Livro bíblico número 43 — João
Escritor: Apóstolo João
Lugar da Escrita: Éfeso, ou perto
Escrita Completada: c. 98 EC
Tempo Abrangido: Depois do prólogo, 29–33 EC
1. O que mostram as Escrituras quanto à intimidade da associação de João com Jesus?
OS EVANGELHOS de Mateus, Marcos e Lucas já estavam em circulação por mais de 30 anos e eram prezados pelos cristãos do primeiro século como sendo obras de homens inspirados pelo espírito santo. Agora, ao se aproximar o fim do século, e ao diminuir o número dos que haviam estado com Jesus, é bem provável que surgisse a pergunta: Havia ainda algo a ser relatado? Havia ainda alguém que pudesse, de suas próprias recordações, preencher pormenores preciosos do ministério de Jesus? Sim, havia. O idoso João fora singularmente abençoado em sua associação com Jesus. Achava-se, pelo que parece, entre os primeiros discípulos de João, o Batizador, apresentados ao Cordeiro de Deus e foi um dos quatro primeiros convidados pelo Senhor a participar com ele de tempo integral no ministério. (João 1:35-39; Mar. 1:16-20) Ele continuou a ter associação íntima com Jesus durante todo o Seu ministério, e era o discípulo a quem ‘Jesus amava’, que se recostou no peito de Jesus durante a última Páscoa. (João 13:23; Mat. 17:1; Mar. 5:37; 14:33) Ele estava presente durante a cena angustiante da execução, onde Jesus o incumbiu de cuidar de Sua mãe carnal, e foi ele quem passou adiante de Pedro ao correrem para o túmulo, a fim de investigar a notícia de que Jesus fora ressuscitado. — João 19:26, 27; 20:2-4.
2. Como estava João habilitado e como foi avigorado para escrever o seu Evangelho, e para que fim?
2 Amadurecido por quase 70 anos de ministério ativo e estimulado pelas visões e meditações de sua recente prisão solitária na ilha de Patmos, João estava bem habilitado para escrever sobre coisas há muito guardadas em seu coração. O espírito santo então avigorou a sua mente para relembrar e assentar por escrito muitos dos preciosos e vitalizadores dizeres, para que quem lesse ‘pudesse crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e que, por crer, tivesse vida por meio do nome de Jesus’. — 20:31.
3, 4. Quais são as evidências, externa e interna, (a) da canonicidade do Evangelho e (b) de que João é o escritor?
3 Os cristãos do princípio do segundo século aceitavam João como o escritor desta narrativa e também consideravam a sua escrita qual parte inquestionável do cânon das Escrituras inspiradas. Clemente de Alexandria, Irineu, Tertuliano e Orígenes, todos do fim do segundo e do princípio do terceiro século, testificam que João é o escritor. Ademais, encontra-se no próprio livro muita evidência interna de que João foi o escritor. Obviamente o escritor era judeu e estava bem familiarizado com os costumes judeus e com o seu país. (2:6; 4:5; 5:2; 10:22, 23) A própria intimidade do relato indica que ele era não só apóstolo, mas um do círculo íntimo de três — Pedro, Tiago e João — que acompanhavam Jesus em ocasiões especiais. (Mat. 17:1; Mar. 5:37; 14:33) Dentre estes, Tiago (filho de Zebedeu) é eliminado, porque foi martirizado por Herodes Agripa I, por volta do ano 44 EC, muito antes de o livro ser escrito. (Atos 12:2) Pedro é eliminado, visto ser mencionado junto com o escritor, em João 21:20-24.
4 Nestes versículos finais, o escritor é citado como o discípulo a quem “Jesus havia amado”, esta e outras expressões similares sendo empregadas diversas vezes no relato, embora o nome do apóstolo João nunca seja mencionado. A respeito dele, cita-se Jesus aqui, dizendo: “Se for a minha vontade que ele permaneça até eu vir, de que preocupação é isso para ti?” (João 21:20, 22) Isto dá a entender que o discípulo a quem se referiu aqui viveria por muito mais tempo que Pedro e os outros apóstolos. Tudo isso se enquadra no apóstolo João. É de interesse notar que João, após receber a visão de Revelação (Apocalipse) da vinda de Jesus, conclua esta notável profecia com as palavras: “Amém! Vem, Senhor Jesus.” — Rev. 22:20.
