Livro bíblico número 46 — 1 Coríntios
Escritor: Paulo
Lugar da Escrita: Éfeso
Escrita Completada: c. 55 EC
1. Que tipo de cidade era Corinto nos dias de Paulo?
CORINTO era “célebre e voluptuosa cidade, onde se defrontavam os vícios do Oriente e do Ocidente”.a Situada no estreito istmo entre o Peloponeso e a Grécia continental, de Corinto saía a via terrestre que conduzia ao continente. Nos dias do apóstolo Paulo, a sua população de cerca de 400.000 só era ultrapassada por Roma, Alexandria e a Antioquia da Síria. Ao leste de Corinto, achava-se o mar Egeu e ao oeste, o golfo de Corinto e o mar Jônico. De modo que Corinto, a capital da província de Acaia, com seus dois portos de Cencréia e de Lecaion, ocupava uma posição estratégica para o comércio. Era também centro da cultura grega. “A sua riqueza”, segundo se diz, “era tão celebrada que se tornou proverbial; da mesma forma o era a depravação e a libertinagem de seus habitantes”.b Entre as suas práticas religiosas pagãs, achava-se a adoração de Afrodite (identificada com a Vênus de Roma). A sensualidade era produto do culto praticado em Corinto.
2. Como foi estabelecida a congregação de Corinto, e, por conseguinte, que vínculo a unia com Paulo?
2 Foi para esta metrópole próspera, mas moralmente decadente do mundo romano, que o apóstolo Paulo viajou perto do ano 50 EC. Durante sua estada de 18 meses estabeleceu-se uma congregação cristã ali. (Atos 18:1-11) Quanto amor sentia Paulo por aqueles crentes a quem levara primeiro as boas novas a respeito de Cristo! Por carta, ele lhes lembrou o vínculo espiritual que os unia, dizendo: “Embora tenhais dez mil tutores em Cristo, certamente não tendes muitos pais; porque eu me tornei vosso pai em Cristo Jesus por intermédio das boas novas.” — 1 Cor. 4:15.
3. O que impeliu Paulo a escrever a sua primeira carta aos coríntios?
3 A profunda preocupação de Paulo pelo bem-estar espiritual deles fez com que se sentisse compelido a escrever a sua primeira carta aos cristãos coríntios, no decorrer de sua terceira viagem missionária. Alguns anos haviam passado desde sua estada em Corinto. Era então cerca de 55 EC, e Paulo se achava em Éfeso. Parece que recebera uma carta da relativamente nova congregação de Corinto, e era preciso dar uma resposta. Além disso, relatos alarmantes haviam chegado a Paulo. (7:1; 1:11; 5:1; 11:18) Tão inquietantes eram estes que o apóstolo nem mesmo se referiu às perguntas da carta deles senão no primeiro versículo do capítulo 7 de sua carta. Foram especialmente esses relatos, que Paulo recebera, que fizeram com que ele se sentisse compelido a escrever a seus concristãos em Corinto.
4. O que prova que foi de Éfeso que Paulo escreveu Primeira Coríntios?
4 Mas, como sabemos que foi de Éfeso que Paulo escreveu Primeira Coríntios? Em primeiro lugar, porque, ao concluir a carta com cumprimentos, o apóstolo inclui os de Áquila e de Prisca (Priscila). (16:19) Atos 18:18, 19 mostra que eles se haviam mudado de Corinto para Éfeso. Visto que Áquila e Priscila residiam ali, e Paulo os incluiu nos cumprimentos finais de Primeira Coríntios, ele devia estar em Éfeso quando escreveu a carta. Um ponto, porém, que não deixa nenhuma dúvida é a declaração de Paulo, em 1 Coríntios 16:8: “Mas, vou permanecer em Éfeso até a festividade de Pentecostes.” Portanto, Primeira Coríntios foi escrita por Paulo em Éfeso, pelo que parece perto do fim de sua estada ali.
