Livro bíblico número 26 — Ezequiel
Escritor: Ezequiel
Lugar da Escrita: Babilônia
Escrita Completada: c. 591 AEC
Tempo Abrangido: 613–c. 591 AEC
1. Quais eram as circunstâncias dos exilados em Babilônia, e que novas provações enfrentaram?
NO ANO 617 AEC, Joaquim, rei de Judá, entregou Jerusalém a Nabucodonosor, que levou para Babilônia as pessoas preeminentes do país e os tesouros da casa de Jeová e da casa do rei. Entre os cativos se achavam a família do rei e os príncipes; os valentes, poderosos; os artífices e construtores; e Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote. (2 Reis 24:11-17; Eze. 1:1-3) Pesarosos, estes israelitas exilados haviam completado a sua cansativa jornada, de uma terra de colinas, fontes e vales para uma de vastas planícies. Moravam então junto ao rio Quebar, no meio dum poderoso império, cercados de um povo de costumes estranhos e de adoração pagã. Nabucodonosor permitiu que os israelitas tivessem as suas próprias casas, servos, e que praticassem o comércio. (Eze. 8:1; Jer. 29:5-7; Esd. 2:65) Se fossem diligentes, poderiam prosperar. Cairiam nos laços da religião e do materialismo babilônicos? Continuariam rebeldes contra Jeová? Aceitariam o seu exílio como disciplina procedente dele? Haviam de enfrentar novas provações na terra de seu exílio.
2. (a) Que três profetas se destacaram nos anos críticos antes da destruição de Jerusalém? (b) Significativamente, com que expressão se dirige a Ezequiel, e o que significa seu nome? (c) Durante que anos profetizou Ezequiel, e o que se sabe sobre a vida e a morte dele?
2 Durante esses anos críticos que culminaram na destruição de Jerusalém, Jeová não privou a si nem aos israelitas dos serviços de um profeta. Jeremias atuava na própria Jerusalém, Daniel na corte de Babilônia e Ezequiel era o profeta para os exilados judeus em Babilônia. Ezequiel era tanto sacerdote como profeta, distinção que gozava também Jeremias e, mais tarde, Zacarias. (Eze. 1:3) Do começo ao fim de seu livro dirige-se mais de 90 vezes a ele como “filho do homem”, um ponto importante quando se estuda a sua profecia, porque, nas Escrituras Gregas, Jesus também é chamado de “Filho do homem” cerca de 80 vezes. (Eze. 2:1; Mat. 8:20) Seu nome Ezequiel (hebraico, Yehhez·qéʼl) significa “Deus Fortalece”. Foi no quinto ano do exílio de Joaquim, em 613 AEC, que Ezequiel foi comissionado por Jeová qual profeta. Lemos que ainda estava ativo no seu trabalho no 27.º ano do exílio, 22 anos mais tarde. (Eze. 1:1, 2; 29:17) Ele era casado, mas a esposa morreu no dia em que Nabucodonosor começou o seu cerco final de Jerusalém. (24:2, 18) A data e a maneira de sua própria morte são desconhecidas.
3. O que se pode dizer quanto a ser Ezequiel o escritor, bem como quanto à canonicidade e autenticidade do livro?
3 Que Ezequiel realmente escreveu o livro que leva seu nome, e que este ocupa um lugar legítimo no cânon da Escritura não é contestado. Estava incluído no cânon nos dias de Esdras e aparece nos catálogos dos primitivos tempos cristãos, notadamente no cânon de Orígenes. A sua autenticidade é também atestada pela notável similaridade entre os seus simbolismos e os de Jeremias e de Revelação. — Eze. 24:2-12—Jer. 1:13-15; Eze. 23:1-49—Jer. 3:6-11; Eze. 18:2-4—Jer. 31:29, 30; Eze. 1:5, 10—Rev. 4:6, 7; Eze. 5:17—Rev. 6:8; Eze. 9:4—Rev. 7:3; Eze. 2:9; 3:1—Rev. 10:2, 8-10; Eze. 23:22, 25, 26—Rev. 17:16; 18:8; Eze. 27:30, 36—Rev. 18:9, 17-19; Eze. 37:27—Rev. 21:3; Eze. 48:30-34—Rev. 21:12, 13; Eze. 47:1, 7, 12—Rev. 22:1, 2.