5. Quando, segundo se acredita, escreveu João o seu Evangelho?
5 Acredita-se de modo geral que João escreveu seu Evangelho após seu retorno do exílio na ilha de Patmos, embora os escritos de João em si não forneçam nenhuma informação definida sobre o assunto. (Rev. 1:9) O imperador romano Nerva, 96-98 EC, chamou de volta a muitos que haviam sido exilados no fim do reinado de seu predecessor, Domiciano. Depois de escrever o seu Evangelho, por volta de 98 EC, acredita-se que João morreu em paz, em Éfeso, no terceiro ano do Imperador Trajano, em 100 EC.
6. Que evidência indica que o Evangelho de João foi escrito fora da Palestina, em Éfeso ou perto dali?
6 Quanto a ser Eféso ou sua vizinhança o lugar de escrita, o historiador Eusébio (c. 260-c. 340 EC) cita Irineu como tendo dito: “João, o discípulo do Senhor, que até mesmo se recostou em Seu peito, produziu ele próprio o Evangelho, enquanto residia em Éfeso, na Ásia.”a Que o livro foi escrito fora da Palestina é apoiado pelas muitas referências que faz aos oponentes de Jesus pelo termo geral, “os judeus”, em vez de “fariseus”, “principais sacerdotes” e assim por diante. (João 1:19; 12:9) Também, o mar da Galiléia é identificado por seu nome romano, mar de Tiberíades. (6:1; 21:1) Em benefício dos não-judeus, João fornece explicações úteis das festividades judaicas. (6:4; 7:2; 11:55) O lugar do seu exílio, Patmos, era perto de Éfeso, e sua familiaridade com Éfeso, bem como com outras congregações da Ásia Menor, é indicada por Revelação, capítulos 2 e 3.
7. De que importância é o Papiro Rylands 457?
7 Relacionadas com a autenticidade do Evangelho de João, foram feitas importantes descobertas de manuscritos no século 20. Uma dessas é um fragmento do Evangelho de João, encontrado no Egito, contendo João 18:31-33, 37, 38, conhecido atualmente como Papiro Rylands 457 (P52), e preservado na Biblioteca John Rylands, Manchester, Inglaterra.b Com relação à tradição de que João foi o escritor, no fim do primeiro século, o falecido Sir Frederic Kenyon disse em seu livro The Bible and Modern Scholarship (A Bíblia e a Erudição Moderna), 1949, página 21: “Portanto, embora seja tão pequeno, é suficiente para provar que estava em circulação um manuscrito deste Evangelho, presumivelmente no Egito provincial, onde foi encontrado, por volta do período de 130-150 AD. Dando até mesmo a mínima margem de tempo para a circulação da obra, a partir de seu lugar de origem, isto situaria a data da composição tão próxima à data tradicional, a última década do primeiro século, que não há mais motivo algum de se duvidar da validez da tradição.”
8. (a) O que é notável com respeito à introdução do Evangelho de João? (b) Que prova fornece de que o ministério de Jesus teve três anos e meio de duração?
8 O Evangelho de João é notável por sua introdução, que revela a Palavra, que estava “no princípio com o Deus”, como Aquele por meio de quem todas as coisas vieram à existência. (1:2) Depois de dar a conhecer a preciosa relação entre o Pai e o Filho, João passa a descrever magistralmente as obras e os discursos de Jesus, especialmente do ponto de vista do amor íntimo que vincula tudo no grande arranjo de Deus. Este relato da vida de Jesus na terra abrange o período de 29-33 EC, e toma o cuidado de mencionar as quatro Páscoas a que Jesus assistiu durante o seu ministério, fornecendo assim um dos meios de provar que o seu ministério durou três anos e meio. Três dessas Páscoas são mencionadas como sendo tal. (2:13; 6:4; 12:1; 13:1) Alude-se a uma delas como “uma festividade dos judeus”, mas o contexto a coloca pouco depois de Jesus dizer que “ainda faltam quatro meses até chegar a colheita”, indicando assim que a festividade é a Páscoa, que ocorria por volta do início da colheita. — 4:35; 5:1.c
9. O que mostra que o Evangelho de João é suplementar, e, no entanto, será que preenche todos os pormenores do ministério de Jesus?
