VIDA
O princípio de vida ou de existência; a existência animada, ou a duração da existência animada dum indivíduo. Quanto à vida terrestre, física, as coisas que possuem vida em geral têm a capacidade de crescimento, metabolismo, reação a estímulos externos, e reprodução. A palavra hebraica usada nas Escrituras é hhai·yím, e a palavra grega é zo·é. A palavra hebraica né·fesh e o termo grego psy·khé, que significam “alma”, também são usados para referir-se à vida, não em sentido abstrato, mas à vida como pessoa ou animal. (Compare as palavras “alma” e “vida”, segundo usadas em Jó 10:1; Sal 66:9; Pr 3:22.) A vegetação possui vida, operando nela o princípio de vida, mas não vida como alma. A vida no mais pleno sentido, conforme aplicada a entes inteligentes, é a existência perfeita com direito a ela.
Jeová Deus, a Fonte. A vida sempre existiu, porque Jeová Deus é o Deus vivente, a Fonte da vida, e ele não tem princípio nem fim de existência. (Je 10:10; Da 6:20, 26; Jo 6:57; 2Co 3:3; 6:16; 1Te 1:9; 1Ti 1:17; Sal 36:9; Je 17:13) Deu-se vida à primeira das suas criações, a saber, seu Filho unigênito, a Palavra. (Jo 1:1-3; Col 1:15) Por meio deste Filho foram criados outros filhos angélicos viventes, de Deus. (Jó 38:4-7; Col 1:16, 17) Mais tarde, foi trazido à existência o universo físico (Gên 1:1, 2), e, no terceiro dos “dias” criativos da terra, as primeiras formas de vida física: relva, vegetação e árvores frutíferas. No quinto dia foram criadas as almas viventes da Terra, os animais marinhos e as criaturas voadoras, aladas, e, no sexto dia, os animais terrestres, e, por fim, o homem. — Gên 1:11-13, 20-23, 24-31; At 17:25; veja CRIAÇÃO; DIA.
Por conseguinte, a vida na terra não teve de esperar a ocorrência de alguma combinação casual de substâncias químicas, sob determinadas condições exatas. Jamais se observou tal coisa, e, realmente, ela é impossível. A vida na terra veio a existir em resultado duma ordem direta de Jeová Deus, a Fonte da vida, e pela ação direta de seu Filho, na execução desta ordem. Somente a vida gera vida. O relato da Bíblia conta-nos que, em cada caso, uma coisa criada produziu descendência à sua semelhança, ou “segundo a sua espécie”. (Gên 1:12, 21, 25; 5:3) Os cientistas verificaram que existe deveras a descontinuidade entre as diferentes ‘espécies’, e, excetuando-se a questão de origem, este tem sido o principal obstáculo para a teoria da evolução. — Veja ESPÉCIE.
A força de vida e o fôlego. Nas criaturas terrestres, ou “almas”, existem tanto a força ativa de vida, ou “espírito”, que as anima, como o fôlego que sustenta essa força de vida. Tanto o espírito (força de vida) como o fôlego são provisões de Deus, e ele pode destruir a vida por remover a qualquer dos dois. (Sal 104:29; Is 42:5) Na época do Dilúvio, tanto animais como humanos foram afogados; seu fôlego foi cortado e a força de vida foi extinta. Ela pereceu. “Morreu tudo em que o fôlego da força da vida estava ativo [literalmente: “em que o fôlego da força (espírito) da vida [estava]”] nas suas narinas, a saber, todos os que estavam em solo seco.” — Gên 7:22; veja ESPÍRITO.
Organismo. Todas as coisas que possuem vida, quer espiritual quer carnal, têm um organismo ou corpo. A vida em si mesma é impessoal, incorpórea, sendo meramente o princípio de vida. Ao considerar o tipo de corpo com o qual retornarão os ressuscitados, o apóstolo Paulo explica que os criados para diferentes ambientes possuem corpos diferentes. Quanto àqueles que têm vida na terra, diz ele: “Nem toda a carne é a mesma carne, mas uma é a da humanidade, e outra é a carne do gado, e outra é a carne de aves, e outra de peixes.” Diz também que “há corpos celestes e corpos terrestres; mas a glória dos corpos celestes é de uma sorte e a dos corpos terrestres é de sorte diferente”. — 1Co 15:39, 40.
