Capítulo Vinte e Dois
Isaías prediz o ‘ato estranho’ de Jeová
1, 2. Por que Israel e Judá se sentiam seguras?
POR um breve momento, as nações de Israel e de Judá sentiam-se seguras. Procurando obter segurança num mundo perigoso, seus líderes haviam forjado alianças políticas com nações maiores e mais poderosas. Samaria, a capital de Israel, havia recorrido à vizinha Síria, ao passo que Jerusalém, a capital de Judá, havia depositado sua esperança na impiedosa Assíria.
2 Além de depositarem confiança em novos aliados políticos, alguns no reino setentrional talvez esperassem que Jeová os protegesse — apesar de continuarem a usar bezerros de ouro na adoração. Judá também estava convencida de que podia contar com a proteção de Jeová. Afinal, o templo de Jeová não ficava na sua capital, Jerusalém? Contudo, ambas as nações se deparariam com eventos inesperados. Jeová inspirou Isaías a predizer acontecimentos que pareceriam realmente estranhos para seu povo obstinado. E suas palavras contêm lições vitais para todos atualmente.
Os “ébrios de Efraim”
3, 4. De que se orgulhava o reino setentrional de Israel?
3 Isaías começa sua profecia com palavras surpreendentes: “Ai da coroa altaneira dos ébrios de Efraim e da flor desvanecente do seu ornato de beleza que está na cabeceira do vale fértil dos que foram vencidos pelo vinho! Eis que Jeová tem alguém forte e vigoroso. Qual temporal trovejante de saraiva, . . . ele certamente lançará por terra com força. Com os pés serão pisadas as coroas altaneiras dos ébrios de Efraim.” — Isaías 28:1-3.
4 Efraim, a mais importante das dez tribos setentrionais, passou a representar o inteiro reino de Israel. Sua capital, Samaria, ficava “na cabeceira do vale fértil”, um local belo e estratégico. Os líderes de Efraim tinham orgulho de sua “coroa altaneira” de independência do reinado davídico em Jerusalém. Mas eles eram “ébrios”, espiritualmente embriagados por causa de sua aliança com a Síria contra Judá. Tudo o que prezavam estava para ser pisado pelos invasores. — Note Isaías 29:9.
5. Qual era a situação precária de Israel, mas que esperança apresentou Isaías?
5 Efraim não se dava conta de sua situação precária. Isaías continua: “A flor desvanecente do seu ornato de beleza, que está na cabeceira do vale fértil, terá de tornar-se como o figo temporão antes do verão, o qual, vendo-o aquele que o vê, ele engole enquanto ainda está na palma da sua mão.” (Isaías 28:4) Efraim cairia nas mãos da Assíria, um saboroso petisco a ser consumido numa única mordida. Quer dizer então que não havia esperança? Bem, como acontece muitas vezes, as profecias de condenação de Isaías são temperadas com esperança. Embora a nação viesse a cair, algumas pessoas fiéis sobreviveriam com a ajuda de Jeová. “Jeová dos exércitos tornar-se-á como coroa de ornato e como grinalda de beleza para os remanescentes do seu povo, e como espírito de justiça para o sentado em julgamento, e como potência para os que fazem recuar a batalha do portão.” — Isaías 28:5, 6.
Eles “perderam-se”
6. Quando Israel foi destruída, mas por que Judá não devia alegrar-se com isso?
6 O ajuste de contas com Samaria chegou em 740 AEC, quando os assírios devastaram o país e o reino setentrional deixou de existir como nação independente. E Judá? Sua terra seria invadida pela Assíria e, posteriormente, Babilônia destruiria sua capital. Mas nos dias de Isaías, o templo e o sacerdócio de Judá permaneceriam operantes e seus profetas continuariam a profetizar. Deveria Judá alegrar-se com a vindoura destruição de seu vizinho setentrional? Certamente que não! Jeová também ajustaria contas com Judá e seus líderes por causa de sua desobediência e falta de fé.