9 As boas novas “segundo João” são em grande parte suplementares; 92 por cento é matéria nova, não abrangida nos outros três Evangelhos. Mesmo assim, João conclui com as seguintes palavras: “Há, de fato, também muitas outras coisas que Jesus fez, as quais, se alguma vez fossem escritas em todos os pormenores, suponho que o próprio mundo não poderia conter os rolos escritos.” — 21:25.
CONTEÚDO DE JOÃO
10. O que diz João sobre “a Palavra”?
10 Prólogo: Apresentando “a Palavra” (1:1-18). Com bela simplicidade, João declara que no princípio “a Palavra estava com o Deus”, que a própria vida veio por meio dele, que ele se tornou “a luz dos homens” e que João (o Batizador) deu testemunho a respeito dele. (1:1, 4) A luz estava no mundo, mas o mundo não o conheceu. Aqueles que o receberam tornaram-se filhos de Deus, tendo nascido de Deus. Assim como a Lei fora dada por meio de Moisés, da mesma forma “a benignidade imerecida e a verdade vieram à existência por intermédio de Jesus Cristo”. — 1:17.
11. João, o Batizador, identifica Jesus como sendo o quê, e os discípulos de João aceitam Jesus como sendo o quê?
11 Apresentando “o Cordeiro de Deus” aos homens (1:19-51). João, o Batizador, confessa que ele não é o Cristo, mas diz que há um que vem atrás dele, e que ele não é digno nem de desatar o cordão da sandália deste. No dia seguinte, à medida que Jesus se aproxima dele, João o identifica como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (1:27, 29) A seguir, apresenta dois de seus discípulos a Jesus, e um deles, André, leva seu irmão Pedro a Jesus. Filipe e Natanael também aceitam Jesus como ‘o Filho de Deus, o Rei de Israel’. — 1:49.
12. (a) Qual é o primeiro milagre de Jesus? (b) O que faz Jesus quando sobe a Jerusalém para a primeira Páscoa durante o seu ministério?
12 Os milagres de Jesus provam que ele é “o Santo de Deus” (2:1–6:71). Jesus realiza o seu primeiro milagre em Caná da Galiléia, transformando água no melhor dos vinhos, numa festa de casamento. Esse é o “princípio dos seus sinais, . . . e seus discípulos depositaram nele a sua fé”. (2:11) Jesus sobe a Jerusalém para a Páscoa. Ao encontrar vendedores ambulantes e cambistas no templo, pega um chicote e os expulsa com tanto vigor que seus discípulos reconhecem o cumprimento da profecia: “O zelo da tua casa me devorará.” (João 2:17; Sal. 69:9) Ele prediz que o templo de seu próprio corpo será demolido e levantado de novo em três dias.
13. (a) O que mostra Jesus ser necessário para ganhar a vida? (b) Como fala João, o Batizador, de si mesmo em relação a Jesus?
13 O temeroso Nicodemos vem a Jesus à noite. Ele confessa que Jesus é enviado de Deus, e Jesus lhe diz que a pessoa tem de nascer da água e do espírito para entrar no Reino de Deus. É necessário acreditar no Filho do homem, vindo do céu, para ganhar a vida. “Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna.” (João 3:16) A luz que veio ao mundo está em conflito com a escuridão, ‘mas quem faz o que é verdadeiro se chega à luz’, conclui Jesus. João, o Batizador, fica sabendo da atividade de Jesus na Judéia e declara que, embora ele mesmo não seja o Cristo, ainda assim “o amigo do noivo . . . tem muita alegria por causa da voz do noivo”. (3:21, 29) Jesus tem então de aumentar e João, diminuir.
14. O que explica Jesus à mulher samaritana, em Sicar, e o que resulta de sua pregação ali?
14 Jesus parte de novo para a Galiléia. No caminho, todo empoeirado e “cansado da jornada”, senta-se para descansar junto à fonte de Jacó, em Sicar, enquanto seus discípulos estão ausentes, comprando alimentos na cidade. (4:6) É meio-dia, a sexta hora. Uma mulher samaritana aproxima-se para tirar água, e Jesus pede-lhe água para beber. Daí, embora cansado, ele começa a falar-lhe sobre a verdadeira “água” que realmente reanima, dando vida eterna aos que adoram a Deus “com espírito e verdade”. Os discípulos retornam e instam com ele para que coma, e ele declara: “Meu alimento é eu fazer a vontade daquele que me enviou e terminar a sua obra.” Ele passa mais dois dias na região, de modo que muitos samaritanos passam a crer que “este homem certamente é o salvador do mundo”. (4:24, 34, 42) Ao chegar a Caná da Galiléia, Jesus cura o filho de um nobre sem nem mesmo chegar perto de seu leito.