4. Que cumprimento dramático tiveram as profecias de Ezequiel?
4 Prova adicional de autenticidade encontra-se no dramático cumprimento das profecias de Ezequiel contra nações vizinhas, como Tiro, Egito e Edom. Por exemplo, Ezequiel profetizou que Tiro seria devastada, e isso se cumpriu em parte quando Nabucodonosor tomou a cidade depois de um sítio de 13 anos. (Eze. 26:2-21) Este conflito não significou o fim completo de Tiro. Contudo, o julgamento de Jeová era que Tiro fosse totalmente destruída. Ele predissera por intermédio de Ezequiel: “Vou raspar dela o seu pó e fazer dela a lustrosa superfície escalvada dum rochedo. . . . As tuas pedras, e o teu madeiramento, e o teu pó colocarão no próprio meio da água.” (26:4, 12) Tudo isto se cumpriu mais de 250 anos mais tarde, quando Alexandre Magno investiu contra a cidade-ilha de Tiro. Os soldados de Alexandre recolheram todos os entulhos da cidade continental reduzida a ruínas e os lançaram no mar, construindo assim um caminho de acesso à cidade-ilha, de 800 metros. Daí, mediante uma intricada operação de cerco, escalaram as muralhas de 46 metros de altura para tomar a cidade, em 332 AEC. Milhares foram mortos e muitos foram vendidos como escravos. Segundo Ezequiel também predissera, Tiro se tornou a ‘superfície escalvada dum rochedo e um enxugadouro de redes de arrasto’. (26:14)a No outro lado da Terra Prometida, os traiçoeiros edomitas foram também aniquilados, em cumprimento da profecia de Ezequiel. (25:12, 13; 35:2-9)b E, naturalmente, as profecias de Ezequiel sobre a destruição de Jerusalém e a restauração de Israel também mostraram ser exatas. — 17:12-21; 36:7-14.
5. Como reagiram os judeus às profecias iniciais de Ezequiel?
5 Ezequiel proclamou, nos primeiros anos de sua carreira profética, os julgamentos certos de Deus contra a Jerusalém infiel e advertiu os exilados contra a idolatria. (14:1-8; 17:12-21) Os judeus cativos não mostravam genuínos sinais de arrependimento. Os homens responsáveis entre eles costumavam consultar Ezequiel, mas não davam atenção às mensagens de Jeová que ele lhes transmitia. Prosseguiam com a sua idolatria e práticas materialistas. A perda de seu templo, de sua cidade santa e de sua dinastia de reis lhes foi um terrível choque, mas isto só despertou uns poucos para se humilhar e arrepender. — Sal. 137:1-9.
6. A que deram ênfase as profecias posteriores de Ezequiel, e como é frisada a santificação do nome de Jeová?
6 As profecias de Ezequiel, nos anos posteriores, frisaram a esperança de restauração. Censuraram as nações vizinhas de Judá por terem exultado com a sua queda. A própria humilhação delas, juntamente com a restauração de Israel, santificaria a Jeová perante seus olhos. Em suma, o propósito do cativeiro e da restauração era: ‘Tanto judeus como pessoas das nações terão de saber que eu sou Jeová.’ (Eze. 39:7, 22) Esta santificação do nome de Jeová é frisada do começo ao fim do livro, havendo ali pelo menos 60 ocorrências da expressão: “Tereis [ou, terão] de saber que eu sou Jeová.” — 6:7, nota.
CONTEÚDO DE EZEQUIEL
7. Em que três partes naturais pode-se dividir o livro de Ezequiel?
7 O livro divide-se de forma natural em três partes. A primeira, capítulos 1 a 24, contém avisos da destruição certa de Jerusalém. A segunda, capítulos 25 a 32, contém profecias de condenação para diversas nações pagãs. A última, capítulos 33 a 48, consiste em profecias de restauração, culminando na visão de um novo templo e uma nova cidade santa. De modo geral, as profecias estão em ordem cronológica, bem como de tópicos.