A respeito da diferença na carne de vários corpos terrestres, a edição de 1942 da Enyclopædia Britannica (Enciclopédia Britânica; Vol. 14, p. 42) diz: “Outra característica é a individualidade química manifesta em toda a parte, pois cada tipo distintivo de organismo parece possuir alguma proteína característica própria, e certa taxa ou ritmo característico de metabolismo. Assim, debaixo da qualidade geral de persistência no meio do incessante metabolismo, existe uma tríade de fatos: (1) a síntese que compensa a degradação de proteínas, (2) a ocorrência de tais proteínas num estado coloidal, e (3) sua especificidade, que varia dum tipo para o outro.” — O grifo é nosso.
Transmissão da Força de Vida. A força de vida das criaturas, tendo sido posta em ação por Jeová nos primeiros de cada espécie (como exemplo, no primeiro casal humano), podia então ser transmitida à descendência através da procriação. Nos mamíferos, depois da concepção, a mãe fornece o oxigênio e outros nutrientes até o nascimento, quando o recém-nascido começa a respirar pelas narinas, a mamar e mais tarde a comer.
Quando Adão foi criado, Deus formou o corpo do homem. Para que este recém-criado corpo pudesse viver e continuar vivo, eram necessários tanto o espírito (a força de vida) como a respiração. Gênesis 2:7 declara que Deus passou “a soprar nas suas narinas o fôlego [forma de nesha·máh] de vida, e o homem veio a ser uma alma vivente”. “O fôlego de vida” deve referir-se a mais do que apenas à respiração ou ao ar passando para os pulmões. Evidentemente, Deus forneceu a Adão tanto o espírito ou faísca de vida como o fôlego necessários para mantê-lo vivo. Assim, Adão passou a ter vida como pessoa, evidenciando traços de personalidade, e com a sua fala e suas ações podia revelar que era mais elevado do que os animais, que era “filho de Deus”, feito à Sua semelhança e imagem. — Gên 1:27; Lu 3:38.
A vida do homem e dos animais depende tanto da força de vida inicialmente concedida ao primeiro de cada espécie, como do fôlego para sustentar esta força de vida. A ciência biológica atesta esta realidade. Isso se torna evidente no modo como alguns especialistas tentam dividir os vários aspectos do processo de morte: morte clínica, que é o fim das funções dos órgãos respiratórios e circulatórios; morte cerebral, que é quando o cérebro, de modo total e irreversível, para de funcionar; morte somática, que é quando as funções vitais de todos os órgãos e tecidos do corpo vão parando lentamente. Então, mesmo depois de a pessoa ter parado de respirar, de o coração ter parado de bater e de o cérebro ter parado de funcionar, a força de vida permanece por um tempo nos tecidos do corpo.
Envelhecimento e Morte. Todas as formas de vida vegetal, bem como de vida animal, são transitórias. Uma pergunta de longa data entre os cientistas tem sido: Por que envelhece e morre o homem?
Alguns cientistas propõem que toda célula tem uma duração de vida geneticamente determinada. Em apoio disso, apontam para experimentos nos quais se verificou que células cultivadas em ambiente artificial pararam de dividir-se depois de cerca de 50 divisões. Outros cientistas, porém, afirmam que tais experimentos não elucidam por que organismos inteiros envelhecem. Oferecem-se diversas outras explicações, inclusive a teoria de que o cérebro produz hormônios que desempenham um grande papel no envelhecimento e na subsequente morte. Que é preciso ter cautela quanto a aceitar uma ou outra teoria é sugerido pelos comentários de Roy L. Walford, M.D., que disse: “Não é motivo de alarme ou mesmo de surpresa que o paradigma de Hayflick [a teoria de que o envelhecimento é inerente na genética da célula] no fim possa mostrar-se falso ou ser substituído por um melhor, mas, por fim, igualmente falso paradigma. Tudo é verdade no seu próprio tempo.” — Maximum Life Span (Duração Máxima da Vida), 1983, p. 75.
Ao tomar em consideração as descobertas e as conclusões dos cientistas, deve-se notar que a maioria deles não atribui a vida a um Criador. Eles esperam, pelos seus próprios esforços, descobrir o segredo do envelhecimento e da morte, a fim de estender indefinidamente a vida humana. Desconsideram que o próprio Criador decretou a sentença de morte para o primeiro casal humano, implementando esta sentença dum modo não plenamente entendido pelo homem; de maneira similar, ele oferece o prêmio da vida eterna àqueles que exercem fé no Seu Filho. — Gên 2:16, 17; 3:16-19; Jo 3:16.
