Livro bíblico número 44 — Atos
Escritor: Lucas
Lugar da Escrita: Roma
Escrita Completada: c. 61 EC
Tempo Abrangido: 33-c. 61 EC
1, 2. (a) Que eventos históricos e atividades são descritos em Atos? (b) Que período abrange o livro?
É NO 42.º livro das Escrituras inspiradas que Lucas faz uma narrativa que abrange a vida, a atividade e o ministério de Jesus e de seus seguidores até o tempo da ascensão de Jesus. O relato histórico do 44.º livro das Escrituras, os Atos dos Apóstolos, continua com a história do cristianismo primitivo, descrevendo a fundação da congregação mediante a operação do espírito santo. Descreve também a expansão do testemunho, primeiro entre os judeus e daí entre pessoas de todas as nações. A maior parte da matéria nos primeiros 12 capítulos 1-12 abrange as atividades de Pedro, e os últimos 16 capítulos 13-28, as atividades de Paulo. Lucas estava estreitamente associado com Paulo, e o acompanhou em muitas de suas viagens.
2 O livro é dirigido a Teófilo. Visto que ele é chamado de “excelentíssimo”, ocupava provavelmente um cargo oficial ou tratava-se talvez simplesmente de uma expressão de elevada estima. (Luc. 1:3) O livro fornece um relato histórico exato da formação e do crescimento da congregação cristã. Começa narrando as aparições de Jesus a seus discípulos após a sua ressurreição, e depois relata eventos importantes que ocorreram entre 33 e cerca de 61 EC, abrangendo ao todo cerca de 28 anos.
3. Quem escreveu o livro de Atos, e quando foi completada a escrita?
3 Desde os tempos antigos, tem-se atribuído ao escritor do Evangelho de Lucas a escrita de Atos. Ambos os livros são dirigidos a Teófilo. Por repetir os eventos finais de seu Evangelho nos primeiros versículos de Atos, Lucas vincula as duas narrativas como sendo obra do mesmo autor. Parece que Lucas completou Atos em cerca de 61 EC, provavelmente perto do fim de sua estada de dois anos em Roma com o apóstolo Paulo. Visto que relata eventos que ocorreram naquele ano, não poderia ter sido completado antes, e o fato de o apelo de Paulo a César não estar decidido indica que foi completado por volta daquele ano.
4. O que prova que Atos é canônico e autêntico?
4 Desde tempos antiqüíssimos, Atos foi sempre aceito pelos eruditos bíblicos como canônico. Encontram-se trechos do livro entre alguns dos mais antigos manuscritos de papiro existentes das Escrituras Gregas, notadamente o Michigan N.º 1571 (P38), do terceiro ou quarto século EC, e o Chester Beatty N.º 1 (P45), do terceiro século. Ambos indicam que Atos estava em circulação junto com outros livros das Escrituras inspiradas, figurando, assim, bem cedo no catálogo. A escrita de Lucas no livro de Atos reflete a mesma exatidão notável que já observamos que assinala o seu Evangelho. Sir William M. Ramsay classifica o escritor de Atos “entre os historiadores de primeira categoria”, e explica o que isto significa, dizendo: “A qualidade primária e essencial do grande historiador é a verdade. O que diz precisa ser digno de confiança.”a
5. Ilustre a exatidão de Lucas ao fazer narrativas.
5 Para ilustrarmos a exatidão da narrativa, tão característica dos escritos de Lucas, citamos Edwin Smith, comandante de uma flotilha de navios de guerra britânicos no Mediterrâneo, durante a Primeira Guerra Mundial, que escreveu na revista The Rudder, de março de 1947: “Os antigos navios não eram governados como os dos tempos modernos por meio de um leme único preso ao cadaste, mas mediante dois grandes remos ou pás, um em cada lado da popa; daí a menção deles no plural por S. Lucas. [Atos 27:40] . . . Vimos em nosso exame que toda declaração quanto aos movimentos deste navio, desde o momento em que partiu de Bons Portos até que tocou a praia de Malta, conforme delineado por S. Lucas, foi comprovada pela evidência externa e independente da mais exata e satisfatória natureza; e que as suas declarações quanto ao tempo em que o navio permaneceu no mar correspondem à distância percorrida; e, finalmente, que sua descrição do lugar atingido está em conformidade com o lugar tal como é. Tudo isso contribui para mostrar que Lucas realmente fez a viagem conforme descrita, e mostrou além disso ser um homem cujas observações e declarações podem ser aceitas como fidedignas e dignas de crédito no mais alto grau.”b