7. De que maneira estavam embriagados os líderes de Judá, e com que resultados?
7 Dirigindo sua mensagem a Judá, Isaías continua: “E também estes — por causa do vinho, perderam-se, e por causa da bebida inebriante, andaram vagueando. Sacerdote e profeta — perderam-se por causa da bebida inebriante, ficaram confusos em resultado do vinho, andaram vagueando em resultado da bebida inebriante; perderam-se na sua visão, vacilaram quanto à decisão. Porque as próprias mesas ficaram todas cheias de vômito asqueroso — não há lugar sem ele.” (Isaías 28:7, 8) Quão enojante! A bebedeira literal na casa de Deus já seria ruim. Mas aqueles sacerdotes e profetas estavam espiritualmente embriagados — suas mentes estavam anuviadas pelo excesso de confiança em aliados humanos. Eles haviam enganado a si mesmos pensando que agiam da maneira mais prática, talvez acreditando que tinham um segundo plano, caso a proteção de Jeová não fosse suficiente. Em sua embriaguez espiritual, aqueles líderes religiosos vomitavam expressões impuras e revoltantes, que denunciavam sua grave falta de fé genuína nas promessas de Deus.
8. Qual foi a reação à mensagem de Isaías?
8 Como os líderes de Judá reagiram ao aviso de Jeová? Eles zombaram de Isaías, acusando-o de dirigir-se a eles como se fossem crianças. “A quem se instruirá em conhecimento e a quem se fará compreender o que se ouviu? Os que foram desmamados do leite, os que foram afastados dos peitos? Pois é ‘ordem sobre ordem, ordem sobre ordem, cordel de medir sobre cordel de medir, cordel de medir sobre cordel de medir, um pouco aqui, um pouco ali’.” (Isaías 28:9, 10) As palavras de Isaías soavam muito repetitivas e estranhas para eles. Ele ficava repetindo: ‘Isso é o que Jeová ordenou! Isso é o que Jeová ordenou! Essa é a norma de Jeová! Essa é a norma de Jeová!’a Mas, logo, Jeová ‘falaria’ aos habitantes de Judá por meio de ação. Enviaria contra eles os exércitos de Babilônia — estrangeiros que realmente falavam um idioma diferente. Esses exércitos certamente executariam a “ordem sobre ordem” de Jeová, e Judá cairia. — Leia Isaías 28:11-13.
Ébrios espirituais hoje
9, 10. Quando e como as palavras de Isaías se aplicariam a gerações posteriores?
9 Cumpriram-se as profecias de Isaías somente nos antigos Israel e Judá? De forma alguma! Tanto Jesus quanto Paulo citaram as palavras de Isaías e as aplicaram à nação dos seus dias. (Isaías 29:10, 13; Mateus 15:8, 9; Romanos 11:8) Também hoje existe uma situação semelhante à dos dias de Isaías.
10 Em nossos dias, são os líderes religiosos da cristandade que confiam na política. Ficam cambaleando como os ébrios de Israel e de Judá, interferindo nos assuntos políticos, e gostam de ser consultados pelos chamados grandes deste mundo. Em vez de falarem as verdades puras da Bíblia, falam impurezas. Sua visão espiritual está embaçada, e eles não são guias seguros para a humanidade. — Mateus 15:14.
11. Como os líderes da cristandade reagem às boas novas do Reino de Deus?
11 Como reagem os líderes da cristandade quando as Testemunhas de Jeová lhes chamam a atenção para a única esperança verdadeira, o Reino de Deus? Eles não entendem. Para eles, as Testemunhas de Jeová parecem estar balbuciando repetições como bebês. Os líderes religiosos menosprezam esses mensageiros e zombam deles. Como os judeus dos dias de Jesus, eles não querem o Reino de Deus e também não querem que seus rebanhos ouçam a respeito dele. (Mateus 23:13) Por isso, são avisados de que Jeová não falará para sempre por meio de mensageiros inofensivos. Virá o tempo em que aqueles que não se sujeitam ao Reino de Deus serão ‘quebrados, enlaçados e apanhados’, sim, completamente destruídos.
“Um pacto com a Morte”
12. O que era o suposto “pacto com a Morte” de Judá?
12 Isaías continua seu pronunciamento: “Dissestes: ‘Concluímos um pacto com a Morte; e realizamos uma visão com o Seol; a enxurrada transbordante, caso ela passe, não chegará a nós, pois fizemos da mentira o nosso refúgio e nos escondemos na falsidade.’” (Isaías 28:14, 15) Os líderes de Judá gabavam-se de que suas alianças políticas poderiam protegê-los da derrota. Eles achavam que haviam feito “um pacto com a Morte” para deixá-los em paz. Mas seu falso refúgio não os protegeria. Suas alianças não passavam de uma mentira, uma falsidade. De maneira similar, hoje, o estreito relacionamento da cristandade com os líderes do mundo não a protegerá quando chegar o tempo de Jeová fazer um ajuste de contas com ela. Na verdade, esse relacionamento a levará à ruína. — Revelação (Apocalipse) 17:16, 17.