5. O que estabelece a autenticidade das cartas aos coríntios?
5 A autenticidade de Primeira Coríntios, também de Segunda Coríntios, é incontestável. Estas cartas foram atribuídas a Paulo e aceitas como canônicas pelos primeiros cristãos, que as incluíram nas suas coleções. Com efeito, diz-se que se faz alusão a Primeira Coríntios que é citada pelo menos seis vezes numa carta de Roma a Corinto, datada de cerca de 95 EC e chamada de Primeira Clemente. Referindo-se pelo que parece a Primeira Coríntios, o escritor instou com os destinatários dessa carta para “aceitarem a epístola do bendito Paulo, o apóstolo”.c Primeira Coríntios é também citada diretamente por Justino Mártir, Atenágoras, Irineu e Tertuliano. Há forte evidência de que um grupo, ou coleção das cartas de Paulo, inclusive Primeira e Segunda Coríntios, “foi formado e publicado na última década do primeiro século”.d
6. Que problemas existiam na congregação coríntia, e qual era especialmente o interesse de Paulo?
6 A primeira carta de Paulo aos coríntios nos dá oportunidade de olhar dentro da própria congregação coríntia. Estes cristãos tinham problemas a enfrentar e questões a resolver. Havia divisões dentro da congregação, porque alguns seguiam a homens. Surgiu um caso chocante de imoralidade sexual. Alguns viviam em lares divididos quanto à religião. Deveriam permanecer com seu cônjuge descrente ou separar-se? E que dizer de comer carne sacrificada a ídolos? Podiam comer de tal carne? Os coríntios precisavam ser aconselhados sobre a maneira de dirigir suas reuniões, incluindo-se a celebração da Refeição Noturna do Senhor. Qual devia ser a posição das mulheres na congregação? Além disso, havia também no meio deles os que negavam a ressurreição. Os problemas eram muitos. O apóstolo estava, porém, especialmente interessado em restabelecer a saúde espiritual dos coríntios.
7. Com que atitude mental devemos considerar Primeira Coríntios, e por quê?
7 Visto que as condições dentro da congregação e o ambiente da antiga Corinto, com sua prosperidade e sua licenciosidade, têm paralelos modernos, os excelentes conselhos de Paulo, escritos sob inspiração divina, exigem nossa atenção. O que Paulo disse é tão cheio de significado para a nossa época que um exame detido de sua primeira carta a seus amados irmãos e irmãs coríntios será realmente proveitoso. Relembre agora o espírito daquele tempo e lugar. Pense com escrutínio, assim como o devem ter feito os cristãos coríntios, ao reexaminarmos as palavras inspiradas, estimulantes e profundas de Paulo a seus concrentes da antiga Corinto.
CONTEÚDO DE PRIMEIRA CORÍNTIOS
8. (a) Como expõe Paulo a tolice do sectarismo na congregação? (b) Segundo mostra Paulo, o que é necessário para alguém entender as coisas de Deus?
8 Paulo expõe o sectarismo e exorta a união (1:1-4:21). Paulo expressa seu desejo de que tudo vá bem com os coríntios. Mas o que dizer das divisões e dissensões entre eles? “O Cristo existe dividido.” (1:13) O apóstolo é grato de ter batizado bem poucos dentre eles, assim, não podem dizer que foram batizados no nome dele. Paulo dá testemunho a respeito de Cristo que foi pregado na estaca. Isto é causa de tropeço para os judeus e tolice para as nações. Mas Deus escolheu as coisas tolas e fracas do mundo para envergonhar os sábios e os fortes. Portanto, Paulo não se dirige aos irmãos com extravagância de linguagem, mas deixa que vejam o espírito e o poder de Deus através de suas palavras, para que a sua fé não seja na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. Falamos as coisas reveladas pelo espírito de Deus, diz Paulo, “pois o espírito pesquisa todas as coisas, até mesmo as coisas profundas de Deus”. O homem físico não pode compreender estas coisas, só o homem espiritual pode. — 2:10.
9. Que argumento usou Paulo para mostrar que ninguém deve jactar-se nos homens?
9 Eles seguem a homens — alguns a Apolo, alguns a Paulo. Mas quem são estes? Apenas ministros por meio dos quais os coríntios se tornaram crentes. Os que plantam e os que regam não são nada, pois ‘Deus faz crescer’, e eles são “colaboradores” de Deus. A prova de fogo revelará quem tem obras que são duráveis. Paulo lhes diz: “Vós sois templo de Deus”, em quem mora Seu espírito. “A sabedoria deste mundo é tolice perante Deus.” Que ninguém, portanto, se jacte nos homens, pois todas as coisas pertencem realmente a Deus. — 3:6, 9, 16, 19.