8. O que vê Ezequiel na sua visão inicial?
8 Jeová comissiona Ezequiel como vigia (1:1–3:27). Na sua visão inicial, em 613 AEC, Ezequiel nota um vento violento, do norte, junto com uma massa de nuvens e um fogo cintilante. De dentro dele saem quatro criaturas viventes, aladas, com rostos de homem, de leão, de touro e de águia. Seu aspecto é de brasas ardentes, e cada qual é acompanhada, como que de uma roda no meio de outra roda de temível altura, com cambotas cheias de olhos. Locomovem-se em qualquer direção em constante unidade. Sobre a cabeça das criaturas viventes há uma semelhança de expansão, e acima da expansão, um trono no qual está “o aspecto da semelhança da glória de Jeová”. — 1:28.
9. O que está envolvido na comissão de Ezequiel?
9 Jeová diz ao prostrado Ezequiel: “Filho do homem, põe-te de pé.” Daí o comissiona a ser profeta para Israel e para as nações rebeldes circunvizinhas. Não importa que escutem ou deixem de escutar. Pelo menos, saberão que houve um profeta do Senhor Jeová no meio deles. Jeová faz que Ezequiel coma o rolo de um livro, que se torna doce como mel em sua boca. Ele lhe diz: “Filho do homem, constituí-te vigia para a casa de Israel.” (2:1; 3:17) Ezequiel tem de dar fielmente o aviso, senão, morrerá.
10. Que sinal para Israel encena Ezequiel?
10 Encenando o sítio de Jerusalém (4:1–7:27). Jeová ordena a Ezequiel que grave num tijolo um esboço de Jerusalém. Ele tem de encenar um suposto cerco contra ela como sinal para Israel. Para frisar o ponto, ele tem de se deitar diante do tijolo 390 dias sobre o seu lado esquerdo e 40 dias sobre o seu lado direito, subsistindo ao mesmo tempo de parco regime alimentar. Que Ezequiel realmente faz a encenação é indicado pela sua solicitação lamentosa a Jeová para mudar de combustível para cozer. — 4:9-15.
11. (a) Como retrata Ezequiel o fim calamitoso do cerco? (b) Por que não haverá alívio?
11 Jeová faz com que Ezequiel retrate o fim calamitoso do sítio, rapando a cabeça e a barba. Uma terça parte disso tem de queimar, uma terça parte picar com uma espada e uma terça parte espalhar ao vento. Assim, no fim do sítio, alguns dos habitantes de Jerusalém morrerão pela fome, pela pestilência e pela espada, e o restante será espalhado entre as nações. Jeová fará dela uma devastação. Por quê? Por causa da ofensividade de sua depravada e detestável idolatria. A riqueza não trará alívio. No dia da fúria de Jeová o povo de Jerusalém lançará sua prata nas ruas “e terão de saber que eu sou Jeová”. — 7:27.
12. Que coisas detestáveis são vistas por Ezequiel na sua visão sobre a Jerusalém apóstata?
12 A visão de Ezequiel sobre a Jerusalém apóstata (8:1–11:25). É então o ano 612 AEC. Ezequiel é transportado numa visão à distante Jerusalém, onde vê as coisas detestáveis que sucedem no templo de Jeová. Há no pátio um símbolo repugnante que incita Jeová ao ciúme. Cavando através da parede, Ezequiel vê 70 anciãos adorando diante de representações, esculpidas na parede, de animais repugnantes e ídolos sórdidos. Desculpam-se, dizendo: “Jeová não nos vê. Jeová deixou o país.” (8:12) No portão norte, mulheres choram o deus pagão Tamuz. Mas, isto não é tudo! Na própria entrada do templo há 25 homens, de costas para o templo, adorando o sol. Estão profanando a Jeová na sua própria face, e ele certamente agirá em seu furor!