13. Quem é a “pedra provada”, e como a cristandade a tem rejeitado?
13 Para onde, então, deviam esses líderes religiosos voltar sua atenção? Isaías registra a seguir a promessa de Jeová: “Eis que lanço por alicerce em Sião uma pedra, uma pedra provada, ângulo precioso de um alicerce seguro. Ninguém que exercer fé ficará em pânico. E eu vou fazer do juízo o cordel de medir e da justiça o nível; e a saraiva terá de arrasar o refúgio da mentira e as águas é que levarão de enxurrada o próprio esconderijo.” (Isaías 28:16, 17) Não muito tempo depois de Isaías dizer isso, o Rei Ezequias foi entronizado em Sião, e seu reino foi salvo, não por aliados vizinhos, mas pela intervenção de Jeová. Contudo, essas palavras inspiradas não se cumpriram em Ezequias. Citando as palavras de Isaías, o apóstolo Pedro mostrou que Jesus Cristo, um descendente distante de Ezequias, é a “pedra provada” e que ninguém que exercer fé Nele precisa temer alguma coisa. (1 Pedro 2:6) É muito triste que os líderes da cristandade, apesar de se chamarem cristãos, façam o que Jesus se recusou a fazer. Em vez de esperarem que Jeová estabeleça seu Reino sob o Rei Jesus Cristo, eles buscam destaque e poder neste mundo. — Mateus 4:8-10.
14. Quando seria dissolvido o “pacto com a Morte” de Judá?
14 Quando a “enxurrada transbordante” dos exércitos de Babilônia passasse pelo país, Jeová exporia o refúgio político de Judá como mentira. “Vosso pacto com a Morte há de ser dissolvido”, diz Jeová. “A enxurrada transbordante, quando passar — então tereis de tornar-vos para ela um lugar pisado. Quantas vezes ela passar . . . terá de tornar-se nada mais que uma razão para estremecimento, para fazer outros compreender o que se ouviu.” (Isaías 28:18, 19) Realmente, podemos aprender uma importante lição do que aconteceu com os que afirmavam servir a Jeová, mas que confiavam em alianças com as nações.
15. Como Isaías ilustra o caráter inadequado da proteção de Judá?
15 Considere a situação daqueles líderes de Judá. “O leito mostrou-se curto demais para se estirar nele, e o próprio lençol tecido é demasiado estreito para se enrolar nele.” (Isaías 28:20) Era como se eles se deitassem, em vão, para descansar. Seus pés ficariam descobertos, no frio, ou então eles encolheriam as pernas e a coberta seria estreita demais para envolvê-los e mantê-los aquecidos. Essa era a situação desconfortável nos dias de Isaías. E é a situação de qualquer pessoa que hoje confia no enganoso refúgio da cristandade. É revoltante ver o envolvimento de alguns líderes religiosos da cristandade na política, o que os faz ter certa culpa em atrocidades terríveis, como faxinas étnicas e genocídios.
O ‘ato estranho’ de Jeová
16. Qual seria o ‘ato estranho’ de Jeová, e por que isso seria uma obra incomum?
16 O desfecho dos acontecimentos seria completamente contrário às expectativas dos líderes religiosos de Judá. Jeová faria algo estranho aos ébrios espirituais de Judá. “Jeová se levantará assim como no monte Perazim, ficará agitado como na baixada perto de Gibeão, para fazer o seu ato — seu ato é estranho — e para executar a sua obra — sua obra é incomum.” (Isaías 28:21) Nos dias do Rei Davi, Jeová deu ao seu povo vitórias notáveis sobre os filisteus no monte Perazim e na baixada de Gibeão. (1 Crônicas 14:10-16) Nos dias de Josué, ele até mesmo fez com que o sol ficasse parado sobre Gibeão para que Israel pudesse completar sua vitória sobre os amorreus. (Josué 10:8-14) Isso foi muito incomum! Jeová lutaria novamente, mas dessa vez seria contra os que diziam ser seu povo. Poderia algo ser mais estranho ou incomum do que isso? Não, em vista do fato de que Jerusalém era o centro da adoração de Jeová e a cidade de seu rei ungido. Até então, a casa real de Davi, em Jerusalém, nunca havia sido derrubada. No entanto, Jeová certamente realizaria seu ‘ato estranho’. — Note Habacuque 1:5-7.