10. Por que não têm os coríntios motivo para se jactar, e que medidas toma Paulo para remediar a situação?
10 Paulo e Apolo são mordomos humildes dos segredos sagrados de Deus, e os mordomos devem ser achados fiéis. Quem são os irmãos de Corinto para se jactar, e o que têm que não tenham recebido? Tornaram-se ricos, começaram a reinar, e se tornaram tão discretos e fortes, ao passo que os apóstolos, que se tornaram espetáculo teatral tanto para anjos como para homens, são, contudo, tolos e fracos, a escória de todas as coisas? Paulo lhes envia Timóteo para ajudá-los a se lembrarem dos seus métodos em conexão com Cristo e a se tornarem imitadores dele. Se Jeová quiser, o próprio Paulo irá em breve visitá-los e chegará a conhecer, não meramente a palavra dos que estão enfunados de orgulho, mas o seu poder.
11. Que caso de imoralidade surgiu entre eles, o que precisa ser feito a respeito, e por quê?
11 Conservar limpa a congregação (5:1-6:20). Relatou-se entre os coríntios um caso chocante de imoralidade! Um homem tomou a esposa de seu pai. Ele precisa ser entregue a Satanás, porque um pouco de fermento leveda toda a massa. Eles precisam deixar de se associar com alguém que diz ser irmão, mas é iníquo.
12. (a) Que argumenta Paulo sobre a questão de irmãos levarem uns aos outros perante os tribunais? (b) Por que diz Paulo: “Fugi da fornicação”?
12 Ora! os coríntios até mesmo têm levado uns aos outros perante tribunais. Não seria preferível deixarem-se defraudar? Visto que julgarão o mundo e os anjos, não podem encontrar alguém dentre eles capaz de julgar entre irmãos? Ademais, precisam ser limpos, pois os fornicadores, os idólatras e os semelhantes a estes não herdarão o Reino de Deus. É o que alguns deles eram, mas foram lavados e santificados. “Fugi da fornicação”, diz Paulo. “Pois fostes comprados por um preço. Acima de tudo, glorificai a Deus no corpo de vós em conjunto.” — 6:18, 20.
13. (a) Por que aconselha Paulo a alguns que se casem? Mas, uma vez casados, o que devem fazer? (b) Em que sentido ‘faz melhor’ a pessoa que não se casa?
13 Conselhos sobre o estado de solteiro e sobre casamento (7:1-40). Paulo responde a uma pergunta sobre casamento. Por causa da prevalência da fornicação, é talvez aconselhável que o homem ou a mulher se casem, e os que são casados não devem privar o cônjuge dos direitos maritais. É bom que as pessoas não-casadas e viúvas permaneçam sem se casar, como Paulo; mas, se não têm autodomínio, que se casem. Uma vez casados, devem permanecer juntos. Mesmo que o cônjuge da pessoa seja descrente, o crente não deve separar-se, pois assim o crente poderá salvar o cônjuge descrente. Quanto à circuncisão e escravidão, que cada um se contente em permanecer no estado em que estava quando foi chamado. Quanto à pessoa casada, ela está dividida, porque deseja ganhar a aprovação de seu cônjuge, ao passo que a pessoa solteira está ansiosa apenas pelas coisas do Senhor. Os que se casam não pecam, mas os que não se casam fazem “melhor”. — 7:38.
14. Que diz Paulo sobre “deuses” e “senhores”, mas, quando é prudente abster-se de alimento oferecido a ídolos?
14 Fazer todas as coisas pelas boas novas (8:1-9:27). Que dizer dos alimentos oferecidos aos ídolos? Um ídolo não é nada! Há muitos “deuses” e muitos “senhores” no mundo, mas para o cristão há “um só Deus, o Pai”, e “um só Senhor, Jesus Cristo”. (8:5, 6) Contudo, para alguns poderá ser causa de ofensa ver alguém comer carne sacrificada a um ídolo. Nesse caso, Paulo aconselha a pessoa a se abster de tal alimento, para não causar tropeço a seus irmãos.