15. Que acusações são feitas contra Jesus em Jerusalém, mas como responde ele aos críticos?
15 Jesus sobe de novo a Jerusalém para a festividade dos judeus. Ele cura no sábado um homem doente, e isto suscita uma grande onda de críticas. Jesus replica: “Meu Pai tem estado trabalhando até agora e eu estou trabalhando.” (5:17) Os líderes judaicos afirmam então que Jesus acrescentou blasfêmia ao crime da violação do sábado, por fazer-se igual a Deus. Jesus responde que o Filho não pode fazer nem uma única coisa de sua própria iniciativa, mas é inteiramente dependente do Pai. Ele faz a maravilhosa declaração de que “todos os que estão nos túmulos memoriais ouvirão a sua voz e sairão” para uma ressurreição. Mas, a seus ouvintes sem fé, Jesus diz: “Como podeis crer, quando aceitais a glória uns dos outros e não buscais a glória que é do único Deus?” — 5:28, 29, 44.
16. (a) O que ensina Jesus com respeito ao alimento e à vida? (b) Como expressa Pedro a convicção dos apóstolos?
16 Quando Jesus miraculosamente alimenta 5.000 homens com cinco pães e dois peixinhos, a multidão cogita apoderar-se dele e fazê-lo rei, mas ele se retira para o monte. Mais tarde, ele os repreende por irem atrás do “alimento que perece”. Antes, eles deveriam trabalhar “pelo alimento que permanece para a vida eterna”. Ele frisa que exercer fé nele como o Filho é partilhar o pão da vida, e acrescenta: “A menos que comais a carne do Filho do homem e bebais o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos.” Muitos de seus discípulos se ofendem com isso e o abandonam. Jesus pergunta aos 12: “Será que vós também quereis ir?” e Pedro replica: “Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens declarações de vida eterna; e nós cremos e viemos a saber que tu és o Santo de Deus.” (6:27, 53, 67-69) Entretanto, Jesus, sabendo que Judas o trairá, diz que um deles é caluniador.
17. Que efeito tem o ensino de Jesus no templo, durante a Festividade das Tendas?
17 “A luz” está em desacordo com a escuridão (7:1–12:50). Jesus sobe a Jerusalém secretamente, e aparece já no meio da Festividade das Tendas, ensinando abertamente no templo. As pessoas discutem se ele é realmente o Cristo. Jesus lhes diz: “Eu não vim de minha própria iniciativa, mas aquele que me enviou é real, . . . e Este me enviou.” Em outra ocasião, ele clama à multidão: “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba.” Os oficiais enviados para prender Jesus retornam de mãos vazias e relatam aos sacerdotes: “Nunca homem algum falou como este.” Furiosos, os fariseus respondem que nenhum dos governantes creu, nem profeta algum havia de ser levantado da Galiléia. — 7:28, 29, 37, 46.
18. Que oposição levantam os judeus contra Jesus, e como responde ele?
18 Numa palestra adicional, Jesus diz: “Eu sou a luz do mundo.” Às acusações malévolas de que ele é uma testemunha falsa, que é filho ilegítimo bem como que é samaritano e possesso de demônio, Jesus replica com vigor: “Se eu glorificar a mim mesmo, a minha glória não é nada. É meu Pai quem me glorifica.” Quando ele declara: “Antes de Abraão vir à existência, eu tenho sido”, os judeus fazem outro atentado malogrado contra a sua vida. (8:12, 54, 58) Frustrados, mais tarde eles interrogam um homem cuja vista Jesus miraculosamente restaurara, e lançam-no fora.
19. (a) Como fala Jesus de sua relação com seu Pai e de seu cuidado pelas suas ovelhas? (b) Como responde ele aos judeus quando eles o ameaçam?