17. Que efeito teriam as zombarias no cumprimento da profecia de Isaías?
17 Por isso Isaías adverte: “Não vos mostreis zombadores, para que as vossas ligaduras não se tornem fortes, pois há um extermínio, sim, algo determinado, de que ouvi falar da parte do Soberano Senhor, Jeová dos exércitos, para toda a terra.” (Isaías 28:22) Embora os líderes zombassem dela, a mensagem de Isaías era verdadeira. Ele a havia recebido de Jeová, com quem aqueles líderes estavam numa relação pactuada. De maneira similar hoje, os líderes religiosos da cristandade zombam quando ouvem falar do ‘ato estranho’ de Jeová, e chegam até a esbravejar contra Seu povo. Mas a mensagem que as Testemunhas de Jeová proclamam é verdadeira. É encontrada na Bíblia, um livro que esses líderes religiosos afirmam representar.
18. Como Isaías ilustra o equilíbrio de Jeová ao aplicar a disciplina?
18 Quanto às pessoas sinceras que não seguiam aqueles líderes, Jeová as reajustaria e traria de volta ao seu favor. (Leia Isaías 28:23-29.) Assim como um agricultor usa métodos mais suaves para debulhar grãos mais delicados, como o cominho, Jeová também adapta sua disciplina às circunstâncias e às pessoas. Ele nunca é arbitrário ou opressivo, mas age tendo em vista a potencial reabilitação dos que erram. Realmente, havia esperança para as pessoas que atendessem o apelo de Jeová. Também hoje, apesar de o destino da cristandade como um todo estar selado, qualquer pessoa que se sujeitar ao Reino de Jeová pode evitar o vindouro julgamento adverso.
Ai de Jerusalém!
19. De que maneira Jerusalém se tornaria uma “lareira do altar”, e quando e como isso aconteceu?
19 Mas sobre o que Jeová falou a seguir? “Ai de Ariel, de Ariel, a vila onde Davi se acampou! Acrescentai ano a ano; deixai as festividades correr o ciclo. E terei de fazer as coisas apertadas para Ariel, e terá de chegar a haver luto e lamentação, e ela terá de tornar-se para mim como a lareira do altar de Deus.” (Isaías 29:1, 2) “Ariel” possivelmente significa “A Lareira do Altar de Deus”, e aqui evidentemente refere-se a Jerusalém. Era ali que se localizava o templo com seu altar para sacrifícios. Também era o local em que os judeus seguiam a rotina de celebrar festividades e oferecer sacrifícios, mas Jeová não se agradava de sua adoração. (Oseias 6:6) Ao contrário, ele decretou que a própria cidade se tornaria uma “lareira do altar” num sentido diferente. Assim como um altar, haveria sangue escorrendo dela e ela ficaria sujeita ao fogo. Jeová até mesmo descreveu como isso aconteceria. “Terei de acampar-me contra ti em todos os lados, e terei de sitiar-te com uma paliçada e erigir contra ti obras de sítio. E terás de ficar rebaixada de modo que falarás desde a própria terra, e tua declaração soará baixo, como que do pó.” (Isaías 29:3, 4) Isso se cumpriu para Judá e Jerusalém em 607 AEC, quando o exército babilônico sitiou e destruiu a cidade e queimou o templo. Jerusalém foi rebaixada ao nível do solo sobre o qual estava construída.
20. Qual seria o destino dos inimigos de Deus?
20 Antes daquela ocasião fatídica, de tempos em tempos Judá tinha um rei que obedecia à Lei de Jeová. O que acontecia então? Jeová lutava em favor de seu povo. Embora os inimigos talvez enchessem o país, eles se tornavam como “poeira fina” e “restolho”. Em seu próprio tempo, Jeová os dispersava “com trovão e com tremor, e com um grande ruído, com tufão e tormenta, e com a chama dum fogo devorador”. — Isaías 29:5, 6.