6. Que exemplos mostram que descobertas arqueológicas confirmam a exatidão de Atos?
6 As descobertas arqueológicas também confirmam a exatidão da narrativa de Lucas. Por exemplo, com as escavações feitas em Éfeso, desenterrou-se o templo de Ártemis, também o antigo teatro onde os efésios se amotinaram contra o apóstolo Paulo. (Atos 19:27-41) Foram descobertas inscrições que confirmam a exatidão do título empregado por Lucas, “governantes da cidade”, que era usado para as autoridades em Tessalônica. (17:6, 8) Duas inscrições maltesas mostram que Lucas estava também certo em referir-se a Públio como “homem de destaque” de Malta. — 28:7.c
7. Como mostram os discursos assentados por escrito que o relato de Atos é verídico?
7 Outrossim, os diversos discursos feitos por Pedro, Estêvão, Cornélio, Tértulo, Paulo e outros, segundo assentados por escrito por Lucas, são todos diferentes no estilo e na matéria. Até mesmo os discursos que Paulo proferiu perante diferentes audiências mudavam de estilo para se adaptarem à ocasião. Isto indica que Lucas assentou por escrito apenas aquilo que ele próprio ouviu ou o que outras testemunhas oculares lhe contaram. Lucas não foi um escritor de ficção.
8. O que dizem as Escrituras a respeito de Lucas e de sua colaboração com Paulo?
8 Muito pouco se sabe sobre a vida de Lucas. Ele próprio não era apóstolo, mas colaborava com os que o eram. (Luc. 1:1-4) Em três casos o apóstolo Paulo menciona o nome de Lucas. (Col. 4:10, 14; 2 Tim. 4:11; Filêm. 24) Por diversos anos, foi o companheiro constante de Paulo que o chamou de “o médico amado”. A narrativa ora emprega “eles”, ora “nós”, o que indica que Lucas estava com Paulo em Trôade durante a segunda viagem missionária de Paulo, ficando possivelmente em Filipos até Paulo retornar alguns anos mais tarde e então tornando a acompanhar Paulo na sua viagem a Roma para ser julgado. — Atos 16:8, 10; 17:1; 20:4-6; 28:16.
CONTEÚDO DE ATOS
9. Que coisas são ditas aos discípulos na ocasião da ascensão de Jesus?
9 Eventos ocorridos até o Pentecostes (1:1-26). No início deste segundo relato de Lucas, o ressuscitado Jesus diz a seus ansiosos discípulos que eles serão batizados em espírito santo. Será o Reino restaurado neste tempo? Não. Mas receberão poder e tornar-se-ão testemunhas “até à parte mais distante da terra”. Ao Jesus ascender, desaparecendo da vista deles, dois homens vestidos de branco lhes dizem: “Este Jesus, que dentre vós foi acolhido em cima, no céu, virá assim da mesma maneira.” — 1:8, 11.
10. (a) Que coisas memoráveis acontecem no dia de Pentecostes? (b) Que explicação apresenta Pedro, e com que resultado?
10 O memorável dia de Pentecostes (2:1-42). Todos os discípulos estão reunidos em Jerusalém. Subitamente, um ruído semelhante ao dum vento impetuoso enche a casa. Línguas como que de fogo se assentam sobre os que estão presentes. Eles ficam cheios de espírito santo e começam a falar em línguas diferentes sobre “as coisas magníficas de Deus”. (2:11) Os espectadores ficam perplexos. Então Pedro se levanta para falar. Ele explica que este derramamento do espírito é o cumprimento da profecia de Joel (2:28-32) e que Jesus Cristo, agora ressuscitado e enaltecido à destra de Deus, ‘derramou isto que vêem e ouvem’. Estando compungidos, cerca de 3.000 aceitam a palavra e são batizados. — 2:33.
11. Como faz Jeová prosperar a obra de pregação?
11 Expansão do testemunho (2:43-5:42). Jeová continua a ajuntar-lhes diariamente os que estão sendo salvos. Junto ao templo, Pedro e João encontram um homem aleijado que jamais andou na vida. “Em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda!”, ordena Pedro. Imediatamente, o homem começa ‘a andar, e a pular, e a louvar a Deus’. Pedro admoesta então as pessoas a se arrepender e dar meia-volta, “para que venham épocas de refrigério da parte da pessoa de Jeová”. Contrariados por Pedro e João ensinarem a ressurreição de Jesus, os líderes religiosos os prendem, mas as fileiras dos crentes aumentam para cerca de 5.000 homens. — 3:6, 8, 19.