13. Que ordens executam o homem vestido de linho e os seis homens com armas?
13 Eis que surgem então seis homens com armas maçadoras nas mãos. Entre eles se acha um sétimo, vestido de linho, portando um tinteiro de secretário. Jeová ordena a este homem vestido de linho que passe no meio da cidade e ponha um sinal na testa dos homens que suspiram e gemem por causa das coisas detestáveis que se praticam na cidade. A seguir, ordena aos seis homens que avancem e matem a todos, “o idoso, o jovem, e a virgem, e a criancinha e as mulheres”, em quem não haja sinal. Eles assim o fazem, começando com os homens idosos que estavam diante da casa. O homem vestido de linho relata: “Fiz exatamente como me ordenaste.” — 9:6, 11.
14. O que a visão mostra, por fim, quanto à glória de Jeová e seus julgamentos?
14 Ezequiel vê outra vez a glória de Jeová, que sobe acima dos querubins. Um querubim atira brasas ardentes do meio da rodagem, e o homem vestido de linho as apanha e espalha-as sobre a cidade. Quanto aos dispersos de Israel, Jeová promete ajuntá-los outra vez e dar-lhes um novo alento. Mas, que dizer desses iníquos adoradores falsos de Jerusalém? “Hei de trazer seu próprio procedimento sobre a sua cabeça”, diz Jeová. (11:21) A glória de Jeová é vista ascendendo por cima da cidade, e Ezequiel passa a contar a visão aos exilados.
15. Mediante que ilustração adicional mostra Ezequiel a certeza de que os habitantes de Jerusalém irão ao cativeiro?
15 Profecias adicionais em Babilônia relativas a Jerusalém (12:1–19:14). Ezequiel se torna o ator em mais uma cena simbólica. Durante o dia, ele tira de sua casa a sua bagagem para o exílio, e daí, à noite, passa por um buraco na parede (provavelmente a parede de sua residência) com o rosto encoberto. Ele explica que isto é um portento: “Irão para o exílio, para o cativeiro.” (12:11) Estúpidos profetas esses que andam segundo o seu próprio espírito! Clamam: “Há paz!”, quando não há paz. (13:10) Mesmo que Noé, Daniel e Jó estivessem em Jerusalém, não poderiam salvar a nenhuma alma senão a si próprios.
16. De que modo se retrata a imprestabilidade de Jerusalém, mas por que haverá uma restauração?
16 A cidade é semelhante a uma videira imprestável. A madeira não serve para fazer estacas, nem mesmo tarugos! Ambas as extremidades são queimadas e o meio também fica abrasado — imprestável! Quão sem fé e imprestável se tornou Jerusalém! Tendo nascido da terra dos cananeus, Jeová a recolheu como bebê abandonado. Ele a criou e entrou num pacto de casamento com ela. Deixou-a bonita, “habilitada para a posição régia”. (16:13) Mas ela se tornou prostituta, voltando-se para as nações, ao passarem por ela. Adorou as imagens destas e queimou seus próprios filhos no fogo. O fim dela será a destruição às mãos dessas mesmas nações, seus amantes. Ela é pior do que suas irmãs Sodoma e Samaria. Mesmo assim, Jeová, o Deus misericordioso, fará expiação por ela e a restaurará segundo o seu pacto.
17. O que mostra Jeová mediante o enigma da águia e da videira?
17 Jeová propõe ao profeta um enigma e daí relata a interpretação. O enigma ilustra a futilidade de Jerusalém voltar-se para o Egito em busca de ajuda. Vem uma grande águia (Nabucodonosor) e arranca o topo (Joaquim) de um altaneiro cedro, trazendo-o a Babilônia, e planta em seu lugar uma videira (Zedequias). A videira estende seus ramos para outra águia, o Egito, mas, será bem sucedida? É arrancada pelas raízes! O próprio Jeová tomará um tenro rebento da altaneira copa do cedro e transplantá-lo-á para um monte alto e elevado. Ali ele tornar-se-á um majestoso cedro como lugar de residência para “todas as aves de toda asa”. Todos terão de saber que Jeová é quem fez isso. — 17:23, 24.