15. Como se comporta Paulo no ministério?
15 Paulo priva-se de muitas coisas por causa do ministério. Na qualidade de apóstolo, ele tem o direito de ‘viver por meio das boas novas’, mas evita fazer isso. Todavia, é-lhe imposta a necessidade de pregar; com efeito, ele diz: “Ai de mim se eu não declarasse as boas novas!” Assim, ele fez de si mesmo escravo de todos, tornando-se “todas as coisas para pessoas de toda sorte”, para “de todos os modos salvar alguns”, e faz todas as coisas “pela causa das boas novas”. A fim de vencer na competição e ganhar a coroa incorruptível, ele surra seu corpo, para que, depois de ter pregado a outros, ele próprio “não venha a ser de algum modo reprovado”. — 9:14, 16, 19, 22, 23, 27.
16. (a) De que advertência deve servir para os cristãos o que aconteceu com os “antepassados”? (b) Com relação à idolatria, como podem os cristãos fazer todas as coisas para a glória de Deus?
16 Advertência contra coisas prejudiciais (10:1-33). Que dizer de seus “antepassados”? Eles estiveram debaixo da nuvem e foram batizados em Moisés. A maioria deles não obtiveram a aprovação de Deus, mas pereceram no ermo. Por quê? Porque desejavam coisas prejudiciais. Os cristãos devem dar-se por avisados com isto e abster-se da idolatria e da fornicação, de pôr Jeová a prova e de resmungar. Quem pensa estar de pé acautele-se para que não caia. As tentações surgirão, mas Deus não permitirá que seus servos sejam tentados além daquilo que podem suportar; proverá uma saída, para que possam suportar. “Portanto”, escreve Paulo, “fugi da idolatria”. (10:1, 14) Não podemos participar da mesa de Jeová e da mesa dos demônios. Entretanto, se estiver comendo em certa casa, não pergunte sobre a procedência da carne. Se alguém lhe disser que essa carne foi sacrificada a ídolos, então, abstenha-se de comer por causa da consciência dessa pessoa. “Fazei todas as coisas para a glória de Deus”, escreve Paulo. — 10:31.
17. (a) Que princípio de chefia delineia Paulo? (b) Como estabelece ele uma relação entre a divisão na congregação com a consideração sobre a Refeição Noturna do Senhor?
17 Chefia; a Refeição Noturna do Senhor (11:1-34). “Tornai-vos meus imitadores, assim como eu sou de Cristo”, declara Paulo, e passa a esclarecer o princípio divino da chefia: A cabeça da mulher é o homem, a cabeça do homem é Cristo, a cabeça de Cristo é Deus. Por conseguinte, a mulher deve usar “um sinal de autoridade” sobre a cabeça quando ora ou profetiza na congregação. Paulo não congratula os coríntios, pois, quando se reúnem, existem divisões entre eles. Nessas condições, como podem participar corretamente da Refeição Noturna do Senhor? Ele fala sobre o que se passou quando Jesus instituiu a Comemoração de sua morte. Cada um deve examinar a si mesmo antes de participar, a fim de não trazer julgamento contra si próprio por não discernir “o corpo”. — 11:1, 10, 29.
18. (a) Embora haja variedades de dons e de ministérios, por que não deve haver divisão no corpo? (b) Por que é o amor preeminente?
18 Dons espirituais; amor e o empenho por ele (12:1-14:40). Há variedades de dons espirituais, contudo o mesmo espírito; há variedades de ministérios e de operações, contudo o mesmo Senhor e o mesmo Deus. Da mesma forma, há muitos membros no um só corpo unido de Cristo, cada membro necessitando do outro, como no corpo humano. Deus colocou todos os membros no corpo segundo o Seu agrado, e cada um deles tem a sua função a desempenhar, para ‘que não haja divisão no corpo’. (12:25) Os que usam seus dons espirituais nada são sem o amor. O amor é longânime e benigno, não é ciumento, não se enfuna. Alegra-se só com a verdade. “O amor nunca falha.” (13:8) Os dons espirituais, como os de profetizar e de línguas, cessarão, mas a fé, a esperança e o amor permanecem. O maior destes é o amor.
19. Que conselho dá Paulo para a edificação da congregação, e para o arranjo ordeiro das coisas?
19 “Empenhai-vos pelo amor”, admoesta Paulo. Os dons espirituais devem ser usados com amor, para a edificação da congregação. Por este motivo, é preferível profetizar a falar em línguas. Ele prefere dizer cinco palavras com entendimento, para instruir os outros, a dez mil palavras numa língua desconhecida. As línguas servem de sinal para os descrentes, mas o profetizar é para os crentes. Não devem ser “criancinhas” no entendimento dessas coisas. Quanto às mulheres, devem estar em sujeição na congregação. “Que todas as coisas ocorram decentemente e por arranjo.” — 14:1, 20, 40.