19 Novamente Jesus fala aos judeus, desta vez com respeito ao pastor excelente, que chama suas ovelhas por nome e entrega a sua alma em benefício das ovelhas ‘para que elas tenham vida em abundância’. Ele diz: “Tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco; a estas também tenho de trazer, e elas escutarão a minha voz e se tornarão um só rebanho, um só pastor.” (10:10, 16) Ele diz aos judeus que ninguém pode arrebatar as ovelhas das mãos de seu Pai, e que ele e seu Pai são um. De novo eles tentam apedrejá-lo até a morte. Em resposta à acusação de blasfêmia, lembra-lhes que, no livro dos Salmos, certos poderosos da terra são mencionados como “deuses”, ao passo que ele se referiu a si mesmo como Filho de Deus. (Sal. 82:6) Ele insta com eles para acreditarem pelo menos em suas obras. — João 10:34.
20. (a) Que milagre notável realiza Jesus a seguir? (b) A que isto conduz?
20 De Betânia, próximo a Jerusalém, chegam notícias de que Lázaro, irmão de Maria e Marta, está doente. Quando Jesus chega lá, Lázaro está morto e no túmulo há quatro dias. Jesus realiza o assombroso milagre de trazer Lázaro de volta à vida, fazendo com que muitos depositem fé nele. Isso provoca uma reunião extraordinária do Sinédrio, onde o sumo sacerdote, Caifás, é compelido a profetizar que Jesus está destinado a morrer pela nação. Visto que os principais sacerdotes e os fariseus deliberam matá-lo, Jesus se retira temporariamente das atividades públicas.
21. (a) Como reagem as pessoas e os fariseus à entrada de Jesus em Jerusalém? (b) Que ilustração profere Jesus com respeito à sua morte e o propósito dela, e a que insta ele os seus ouvintes?
21 Seis dias antes da Páscoa, Jesus, estando a caminho de Jerusalém, vem de novo a Betânia e é recebido como hóspede na casa de Lázaro. Daí, no dia após o sábado, em 9 de nisã, sentado num jumentinho, ele entra em Jerusalém em meio às aclamações de uma grande multidão; e os fariseus dizem um ao outro: “Observais que não conseguis absolutamente nada. Eis que o mundo foi atrás dele.” Mediante a ilustração do grão de trigo, Jesus dá a entender que ele precisa ser plantado na morte a fim de que seja produzido fruto para a vida eterna. Ele pede a seu Pai que glorifique o Seu nome, e ouve-se uma voz do céu: “Eu tanto o glorifiquei como o glorificarei de novo.” Jesus insta seus ouvintes a evitar a escuridão e a andar na luz, sim, a tornarem-se “filhos da luz”. À medida que as forças da escuridão se acercam dele, ele profere um vigoroso apelo público para que as pessoas depositem fé nele ‘como a luz que veio ao mundo’. — 12:19, 28, 36, 46.
22. Que exemplo fornece Jesus na refeição da Páscoa, e que novo mandamento ele dá?
22 Conselho de despedida de Jesus aos fiéis apóstolos (13:1–16:33). Enquanto a refeição noturna da Páscoa com os 12 está em andamento, Jesus se levanta e, tirando a sua roupagem exterior, pega uma toalha e uma bacia e passa a lavar os pés de seus discípulos. Pedro protesta, mas Jesus lhe diz que ele também precisa que se lhe lavem os pés. Jesus admoesta seus discípulos a seguirem o seu exemplo de humildade, pois “o escravo não é maior do que o seu amo”. Ele fala do traidor e então dispensa Judas. Depois de Judas sair, Jesus começa a falar intimamente com os outros. “Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Por meio disso saberão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor entre vós.” — 13:16, 34, 35.
23. Como conforto, que esperança e que prometido ajudador considera Jesus?
23 Jesus fala palavras maravilhosas de conforto para seus seguidores, nesta hora crítica. Eles têm de exercer fé em Deus e nele também. Na casa de seu Pai há muitas moradas, e ele virá novamente para os acolher. “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida”, diz Jesus. “Ninguém vem ao Pai senão por mim.” Consoladoramente ele diz a seus seguidores que por exercerem fé, eles farão obras maiores do que as dele e que ele concederá o que quer que eles peçam em seu nome, a fim de que seu Pai seja glorificado. Ele lhes promete um outro ajudador, “o espírito da verdade”, que lhes ensinará todas as coisas e os fará lembrar tudo o que ele lhes disse. Eles deveriam alegrar-se de que Jesus vai embora para o seu Pai, pois, diz Jesus: “O Pai é maior do que eu.” — 14:6, 17, 28.
