
Já em 1904, no livro The New Creation (A Nova Criação), chamou-se atenção para a necessidade de tomar a devida ação para não permitir a desmoralização da congregação. O entendimento que os Estudantes da Bíblia tinham sobre as medidas a tomar no caso de transgressores, esboçadas em Mateus 18:15-17, foi considerado ali. Em harmonia com isso, houve em raras ocasiões ‘julgamentos na igreja’ em que se apresentou à inteira congregação a evidência de transgressão em casos graves. Anos mais tarde, A Sentinela, de abril de 1945, recapitulou o assunto à luz da Bíblia inteira e mostrou que tais assuntos que envolviam a congregação deviam ser tratados por irmãos encarregados de supervisão na congregação. (1 Cor. 5:1-13; compare com Deuteronômio 21:18-21.) Isto foi seguido, na Sentinela de dezembro de 1952 e de janeiro de 1953, de artigos que enfatizavam não só o proceder correto, mas a necessidade de se tomarem medidas para manter limpa a organização. Repetidamente desde então, deu-se consideração a esse assunto. Mas os objetivos sempre permaneceram os mesmos: (1) manter limpa a organização e (2) inculcar no transgressor a necessidade de sincero arrependimento, visando sua recuperação.
No primeiro século, houve alguns que abandonaram a fé em troca de uma vida devassa. Outros se desviaram por causa de doutrinas apóstatas. (1 João 2:19) A mesma coisa continua a acontecer entre as Testemunhas de Jeová neste século 20. Infelizmente, em tempos recentes foi necessário desassociar dezenas de milhares de transgressores impenitentes a cada ano. Houve entre esses até mesmo anciãos preeminentes. Os mesmos requisitos bíblicos se aplicam a todos. (Tia. 3:17) As Testemunhas de Jeová compreendem que é vital conservar a organização moralmente limpa para se continuar a ter a aprovação de Jeová.
Revestir-se da nova personalidade
Jesus instou com as pessoas para que fossem limpas não só externamente, mas também no íntimo. (Luc. 11:38-41) Ele mostrou que as coisas que dizemos e fazemos são um reflexo daquilo que há em nosso coração. (Mat. 15:18, 19) Segundo explicou o apóstolo Paulo, se formos realmente ensinados por Cristo, seremos ‘feitos novos na força que ativa a nossa mente’, e ‘nos revestiremos da nova personalidade, que foi criada segundo a vontade de Deus, em verdadeira justiça e lealdade’. (Efé. 4:17-24) Os que estão sendo ensinados por Cristo buscam adquirir “a mesma atitude mental que Cristo Jesus teve”, portanto, pensam e agem como ele. (Rom. 15:5) A conduta das Testemunhas de Jeová quais indivíduos reflete até que ponto fizeram realmente isso.
As Testemunhas de Jeová não dizem que sua conduta seja impecável. Mas são sinceras nos seus esforços de imitar a Cristo ao passo que se harmonizam com a elevada norma bíblica de conduta. Não negam que haja outras pessoas que aplicam elevadas normas morais em sua vida. Mas, no caso das Testemunhas de Jeová, não é só quais indivíduos, mas como organização internacional que são prontamente reconhecidas por causa de sua conduta que se harmoniza com as normas da Bíblia. São motivadas pelo conselho inspirado, registrado em 1 Pedro 2:12: “Mantende a vossa conduta excelente entre as nações, para que . . . em resultado das vossas obras excelentes, das quais são testemunhas oculares, glorifiquem a Deus.”