18. (a) Que princípios declara Jeová ao repreender os judeus exilados? (b) Que julgamento aguarda os reis de Judá?
18 Jeová repreende os exilados judeus por causa de sua expressão proverbial: “Os pais é que comem as uvas verdes, mas são os dentes dos filhos que ficam embotados.” Não, “a alma que pecar — ela é que morrerá”. (18:2, 4) Os justos continuarão a viver. Jeová não se agrada na morte dos iníquos. O seu agrado é ver o iníquo desviar-se de seus caminhos maus e viver. Quanto aos reis de Judá, semelhantes a leõzinhos novos, foram enlaçados pelo Egito e pela Babilônia. Não se ouvirá mais “a sua voz nos montes de Israel”. — 19:9.
19. (a) Contra um fundo de ruína, que esperança dá a conhecer Ezequiel? (b) Como ilustra ele a infidelidade de Israel e de Judá e seu resultado?
19 Denúncias contra Jerusalém (20:1–23:49). Chegamos a 611 AEC. Novamente os anciãos dentre os exilados vêm a Ezequiel para inquirir a Jeová. O que ouvem é a narração da longa história de rebelião e depravada idolatria de Israel, e um aviso de que Jeová pediu uma espada para executar julgamento contra ela. Reduzirá Jerusalém a “uma ruína, uma ruína, uma ruína”. Mas, que esperança gloriosa! Jeová guardará a realeza (“a coroa”) para aquele que vem com o “direito legal” e a ele a dará. (21:26, 27) Ezequiel recapitula as coisas detestáveis que se fazem em Jerusalém, “a cidade culpada de sangue”. A casa de Israel tornou-se como “escória”, e há de ser ajuntada em Jerusalém e liquefeita ali como numa fornalha. (22:2, 18) A infidelidade de Samaria (Israel) e de Judá é ilustrada por duas irmãs. Samaria, qual Oolá, prostitui-se com os assírios e é destruída pelos seus amantes. Judá, qual Oolibá, não aprende disso uma lição, mas age até pior, prostituindo-se primeiro com a Assíria e depois com Babilônia. Ela será totalmente destruída, “e tereis de saber que eu sou o Soberano Senhor Jeová”. — 23:49.
20. A que é assemelhada a Jerusalém cercada, e que poderoso sinal dá Jeová com respeito ao seu julgamento sobre ela?
20 Começa o sítio final de Jerusalém (24:1-27). É 609 AEC. Jeová anuncia a Ezequiel que o rei de Babilônia cercou Jerusalém neste décimo dia do décimo mês. Compara a cidade murada a uma panela de boca larga, sendo os seletos habitantes a carne dentro dela. Por meio de fervura, tire-se toda a impureza da abominável idolatria de Jerusalém! Naquele mesmo dia a esposa de Ezequiel morre, mas, o profeta, obedecendo a Jeová, não pranteia. Isto é sinal de que não devem prantear a destruição de Jerusalém, pois é julgamento da parte de Jeová, para que saibam quem ele é. Jeová enviará um fugitivo para notificar a destruição do “belo objeto de sua exultação” e, até que este chegue, Ezequiel não mais deve falar aos exilados. — 24:25.
21. Como é que as nações terão de conhecer a Jeová e a sua vingança?
21 Profecias contra as nações (25:1–32:32). Jeová prevê que as nações circundantes se regozijarão com a queda de Jerusalém e aproveitarão a ocasião para lançar vitupério sobre o Deus de Judá. Não ficarão impunes! Amom será dado aos orientais, e Moabe também. Far-se-á de Edom um lugar devastado, e serão executados contra os filisteus grandes atos de vingança. Todos eles, diz Jeová, “terão de saber que eu sou Jeová, quando eu trouxer sobre eles a minha vingança”. — 25:17.