24. Como comenta Jesus a relação dos apóstolos com ele mesmo e com o Pai, resultando em que bênçãos para eles?
24 Jesus fala de si mesmo como a verdadeira videira e de seu Pai como o cultivador. Ele insta com eles para que permaneçam em união consigo, dizendo: “Nisto é glorificado o meu Pai, que persistais em dar muito fruto e vos mostreis meus discípulos.” (15:8) E como pode a alegria deles tornar-se plena? Por amarem uns aos outros, assim como Jesus os amou. Ele os chama de amigos. Que preciosa relação! O mundo os odiará assim como tem odiado a ele, irá persegui-los, mas Jesus enviará o ajudador para dar testemunho dele e para guiar seus discípulos a toda verdade. O pesar atual deles dará lugar ao regozijo quando ele os vir de novo, e ninguém lhes tirará sua alegria. São consoladoras as suas palavras: “O próprio Pai tem afeição por vós, porque tivestes afeição por mim e acreditastes que saí como representante do Pai.” Eles serão certamente espalhados, mas Jesus diz: “Eu vos disse estas coisas para que, por meio de mim, tenhais paz. No mundo tereis tribulação, mas, coragem! eu venci o mundo.” — 16:27, 33.
25. (a) O que admite Jesus em oração a seu Pai? (b) O que pede ele com respeito a si mesmo, a seus discípulos, e aos que irão exercer fé por meio da mensagem destes?
25 A oração de Jesus em favor de seus discípulos (17:1-26). Em oração, Jesus admite a seu Pai: “Isto significa vida eterna, que absorvam conhecimento de ti, o único Deus verdadeiro, e daquele que enviaste, Jesus Cristo.” Tendo terminado a sua obra designada na terra, Jesus pede então para ser glorificado junto a seu Pai com a glória que tivera antes de haver o mundo. Ele tem feito manifesto o nome de seu Pai a seus discípulos e pede ao Pai que vigie sobre eles ‘por causa do Seu próprio nome’. Ele pede ao Pai, não que os tire do mundo, mas que os proteja do iníquo e os santifique por meio da Sua palavra da verdade. Jesus amplia a sua oração para abranger todos os que ainda exercerão fé por ouvirem a mensagem desses discípulos, “a fim de que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em união comigo e eu estou em união contigo, para que eles também estejam em união conosco, a fim de que o mundo acredite que me enviaste”. Ele pede que esses também possam partilhar com ele na sua glória celestial, pois ele tem dado a conhecer o nome do Pai a eles, para que o Seu amor permaneça neles. — 17:3, 11, 21.
26. O que diz o relato a respeito da prisão e do julgamento de Jesus?
26 Cristo julgado e pregado na estaca (18:1–19:42). Jesus e seus discípulos vão então ao jardim do outro lado do vale do Cédron. É aqui que Judas aparece com um destacamento de soldados e trai a Jesus, que mansamente se submete. Pedro, contudo, o defende com uma espada e é repreendido: “Não devia eu de toda maneira beber o copo que o Pai me tem dado?” (18:11) Jesus é então levado amarrado a Anás, sogro de Caifás, o sumo sacerdote. João e Pedro seguem-no de perto, e João consegue que ambos entrem no pátio do sumo sacerdote, onde Pedro nega três vezes que conhece a Cristo. Jesus é primeiro interrogado por Anás e daí levado perante Caifás. A seguir, Jesus é levado ao governador romano Pilatos, e os judeus clamam pela sentença de morte.
27. (a) Que perguntas quanto à realeza e à autoridade são suscitadas por Pilatos, e que comentários faz Jesus? (b) Que posição adotam os judeus sobre a realeza?
27 À pergunta de Pilatos: “És tu rei?”, Jesus replica: “Tu mesmo estás dizendo que eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade.” (18:37) Pilatos, não encontrando evidência genuína contra Jesus, oferece libertá-lo, visto ser costume na Páscoa soltar um prisioneiro, mas os judeus pedem que o salteador Barrabás seja solto, em vez de Jesus. Pilatos manda açoitar Jesus, e, de novo, tenta libertá-lo, mas os judeus gritam: “Para a estaca com ele! Para a estaca com ele! . . . porque se fez filho de Deus.” Quando Pilatos diz a Jesus que ele tem autoridade para pregá-lo na estaca, Jesus responde: “Não terias absolutamente nenhuma autoridade contra mim, se não te tivesse sido concedida de cima.” Novamente, os judeus clamam: “Fora com ele! Fora com ele! Para a estaca com ele! . . . Não temos rei senão César.” Em face disto, Pilatos entrega-o para ser pregado numa estaca. — 19:6, 7, 11, 15.