Adão perdeu a vida para si e para sua descendência. Quando Adão foi criado, Deus colocou a “árvore da vida” no jardim do Éden. (Gên 2:9) Esta árvore evidentemente não possuía qualidades intrinsecamente vitalizadoras nos seus frutos, mas representava a garantia de vida “por tempo indefinido” da parte de Deus para aquele a quem Ele permitisse comer do fruto dela. Uma vez que Deus colocou essa árvore ali, com algum objetivo, sem dúvida Adão receberia permissão para comer este fruto depois de provar-se fiel a um ponto que Deus julgasse satisfatório e suficiente. Quando Adão transgrediu, foi-lhe cortada a oportunidade de comer daquela árvore, Jeová dizendo: “Agora, a fim de que não estenda a sua mão e tome realmente também do fruto da árvore da vida, e coma, e viva por tempo indefinido —.” Daí, Jeová pôs as suas palavras em ação. Ele não podia permitir que alguém que não merecia a vida vivesse no jardim feito para pessoas justas, nem que comesse da árvore da vida. — Gên 3:22, 23.
Adão, que tinha usufruído a vida perfeita, dependente da obediência a Jeová (Gên 2:17; De 32:4), sentia então em si mesmo a operação do pecado e de seu fruto, a morte. Sem embargo, seu vigor de vida era forte. Mesmo em sua triste situação, apartado de Deus e da verdadeira espiritualidade, viveu 930 anos antes de lhe sobrevir a morte. No ínterim, conseguiu transmitir, não a plenitude de vida, mas certa medida de vida, à sua posteridade, muitos dos quais viveram de 700 a 900 anos. (Gên 5:3-32) No entanto, este processo iniciado com Adão é descrito por Tiago, meio-irmão de Jesus: “Cada um é provado por ser provocado e engodado pelo seu próprio desejo. Então o desejo, tendo-se tornado fértil, dá à luz o pecado; o pecado, por sua vez, tendo sido consumado, produz a morte.” — Tg 1:14, 15.
O Que o Homem Precisa para Ter Vida. A maioria dos investigadores científicos não somente despercebe a causa da morte de toda a humanidade, mas, o que é mais importante, desconsidera o requisito primário para se ter vida eterna. Embora seja necessário que o corpo humano seja constantemente nutrido e revigorado por respirar, beber e comer, há algo muito mais essencial para a continuação da vida. O princípio foi expresso por Jeová: “O homem não vive somente de pão, mas . . . o homem vive de toda expressão da boca de Jeová.” (De 8:3) Jesus Cristo repetiu esta declaração e disse também: “Meu alimento é eu fazer a vontade daquele que me enviou e terminar a sua obra.” (Jo 4:34; Mt 4:4) Em outra ocasião, ele declarou: “Assim como o Pai vivente me enviou e eu vivo por causa do Pai, também aquele que se alimenta de mim, sim, esse viverá por causa de mim.” — Jo 6:57.
Quando o homem foi criado, ele foi feito à imagem de Deus, segundo a Sua semelhança. (Gên 1:26, 27) Naturalmente, isto não significava uma imagem ou aparência física, porque Deus é Espírito, e o homem é carne. (Gên 6:3; Jo 4:24) Significava que o homem, diferente dos “animais irracionais” (2Pe 2:12), tinha a faculdade do raciocínio; tinha atributos semelhantes aos de Deus, tais como amor, um senso de justiça, sabedoria e poder. (Veja Col 3:10.) Tinha a capacidade de entender por que existia e o propósito de seu Criador para com ele. Portanto, dessemelhante dos animais, recebeu a capacidade de ter espiritualidade. Podia ter apreço pelo seu Criador e adorá-lo. Esta capacidade criava uma necessidade em Adão. Ele precisava mais do que apenas alimento literal; tinha de ter sustento espiritual; sua espiritualidade tinha de ser exercida para ele ter bem-estar mental e físico.
Por conseguinte, à parte de Jeová Deus e das Suas provisões espirituais não pode haver nenhuma continuação indefinida da vida. Quanto a viver para sempre, Jesus disse: “Isto significa vida eterna, que absorvam conhecimento de ti, o único Deus verdadeiro, e daquele que enviaste, Jesus Cristo.” — Jo 17:3.
Regeneração. A fim de restaurar a perfeição do organismo e a perspectiva de vida eterna da humanidade, Jeová tem fornecido a verdade, a “palavra da vida”. (Jo 17:17; Fil 2:16) Seguir a verdade levará a pessoa ao conhecimento da provisão que Deus fez de Jesus Cristo, que se entregou como “resgate em troca de muitos”. (Mt 20:28) Somente por este meio é que se pode restaurar a plena espiritualidade, bem como a integridade física do homem. — At 4:12; 1Co 1:30; 15:23-26; 2Co 5:21; veja RESGATE.
