Capítulo 40
Machucada a cabeça da serpente
Visão 14 — Revelação 20:1-10
Assunto: O lançamento de Satanás no abismo, o Reinado Milenar, a prova final da humanidade e a destruição de Satanás
Tempo do cumprimento: Desde o fim da grande tribulação até a destruição de Satanás
1. Como o cumprimento da primeira profecia bíblica tem se desenvolvido?
LEMBRA-SE da primeira profecia bíblica? Ela foi proferida por Jeová Deus quando ele disse à Serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre o teu descendente e o seu descendente. Ele te machucará a cabeça e tu lhe machucarás o calcanhar.” (Gênesis 3:15) Agora o cumprimento dessa profecia atinge seu clímax! Traçamos a história da guerra de Satanás contra a organização-mulher celestial de Jeová. (Revelação 12:1, 9) O descendente terrestre da Serpente, com sua religião, sua política e seu alto comércio, tem movido uma cruel perseguição ao descendente da mulher, a Jesus Cristo e a seus 144.000 seguidores ungidos, aqui na Terra. (João 8:37, 44; Gálatas 3:16, 29) Satanás infligiu a Jesus uma morte agonizante. Mas esta mostrou ser como um ferimento no calcanhar, porque Deus ressuscitou seu Filho fiel no terceiro dia. — Atos 10:38-40.
2. Como a Serpente é machucada, e o que acontece com o descendente terrestre da Serpente?
2 Que dizer da Serpente e do seu descendente? Por volta de 56 EC, o apóstolo Paulo escreveu uma longa carta aos cristãos em Roma. Em conclusão, ele os incentivou por dizer: “O Deus que dá paz, por sua parte, esmagará em breve a Satanás debaixo dos vossos pés.” (Romanos 16:20) Esse machucar é mais do que apenas superficial. Satanás há de ser esmagado! Paulo usou aqui uma palavra grega, syn·trí·bo, que significa machucar até deixar como geleia, pisotear, destruir completamente por esmagamento. No que se refere ao descendente humano da Serpente, este está prestes a sofrer uma verdadeira praga no dia do Senhor, culminando, na grande tribulação, no completo esmagamento de Babilônia, a Grande, e dos sistemas políticos do mundo, junto com seus apoiadores financeiros e militares. (Revelação, capítulos 18 e 19) Jeová leva assim a um clímax a inimizade entre os dois descendentes. O Descendente da mulher de Deus triunfa sobre o descendente terrestre da Serpente, e este descendente deixa de existir!
Satanás Lançado no Abismo
3. O que João nos informa sobre o que vai acontecer a Satanás?
3 O que aguarda então ao próprio Satanás e seus demônios? João informa-nos: “E eu vi descer do céu um anjo com a chave do abismo e uma grande cadeia na mão. E ele se apoderou do dragão, a serpente original, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos. E lançou-o no abismo, e fechou e selou este sobre ele, para que não mais desencaminhasse as nações até que tivessem terminado os mil anos. Depois destas coisas terá de ser solto por um pouco.” — Revelação 20:1-3.
4. Quem é o anjo com a chave do abismo, e como sabemos isso?
4 Quem é esse anjo? Ele deve ter um tremendo poder para ser capaz de eliminar o arqui-inimigo de Jeová. Possui “a chave do abismo e uma grande cadeia”. Não nos relembra isso uma visão anterior? Claro que sim, o rei sobre os gafanhotos é chamado de “o anjo do abismo”! (Revelação 9:11) Observamos aqui novamente o Principal Vindicador de Jeová, o glorificado Jesus Cristo, em ação. Esse arcanjo que lançou Satanás fora do céu, que julgou Babilônia, a Grande, e que eliminou “os reis da terra, e os seus exércitos”, no Armagedom, certamente não se eximiria, deixando um anjo inferior aplicar o golpe de mestre, de lançar Satanás no abismo! — Revelação 12:7-9; 18:1, 2; 19:11-21.