28. O que ocorre em Gólgota, e que profecias se cumprem ali?
28 Jesus é levado “para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico é chamado Gólgota”, e é pregado na estaca entre dois outros. Acima dele Pilatos prega a inscrição “Jesus, o Nazareno, o Rei dos Judeus”, escrito em hebraico, em latim e em grego, para que todos vejam e entendam. (19:17, 19) Jesus confia sua mãe aos cuidados de João e, após receber um pouco de vinho acre, exclama: “Está consumado!” Daí, inclina a cabeça e expira. (19:30) Em cumprimento das profecias, o pelotão executor lança sortes sobre as suas roupas, refreia-se de lhe quebrar as pernas e fura-lhe o lado com uma lança. (João 19:24, 32-37; Sal. 22:18; 34:20; 22:17; Zac. 12:10) Depois disso, José de Arimatéia e Nicodemos preparam o corpo para o enterro e o colocam num túmulo memorial novo ali perto.
29. (a) Que aparições faz o ressuscitado Jesus a seus discípulos? (b) Que pontos salienta Jesus nas suas observações finais a Pedro?
29 Aparições do ressuscitado Cristo (20:1–21:25). A série de evidências de João quanto ao Cristo conclui com o tom alegre da ressurreição. Maria Madalena encontra o túmulo vazio; Pedro e outro discípulo (João) correm para lá, mas vêem apenas as faixas e o pano para a cabeça, deixados ali. Maria, que permaneceu próximo ao túmulo, fala com dois anjos e, finalmente, segundo supõe, com o jardineiro. Quando ele responde: “Maria!”, ela imediatamente reconhece que ele é Jesus. A seguir, Jesus manifesta-se a seus discípulos atrás de portas trancadas, e fala-lhes do poder que receberão por meio do espírito santo. Depois, Tomé, que não estava presente, recusa-se a acreditar, porém, oito dias mais tarde, Jesus aparece de novo e fornece-lhe a prova, ao que Tomé exclama: “Meu Senhor e meu Deus!” (20:16, 28) Alguns dias mais tarde, Jesus torna a se reunir com os discípulos, no mar de Tiberíades; ele fornece-lhes uma miraculosa pesca, e então toma o desjejum com eles. Jesus pergunta três vezes a Pedro se ele o ama. Quando Pedro insiste que sim, Jesus diz acentuadamente: “Apascenta meus cordeiros.” “Pastoreia minhas ovelhinhas.” “Apascenta as minhas ovelhinhas.” Daí, ele prediz com que sorte de morte Pedro glorificará a Deus. Pedro pergunta sobre João, e Jesus diz: “Se for a minha vontade que ele permaneça até eu vir, de que preocupação é isso para ti?” — 21:15-17, 22.
POR QUE É PROVEITOSO
30. Como dá João ênfase especial à qualidade do amor?
30 Poderoso em sua franqueza e convincente em sua descrição íntima e acalentadora da Palavra, que se tornou o Cristo, as boas novas “segundo João” dão-nos uma visão de perto desse Filho ungido de Deus, em palavra e em ação. Embora o estilo e o vocabulário de João sejam simples, identificando-o como um homem ‘indouto e comum’, há um poder enorme em sua expressão. (Atos 4:13) Seu Evangelho atinge as mais sublimes alturas ao dar a conhecer o amor íntimo entre o Pai e o Filho, bem como a amorosa e abençoada relação encontrada entre os que estão em união com eles. João usa as palavras “amor” e derivados do verbo amar mais vezes que os outros três Evangelhos juntos.
31. Que relação é destacada em todo o Evangelho de João, e como atinge ela um clímax?
31 No princípio, que gloriosa relação existia entre a Palavra e Deus, o Pai! Graças à providência de Deus, “a Palavra se tornou carne e residiu entre nós, e observamos a sua glória, uma glória tal como a de um filho unigênito dum pai; e ele estava cheio de benignidade imerecida e de verdade”. (João 1:14) Daí, em todo o relato de João, Jesus enfatiza sua relação como sendo de sujeição em inquestionável obediência à vontade do Pai. (4:34; 5:19, 30; 7:16; 10:29, 30; 11:41, 42; 12:27, 49, 50; 14:10) A sua expressão dessa íntima relação atinge seu glorioso clímax na comovente oração, registrada em João, capítulo 17, onde Jesus relata a seu Pai que terminou a obra que Ele lhe deu para fazer na terra, e acrescenta: “De modo que agora, Pai, glorifica-me junto de ti com a glória que eu tive junto de ti antes de haver o mundo.” — 17:5.