12. (a) Que resposta dão os discípulos, quando se lhes ordena que cessem de pregar? (b) Por que motivo são punidos Ananias e Safira?
12 No dia seguinte, Pedro e João são levados perante os governantes judeus para interrogatório. Pedro testifica intrepidamente que a salvação só vem por meio de Jesus Cristo, e, quando se lhes ordena que cessem sua obra de pregação, tanto Pedro como João replicam: “Se é justo, à vista de Deus, escutar antes a vós do que a Deus, julgai-o vós mesmos. Mas, quanto a nós, não podemos parar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” (4:19, 20) Eles são postos em liberdade, e todos os discípulos continuam a falar a palavra de Deus com denodo. Em virtude das circunstâncias, reúnem os seus bens materiais e fazem distribuições segundo a necessidade. Todavia, um homem chamado Ananias e sua esposa Safira vendem uma propriedade e, ao passo que dão a aparência de terem dado a soma inteira, eles retêm secretamente parte do preço. Pedro os expõe, e eles caem mortos por terem trapaceado a Deus e ao espírito santo.
13. De que são acusados os apóstolos, como replicam e o que continuam a fazer?
13 Os líderes religiosos, enfurecidos, tornam a lançar os apóstolos na prisão, mas, desta vez, o anjo de Jeová os liberta. No dia seguinte, são levados outra vez perante o Sinédrio, sendo acusados de ‘encher Jerusalém com o seu ensino’. Eles replicam: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens.” Embora chibateados e ameaçados, ainda assim se recusam a parar, e ‘cada dia, no templo e de casa em casa, continuam sem cessar a ensinar e a declarar as boas novas a respeito do Cristo, Jesus’. — 5:28, 29, 42.
14. Como chega Estêvão a ser martirizado?
14 O martírio de Estêvão (6:1-8:1a). Estêvão é um dos sete designados pelo espírito santo para distribuir alimento às mesas. Ele dá também poderoso testemunho a respeito da verdade, e tão zeloso é o seu apoio da fé que seus oponentes, enfurecidos, o fazem comparecer perante o Sinédrio sob a acusação de blasfêmia. Na sua defesa, Estêvão fala primeiro da longanimidade de Jeová para com Israel. Daí, com eloqüência destemida, chega ao ponto: ‘Homens obstinados, sempre resistis ao espírito santo, vós, os que recebestes a Lei, conforme transmitida por anjos, mas não a guardastes.’ (7:51-53) Isto é demais para eles! Lançam-se sobre ele, jogam-no fora da cidade e o apedrejam até morrer. Saulo observa com aprovação.
15. O que resulta da perseguição, e que experiências de pregação tem Filipe?
15 As perseguições, a conversão de Saulo (8:1b-9:30). A perseguição que começa naquele dia contra a congregação em Jerusalém dispersa pelo país inteiro a todos, exceto aos apóstolos. Filipe vai para Samaria, onde muitos aceitam a palavra de Deus. Pedro e João são enviados de Jerusalém para lá a fim de tais crentes receberem espírito santo “pela imposição das mãos dos apóstolos”. (8:18) Um anjo manda então Filipe para o sul, para a estrada Jerusalém-Gaza, onde encontra um eunuco da corte real da Etiópia, que, no seu carro, está lendo o livro de Isaías. Filipe lhe esclarece o significado da profecia e o batiza.
16. Como acontece a conversão de Saulo?
16 No ínterim, Saulo, “respirando ainda ameaça e assassínio contra os discípulos do Senhor”, empreende viagem para ir prender os que ‘pertencem ao Caminho’, em Damasco. Repentinamente, reluz em volta dele uma luz vinda do céu, e ele cai por terra, cego. Uma voz do céu lhe diz: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues.” Depois de três dias em Damasco, um discípulo de nome Ananias vem prestar-lhe ajuda. Saulo recupera a vista, é batizado e fica cheio de espírito santo, de modo que se torna um zeloso e habilitado pregador das boas novas. (9:1, 2, 5) Nessa surpreendente reviravolta de acontecimentos, o perseguidor passa a ser o perseguido e tem de fugir para salvar sua vida, primeiro, de Damasco, depois, de Jerusalém.