21. Explique a ilustração em Isaías 29:7, 8.
21 Exércitos inimigos talvez estivessem na expectativa de saquear Jerusalém e fartar-se com os despojos de guerra. Mas eles teriam uma surpresa desagradável. Como um homem faminto que sonha estar se banqueteando e então acorda mais faminto do que nunca, os inimigos de Jeová não usufruiriam do banquete que tanto ansiavam. (Leia Isaías 29:7, 8.) Analise o que aconteceu quando o exército assírio, sob Senaqueribe, ameaçou Jerusalém nos dias do fiel Rei Ezequias. (Isaías, capítulos 36 e 37) Em uma noite, sem que um humano levantasse a mão, a amedrontadora máquina de guerra assíria foi rechaçada — 185 mil de seus valentes guerreiros foram mortos. Os sonhos de conquista serão novamente frustrados quando a máquina de guerra de Gogue de Magogue se mobilizar contra o povo de Jeová no futuro próximo. — Ezequiel 38:10-12; 39:6, 7.
22. Como a nação de Judá foi afetada por sua embriaguez espiritual?
22 Na época em que Isaías declarou essa parte da profecia, os líderes de Judá não tinham a mesma fé que Ezequias tinha. Estavam espiritualmente entorpecidos por causa das alianças que haviam feito com nações ímpias. “Demorai-vos, e ficai pasmados; cegai-vos, e ficai cegos. Ficaram embriagados, mas não de vinho; cambalearam, mas não por causa de bebida inebriante.” (Isaías 29:9) Por estarem espiritualmente embriagados, aqueles líderes não conseguiam discernir o significado da visão dada ao verdadeiro profeta de Jeová. Isaías declara: “Jeová tem derramado sobre vós um espírito de profundo sono; e ele fecha os vossos olhos, os profetas, e encobriu até mesmo as vossas cabeças, os visionários. E para vós, a visão de tudo torna-se igual às palavras do livro que foi selado, que se entrega a alguém que sabe escrever, dizendo: ‘Lê isto em voz alta, por favor’, e ele tem de dizer: ‘Não posso, pois está selado’; e o livro tem de ser dado a alguém que não conhece a escrita, dizendo-se: ‘Lê isto em voz alta, por favor’, e ele tem de dizer: ‘Não sei nada de escrita.’” — Isaías 29:10-12.
23. Por que Jeová chamaria Judá a um acerto de contas, e como faria isso?
23 Os líderes religiosos de Judá afirmavam ser espiritualmente criteriosos, mas haviam abandonado a Jeová. Divulgavam suas próprias ideias deturpadas sobre o certo e o errado, justificando sua conduta infiel e imoral e o fato de levarem o povo ao desfavor de Deus. Por meio de “algo maravilhoso” — seu ‘ato estranho’ — Jeová os chamaria a prestar contas por sua hipocrisia. Ele disse: “Visto que este povo se aproxima com a sua boca, e eles me glorificaram apenas com os seus lábios e removeram seu próprio coração para longe de mim, e seu temor para comigo se torna mandamento de homens, que está sendo ensinado, por isso, eis-me aqui, Aquele que de novo agirá maravilhosamente com este povo, dum modo maravilhoso e com algo maravilhoso; e terá de perecer a sabedoria dos seus sábios e se esconderá a própria compreensão dos seus homens discretos.” (Isaías 29:13, 14) As pretensas sabedoria e compreensão de Judá pereceriam quando Jeová manobrasse as coisas para que o inteiro sistema religioso apóstata fosse eliminado pela Potência Mundial Babilônica. O mesmo aconteceu no primeiro século, depois que os supostamente sábios líderes dos judeus desencaminharam a nação. Algo similar acontecerá à cristandade em nossos dias. — Mateus 15:8, 9; Romanos 11:8.
24. Como os judeus revelaram sua falta de temor a Deus?
24 Mas, àquela altura, os jactanciosos líderes de Judá acreditavam que eram bastante espertos para se safar das consequências de terem pervertido a adoração verdadeira. Eram mesmo? Isaías os desmascara, mostrando que lhes faltava o verdadeiro temor a Deus e, assim, não tinham verdadeira sabedoria: “Ai dos que se aprofundam muito em esconder o conselho diante do próprio Jeová, e cujos atos ocorreram num lugar escuro, ao passo que dizem: ‘Quem é que nos vê e quem é que sabe de nós?’ A perversidade de vós, homens! Deve o próprio oleiro ser considerado igual ao barro? Acaso deve a coisa feita dizer referente àquele que a fez: ‘Ele não me fez’? E acaso a própria coisa formada diz realmente referente àquele que a formou: ‘Ele não mostrou entendimento’?” (Isaías 29:15, 16; note o Salmo 111:10.) Apesar de acharem que estavam bem “escondidos”, eles estavam ‘nus e abertamente expostos’ aos olhos de Deus. — Hebreus 4:13.