5. Como o anjo do abismo lida com Satanás, o Diabo, e por quê?
5 Quando o grande dragão cor de fogo foi expulso do céu, ele foi chamado de “a serpente original, o chamado Diabo e Satanás, que está desencaminhando toda a terra habitada”. (Revelação 12:3, 9) Agora, no ponto em que está para ser apanhado e lançado no abismo, ele é novamente descrito em detalhes como o “dragão, a serpente original, que é o Diabo e Satanás”. Esse infame devorador, enganador, caluniador e opositor é posto em cadeias e lançado “no abismo”, o qual é fechado e selado firmemente, ‘para que não mais desencaminhe as nações’. Esse lançamento de Satanás no abismo é por mil anos, tempo em que a sua influência sobre a humanidade não será mais do que a de um prisioneiro num calabouço profundo. O anjo do abismo retira Satanás completamente de qualquer contato com o Reino de justiça. Que alívio para a humanidade!
6. (a) Que evidência há de que os demônios também vão para o abismo? (b) O que poderá começar então, e por quê?
6 O que acontece com os demônios? Eles também foram ‘reservados para o julgamento’. (2 Pedro 2:4) Satanás é chamado de “Belzebu, o governante dos demônios”. (Lucas 11:15, 18; Mateus 10:25) Em vista da sua longa colaboração com Satanás, não se lhes devia dar o mesmo julgamento? O abismo tem sido por muito tempo motivo de medo para esses demônios; em certa ocasião, quando confrontados por Jesus, eles “suplicavam-lhe que não lhes ordenasse que se afastassem para o abismo”. (Lucas 8:31) Mas, quando Satanás for lançado no abismo, seus anjos certamente também serão lançados no abismo com ele. (Veja Isaías 24:21, 22.) Depois de Satanás e seus demônios terem sido lançados no abismo, poderá começar o Reinado Milenar de Jesus Cristo.
7. (a) Em que estado Satanás e seus demônios estarão enquanto no abismo, e como sabemos isso? (b) O Hades e o abismo são a mesma coisa? (Queira ver a nota.)
7 Será que Satanás e seus demônios serão ativos no abismo? Ora, lembre-se da fera cor de escarlate, de sete cabeças, que “era, mas não é, contudo, está para ascender do abismo”. (Revelação 17:8) Enquanto no abismo, ela ‘não era’. Não funcionava, estava imobilizada, e para todos os efeitos e objetivos estava morta. Do mesmo modo, falando de Jesus, o apóstolo Paulo disse: “‘Quem descerá ao abismo?’ isto é, para fazer subir a Cristo dentre os mortos.” (Romanos 10:7) Enquanto naquele abismo, Jesus estava morto.a É razoável concluir-se, então, que Satanás e seus demônios estarão num estado de inatividade semelhante à morte durante os mil anos que estiverem no abismo. Que boas novas para os que amam a justiça!
Juízes por Mil Anos
8, 9. O que João nos informa agora sobre os sentados em tronos, e quem são esses?
8 Após os mil anos, Satanás é solto do abismo por pouco tempo. Por quê? Antes de dar a resposta, João traz novamente à nossa atenção o começo desse período. Lemos: “E eu vi tronos, e havia os que se assentavam neles, e foi-lhes dado poder para julgar.” (Revelação 20:4a) Quem são os sentados em tronos e que governam nos céus junto com o glorificado Jesus?
9 Eles são “os santos” que Daniel descreveu como governando no Reino junto com Aquele que é “semelhante a um filho de homem”. (Daniel 7:13, 14, 18) São os mesmos que os 24 anciãos sentados em tronos celestiais na própria presença de Jeová. (Revelação 4:4) Eles incluem os 12 apóstolos, aos quais Jesus dera a promessa: “Na recriação, quando o Filho do homem se assentar no seu glorioso trono, vós, os que me seguistes, também estareis sentados em doze tronos, julgando as doze tribos de Israel.” (Mateus 19:28) Eles incluem também Paulo, bem como os cristãos coríntios que permaneceram fiéis. (1 Coríntios 4:8; 6:2, 3) Incluem também os membros da congregação de Laodiceia, que venceram. — Revelação 3:21.
10. (a) Como João descreve agora os 144.000 reis? (b) Em vista do que João nos dissera anteriormente, quem está incluído nos 144.000 reis?
10 Tronos — 144.000 deles — estão preparados para esses vencedores ungidos, “comprados dentre a humanidade como primícias para Deus e para o Cordeiro”. (Revelação 14:1, 4) “Sim”, prossegue João, “vi as almas dos executados com o machado, pelo testemunho que deram de Jesus e por terem falado a respeito de Deus, e os que não tinham adorado nem a fera nem a imagem dela, e que não tinham recebido a marca na sua testa e na sua mão”. (Revelação 20:4b) Entre esses reis, portanto, estão os ungidos mártires cristãos que anteriormente, por ocasião da abertura do quinto selo, perguntaram a Jeová quanto tempo ele esperaria até vingar o sangue deles. Naquele tempo, receberam uma comprida veste branca e se lhes disse que esperassem mais um pouco. Mas agora, com a devastação de Babilônia, a Grande, a destruição das nações pelo Rei dos reis e Senhor dos senhores, e o lançamento de Satanás no abismo, eles foram vingados. — Revelação 6:9-11; 17:16; 19:15, 16.