17. Como chegam as boas novas aos gentios incircuncisos?
17 As boas novas chegam aos gentios incircuncisos (9:31-12:25). A congregação então ‘entra num período de paz, sendo edificada; e, como anda no temor de Jeová e no consolo do espírito santo, continua a multiplicar-se’. (9:31) Em Jope, Pedro ressuscita a querida Tabita (Dorcas), e é ali que recebe a chamada para ir a Cesaréia, onde um oficial do exército, chamado Cornélio, o aguarda. Ele prega a Cornélio e aos de sua casa, e eles crêem, sendo derramado sobre eles o espírito santo. Discernindo que “Deus não é parcial, mas, em cada nação, o homem que o teme e que faz a justiça lhe é aceitável”, Pedro os batiza — são os primeiros gentios incircuncisos a se converter. Pedro explica mais tarde este novo acontecimento aos irmãos em Jerusalém, em vista do que eles glorificam a Deus. — 10:34, 35.
18. (a) O que ocorre a seguir em Antioquia? (b) Que perseguição irrompe, mas atinge seu objetivo?
18 Ao passo que as boas novas continuam a espalhar-se rapidamente, Barnabé e Saulo ensinam um grande número de pessoas em Antioquia, ‘e é primeiro em Antioquia que os discípulos, por providência divina, são chamados cristãos’. (11:26) Torna a irromper a perseguição. Herodes Agripa I manda matar à espada a Tiago, irmão de João. Lança também a Pedro na prisão, mas de novo o anjo de Jeová o liberta. Que fim lamentável do iníquo Herodes! Por não dar glória a Deus, comido de vermes, morre. Em contrapartida, ‘a palavra de Jeová continua a crescer e a se espalhar’. — 12:24.
19. Quão extensiva é a primeira viagem missionária de Paulo, e o que se realiza?
19 Primeira viagem missionária de Paulo, com Barnabé (13:1-14:28).d Barnabé e “Saulo, que é também Paulo”, são escolhidos e enviados de Antioquia pelo espírito santo. (13:9) Na ilha de Chipre, muitos, também o procônsul Sérgio Paulo, se tornam crentes. Na Ásia Menor continental, visitam seis ou mais cidades, e em toda a parte acontece a mesma coisa: vê-se uma distinção entre os que aceitam alegremente as boas novas e os oponentes obstinados que incitam as turbas a atirar pedras nos mensageiros de Jeová. Depois de fazerem designações de anciãos nas recém-formadas congregações, Paulo e Barnabé retornam à Antioquia da Síria.
20. Com que decisão se soluciona a questão da circuncisão?
20 Solução dada à questão da circuncisão (15:1-35). Com a grande afluência de não-judeus, surge a questão quanto a se estes devem ou não ser circuncidados. Paulo e Barnabé levam a questão aos apóstolos e aos anciãos em Jerusalém, onde o discípulo Tiago preside à reunião e providencia enviar a decisão unânime mediante carta formal: “Pareceu bem ao espírito santo e a nós mesmos não vos acrescentar nenhum fardo adicional, exceto as seguintes coisas necessárias: de persistirdes em abster-vos de coisas sacrificadas a ídolos, e de sangue, e de coisas estranguladas, e de fornicação.” (15:28, 29) O encorajamento desta carta faz com que os irmãos em Antioquia se regozijem.
21. (a) Quem se junta a Paulo na sua segunda viagem missionária? (b) Que eventos marcam a visita à Macedônia?
21 Expansão do ministério em resultado da segunda viagem de Paulo (15:36-18:22).e “Depois de alguns dias”, Barnabé e Marcos embarcam rumo a Chipre, ao passo que Paulo e Silas passam pela Síria e Ásia Menor. (15:36) O jovem Timóteo se junta a Paulo em Listra, e prosseguem para Trôade, na costa do mar Egeu. Ali, Paulo vê numa visão um homem que lhe suplica: “Passa à Macedônia e ajuda-nos.” (16:9) Lucas se junta a Paulo e eles tomam um navio para Filipos, a cidade principal da Macedônia, onde Paulo e Silas são lançados na prisão. Isto resulta em o carcereiro tornar-se crente e ser batizado. Ao serem soltos, vão a Tessalônica, e ali os judeus, ficando com ciúmes, incitam a turba contra eles. De modo que os irmãos enviam Paulo e Silas de noite a Beréia. Ali, os judeus mostram ter mentalidade nobre, recebendo a palavra “com o maior anelo mental, examinando cuidadosamente as Escrituras, cada dia”, em busca de confirmação das coisas aprendidas. (17:11) Paulo, deixando Silas e Timóteo nesta nova congregação, assim como havia deixado Lucas em Filipos, continua rumo ao sul, para Atenas.