“Os surdos hão de ouvir”
25. Em que sentido “os surdos” ouviriam?
25 Contudo, haveria salvação para quem exercesse fé. (Leia Isaías 29:17-24; note Lucas 7:22.) “Os surdos” haveriam de “ouvir as palavras do livro”, a mensagem da Palavra de Deus. Sim, essa não seria uma cura da surdez física. Tratava-se de uma cura espiritual. Isaías apontava novamente para o estabelecimento do Reino Messiânico de Deus e a restauração da adoração verdadeira na Terra pelo domínio do Messias. Isso aconteceu em nosso tempo, e milhões de pessoas sinceras estão se deixando corrigir por Jeová e aprendendo a louvá-lo. Que emocionante cumprimento! Finalmente, virá o dia em que todos, toda coisa vivente, louvará a Jeová e santificará seu santo nome. — Salmo 150:6.
26. Que lembretes espirituais os “surdos” ouvem atualmente?
26 O que aprendem atualmente esses “surdos” que ouvem a Palavra de Deus? Aprendem que todos os cristãos, especialmente os que a congregação encara como exemplos, devem escrupulosamente evitar ‘perder-se por causa da bebida inebriante’. (Isaías 28:7) Além disso, jamais devemos nos cansar de ouvir os lembretes de Deus, que nos ajudam a ter um conceito espiritual sobre todas as coisas. Apesar de os cristãos estarem apropriadamente sujeitos às autoridades governamentais e recorrerem a elas para obter certos serviços, a salvação não vem do mundo secular, mas de Jeová Deus. Também, jamais devemos nos esquecer de que assim como se deu no caso da Jerusalém apóstata, esta geração não escapará da execução do julgamento de Deus. Apesar de oposição, com a ajuda de Jeová podemos continuar a proclamar seu aviso, como fez Isaías. — Isaías 28:14, 22; Mateus 24:34; Romanos 13:1-4.
27. Que lições os cristãos podem aprender da profecia de Isaías?
27 Os anciãos e os pais podem aprender da maneira de Jeová disciplinar, sempre procurando restabelecer os errantes no favor de Deus, e não simplesmente puni-los. (Isaías 28:26-29; note Jeremias 30:11.) E todos nós, incluindo os jovens, somos relembrados de como é vital servir a Jeová de coração, não simplesmente fingindo ser cristãos a fim de agradar a homens. (Isaías 29:13) Devemos mostrar que, ao contrário dos habitantes sem fé de Judá, temos temor saudável de Jeová e profundo respeito por ele. (Isaías 29:16) Além disso, precisamos demonstrar que estamos dispostos a ser corrigidos por Jeová e aprender dele. — Isaías 29:24.
28. Como os servos de Jeová encaram Seus atos salvadores?
28 É muito importante ter fé e confiança em Jeová e na sua maneira de fazer as coisas. (Note o Salmo 146:3.) Para a maioria das pessoas, a mensagem de aviso que pregamos soa infantil. A ideia da futura destruição de uma organização que afirma servir a Deus, a cristandade, é estranha e incomum. Mas Jeová realizará seu ‘ato estranho’. Não pode haver dúvida sobre isso. Assim, nestes últimos dias deste sistema mundial, os servos de Deus confiam plenamente em seu Reino e em seu Rei designado, Jesus Cristo. Eles sabem que os atos salvadores de Jeová — junto com a sua ‘obra incomum’ — trarão bênçãos eternas a toda a humanidade obediente.
[Nota(s) de rodapé]
a No hebraico original, Isaías 28:10 é uma rima repetitiva, bem parecida com um verso para crianças. Assim, os líderes religiosos consideravam a mensagem de Isaías repetitiva e infantil.
[Fotos na página 289]
Em vez de confiar em Deus, a cristandade tem confiado em alianças com governantes humanos
[Foto na página 290]
Jeová realizou seu ‘ato estranho’ quando permitiu que Babilônia destruísse Jerusalém
[Foto na página 298]
Aqueles que eram espiritualmente surdos podem “ouvir” a Palavra de Deus