11. (a) Como devemos entender a expressão “executados com o machado”? (b) Por que se pode dizer que todos os 144.000 têm uma morte sacrificial?
11 Será que todos esses 144.000 juízes régios foram fisicamente “executados com o machado”? É provável que relativamente poucos deles tenham sido executados assim literalmente. Essa expressão, porém, sem dúvida destina-se a abranger todos aqueles cristãos ungidos que sofrem martírio de um modo ou de outro.b (Mateus 10:22, 28) Satanás, certamente, gostaria de ter executado a todos eles com o machado, mas, na realidade, nem todos os irmãos ungidos de Jesus morrem como mártires. Muitos deles falecem de doença ou de velhice. Esses, porém, também pertencem ao grupo visto agora por João. A morte de todos eles, em certo sentido, é sacrificial. (Romanos 6:3-5) Além disso, nenhum deles fazia parte do mundo. Portanto, todos eles foram odiados pelo mundo e, de fato, estão mortos aos olhos dele. (João 15:19; 1 Coríntios 4:13) Nenhum deles adorou a fera ou a imagem dela, e quando morreram, nenhum deles tinha a marca da fera. Todos eles morreram como vencedores. — 1 João 5:4; Revelação 2:7; 3:12; 12:11.
12. O que João relata a respeito dos 144.000 reis, e quando é que passam a viver?
12 Agora, esses vencedores reviveram! João relata: “E passaram a viver e reinaram com o Cristo por mil anos.” (Revelação 20:4c) Significa isso que esses juízes só são ressuscitados depois da destruição das nações e do lançamento de Satanás e seus demônios no abismo? Não. A maioria deles já estão bem vivos, visto que cavalgaram com Jesus contra as nações no Armagedom. (Revelação 2:26, 27; 19:14) Deveras, Paulo indicou que a ressurreição deles começou logo após o início da presença de Jesus em 1914, e que alguns são ressuscitados antes de outros. (1 Coríntios 15:51-54; 1 Tessalonicenses 4:15-17) Portanto, passarem a viver ocorre durante um período de tempo, ao passo que recebem individualmente a dádiva da vida imortal nos céus. — 2 Tessalonicenses 1:7; 2 Pedro 3:11-14.
13. (a) Como devemos encarar os mil anos durante os quais os 144.000 governam, e por quê? (b) Como Pápias de Hierápolis encarava os mil anos? (Queira ver a nota na página 290.)
13 Reinarão e julgarão por mil anos. Trata-se de mil anos literais, ou devemos encará-los simbolicamente como um longo período indefinido? “Milhares” pode referir-se a um grande número indefinido, como em 1 Samuel 21:11. Mas aqui os “mil” são literais, visto que aparecem três vezes em Revelação 20:5-7 como “os mil anos”. Paulo chamou esse tempo de julgamento de “um dia”, ao declarar: “Ele [Deus] fixou um dia em que se propôs julgar em justiça a terra habitada.” (Atos 17:31) Visto que Pedro nos diz que para Jeová um só dia é como mil anos, é apropriado que esse Dia de Julgamento seja de mil anos literais.c — 2 Pedro 3:8.
Os Demais Mortos
14. (a) Que declaração João insere a respeito dos “demais mortos”? (b) De que modo as expressões feitas pelo apóstolo Paulo lançam uma luz sobre a expressão ‘passar a viver’?
14 No entanto, a quem julgarão esses reis se, conforme o apóstolo João aqui insere, “(os demais mortos não passaram a viver até terem terminado os mil anos)”? (Revelação 20:5a) Novamente, a expressão “passaram a viver” tem de ser entendida em harmonia com o contexto. Essa expressão pode ter diversos sentidos, em diferentes circunstâncias. Por exemplo, Paulo disse a respeito de seus concristãos ungidos: “É a vós que Deus vivificou, embora estivésseis mortos nas vossas falhas e pecados.” (Efésios 2:1) Sim, os cristãos ungidos com o espírito foram ‘vivificados’, mesmo lá no primeiro século, sendo declarados justos à base da sua fé no sacrifício de Jesus. — Romanos 3:23, 24.