22. Que menção especial recebe Tiro, e como será santificado Jeová em relação com Sídon?
22 Tiro é mencionada de modo especial. Orgulhando-se de seu próspero comércio, é semelhante a um belo navio no meio dos mares, mas logo jazerá quebrada nas profundezas das águas. “Sou deus”, jacta-se o seu líder. (28:9) Jeová faz com que seu profeta profira uma endecha relativa ao rei de Tiro: Qual belo querubim ungido, ele tem estado no Éden, jardim de Deus, mas Jeová o expulsará do seu monte como profano e será devorado por um fogo que sai de dentro dele próprio. Jeová diz que Ele será também santificado por trazer destruição sobre a desdenhosa Sídon.
23. O que terá de saber o Egito, e como sucederá isto?
23 Jeová manda então que Ezequiel se oponha firmemente ao Egito e seu Faraó e que profetize contra eles. “Meu rio Nilo é meu, e eu é que o fiz para mim mesmo”, jacta-se Faraó. (29:3) Faraó e os egípcios que crêem nele terão de saber que Jeová é Deus, e a lição será dada por meio de uma desolação de 40 anos. Ezequiel insere aqui algumas informações que realmente lhe foram reveladas mais tarde, em 591 AEC. Jeová dará o Egito a Nabucodonosor como compensação pelo seu serviço de desgastar a Tiro. (Nabucodonosor levou muito pouco despojo de Tiro, visto que os tírios escaparam com a maior parte de sua riqueza para a sua cidade-ilha.) Numa endecha, Ezequiel revela que Nabucodonosor despojará o orgulho do Egito, e “terão de saber que eu sou Jeová”. — 32:15.
24. (a) Qual é a responsabilidade de Ezequiel qual vigia? (b) Ao receber a notícia da queda de Jerusalém, que mensagem proclama Ezequiel aos exilados? (c) Que promessa de bênção se frisa no capítulo 34?
24 Vigia para os exilados; predita a restauração (33:1–37:28). Jeová recapitula com Ezequiel a sua responsabilidade qual vigia. O povo está dizendo: “O caminho de Jeová não é acertado.” Portanto, Ezequiel precisa tornar-lhes claro quão errados estão. (33:17) Mas, é agora 607 AEC, o quinto dia do décimo mês.c Chega de Jerusalém um fugitivo, para dizer ao profeta: “A cidade foi golpeada!” (33:21) Ezequiel, então livre outra vez para falar aos exilados, diz-lhes que são fúteis quaisquer pensamentos que tenham quanto a socorrer a Judá. Embora venham a Ezequiel para ouvir a palavra de Jeová, ele é para eles apenas como cantor de canções de amor, alguém que tem voz bonita e que toca bem um instrumento de cordas. Não prestam atenção. Todavia, quando isso suceder, saberão que havia no meio deles um profeta. Ezequiel repreende os falsos pastores que abandonaram o rebanho para apascentar a si mesmos. Jeová, o Pastor Perfeito, ajuntará as ovelhas dispersas e as trará a um pasto opulento, nos montes de Israel. Ali suscitará sobre eles um só pastor, ‘o Seu servo Davi’. (34:23) O próprio Jeová se tornará o Deus deles. Fará um pacto de paz e enviará sobre eles chuvas de bênçãos.
25. (a) Por que e como fará Jeová que o país se assemelhe ao Éden? (b) O que é ilustrado pela visão dos ossos secos? Pelas duas varetas?
25 Ezequiel profetiza mais uma vez a desolação para o monte Seir (Edom). No entanto, os lugares devastados de Israel serão reconstruídos, pois Jeová terá compaixão de seu santo nome, para o santificar perante as nações. Dará a seu povo um coração novo e um espírito novo, e a sua terra se tornará outra vez “como o jardim do Éden”. (36:35) Ezequiel vê a seguir uma visão de Israel representado por um vale de ossos secos. Ezequiel profetiza sobre os ossos. Estes começam miraculosamente a ter outra vez carne, fôlego e vida. Assim abrirá Jeová as sepulturas do cativeiro em Babilônia e restaurará Israel outra vez na sua terra. Ezequiel toma duas varetas que representam as duas casas de Israel, Judá e Efraim. Tornam-se uma só vareta na sua mão. Assim, quando Jeová restaurar a Israel, serão unidos num só pacto de paz sob o Seu servo “Davi”. — 37:24.
