“‘Deveras, Meu servo . . . foi desprezado, evitado pelos homens . . . Não lhe demos importância. Contudo eram nossas doenças que ele carregava, era o nosso sofrimento que ele suportava. . . . Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossas iniqüidades. . . . Todos nós nos perdemos como ovelhas . . . E o SENHOR lançou sobre ele a culpa de todos nós.’ . . . Embora não tivesse cometido nenhuma injustiça ou proferido falsidade alguma. . . . ‘Meu justo servo torna justos a muitos, é a punição deles que ele leva . . . Expôs-se [“esvaziou a sua alma”, NM] até a morte e foi contado entre os pecadores, enquanto levava a culpa de muitos e intercedia pelos pecadores.’” — Isaías 52:13-53:12.
O quadro que Isaías apresenta aqui é o duma pessoa completamente inocente e pura, cujo sofrimento e morte forneceram a expiação por sua própria nação, que não o reconheceu.
Hoje, porém, a maioria dos comentaristas judeus aceita como fato estabelecido que se faz alusão à nação de Israel como um todo ou a um grupo justo dentro dessa nação.
A pergunta é: será que a nação de Israel, ou mesmo parte dela, alguma vez se encaixou nessa descrição, ou isso se aplica a uma pessoa individual?
Durante mais de 800 anos após Isaías ter escrito essas palavras proféticas (c. 732 AEC), não há registro de que algum judeu ou rabino ensinasse que esse “servo” devia ser encarado em sentido coletivo. No transcorrer desse período, a profecia era universalmente entendida como se referindo a uma pessoa, e era geralmente considerada uma profecia sobre o Messias.
Além disso, note o comentário feito no prólogo do livro The Fifty-Third Chapter of Isaiah According to the Jewish Interpreters (O Capítulo Cinqüenta e Três de Isaías Segundo os Intérpretes Judeus): “A exegese judaica que sobreviveu até o fim do período do amoraim [até o sexto século EC] sugere que então se admitia com freqüência, talvez até de modo geral, sem sombra de dúvida, que o personagem mencionado era o Messias, o que naturalmente é também como o Targum, um pouco mais tarde, interpreta isso.” — Editado por H. M. Orlinsky, 1969, página 17.
Qual seria o motivo de se rejeitar e reinterpretar o entendimento mais natural desse texto como fazendo alusão a uma pessoa, até mesmo ao Messias? Não se tratava simplesmente dum esforço de evitar qualquer ligação entre essa profecia e Jesus, o judeu do primeiro século que se encaixou em cada pormenor dessa descrição?