15. (a) Que posição perante Deus as testemunhas pré-cristãs de Jeová usufruíam? (b) Como é que as outras ovelhas ‘passam a viver’, e quando possuirão a Terra no sentido mais pleno?
15 De modo similar, as testemunhas pré-cristãs de Jeová foram declaradas justas quanto a ter amizade com Deus; e Abraão, Isaque e Jacó são mencionados como “vivos”, embora estivessem fisicamente mortos. (Mateus 22:31, 32; Tiago 2:21, 23) Todavia, eles e todos os outros que são ressuscitados, bem como a grande multidão de outras ovelhas fiéis que sobrevive ao Armagedom, e quaisquer filhos que lhes nasçam no novo mundo, ainda terão de ser elevados à perfeição humana. Isso será realizado por Cristo e seus reis e sacerdotes associados durante o Dia de Julgamento de mil anos, à base do sacrifício resgatador de Jesus. No fim daquele Dia, “os demais mortos” terão passado “a viver” no sentido de que serão humanos perfeitos. Conforme veremos, terão de passar então por uma prova final, mas enfrentarão essa prova como humanos aperfeiçoados. Ao passarem pela prova, Deus os declarará dignos de viver para sempre, justos no mais pleno sentido. Terão o pleno cumprimento da promessa: “Os próprios justos possuirão a terra e residirão sobre ela para todo o sempre.” (Salmo 37:29) Que deleitoso futuro aguarda a humanidade obediente!
A Primeira Ressurreição
16. Como João descreve a ressurreição daqueles que reinam com Cristo, e por quê?
16 Voltando agora àqueles que “passaram a viver e reinaram com o Cristo por mil anos”, João escreve: “Esta é a primeira ressurreição.” (Revelação 20:5b) Em que sentido é a primeira? Ela é a primeira ressurreição quanto ao tempo, porque aqueles que a terão são “primícias para Deus e para o Cordeiro”. (Revelação 14:4) Ela é também primeira em importância, visto que aqueles que participam nela tornam-se corregentes de Jesus no seu Reino celestial e julgam os demais da humanidade. Por fim, é a primeira em qualidade. À parte do próprio Jesus Cristo, os levantados na “primeira ressurreição” são as únicas criaturas de que se fala na Bíblia como recebendo imortalidade. — 1 Coríntios 15:53; 1 Timóteo 6:16.
17. (a) Como João descreve a perspectiva bendita dos cristãos ungidos? (b) O que é “a segunda morte”, e por que ela “não tem autoridade” sobre os 144.000 vencedores?
17 Que bendita perspectiva têm esses ungidos! Conforme João declara: “Feliz e santo é todo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes a segunda morte não tem autoridade.” (Revelação 20:6a) Como Jesus prometera aos cristãos em Esmirna, esses vencedores, que participam na “primeira ressurreição”, não estarão em perigo de sofrer dano causado pela “segunda morte”, a qual significa o aniquilamento, a destruição, sem esperança de ressurreição. (Revelação 2:11; 20:14) A segunda morte ‘não terá autoridade’ sobre esses vencedores, porque eles se terão revestido de incorrupção e de imortalidade. — 1 Coríntios 15:53.
18. O que João diz agora a respeito dos novos governantes da Terra, e o que eles realizarão?
18 Quão diferentes dos reis da Terra durante o período de autoridade de Satanás! Esses têm governado no máximo por uns meros 50 ou 60 anos, e a grande maioria apenas por poucos anos. Muitos deles têm oprimido a humanidade. De qualquer modo, que proveito permanente poderiam as nações derivar de governantes em constante mudança, com políticas sempre diferentes? Em contraste, João diz a respeito dos novos governantes da Terra: “Mas serão sacerdotes de Deus e do Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos.” (Revelação 20:6b) Junto com Jesus, constituirão o único governo durante mil anos. Seu serviço sacerdotal, na aplicação do mérito do perfeito sacrifício humano de Jesus, soerguerá os humanos obedientes à perfeição espiritual, moral e física. Seu serviço régio resultará no estabelecimento duma sociedade humana global que refletirá a justiça e a santidade de Jeová. Eles, como juízes por mil anos, junto com Jesus, orientarão amorosamente os humanos dóceis em direção ao alvo da vida eterna. — João 3:16.