Por meio de Jesus Cristo, então, vem a regeneração da vida. Ele é chamado de “o último Adão . . . espírito vivificante”. (1Co 15:45) A profecia o chama de “Pai Eterno” (Is 9:6), e aquele que “esvaziou a sua alma até a própria morte”, cuja alma foi ‘posta como oferta pela culpa’. Ele, como tal “Pai”, pode regenerar a humanidade, dando assim vida aos que exercem fé na oferta da alma dele, e que são obedientes. — Is 53:10-12.
A esperança dos homens dos tempos antigos. Os homens fiéis dos tempos antigos nutriam a esperança de vida. O apóstolo Paulo indica isto. Reporta-se ao tempo da descendência de Abraão, antes de ser dada a Lei, e fala de si mesmo, um hebreu, como se vivesse então, no sentido de que estava nos lombos de seus antepassados. Ele argumenta: “Eu estava uma vez vivo à parte da lei; mas, ao chegar o mandamento, o pecado passou a viver novamente, mas eu morri. E o mandamento que era para a vida, este eu achei ser para a morte.” (Ro 7:9, 10; compare isso com He 7:9, 10.) Homens tais como Abel, Enoque, Noé e Abraão esperavam em Deus. Criam no “descendente [literalmente: semente]” que machucaria a cabeça da serpente, o que significaria libertação. (Gên 3:15; 22:16-18) Aguardavam o Reino de Deus, a “cidade que tem verdadeiros alicerces”. Criam numa ressurreição dos mortos para a vida. — He 11:10, 16, 35.
Ao dar a Lei, Jeová declarou: “Tendes de guardar os meus estatutos e as minhas decisões judiciais, cumprindo as quais o homem também tem de viver por meio delas.” (Le 18:5) Sem dúvida, os israelitas que receberam a Lei aclamavam-na como sua esperança de vida. A Lei era ‘santa e justa’, e marcaria como inteiramente justo aquele que vivesse plenamente à altura das suas normas. (Ro 7:12) Mas, em vez de dar vida, a Lei mostrou que todo o Israel, bem como a humanidade em geral, eram imperfeitos e pecadores. Ademais, condenava os judeus à morte. (Gál 3:19; 1Ti 1:8-10) Deveras, como Paulo disse, “ao chegar o mandamento, o pecado passou a viver novamente, mas eu morri”. Portanto, não podia haver vida por meio da Lei.
O apóstolo argumenta: “Se tivesse sido dada uma lei que fosse capaz de dar vida, a justiça teria sido realmente por meio da lei.” (Gál 3:21) Ora, não somente se mostrava que os judeus, condenados pela Lei, eram pecadores como descendentes de Adão, mas também estavam sob uma incapacidade adicional. Por este motivo, Cristo morreu numa estaca de tortura, conforme Paulo diz: “Cristo nos livrou da maldição da Lei por meio duma compra, por se tornar maldição em nosso lugar, porque está escrito: ‘Maldito é todo aquele pendurado num madeiro.’” (Gál 3:13) Por eliminar este obstáculo, a saber, a maldição resultante para os judeus por sua violação da Lei, Jesus Cristo removeu para os judeus esta barreira para a vida, dando-lhes a oportunidade de obter vida. O resgate dele podia assim beneficiar tanto a eles como a outros.
Vida eterna, uma recompensa da parte de Deus. Em toda a Bíblia se evidencia que a esperança dos servos de Jeová Deus tem sido a de receberem das mãos dele a vida eterna. Esta esperança os tem incentivado a manter a fidelidade. E não se trata duma esperança egoísta. O apóstolo escreve: “Além disso, sem fé é impossível agradar-lhe bem, pois aquele que se aproxima de Deus tem de crer que ele existe e que se torna o recompensador dos que seriamente o buscam.” (He 11:6) Ele é esta espécie de Deus; é uma das suas qualidades pela qual merece plena devoção das suas criaturas.
Imortalidade, incorrupção, vida divina. A Bíblia diz que Jeová tem imortalidade e incorrupção. (1Ti 1:17) Concedeu estas primeiro ao seu Filho. Na época em que o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo, Cristo era o único que recebera imortalidade. (1Ti 6:16) Mas ela é prometida a outros, os que se tornam irmãos espirituais de Cristo. (Ro 2:7; 1Co 15:53, 54) Estes se tornam também participantes da “natureza divina”; compartilham com Cristo a glória. (2Pe 1:4) Anjos são criaturas espirituais, mas não são imortais, porque os que se tornaram demônios iníquos serão destruídos. — Mt 25:41; Lu 4:33, 34; Re 20:10, 14; veja IMORTALIDADE; INCORRUPÇÃO.