22. O que resulta do discurso hábil de Paulo no Areópago?
22 Nesta cidade de ídolos, altivos filósofos epicureus e estóicos chamam, com escárnio, a Paulo de “paroleiro” e “publicador de deidades estrangeiras”, e o levam ao Areópago, ou colina de Marte. Com hábil oratória, Paulo argumenta em favor de se buscar o verdadeiro Deus, o “Senhor do céu e da terra”, que garante um julgamento justo por intermédio daquele a quem ressuscitou dentre os mortos. A menção da ressurreição divide a sua assistência, mas alguns se tornam crentes. — 17:18, 24.
23. O que se realiza em Corinto?
23 A seguir, em Corinto, Paulo fica com Áquila e Priscila, trabalhando com eles na profissão de fazer tendas. A oposição à sua pregação o obriga a sair da sinagoga e a realizar as suas reuniões numa casa contígua, no lar de Tício Justo. Crispo, o presidente da sinagoga, torna-se crente. Depois de uma estada de 18 meses em Corinto, Paulo parte com Áquila e Priscila para Éfeso, onde os deixa, e continua a viagem à Antioquia da Síria, completando assim a sua segunda viagem missionária.
24, 25. (a) No tempo em que Paulo começa a sua terceira viagem, o que sucede em Éfeso? (b) Que comoção marca a conclusão da permanência de três anos de Paulo?
24 Paulo revisita as congregações, terceira viagem (18:23-21:26).f Certo judeu de nome Apolo, procedente de Alexandria, Egito, chega a Éfeso e fala intrepidamente na sinagoga a respeito de Jesus, mas Áquila e Priscila notam a necessidade de corrigir o seu ensino antes de ele ir a Corinto. Paulo está agora na sua terceira viagem, e no devido tempo chega a Éfeso. Ao saber que os crentes ali foram batizados com o batismo de João, Paulo lhes explica o batismo em nome de Jesus. Daí, batiza cerca de 12 homens, impõe as mãos sobre eles e estes recebem o espírito santo.
25 Nos três anos em que Paulo fica em Éfeso, ‘a palavra de Jeová continua a crescer e a prevalecer de modo poderoso’, e muitos abandonam a adoração da deusa padroeira da cidade, Ártemis. (19:20) Os fabricantes de santuários de prata, enfurecidos com a idéia de seu negócio correr perigo, criam tal alvoroço na cidade que leva horas para dispersar a turba. Logo depois, Paulo parte para a Macedônia e para a Grécia, visitando a caminho os crentes.
26. (a) Que milagre realiza Paulo em Trôade? (b) Que conselho dá aos superintendentes de Éfeso?
26 Paulo fica três meses na Grécia antes de retornar pela Macedônia, onde Lucas se junta outra vez a ele. Fazem a travessia até Trôade, e ali, enquanto Paulo discursa noite adentro, um rapaz adormece e cai duma janela do terceiro pavimento. É apanhado morto, mas Paulo lhe restaura a vida. No dia seguinte, Paulo e os que o acompanham partem para Mileto, onde, a caminho de Jerusalém, Paulo faz uma parada para se reunir com os anciãos de Éfeso. Ele lhes informa que não mais verão a sua face. Quão urgente é, pois, que assumam a liderança e pastoreiem o rebanho de Deus, ‘entre o qual o espírito santo os designou superintendentes’! Relembra-lhes o exemplo que ele lhes deu, e admoesta-os a permanecer despertos, não se poupando em dar de si mesmos a favor dos irmãos. (20:28) Embora advertido para não pôr os pés em Jerusalém, Paulo não volta atrás. Seus companheiros aquiescem, dizendo: “Realize-se a vontade de Jeová.” (21:14) Há grande regozijo quando Paulo relata a Tiago e aos anciãos a respeito da bênção de Deus sobre seu ministério entre as nações.
27. Como é Paulo recebido no templo?
27 Paulo detido e julgado (21:27-26:32). Quando Paulo aparece no templo em Jerusalém, é recebido com hostilidade. Judeus da Ásia incitam a cidade inteira contra ele, e os soldados romanos o socorrem no momento preciso.
28. (a) Que questão levanta Paulo perante o Sinédrio, e com que resultado? (b) Para onde é então enviado?