A Prova Final
19. Qual será a condição da Terra e a condição da humanidade no fim do Reinado Milenar, e o que Jesus fará então?
19 Até o fim do Reinado Milenar, toda a Terra terá se tornado igual ao Éden original. Será um verdadeiro paraíso. A humanidade perfeita não mais precisará dum sumo sacerdote para interceder por ela perante Deus, visto que todos os vestígios do pecado de Adão terão sido eliminados e o último inimigo, a morte, terá sido reduzido a nada. O Reino de Cristo terá conseguido realizar o propósito de Deus, de criar um só mundo com um só governo. Nesse ponto, Jesus ‘entregará o reino ao seu Deus e Pai’. — 1 Coríntios 15:22-26; Romanos 15:12.
20. O que João nos diz sobre o que acontecerá quando chegar o tempo para a prova final?
20 Chega agora o tempo para uma prova final. Será que esse mundo aperfeiçoado da humanidade, em contraste com os primeiros humanos no Éden, se manterá firme na sua integridade? João informa-nos sobre o que acontece: “Ora, assim que tiverem terminado os mil anos, Satanás será solto de sua prisão, e ele sairá para desencaminhar aquelas nações nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de ajuntá-los para a guerra. O número destes é como a areia do mar. E avançaram sobre a largura da terra e cercaram o acampamento dos santos e a cidade amada.” — Revelação 20:7-9a.
21. Como Satanás agirá no seu último esforço, e por que não nos deve surpreender que alguns seguirão a Satanás, mesmo depois do Reinado Milenar?
21 Qual será o resultado do último esforço de Satanás? Ele engana “aquelas nações nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue”, e as conduz à “guerra”. Quem é que ousaria tomar o lado de Satanás depois de mil anos de alegre e edificante governo teocrático? Ora, não se esqueça de que Satanás conseguiu desencaminhar os perfeitos Adão e Eva, enquanto eles usufruíam a vida no Paraíso do Éden. E ele conseguiu desviar anjos celestiais, que haviam visto os maus resultados da rebelião original. (2 Pedro 2:4; Judas 6) De modo que não nos deve surpreender que alguns humanos perfeitos sejam engodados para seguir a Satanás mesmo depois de deleitosos mil anos de governo do Reino de Deus.
22. (a) O que a expressão “aquelas nações nos quatro cantos da terra” indica? (b) Por que os rebeldes são chamados de “Gogue e Magogue”?
22 A Bíblia chama esses rebeldes de “nações nos quatro cantos da terra”. Isso não significa que a humanidade terá sido novamente dividida em entidades nacionais mutuamente incompatíveis. Indica apenas que esses se separarão dos justos e leais de Jeová, e que manifestarão o mesmo espírito mau que as nações demonstram hoje. Eles ‘inventarão um ardil maligno’, assim como fez Gogue de Magogue na profecia de Ezequiel, com o objetivo de destruir o governo teocrático na Terra. (Ezequiel 38:3, 10-12) Por isso são chamados de “Gogue e Magogue”.
23. O que o fato de o número dos rebeldes ser “como a areia do mar” indica?
23 O número dos que se juntam a Satanás na sua revolta será “como a areia do mar”. Quantos serão? Não há número predeterminado. (Veja Josué 11:4; Juízes 7:12.) O número total, final, dos rebeldes dependerá de como cada pessoa reagirá aos ardis enganosos de Satanás. Sem dúvida, porém, haverá um número considerável, visto que se considerarão bastante fortes para vencer “o acampamento dos santos e a cidade amada”.
24. (a) O que é “a cidade amada”, e como pode ser cercada? (b) O que é representado pelo “acampamento dos santos”?
24 “A cidade amada” deve ser a cidade mencionada pelo glorificado Jesus Cristo aos seus seguidores, em Revelação 3:12, e que ele chama de “cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu da parte do meu Deus”. Visto que ela é uma organização celestial, como podem essas forças terrestres ‘cercá-la’? No sentido de que cercam “o acampamento dos santos”. Qualquer acampamento se encontra fora duma cidade; portanto, “o acampamento dos santos” deve representar aqueles que estão na Terra, fora do lugar celestial da Nova Jerusalém, que lealmente apoiam o arranjo governamental de Jeová. Quando os rebeldes sob as ordens de Satanás atacarem esses fiéis, o Senhor Jesus considerará isso como um ataque contra ele mesmo. (Mateus 25:40, 45) “Aquelas nações” tentarão eliminar tudo o que a Nova Jerusalém celestial tiver realizado em tornar a Terra um paraíso. Portanto, ao atacarem “o acampamento dos santos”, eles também estarão atacando “a cidade amada”.