Vida terrestre sem corrupção. O que dizer de outros da humanidade, que não obtêm vida celestial? O apóstolo João cita Jesus como dizendo: “Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna.” (Jo 3:16) Na sua parábola das ovelhas e dos cabritos, os das nações que são separados para o lado direito de Jesus como ovelhas entram na “vida eterna”. (Mt 25:46) Paulo menciona os “filhos de Deus” e os “coerdeiros de Cristo” e diz que “a expectativa ansiosa da criação está esperando a revelação dos filhos de Deus”. Daí ele diz: “A própria criação também será liberta da escravização à corrupção e terá a liberdade gloriosa dos filhos de Deus.” (Ro 8:14-23) Quando Adão foi criado como humano perfeito, ele era “filho de Deus”. (Lu 3:38) A visão profética em Revelação (Apocalipse) 21:1-4 aponta para o tempo de um “novo céu” e uma “nova terra”, e promete que, naquele tempo, “não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor”. Visto que esta promessa não é feita a criaturas espirituais, mas, especificamente, à “humanidade”, ela garante que uma nova sociedade terrestre da humanidade, vivendo sob o “novo céu”, usufruirá a restauração da mente e do corpo na plenitude da saúde, e a vida eterna como os terrestres “filhos de Deus”.
Na ordem de Deus a Adão, ele deu a entender que, se Adão obedecesse, não morreria. (Gên 2:17) O mesmo se dá com os da humanidade obediente, quando o último inimigo do homem, a morte, for reduzida a nada, não haverá mais pecado operando em seus corpos para causar a morte. Não precisarão mais morrer, por tempo indefinido. (1Co 15:26) Ser a morte assim reduzida a nada ocorre no fim do reinado de Cristo, que o livro de Revelação mostra durar 1.000 anos. Ali diz a respeito daqueles que se tornam reis e sacerdotes com Cristo, que eles “passaram a viver e reinaram com o Cristo por mil anos”. “Os demais mortos”, que não passam a viver “até terem terminado os mil anos”, têm de ser os que estiverem vivos no fim dos mil anos, mas antes de Satanás ser solto do abismo e trazer a prova decisiva sobre a humanidade. No fim dos mil anos, as pessoas na terra terão atingido a perfeição humana, estando na condição de Adão e Eva antes de pecarem. Terão então realmente vida em perfeição. Os que depois passarem a prova, quando Satanás for solto do abismo por um pouco de tempo, poderão usufruir esta vida para sempre. — Re 20:4-10.
O Caminho da Vida. Jeová, a Fonte da vida, tem revelado o caminho da vida por meio de sua Palavra da verdade. O Senhor Jesus Cristo “lançou luz sobre a vida e a incorrupção por intermédio das boas novas”. (2Ti 1:10) Ele disse a seus discípulos: “É o espírito que é vivificante; a carne não é de nenhum proveito. As declarações que eu vos tenho feito são espírito e são vida.” Pouco depois, Jesus perguntou a seus apóstolos se eles iriam deixá-lo, como outros haviam feito. Pedro replicou: “Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens declarações de vida eterna.” (Jo 6:63, 66-68) O apóstolo João chamou Jesus de a “palavra da vida” e disse: “Por meio dele foi a vida.” — 1Jo 1:1, 2; Jo 1:4.
As palavras de Jesus evidenciam que os esforços humanos de prolongar indefinidamente a vida, ou as teorias de que certas dietas ou regimes trarão vida à humanidade, são fúteis. No máximo, podem melhorar a saúde apenas temporariamente. O único caminho para a vida é a obediência às boas novas, a “palavra da vida”. (Fil 2:16) A fim de obter a vida, precisa-se fixar a mente “nas coisas de cima, não nas coisas sobre a terra”. (Col 3:1, 2) Jesus disse aos seus ouvintes: “Quem ouve a minha palavra e acredita naquele que me enviou tem vida eterna, e ele não entra em julgamento, mas tem passado da morte para a vida.” (Jo 5:24; 6:40) Não são mais pecadores condenados, seguindo na vereda da morte. O apóstolo Paulo escreveu: “Portanto, os em união com Cristo Jesus não têm nenhuma condenação. Pois a lei desse espírito que dá vida em união com Cristo Jesus libertou-te da lei do pecado e da morte.” (Ro 8:1, 2) João diz que o cristão sabe que já ‘passou da morte para a vida’ por amar os seus irmãos. — 1Jo 3:14.