28 Qual a razão de todo o tumulto? Quem é este Paulo? Qual é o seu crime? O comandante militar, perplexo, quer respostas. Por causa de sua cidadania romana, Paulo escapa de ser açoitado e é levado perante o Sinédrio. Hum! Um tribunal dividido de fariseus e saduceus! Paulo, por conseguinte, levanta a questão da ressurreição, lançando uns contra os outros. Como a dissensão se torna violenta, os soldados romanos têm de arrancar Paulo do meio do Sinédrio antes que o dilacerem. Acompanhado de uma grande escolta de soldados, ele é enviado secretamente de noite ao Governador Félix, em Cesaréia.
29. Acusado de sedição, que série de julgamentos ou audiências tem Paulo, e que apelo faz ele?
29 Acusado de sedição, Paulo apresenta a Félix a sua defesa com habilidade. Mas Félix retém Paulo, na esperança de receber dinheiro de suborno para o soltar. Passam-se dois anos. Pórcio Festo sucede a Félix como governador, e ordena-se novo julgamento. Outra vez, sérias acusações são feitas, e Paulo torna a declarar a sua inocência. Entretanto, Festo, a fim de ganhar o favor dos judeus, sugere que seja feito mais um julgamento perante ele, em Jerusalém. Contudo, Paulo declara: “Apelo para César!” (25:11) Passa-se mais algum tempo. Por fim, o Rei Herodes Agripa II faz uma visita de cortesia a Festo, e Paulo é levado mais uma vez à sala de audiência. Tão poderoso e convincente é o seu testemunho que Agripa é movido a lhe dizer: “Em pouco tempo me persuadirias a tornar-me cristão.” (26:28) Agripa reconhece igualmente a inocência de Paulo e que poderia ser solto se não tivesse apelado para César.
30. Quais são as experiências da viagem de Paulo até Malta?
30 Paulo vai a Roma (27:1-28:31).g O prisioneiro Paulo e outros são levados de barco para a primeira etapa da viagem a Roma. Os ventos sendo contrários, o progresso é lento. No porto de Mirra, mudam de navio. Ao chegarem a Bons Portos, em Creta, Paulo recomenda que passem o inverno ali, mas a maioria aconselha que viajem. Mal começam a navegar, quando um vento tempestuoso se apodera deles e implacavelmente os põe à deriva. Depois de duas semanas, o barco é por fim despedaçado num banco de areia perto da costa de Malta. Conforme Paulo assegurara, nenhum dos 276 a bordo perde a vida! Os habitantes de Malta mostram extraordinário humanitarismo, e, durante aquele inverno, Paulo cura a muitos dentre eles pelo poder miraculoso do espírito de Deus.
31. Como é acolhido Paulo ao chegar a Roma, e em que se ocupa ali?
31 Na primavera seguinte, Paulo chega a Roma, e os irmãos vão à estrada para o acolher. Ao avistá-los, Paulo ‘agradece a Deus e toma coragem’. Embora ainda prisioneiro, permite-se que Paulo permaneça na sua própria casa alugada com um soldado de guarda. Lucas termina a sua narrativa descrevendo a bondosa acolhida de Paulo a todos os que vão ter com ele, “pregando-lhes o reino de Deus e ensinando com a maior franqueza no falar as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento”. — 28:15, 31.
POR QUE É PROVEITOSO
32. Antes e durante o Pentecostes, como testificou Pedro sobre a autenticidade das Escrituras Hebraicas?
32 O livro de Atos constitui um testemunho em adição aos relatos dos Evangelhos em confirmar a autenticidade e a inspiração das Escrituras Hebraicas. Quando se aproximava o Pentecostes, Pedro citou o cumprimento de duas profecias “que o espírito santo predissera pela boca de Davi a respeito de Judas”. (Atos 1:16, 20; Sal. 69:25; 109:8) Pedro também disse à multidão surpresa no Pentecostes que estavam vendo realmente o cumprimento da profecia: “Isto é o que foi dito por intermédio do profeta Joel.” — Atos 2:16-21; Joel 2:28-32; compare também Atos 2:25-28, 34, 35 com Salmos 16:8-11 e Sal. 110:1.