O Lago de Fogo e Enxofre
25. Como João descreve o resultado do ataque dos rebeldes contra “o acampamento dos santos”, e o que isso significará para Satanás?
25 Esse último esforço de Satanás será bem-sucedido? Certamente que não — assim como tampouco o será o ataque que Gogue de Magogue está prestes a lançar contra o Israel espiritual nos nossos dias! (Ezequiel 38:18-23) João descreve vividamente o resultado: “Mas desceu fogo do céu e os devorou. E o Diabo que os desencaminhava foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde já estavam tanto a fera como o falso profeta.” (Revelação 20:9b-10a) Em vez de Satanás, a serpente original, ser apenas lançado no abismo, dessa vez ele será realmente esmagado, pulverizado, completamente aniquilado como que por fogo, deixando de existir.
26. Por que o “lago de fogo e enxofre” não pode ser um lugar literal de tormento?
26 Já notamos que o “lago de fogo e enxofre” não pode ser um literal lugar de tormento. (Revelação 19:20) Se Satanás tivesse de sofrer por toda a eternidade uma tortura agonizante, Jeová teria de preservá-lo vivo. No entanto, a vida é uma dádiva, não uma punição. A morte é a punição pelo pecado, e, segundo a Bíblia, as criaturas mortas não sentem nenhuma dor. (Romanos 6:23; Eclesiastes 9:5, 10) Além disso, lemos mais adiante que a própria morte, junto com o Hades, é lançada nesse mesmo lago de fogo e enxofre. A morte e o Hades certamente não podem sentir dor! — Revelação 20:14.
27. Como aquilo que aconteceu a Sodoma e Gomorra nos ajuda a entender a expressão lago de fogo e enxofre?
27 Tudo isso reforça o conceito de que o lago de fogo e enxofre é simbólico. Ademais, a menção de fogo e enxofre faz lembrar a sorte das antigas Sodoma e Gomorra, destruídas por Deus por causa da sua grave iniquidade. Quando o tempo delas chegou, “Jeová fez . . . chover enxofre e fogo sobre Sodoma e sobre Gomorra, da parte de Jeová, desde os céus”. (Gênesis 19:24) Aquilo que sobreveio àquelas duas cidades é chamado de “punição judicial do fogo eterno”. (Judas 7) Contudo, essas duas cidades não sofreram tormento eterno. Antes, elas foram eliminadas, obliteradas para sempre, junto com seus habitantes depravados. Essas cidades não existem hoje, e ninguém pode dizer com certeza onde elas se encontravam.
28. O que é o lago de fogo e enxofre, e em que sentido é dessemelhante da morte, do Hades e do abismo?
28 Em harmonia com isso, a própria Bíblia explica o sentido do lago de fogo e enxofre: “Este significa a segunda morte, o lago de fogo.” (Revelação 20:14) Trata-se evidentemente da mesma coisa que a Geena mencionada por Jesus, o lugar em que os iníquos são destruídos, não torturados, para sempre. (Mateus 10:28) É a destruição completa, total, sem esperança de ressurreição. Assim, ao passo que há chaves para a morte, para o Hades e para o abismo, não se faz menção duma chave para abrir o lago de fogo e enxofre. (Revelação 1:18; 20:1) Ele nunca soltará os seus cativos. — Veja Marcos 9:43-47.
Atormentados Dia e Noite, Para Todo o Sempre
29, 30. O que João diz sobre o Diabo, bem como sobre a fera e o falso profeta, e como se deve entender isso?
29 Referindo-se ao Diabo, bem como à fera e ao falso profeta, João nos diz agora: “E serão atormentados dia e noite, para todo o sempre.” (Revelação 20:10b) O que significa isso? Conforme já mencionado, não é lógico dizer que símbolos, tais como a fera e o falso profeta, bem como a morte e o Hades, possam sofrer tortura de modo literal. Portanto, não temos nenhum motivo para crer que Satanás sofrerá por toda a eternidade. Ele será aniquilado.