Uma vez que “não há outro nome debaixo do céu, que tenha sido dado entre os homens, pelo qual tenhamos de ser salvos”, quem busca a vida tem de seguir a Cristo. (At 4:12) Jesus mostrou que é preciso conscientizar-se das necessidades espirituais; tem de se ter fome e sede de justiça. (Mt 5:3, 6) Não só se precisa ouvir as boas novas, mas tem de se exercer fé em Jesus Cristo, e, por meio dele, invocar o nome de Jeová. (Ro 10:13-15) Quem segue o exemplo de Jesus é batizado em água. (Mt 3:13-15; Ef 4:5) Precisa então continuar buscando o Reino e a justiça de Jeová. — Mt 6:33.
Resguardar o Coração. Quem se tornou discípulo de Jesus Cristo tem de continuar no caminho da vida. Ele é advertido: “Quem pensa estar de pé, acautele-se para que não caia.” (1Co 10:12) É aconselhado: “Mais do que qualquer outra coisa a ser guardada, resguarda teu coração, pois dele procedem as fontes da vida.” (Pr 4:23) Jesus mostrou que é do coração que emanam raciocínios iníquos, adultério, assassinato, e assim por diante. Estas coisas levam à morte. (Mt 15:19, 20) Guardar-se contra tais raciocínios do coração por supri-lo de vitalizadora nutrição espiritual, a verdade da Fonte pura da vida, protegerá o coração contra o erro e a perda do caminho da vida. — Ro 8:6; veja CORAÇÃO.
Para resguardar a vida por guardar o coração é preciso controlar a língua. “Morte e vida estão no poder da língua, e quem a ama comerá os seus frutos.” (Pr 18:21) O motivo disso foi explicado por Jesus: “As coisas procedentes da boca saem do coração, e estas coisas aviltam o homem.” (Mt 15:18; Tg 3:5-10) Mas pelo uso correto da língua para louvar a Deus e para falar coisas corretas, continua-se no caminho da vida. — Sal 34:12-14; 63:3; Pr 15:4.
Esta Vida Atual. O Rei Salomão, depois de experimentar tudo que esta vida tem a oferecer em matéria de riquezas, casas, jardins e formas de entretenimento, chegou à seguinte conclusão: “Odiei a vida, porque o trabalho que se tem feito debaixo do sol tem sido calamitoso do meu ponto de vista, pois tudo era vaidade e um esforço para alcançar o vento.” (Ec 2:17) Salomão não odiava a vida em si mesma, porque ela é uma ‘boa dádiva e presente perfeito de cima’. (Tg 1:17) Salomão odiou a vida calamitosa e vã que a pessoa leva ao viver assim como o mundo atual da humanidade, sujeita à futilidade. (Ro 8:20) Na conclusão do seu livro, Salomão exortou a que se tema o verdadeiro Deus e se guarde Seus mandamentos, o que constitui o caminho para a verdadeira vida. (Ec 12:13, 14; 1Ti 6:19) O apóstolo Paulo se referiu a si mesmo e a seus concristãos, dizendo que, depois de terem arduamente pregado e dado testemunho sobre Cristo e a ressurreição, em face de perseguição, “se somente nesta vida temos esperado em Cristo, somos os mais lastimáveis de todos os homens”. Por quê? Porque teriam confiado numa esperança falsa. “No entanto”, Paulo continuou, “agora Cristo tem sido levantado dentre os mortos”. “Consequentemente, meus amados irmãos”, concluiu ele, “tornai-vos constantes, inabaláveis, tendo sempre bastante para fazer na obra do Senhor, sabendo que o vosso labor não é em vão em conexão com o Senhor”. — 1Co 15:19, 20, 58.
Árvores da Vida. Além da árvore da vida no Éden (Gên 2:9), já considerada aqui, a expressão “árvore[s] da vida” ocorre várias vezes nas Escrituras, sempre em sentido figurado ou simbólico. A sabedoria é chamada de “árvore de vida para os que a agarram”, no sentido de que lhes suprirá aquilo de que precisam, não só para usufruir a vida atual, mas também para obter a vida eterna, a saber, conhecimento a respeito de Deus, e perspicácia e bom senso para obedecer aos Seus mandamentos. — Pr 3:18; 16:22.