20. (a) Que evidência apresenta Paulo quanto à ressurreição de Cristo? (b) Qual é a ordem da ressurreição, e que inimigos serão aniquilados?
20 A esperança da ressurreição é certa (15:1-16:24). O Cristo ressuscitado apareceu a Cefas, aos 12, a mais de 500 irmãos a um só tempo, a Tiago, a todos os apóstolos e, por último, a Paulo. ‘Se Cristo não foi levantado’, escreve Paulo, ‘a nossa pregação e a nossa fé são vãs’. (15:14) Cada um é ressuscitado na sua própria ordem: Cristo, as primícias, depois disto os que pertencem a ele durante a sua presença. Por fim, ele entrega o Reino a seu Pai, depois de todos os inimigos terem sido postos debaixo de seus pés. Mesmo a morte, o último inimigo, será reduzida a nada. Que adianta Paulo enfrentar continuamente perigos de morte, se não há ressurreição?
21. (a) Como são ressuscitados os que hão de herdar o Reino de Deus? (b) Que segredo sagrado revela Paulo, e o que diz ele a respeito da vitória sobre a morte?
21 Entretanto, como serão ressuscitados os mortos? O grão semeado precisa morrer para que a planta se desenvolva. Assim se dá com a ressurreição dos mortos. “Semeia-se corpo físico, é levantado corpo espiritual. . . . Carne e sangue não podem herdar o reino de Deus.” (15:44, 50) Paulo revela um segredo sagrado: Nem todos adormecerão na morte, mas, durante a última trombeta, serão mudados num piscar de olhos. Quando isto que é mortal se revestir da imortalidade, a morte será tragada para sempre. “Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão?” Do fundo do coração Paulo exclama: “Graças a Deus, porém, pois ele nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo!” — 15:55, 57.
22. Que conselhos e exortações finais dá Paulo?
22 Em conclusão, Paulo dá conselhos sobre a maneira ordeira de ajuntar as contribuições a serem enviadas para Jerusalém, a fim de ajudar os irmãos necessitados. Ele fala de sua próxima visita a eles, via Macedônia, e indica que talvez Timóteo e Apolo também os visitem. “Ficai despertos”, exorta Paulo. “Mantende-vos firmes na fé, procedei como homens, tornai-vos poderosos. Que todos os vossos assuntos se realizem com amor.” (16:13, 14) Paulo transmite os cumprimentos das congregações da Ásia, e termina com cumprimento escrito pela sua própria mão, em que expressa o seu amor.
POR QUE É PROVEITOSO
23. (a) Por meio de que exemplo demonstra Paulo as terríveis conseqüências dos desejos errados e da auto-confiança? (b) A que autoridade se refere Paulo ao aconselhar sobre a Refeição Noturna do Senhor e os alimentos apropriados?
23 Esta carta do apóstolo Paulo é de muito proveito, pois nos faz compreender melhor as Escrituras Hebraicas, que ele cita muitas vezes. No capítulo dez, Paulo frisa que os israelitas, sob a direção de Moisés, beberam da rocha espiritual, que representava a Cristo. (1 Cor. 10:4; Núm. 20:11) Em seguida, ele passa a mostrar as terríveis conseqüências do desejo de coisas prejudiciais, como atesta o caso dos israelitas, sob a direção de Moisés, e acrescenta: “Ora, estas coisas lhes aconteciam como exemplos e foram escritas como aviso para nós, para quem já chegaram os fins dos sistemas de coisas.” Jamais sejamos auto-confiantes, pensando que não podemos cair! (1 Cor. 10:11, 12; Núm. 14:2; 21:5; 25:9) De novo ele usa uma ilustração da Lei. Refere-se aos sacrifícios de comunhão oferecidos em Israel, a fim de mostrar que os que participam da Refeição Noturna do Senhor devem fazer isso de modo digno da mesa de Jeová. Daí, para confirmar seu argumento de que é correto comer tudo o que se vende no açougue, ele cita Salmo 24:1, dizendo: “A Jeová pertence a terra e o que a enche.” — 1 Cor. 10:18, 21, 26; Êxo. 32:6; Lev. 7:11-15.