30 A palavra grega usada aqui para “tormento”, ba·sa·ní·zo, significa primariamente “testar (metais) com a pedra de toque”. “Interrogar por meio de tortura” é outra acepção. (The New Thayer’s Greek-English Lexicon of the New Testament) No contexto, o uso dessa palavra grega indica que aquilo que acontecerá a Satanás servirá para toda a eternidade como pedra de toque para a questão da legitimidade e da justiça do domínio de Jeová. Essa questão do domínio soberano terá sido resolvida de uma vez para sempre. Nunca mais terá de ser testado um desafio à soberania de Jeová por algum período extenso para mostrar que é errado. — Veja Salmo 92:1, 15.
31. Como duas palavras gregas, relacionadas com aquela que significa “tormento”, nos ajudam a entender a punição sofrida por Satanás, o Diabo?
31 Além disso, a palavra relacionada, ba·sa·ni·stés, “atormentador”, é usada na Bíblia para significar “carcereiro”. (Mateus 18:34, Interlinear do Reino, em inglês) Em harmonia com isso, Satanás será encarcerado para sempre no lago de fogo; ele nunca será solto. Finalmente, na versão Septuaginta, grega, que João conhecia bem, a palavra relacionada bá·sa·nos é usada para se referir à humilhação que leva à morte. (Ezequiel 32:24, 30) Isso nos ajuda a ver que a punição sofrida por Satanás é uma morte humilhante, eterna, no lago de fogo e enxofre. Suas obras morrem junto com ele. — 1 João 3:8.
32. Que punição os demônios sofrerão, e como sabemos isso?
32 Outrossim, nesse versículo não se mencionam os demônios. Serão eles soltos com Satanás no fim dos mil anos e sofrerão então a punição da morte eterna junto com ele? A evidência responde que sim. Na parábola das ovelhas e dos cabritos, Jesus disse que os cabritos iriam “para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos”. (Mateus 25:41) A expressão “fogo eterno” deve referir-se ao lago de fogo e enxofre no qual Satanás há de ser lançado. Os anjos do Diabo foram expulsos do céu junto com ele. Evidentemente, eles foram ao abismo com ele no começo do Reinado Milenar. De maneira coerente, pois, serão também destruídos com ele no lago de fogo e enxofre. — Mateus 8:29.
33. Que pormenor final de Gênesis 3:15 se cumprirá então, e que assunto o espírito de Jeová traz agora à atenção de João?
33 Dessa maneira, cumpre-se o último pormenor da profecia registrada em Gênesis 3:15. Quando Satanás for lançado no lago de fogo, ele ficará morto como uma serpente a que se esmigalhou a cabeça com um salto de ferro. Ele e seus demônios terão desaparecido para sempre. Não há mais menção deles no livro de Revelação. Agora, depois de profeticamente tê-los eliminado, o espírito de Jeová traz à atenção um assunto de premente interesse para aqueles que prezam a esperança terrestre: o que resultará para a humanidade do reinado celestial do “Rei dos reis” e “com ele os chamados, e escolhidos, e fiéis”? (Revelação 17:14) Para responder, João nos leva novamente de volta ao começo do Reinado Milenar.
[Nota(s) de rodapé]
a Outros textos dizem que Jesus esteve no Hades enquanto morto. (Atos 2:31) No entanto, não devemos concluir disso que o Hades e o abismo sempre sejam a mesma coisa. Ao passo que a fera e Satanás vão ao abismo, fala-se apenas de humanos como indo ao Hades, onde dormem na morte até a sua ressurreição. — Jó 14:13; Revelação 20:13.
b O machado (em grego: pé·le·kus) parece ter sido o instrumento tradicional de execução em Roma, embora já nos dias de João em geral se usasse mais a espada. (Atos 12:2) Portanto, a palavra grega usada aqui, pe·pe·le·kis·mé·non (“executados com o machado”), significa simplesmente “executados”.
c É interessante notar que Eusébio, historiador do quarto século, relata que Pápias de Hierápolis, que se julga ter recebido parte de seu conhecimento bíblico de discípulos de João, o escritor de Revelação, acreditava num literal Reinado Milenar de Cristo (embora Eusébio discordasse fortemente dele). — The History of the Church (A História da Igreja), Eusébio, III, 39.
[Foto na página 293]
O Mar Morto. Possível localização de Sodoma e Gomorra
[Fotos na página 294]
“Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre o teu descendente e o seu descendente. Ele te machucará a cabeça e tu lhe machucarás o calcanhar”