33. Como mostraram Pedro, Filipe, Tiago e Paulo que as Escrituras Hebraicas são inspiradas?
33 Para convencer outra multidão reunida junto ao templo, Pedro recorreu de novo às Escrituras Hebraicas, primeiro, citando Moisés e, daí, dizendo: “E, de fato, todos os profetas, de Samuel em diante e os em sucessão, tantos quantos falaram, declararam também distintamente estes dias.” Mais tarde, perante o Sinédrio, Pedro citou o Salmo 118:22, demonstrando que Cristo, a pedra que eles rejeitaram, se tornara “a principal do ângulo”. (Atos 3:22-24; 4:11) Filipe explicou ao eunuco etíope como a profecia de Isaías 53:7, 8 havia sido cumprida, e, ao se lhe esclarecer isto, ele pediu humildemente para que fosse batizado. (Atos 8:28-35) Igualmente, falando a Cornélio sobre Jesus, Pedro testificou: “Dele é que todos os profetas dão testemunho.” (10:43) Quando a questão da circuncisão estava sendo debatida, Tiago apoiou a sua decisão, dizendo: “Com isso concordam as palavras dos Profetas, assim como está escrito.” (15:15-18) O apóstolo Paulo recorreu às mesmas autoridades. (26:22; 28:23, 25-27) O fato de os discípulos e seus ouvintes aceitarem prontamente as Escrituras Hebraicas como sendo parte da Palavra de Deus confirma que tais escritos eram considerados inspirados.
34. O que revela Atos concernente à congregação cristã, e é isto de alguma forma diferente hoje?
34 Atos é de grande proveito em mostrar como a congregação cristã foi fundada e como ela cresceu sob o poder do espírito santo. Em toda esta narrativa impressionante, observamos as bênçãos de Deus no sentido de expansão, o denodo e a alegria dos cristãos primitivos, bem como sua posição intransigente em face da perseguição, e a sua voluntariedade em servir, conforme exemplificado pela aceitação de Paulo dos convites de empreender o serviço no estrangeiro e de ir à Macedônia. (4:13, 31; 15:3; 5:28, 29; 8:4; 13:2-4; 16:9, 10) A congregação cristã hoje não é diferente, pois está vinculada em amor, união e interesse comum, ao passo que fala sobre “as coisas magníficas de Deus”, sob a orientação do espírito santo. — 2:11, 17, 45; 4:34, 35; 11:27-30; 12:25.
35. Como mostra Atos de que maneira seria dado o testemunho, e que qualidade no ministério se salienta?
35 O livro de Atos mostra precisamente como deve ser executada a atividade cristã de proclamar o Reino de Deus. O próprio Paulo foi um exemplo, dizendo: “Não me refreei de vos falar coisa alguma que fosse proveitosa, nem de vos ensinar publicamente e de casa em casa.” E acrescenta: “Eu dei cabalmente testemunho.” Este tema de ‘dar cabalmente testemunho’ chama a nossa atenção em todo o livro, e é sublinhado de modo impressionante nos últimos parágrafos, em que ressalta a devoção de todo o coração que Paulo tinha pela pregação e pelo ensino, mesmo sob os laços da prisão, nas seguintes palavras: “E ele lhes explicou o assunto por dar cabalmente testemunho a respeito do reino de Deus e por usar de persuasão para com eles concernente a Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos Profetas, de manhã até à noite.” Tenhamos nós sempre essa mesma sinceridade na nossa atividade do Reino! — 20:20, 21; 28:23; 2:40; 5:42; 26:22.
36. Que conselhos práticos de Paulo se aplicam com força aos superintendentes hoje?
36 O discurso de Paulo aos superintendentes de Éfeso contém muitos conselhos práticos para os superintendentes hoje. Visto que estes foram designados pelo espírito santo, é de suma importância que ‘prestem atenção a si mesmos e a todo o rebanho’, pastoreando as ovelhas ternamente e guardando-as contra os lobos opressivos que procuram destruí-las. Que pesada responsabilidade! Os superintendentes precisam manter-se despertos e edificar-se na palavra da benignidade imerecida de Deus. Ao passo que se esforçam em ajudar os que são fracos, precisam “ter em mente as palavras do Senhor Jesus, quando ele mesmo disse: ‘Há mais felicidade em dar do que há em receber.’” — 20:17-35.
37. Mediante que jeitosa argumentação, no Areópago, fez Paulo entender seu ponto?
37 Os outros discursos de Paulo são igualmente brilhantes, pois expõem de modo claro os princípios da Bíblia. Por exemplo, há a argumentação clássica do seu discurso aos estóicos e aos epicureus no Areópago. Primeiro, ele cita a inscrição do altar: “A um Deus Desconhecido”, e usa isto como motivo para explicar que o único Deus verdadeiro, o Senhor do céu e da terra, que fez de um só homem toda a nação de homens, ‘não está longe de cada um de nós’. Daí, cita as palavras dos poetas deles: “Pois nós também somos progênie dele”, para mostrar quão ridículo é supor que surgiram de ídolos de ouro, de prata ou de pedra, que não têm vida. Paulo estabelece, assim, com tato, a soberania do Deus vivente. É só nas suas palavras concludentes que ele suscita a questão da ressurreição, e, mesmo então, não menciona o nome de Cristo. Ele conseguiu fazer entender o ponto sobre a soberania suprema do único Deus verdadeiro, e, em resultado disso, alguns se tornaram crentes. — 17:22-34.