26. Por que ataca Gogue de Magogue, e com que resultado?
26 O ataque de Gogue de Magogue contra o Israel restaurado (38:1–39:29). Daí virá uma invasão de outra parte! Gogue de Magogue, atraído para o ataque pela torturante paz e prosperidade do povo restaurado de Jeová, fará o seu ataque frenético. Ele se precipitará para os engolfar. Nisto Jeová se levantará no fogo da sua fúria. Fará com que a espada de cada um se volte contra seu irmão, trará sobre eles a pestilência e o sangue e uma descarga de chuva de pedras, fogo e enxofre. Sucumbirão sabendo que Jeová é “o Santo em Israel”. (39:7) O seu povo acenderá fogos com o destroçado equipamento de guerra do inimigo e enterrará os ossos no “Vale da Massa de Gente de Gogue”. (39:11) As aves de rapina comerão a carne e beberão o sangue dos abatidos. Dali em diante, Israel habitará em segurança, não havendo ninguém para os atemorizar, e Jeová derramará sobre eles o seu espírito.
27. O que vê Ezequiel numa visita visionária à terra de Israel, e como aparece a glória de Deus?
27 A visão de Ezequiel sobre o templo (40:1–48:35). Chegamos ao ano 593 AEC. É o 14.º ano desde a destruição do templo de Salomão, e os arrependidos dentre os exilados necessitam de encorajamento e esperança. Jeová transporta Ezequiel numa visão à terra de Israel e o coloca sobre um monte muito alto. Aqui, em visão, ele vê um templo e “ao sul algo como a estrutura de uma cidade”. Um anjo lhe instrui: “Conta à casa de Israel tudo o que estás vendo.” (40:2, 4) Daí, mostra a Ezequiel todos os pormenores do templo e seus pátios, medindo os muros, os portões, as saletas da guarda, os refeitórios e o próprio templo, com o seu lugar Santo e o Santíssimo. Leva Ezequiel à porta oriental. “E eis que vinha a glória do Deus de Israel da direção do leste, e sua voz era como a voz de vastas águas; e a própria terra brilhava por causa da sua glória.” (43:2) O anjo instrui plenamente a Ezequiel relativo à Casa (ou templo); o altar e seus sacrifícios; os direitos e os deveres dos sacerdotes, dos levitas e do maioral e a repartição das terras.
28. O que mostra a visão concernente ao curso de água que emana da Casa, e o que se revela quanto à cidade e ao seu nome?
28 O anjo traz Ezequiel de volta à entrada da Casa, onde o profeta vê saírem águas do limiar da Casa para a banda do oriente, do lado sul do altar. Começam como um fio de água que fica cada vez maior até virar uma torrente. Daí, corre para o mar Morto, onde os peixes passam a viver e surge uma indústria pesqueira. Em ambos os lados da torrente, árvores fornecem alimento e cura para as pessoas. A visão dá em seguida as heranças das 12 tribos, não despercebendo os residentes estrangeiros e o maioral, e descreve a cidade santa ao sul, com os seus 12 portões chamados segundo as tribos. A cidade há de ser chamada por um nome mui glorioso: “O Próprio Jeová Está Ali.” — 48:35.
POR QUE É PROVEITOSO
29. De que modo os exilados judeus tiraram proveito da profecia de Ezequiel?
29 Os pronunciamentos, as visões e as promessas que Jeová proporcionou a Ezequiel foram todos fielmente transmitidos aos judeus no exílio. Embora muitos zombassem e escarnecessem do profeta, alguns creram realmente. Estes tiraram grande proveito. Foram fortalecidos pelas promessas de restauração. Dessemelhantes de outras nações levadas ao cativeiro, preservaram a sua identidade nacional, e Jeová restaurou um restante, segundo predissera, em 537 AEC. (Eze. 28:25, 26; 39:21-28; Esd. 2:1; 3:1) Eles reconstruíram a casa de Jeová e renovaram ali a adoração verdadeira.