“O fruto do justo é árvore de vida, e quem ganha almas é sábio”, diz outro provérbio. (Pr 11:30) O justo, pela maneira de falar e pelo exemplo, ganha almas, isto é, por ouvirem a ele, as pessoas recebem nutrição espiritual, são levadas a servir a Deus e, assim, obtêm a vida que Deus torna possível. Similarmente, “a calma da língua é árvore de vida, mas a deturpação nela significa quebrantamento do espírito”. (Pr 15:4) A fala calma do sábio ajuda e revigora o espírito dos que o ouvem, nutre neles boas qualidades, ajudando-os no caminho da vida, mas o uso deturpado da língua é como o fruto podre; causa dificuldades e desânimo, prejudicando os que a ouvem.
Provérbios 13:12 reza: “A expectativa adiada faz adoecer o coração, mas a coisa desejada, quando vem, é árvore de vida.” O cumprimento de um desejo há muito aguardado é fortalecedor e revigorante, dando-nos renovado vigor.
O glorificado Jesus Cristo promete ao cristão vencedor que Ele lhe concederá comer da “árvore da vida, que está no paraíso de Deus”. (Re 2:7) Novamente, nos versículos finais do livro de Revelação lemos: “E se alguém tirar qualquer coisa das palavras do rolo desta profecia, Deus lhe tirará o seu quinhão das árvores da vida e da cidade santa, coisas das quais se escreve neste rolo.” (Re 22:19) No contexto destes dois textos bíblicos, Cristo Jesus fala àqueles que são vencedores, aos quais ‘a segunda morte não fará dano’ (Re 2:11), que obterão “autoridade sobre as nações” (Re 2:26), serão constituídos “coluna no templo do meu Deus” (Re 3:12), e se sentarão junto a Cristo no trono celeste dele. (Re 3:21) Por conseguinte, a árvore ou árvores não poderiam ser literais, pois os vencedores que comem delas são os participantes da chamada celestial (He 3:1), com lugares no céu reservados para eles. (Jo 14:2, 3; 2Pe 1:3, 4) A(s) árvore(s), portanto, seria(m) símbolo da provisão de Deus para a vida continuada, neste caso, a vida celestial e imortal que os fiéis recebem como vencedores ao lado de Cristo.
Faz-se menção das “árvores da vida” num contexto diferente, em Revelação 22:1, 2. Ali se mostra que as nações comem das folhas das árvores com fins curativos. As árvores estão nas margens do rio que flui do templo-palácio de Deus, no qual se acha o Seu trono. Esse quadro aparece depois da cena do estabelecimento do novo céu e da nova terra, e da declaração de que “a tenda de Deus está com a humanidade”. (Re 21:1-3, 22, 24) Simbolicamente, então, estas seriam provisões curativas, sustentadoras da vida, para a humanidade, para no fim ter vida eterna. A fonte destas provisões é o trono régio de Deus e do Cordeiro, Jesus Cristo.
Fazem-se diversas referências ao “rolo da vida” ou ao “livro” de Deus. Este evidentemente contém os nomes de todos aqueles que, por causa da sua fé, são candidatos a receber a concessão da vida eterna, quer no céu, quer na terra. Contém os nomes dos servos de Jeová “desde a fundação do mundo”, isto é, o mundo da humanidade redimível. De modo que o do justo Abel parece ser o primeiro nome escrito “no rolo”. — Re 17:8; Mt 23:35; Lu 11:50, 51.
O que indica ter alguém seu nome inscrito no “livro” ou “rolo da vida” de Deus?
Ter alguém seu nome inscrito “no livro da vida” não o predestina para a vida eterna. Seu nome continuar ali depende da sua obediência. Assim, Moisés rogou a Jeová a favor de Israel: “Agora, se perdoares o seu pecado, . . . e se não, por favor, extingue-me do teu livro que tens escrito.” Jeová respondeu: “Extinguirei do meu livro aquele que tiver pecado contra mim.” (Êx 32:32, 33) Isto indica que a lista de nomes no “livro” passaria por mudanças por causa da desobediência de alguns, sendo o nome destes ‘extinto’ ou ‘apagado’ do “livro”. — Re 3:5.
Na cena de julgamento, em Revelação 20:11-15, durante o Reinado Milenar de Cristo, o “rolo da vida” é mostrado aberto para receber nomes adicionais; abrem-se também rolos com instruções. Aqueles que retornam na ‘ressurreição dos injustos’ receberão assim a oportunidade de ter seus nomes escritos “no rolo da vida”, desde que obedientemente realizem ações em harmonia com os rolos de instruções. (At 24:15) Naturalmente, os nomes dos servos fiéis de Deus, que voltam na ‘ressurreição dos justos’, já constarão no “rolo da vida”. Manterão seu nome nele pela sua obediência leal às instruções divinas.