32. Mediante que expressões mostra Jesus a sua própria relação com os seus discípulos e que ele é o canal exclusivo, por meio do qual vêm bênçãos de vida para a humanidade?
32 Que dizer da relação de Jesus com seus discípulos? O papel de Jesus como canal exclusivo, por meio do qual as bênçãos de Deus são estendidas a esses e a toda a humanidade, é continuamente mantido em evidência. (14:13, 14; 15:16; 16:23, 24) Ele é mencionado como “o Cordeiro de Deus”, “o pão da vida”, “a luz do mundo”, “o pastor excelente”, “a ressurreição e a vida”, “o caminho, e a verdade, e a vida”, e “a verdadeira videira”. (1:29; 6:35; 8:12; 10:11; 11:25; 14:6; 15:1) É nesta ilustração, da “verdadeira videira”, que Jesus dá a conhecer a maravilhosa união que existe, não apenas entre os seus verdadeiros seguidores e ele, mas também com o Pai. Por dar muito fruto, eles glorificarão a seu Pai. “Assim como o Pai me tem amado e eu vos tenho amado, permanecei no meu amor”, aconselha Jesus. — 15:9.
33. Que propósito do seu ministério expressa Jesus em oração?
33 Daí, quão fervorosamente ele ora a Jeová para que todos esses amados, e também ‘aqueles que depositam fé nele por intermédio da palavra deles’, possam ser um com o seu Pai e com ele, sendo santificados pela palavra da verdade! Deveras, o inteiro propósito do ministério de Jesus é maravilhosamente expresso nas palavras finais de sua oração a seu Pai: “Eu lhes tenho dado a conhecer o teu nome e o hei de dar a conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu em união com eles.” — 17:20, 26.
34. Que conselho benéfico deu Jesus quanto a como sair vitorioso frente ao mundo?
34 Embora Jesus estivesse deixando seus discípulos no mundo, ele não iria deixá-los sem um ajudador, “o espírito da verdade”. Ademais, ele lhes deu conselho oportuno quanto à sua relação com o mundo, mostrando-lhes como sair vitoriosos quais “filhos da luz”. (14:16, 17; 3:19-21; 12:36) “Se permanecerdes na minha palavra, sois realmente meus discípulos”, diz Jesus, “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Em contraste, ele disse aos filhos da escuridão: “Vós sois de vosso pai, o Diabo, e quereis fazer os desejos de vosso pai. . . . [Ele] não permaneceu firme na verdade, porque não há nele verdade.” Sejamos, pois, determinados a sempre permanecer firmes na verdade, sim, a ‘adorar o Pai com espírito e verdade’, e a derivar força das palavras de Jesus: “Coragem! eu venci o mundo.” — 8:31, 32, 44; 4:23; 16:33.
35. (a) Que testemunho dá Jesus com respeito ao Reino de Deus? (b) Por que dá o Evangelho de João causa para felicidade e gratidão?
35 Tudo isso também tem relação com o Reino de Deus. Jesus testificou quando em julgamento: “Meu reino não faz parte deste mundo. Se o meu reino fizesse parte deste mundo, meus assistentes teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, assim como é, o meu reino não é desta fonte.” Daí, em resposta à pergunta de Pilatos, ele disse: “Tu mesmo estás dizendo que eu sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que está do lado da verdade escuta a minha voz.” (18:36, 37) São felizes, de fato, os que ouvem e que ‘nascem de novo’ para “entrar no reino de Deus”, em união com o Rei. Felizes são as “outras ovelhas” que escutam a voz desse Pastor-Rei e ganham a vida. Há, deveras, causa para gratidão pela provisão do Evangelho de João, pois foi escrito “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e que, por crerdes, tenhais vida por meio do seu nome”. — 3:3, 5; 10:16; 20:31.
[Nota(s) de rodapé]
a The Ecclesiastical History, Eusébio, V, VIII, 4.