30. Que princípios delineados em Ezequiel são valiosos para nós hoje?
30 Os princípios delineados em Ezequiel são também de valor inestimável para nós hoje. A apostasia e a idolatria, juntamente com a rebelião, só podem conduzir ao desfavor de Jeová. (Eze. 6:1-7; 12:2-4, 11-16) Cada qual responderá pelo seu próprio pecado, mas Jeová perdoará àquele que se desviar de seu proceder errado. Ser-lhe-á concedida misericórdia e continuará a viver. (18:20-22) Os servos de Deus precisam ser fiéis vigias semelhantes a Ezequiel, mesmo em designações difíceis e quando ridicularizados e vituperados. Não podemos deixar os iníquos morrerem sem aviso, ficando assim o sangue deles sobre a nossa cabeça. (3:17; 33:1-9) Os pastores do povo de Deus têm a pesada responsabilidade de cuidar do rebanho. — 34:2-10.
31. Que profecias de Ezequiel predizem a vinda do Messias?
31 Notáveis no livro de Ezequiel são as profecias sobre o Messias. Refere-se a ele como aquele “que tem o direito legal” ao trono de Davi e a quem tem de ser dado. Em dois lugares, fala-se dele como “meu servo Davi”, também como “pastor”, “rei” e “maioral”. (21:27; 34:23, 24; 37:24, 25) Visto que Davi já há muito estava morto, Ezequiel se referia Àquele que havia de ser tanto Filho como Senhor de Davi. (Sal. 110:1; Mat. 22:42-45) Ezequiel, semelhante a Isaías, fala da plantação de um tenro rebento que será exaltado por Jeová. — Eze. 17:22-24; Isa. 11:1-3.
32. Como se compara a visão de Ezequiel sobre o templo com a visão de Revelação sobre a “cidade santa”?
32 É interessante comparar a visão de Ezequiel sobre o templo com a visão da “cidade santa de Jerusalém”, de Revelação. (Rev. 21:10) Há diferenças que devem ser notadas; por exemplo, o templo de Ezequiel é separado, e ao norte da cidade, ao passo que o próprio Jeová é o templo da cidade, em Revelação. Em cada caso, porém, emana um rio da vida, árvores que dão mensalmente safras de frutos e folhas para cura, e a presença da glória de Jeová. Cada visão dá a sua contribuição para que se tenha apreço da realeza de Jeová e da sua provisão de salvação para os que lhe prestam serviço sagrado. — Eze. 43:4, 5—Rev. 21:11; Eze. 47:1, 8, 9, 12—Rev. 22:1-3.
33. O que frisa Ezequiel, e o que resultará aos que agora santificam a Jeová na sua vida?
33 O livro de Ezequiel frisa que Jeová é santo. Revela que a santificação do nome de Jeová é mais importante que qualquer outra coisa. “‘Hei de santificar meu grande nome . . . e as nações terão de saber que eu sou Jeová’, é a pronunciação do Soberano Senhor Jeová.” Segundo mostra a profecia, ele santificará o seu nome destruindo a todos os profanadores desse nome, incluindo Gogue de Magogue. São prudentes todos aqueles que agora santificam a Jeová na sua vida, cumprindo seus requisitos para a adoração aceitável. Estes encontrarão cura e vida eterna no rio que emana de seu templo. Transcendente na glória e encantadora na beleza é a cidade que é chamada “O Próprio Jeová Está Ali”! — Eze. 36:23; 38:16; 48:35.
[Nota(s) de rodapé]
a Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2, página 643; veja também “Tiro”.
c Embora o texto massorético diga que o fugitivo chegou de Jerusalém no 12.º ano, outros manuscritos rezam “décimo primeiro ano”, e o texto é assim traduzido por Lamsa e Moffatt, bem como pela An American Translation.