38. Que bênçãos resultarão da espécie de estudo incentivado em Atos?
38 O livro de Atos incentiva o estudo contínuo e diligente de “toda a Escritura”. Quando Paulo, pela primeira vez, pregou em Beréia, elogiou os judeus ali por serem de ‘mentalidade nobre’, pois “recebiam a palavra com o maior anelo mental, examinando cuidadosamente as Escrituras, cada dia, quanto a se estas coisas eram assim”. (17:11) Hoje, como naquela época, esta ávida pesquisa das Escrituras, em associação com a congregação sobre a qual repousa o espírito de Jeová, resultará em bênçãos na forma de convicção e firme fé. É mediante tal estudo que a pessoa pode chegar a ter uma clara compreensão dos princípios divinos. Há uma excelente declaração de alguns destes princípios em Atos 15:29. Ali, o corpo governante, composto dos apóstolos e de irmãos mais idosos em Jerusalém, deu a conhecer que, embora a circuncisão não fosse exigida do Israel espiritual, havia proibição explícita de idolatria, de sangue e de fornicação.
39. (a) Como foram fortalecidos os discípulos para fazerem face às perseguições? (b) Que testemunho denodado deram eles? Foi eficaz?
39 Aqueles primitivos discípulos estudavam realmente as Escrituras inspiradas, e sabiam citá-las e aplicá-las de acordo com a necessidade. Foram fortalecidos, mediante o conhecimento exato e o espírito de Deus, para fazerem face às perseguições violentas. Pedro e João deram o exemplo para todos os cristãos fiéis, ao dizerem denodadamente aos governantes oponentes: “Se é justo, à vista de Deus, escutar antes a vós do que a Deus, julgai-o vós mesmos. Mas, quanto a nós, não podemos parar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” E, quando levados outra vez perante o Sinédrio, que lhes havia ‘ordenado positivamente’ que não continuassem a ensinar à base do nome de Jesus, disseram inequivocamente: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens.” Esta resposta destemida resultou em excelente testemunho para os governantes, e levou o célebre instrutor da Lei, Gamaliel, a fazer a sua bem-conhecida declaração a favor da liberdade de adoração, o que resultou na soltura dos apóstolos. — 4:19, 20; 5:28, 29, 34, 35, 38, 39.
40. Que incentivo nos dá Atos para darmos testemunho cabal do Reino?
40 O glorioso propósito de Jeová concernente a seu Reino, que permeia a Bíblia inteira como fio de ouro, destaca-se com muita proeminência no livro de Atos. No início, mostra-se Jesus durante os 40 dias antes de sua ascensão, “contando as coisas a respeito do reino de Deus”. Foi em resposta à pergunta dos discípulos a respeito da restauração do Reino que Jesus lhes disse que precisavam primeiro ser Suas testemunhas até à parte mais distante da terra. (1:3, 6, 8) Começando em Jerusalém, os discípulos pregaram o Reino com inabalável intrepidez. As perseguições causaram o apedrejamento de Estêvão e espalharam muitos dos discípulos a novos territórios. (7:59, 60) Informa-se que Filipe declarou “as boas novas do reino de Deus” com muito êxito em Samaria, e que Paulo e seus colaboradores proclamaram “o reino” na Ásia, em Corinto, em Éfeso e em Roma. Todos estes cristãos primitivos deixaram exemplos excelentes de inabalável confiança em Jeová e no Seu espírito sustentador. (8:5, 12; 14:5-7, 21, 22; 18:1, 4; 19:1, 8; 20:25; 28:30, 31) Vendo o inquebrantável zelo e a coragem deles, e notando quão abundantemente Jeová abençoou os esforços deles, temos maravilhoso incentivo também para sermos fiéis em “dar cabalmente testemunho a respeito do reino de Deus”. — 28:23.
[Nota(s) de rodapé]
a St. Paul the Traveller, 1895, página 4.
b Citado na Despertai! (em inglês) de 22 julho de 1947, páginas 22-3; veja também Despertai! de 22 de outubro de 1971, páginas 27-9.
c Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 1, páginas 202, 762-3; Vol. 3, página 236.