Como se consegue que o nome continue permanentemente no “livro da vida”? No caso dos que esperam receber a vida celestial, é por ‘vencerem’ este mundo pela fé, mostrando-se ‘fiéis até a morte’. (Re 2:10; 3:5) No caso dos que esperam receber a vida na terra, dá-se isso por se mostrarem leais a Jeová durante uma prova decisiva, final, no fim do Reinado Milenar de Cristo. (Re 20:7, 8) Aqueles que mantiverem a integridade durante esta prova final terão seus nomes retidos permanentemente por Deus “no rolo da vida”, Jeová reconhecendo assim que eles são justos em sentido pleno e dignos do direito à vida eterna na terra. — Ro 8:33.
‘O rolo do Cordeiro.’ O “rolo da vida do Cordeiro” é um rolo distinto, evidentemente só contendo os nomes daqueles com quem o Cordeiro, Jesus Cristo, compartilha seu governo do Reino, incluindo aqueles na terra que hão de receber vida celestial. (Re 13:8; compare isso com Re 14:1, 4.) Os inscritos no ‘rolo do Cordeiro’ são mencionados como entrando na cidade santa, Nova Jerusalém, tornando-se assim parte do messiânico Reino celestial. (Re 21:2, 22-27) Seus nomes estão inscritos tanto no ‘rolo do Cordeiro’ como no outro rolo, o “livro da vida” de Deus. — Fil 4:3; Re 3:5.
Rio de Água da Vida. Na visão de João, no livro de Revelação, ele viu “um rio de água da vida, límpido como cristal, correndo desde o trono de Deus e do Cordeiro”, descendo pelo meio da rua larga da cidade santa, Nova Jerusalém. (Re 22:1, 2; 21:2) A água é essencial para a vida. A visão começa a se cumprir durante o “dia do Senhor”, assim que o Reino de Deus é estabelecido. (Re 1:10) É um tempo em que alguns dos que fazem parte da noiva ainda estão na Terra para convidar pessoalmente “quem tem sede” para tomar de graça a água da vida. (Re 22:17) Daí no novo mundo, depois da destruição do atual sistema de coisas, o rio continua correndo e aumentando seu volume. A visão menciona nas margens do rio árvores que produzem frutos e folhas para a cura das nações. As águas vitalizadoras, então, seriam as provisões para a vida, que Jeová fez por meio do Cordeiro, Jesus Cristo, para todos na terra que receberão a vida.
‘A Seiva da Vida.’ No Salmo 32:1-5, Davi mostra a felicidade que acompanha o perdão, embora também revele a angústia sofrida antes de confessar a transgressão a Jeová Deus e obter o Seu perdão. Antes de confessar e enquanto tentava ocultar seu erro, o salmista sentia a consciência aflita, dizendo: “A seiva da minha vida se transformou como no calor seco do verão.” A tentativa de reprimir a consciência culpada o desgastou, e a angústia reduziu seu vigor assim como uma árvore pode perder sua seiva vitalizadora durante uma estiagem ou no intenso calor seco do verão. As palavras de Davi parecem indicar que ele sentia maus efeitos, tanto mentais como físicos, ou que tinha, pelo menos, perdido a maior parte do prazer na vida, por não confessar seu pecado. Apenas a confissão a Jeová podia trazer o perdão e o alívio. — Pr 28:13.
A “Bolsa da Vida”. Quando Abigail apelou a Davi para que desistisse da missão vingativa contra Nabal, desta forma refreando-o de incorrer em culpa de sangue, ela disse: “Quando um homem se levantar para te perseguir e para procurar a tua alma, a alma do meu senhor certamente mostrará estar embrulhada na bolsa da vida junto a Jeová, teu Deus; mas, quanto à alma dos teus inimigos, ele a atirará como que de dentro da concavidade duma funda.” (1Sa 25:29-33) Assim como alguém embrulha algo valioso para protegê-lo ou preservá-lo, assim também a vida de Davi, como indivíduo, estava nas mãos do Deus vivente, e Ele preservaria a vida de Davi de seus inimigos, conquanto Davi não tentasse salvar-se por suas próprias mãos, mas esperasse em Jeová. A alma dos inimigos de Davi, porém, Deus lançaria fora.