[Nota(s) de rodapé]
a Em The Watchtower de 15 de outubro de 1941, esse assunto tornou a ser considerado, de forma um tanto abreviada, sob o título “Caráter ou Integridade — Qual?”.
b A Sentinela de novembro de 1951 definiu a fornicação como “relações sexuais voluntárias por parte de uma pessoa solteira com uma pessoa do sexo oposto”. The Watchtower de 1.º de janeiro de 1952 acrescentou que o termo bíblico podia também aplicar-se à imoralidade sexual da parte de uma pessoa casada.
c Considerações anteriores sobre a santidade do sangue apareceram em The Watch Tower de 15 de dezembro de 1927, bem como na Watchtower de 1.º de dezembro de 1944, que mencionaram especificamente as transfusões de sangue.
d Contemporary Surgery, de março de 1990, pp. 45-9; The American Surgeon, de junho de 1987, pp. 350-6; Miami Medicine, de janeiro de 1981, p. 25; New York State Journal of Medicine, de 15 de outubro de 1972, pp. 2524-7; The Journal of the American Medical Association, de 27 de novembro de 1981, pp. 2471-2; Cardiovascular News, de fevereiro de 1984, p. 5; Circulation, de setembro de 1984.
[Destaque na página 172]
“Elas têm notáveis valores morais.”
[Destaque na página 174]
Houve alguma vez dúvida sobre como considerar o homossexualismo?
[Destaque na página 175]
O colapso moral no mundo não fez com que as Testemunhas se tornassem permissivas.
[Destaque na página 176]
Alguns tentaram ser Testemunhas sem abandonar a poligamia.
[Destaque na página 177]
Vigoroso programa para ensinar o conceito de Jeová sobre o divórcio.
[Destaque na página 178]
Mudanças notáveis na vida das pessoas
[Destaque na página 181]
Fumar — Não!
[Destaque na página 182]
Bebidas alcoólicas — moderadamente, se é que fazem uso de tais.
[Destaque na página 183]
Terminantemente decididas a não aceitar sangue.
[Destaque na página 187]
Desassociação — para manter moralmente limpa a organização.
[Quadro na página 173]
‘Desenvolvimento do caráter’ — os frutos nem sempre foram bons
Um relatório da Dinamarca: ‘Muitos, especialmente entre os irmãos mais antigos, nos seus sinceros esforços de se revestir de uma personalidade cristã, procuravam evitar tudo o que tivesse a mínima mancha de mundanismo e deste modo tornar-se mais dignos do Reino celestial. Não raro, considerava-se impróprio sorrir durante as reuniões, e muitos dos irmãos mais antigos só usavam ternos pretos, sapatos pretos, gravatas pretas. Contentavam-se com freqüência em levar uma vida calma e pacífica no Senhor. Achavam que bastava realizar reuniões e deixar que os colportores fizessem a pregação.’
[Quadro na página 179]
O que outros observam nas Testemunhas
◆ “Münchner Merkur”, um jornal alemão, noticiava a respeito das Testemunhas de Jeová: “São os mais honestos e mais pontuais contribuintes de impostos da República Federal. Sua obediência às leis pode ser vista na maneira em que dirigem automóvel, bem como nas estatísticas sobre crimes. . . . Obedecem aos em autoridade (pais, professores, governo). . . . A Bíblia, a base de todas as suas ações, é seu apoio.”
◆ O prefeito de Lens, França, disse às Testemunhas, depois de usarem o estádio municipal para um de seus congressos: “O que gosto é que cumprem a palavra e os acordos, e além disto, são limpos, disciplinados e organizados. Gosto de sua sociedade. Sou contra a desordem, e não gosto de pessoas que andam por aí sujando e quebrando as coisas.”
◆ O livro “Voices From the Holocaust” (Vozes do Holocausto) contém memórias de uma sobrevivente polonesa dos campos de concentração de Auschwitz e de Ravensbrück, que escreveu: “Vi pessoas que se tornaram muito, muito boas e pessoas que se tornaram totalmente más. O grupo mais agradável era o das Testemunhas de Jeová. Tiro o chapéu diante dessas pessoas. . . . Fizeram coisas maravilhosas para os outros. Ajudaram os doentes, repartiram o seu pão e deram consolo espiritual a todos os perto delas. Os alemães as odiavam e as respeitavam ao mesmo tempo. Davam-lhes os piores trabalhos, mas elas os aceitavam de cabeça erguida.”