24. Que outras passagens das Escrituras Hebraicas cita Paulo para apoiar sua argumentação?
24 Mostrando a superioridade das “coisas que Deus tem preparado para os que o amam” e a futilidade dos “raciocínios dos sábios” deste mundo, Paulo de novo cita das Escrituras Hebraicas. (1 Cor. 2:9; 3:20; Isa. 64:4; Sal. 94:11) Nas suas instruções, no capítulo 5, sobre desassociar o malfeitor, ele cita como autoridade a lei de Jeová que diz “Tens de eliminar o mal do teu meio”. (Deut. 17:7) Quando Paulo diz que teria direito de viver por meio do ministério, cita de novo a Lei de Moisés, que prescrevia que os animais não deviam ser açaimados quando estivessem trabalhando, impedindo-os de comer, e que os levitas que serviam no templo deviam receber do altar a sua porção. — 1 Cor. 9:8-14; Deut. 25:4; 18:1.
25. Quais são alguns dos pontos notáveis de instrução proveitosa contidos em Primeira Coríntios?
25 Quantos benefícios recebemos em forma de instruções inspiradas encerradas na primeira carta de Paulo aos cristãos coríntios! Medite nos conselhos dados para nos precaver das divisões e de seguir a homens. (Capítulos 1-4) Lembre-se do caso de imoralidade e de como Paulo sublinhou a necessidade da virtude e da pureza que devem existir na congregação. (Capítulos 5, 6) Considere os seus conselhos inspirados sobre ficar sem se casar, sobre casamento e separação. (Capítulo 7) Pense em como o apóstolo tratou a questão dos alimentos oferecidos a ídolos, e com que força sublinhou a necessidade de nos resguardarmos de fazer outros tropeçar e cair na idolatria. (Capítulos 8-10) Os conselhos sobre a sujeição correta, a consideração sobre os dons espirituais, a bem prática consideração sobre a excelência da qualidade duradoura do amor que nunca falha — estas coisas também são analisadas. E quão bem o apóstolo acentuou a necessidade de ordem nas reuniões cristãs! (Capítulos 11-14) Que maravilhosa defesa da ressurreição escreveu ele sob inspiração! (Capítulo 15) Tudo isto e muito mais passou diante dos olhos da mente — e é tão valioso para os cristãos hoje em dia!
26. (a) Que obra há muito predita realizará o ressuscitado Cristo ao reinar? (b) Com base na esperança da ressurreição, que poderoso encorajamento dá Paulo?
26 Esta carta aumenta notavelmente o nosso entendimento do glorioso tema da Bíblia, a saber, o Reino de Deus. Dá forte aviso de que os injustos não entrarão no Reino, e alista muitas das práticas corruptas que desqualificam uma pessoa. (1 Cor. 6:9, 10) Mas é de máxima importância a explicação que ela fornece a respeito da relação existente entre a ressurreição e o Reino de Deus. Mostra que Cristo, “as primícias” da ressurreição, tem de “reinar até que Deus lhe tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés”. Daí, quando tiver exterminado a todos os inimigos, incluindo a morte, ele ‘entregará o reino ao seu Deus e Pai, para que Deus seja todas as coisas para com todos’. Por fim, em cumprimento da promessa do Reino feita no Éden, o completo esmagamento da cabeça da Serpente será efetuado por Cristo, junto com Seus ressuscitados irmãos espirituais. É, deveras, grandiosa a perspectiva da ressurreição dos que hão de participar da incorruptibilidade com Cristo Jesus no Reino celestial. É com base na esperança da ressurreição que Paulo admoesta: “Conseqüentemente, meus amados irmãos, tornai-vos constantes, inabaláveis, tendo sempre bastante para fazer na obra do Senhor, sabendo que o vosso labor não é em vão em conexão com o Senhor.” — 1 Cor. 15:20-28, 58; Gên. 3:15; Rom. 16:20.
[Nota(s) de rodapé]
a Manual Bíblico, 1987, H. H. Halley, página 523.
b Dictionary of the Bible, de Smith, 1863, Vol. 1, página 353.
c The Interpreter’s Bible, Vol. 10, 1953, página 13.
d The Interpreter’s Bible, Vol. 9, 1954, página 356.