“Não tendo nada, e ainda assim possuindo todas as coisas”
“Como pobres, mas enriquecendo a muitos, como não tendo nada, e ainda assim possuindo todas as coisas.” — 2 Cor. 6:10.
1. Em que sentido satisfaz o dinheiro uma necessidade?
O DINHEIRO certamente é essencial para a vida diária. Sem ele, como poderia viver neste atual sistema de coisas? Como poderia obter as necessidades da vida? Em muitas partes da terra, pode comprar serviços hospitalares, transporte, eletricidade, aquecimento e água encanada, coisas úteis para o homem. Mas, se não tiver dinheiro, como poderia alimentar e vestir a si mesmo e a sua família? Como poderia obter um lugar para morar e mantê-lo? Conforme Eclesiastes 10:19 expressa isso tão sabiamente: “O pão é para o riso dos trabalhadores, e o próprio vinho alegra a vida; mas o dinheiro é o que encontra resposta em todas as coisas.”
2. Contra que deve prevenir-se continuamente o cristão? Por quê?
2 Assim, enquanto permanecer este atual sistema de coisas, o dinheiro pode ser usado muito bem pelos cristãos para satisfazer suas necessidades diárias, especialmente com respeito a realizar seu serviço do Reino. Todavia, por causa de sua utilidade e da multidão de coisas que pode conseguir, o cristão precisa usar continuamente de autodomínio, sempre mantendo o dinheiro (as riquezas, os bens materiais) no seu devido lugar, isto é, como instrumento e servo. Nunca se deve permitir que se torne alvo do amor, “desejo do coração” da pessoa. Quão necessário, portanto, é que o cristão, em vista do tempo em que agora vivemos, obtenha agora e mantenha o conceito correto para com as riquezas!
3. (a) Como nos ajuda Paulo a encarar as riquezas materiais? (b) Em que fixou ele seu coração?
3 O apóstolo Paulo, por ser da tribo de Benjamim, hebreu, e, quanto ao judaísmo, fariseu (os quais tinham a reputação de serem ‘amantes do dinheiro’), podia falar dum fundo de experiência para nos ajudar a obter o devido equilíbrio espiritual. (Fil. 3:5; Luc. 16:14) Por causa de sua capacidade e educação, tendo sido instruído pelo erudito fariseu Gamaliel, sem dúvida poderia ter sido muito bem sucedido em acumular riquezas materiais. (Atos 5:34; 22:3) Todavia, Paulo demonstrou onde estavam as verdadeiras riquezas. Depois de gastar mais; de vinte e cinco anos na obra de pregação por tempo integral e ser lançado na prisão por causa dela, escreveu a respeito de sua convicção e de sua decisão em renunciar a uma vida de possivelmente grande lucro material, dizendo: “Considero também, deveras, todas as coisas como perda, por causa do valor superior do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele tenho aceitado a perda de todas as coisas e as considero como uma porção de refugo, para que eu possa ganhar a Cristo e ser achado em união com ele . . . para ver se de algum modo consigo alcançar a ressurreição mais breve dentre os mortos.” Paulo mostrou em que se fixava seu coração e o que realmente era de valor na sua vida. (Fil. 3:8-14; Heb. 6:10-12) Visto que tinha uma atitude sadia para com as riquezas materiais, podia manter um conceito sadio. Durante sua vida, observou os efeitos prejudiciais que o amor às riquezas tinha sobre muitos. — 2 Tim. 4:10.
O LAÇO DO DESEJO EGOÍSTA
4. A que perigo foi alertado Timóteo?
4 Preocupando-se genuinamente com o jovem Timóteo, Paulo escreveu-lhe quando Timóteo estava em Éfeso, na Ásia Menor, que naquele tempo era uma cidade comercial bem abastada. Alertando-o ao perigo de cultivar um desejo ardente de riqueza material e aos resultados desastrosos, acautelou: “Os que estão resolvidos a ficar ricos caem em tentação e em laço, e em muitos desejos insensatos e nocivos, que lançam os homens na destruição e na ruína. Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda sorte de coisas prejudiciais, e alguns, por procurarem alcançar este amor, foram desviados da fé e se traspassaram todo com muitas dores.” (1 Tim. 6:9, 10) Aprecia este conselho? Acata-o? Observou sua veracidade na vida de muitos hoje em dia,
5. (a) Como pode o desejo de riqueza material tornar-se um “laço”? (b) Por que não se pode servir a dois amos?
5 Quando seu interesse no dinheiro, para prover as necessidades da vida, muda para ser um desejo ardente de ser rico ou de adquirir coisas além de suas necessidades, o dinheiro deixa de ser seu instrumento, seu servo. Em vez disso, torna-se seu amo! Torna-se então um “laço”. Jesus disse: “Ninguém pode trabalhar como escravo para dois amos; pois, ou há de odiar um e amar o outro, ou há de apegar-se a um e desprezar o outro. Não podeis trabalhar como escravos para Deus e para as riquezas.” (Mat. 6:24) A Bíblia não condena as riquezas; condena tornar-se escravo delas. Por quê? Porque, quando seu desejo cobiçoso de lucro material se torna tão grande que ele fica escravo dele, não mais tem a Jeová Deus por seu Amo. Não poderá então ‘amar a Jeová, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de toda a sua mente’. (Mat. 22:37) Alguns dizem que “o dinheiro fala”. Mas, quando você, leitor, se torna escravo dele, ele até mesmo pensa em seu lugar!
6. (a) Que efeito prejudicial pode o amor ao dinheiro ter sobre o cristão? (b) Como é o dinheiro encarado por alguns?
6 Esta ânsia de dinheiro (riquezas) pode ser tão consumidora da alma, que pode corroer as qualidades cristãs. Pode degradar a pessoa a se tornar animalesca. Pode fazer com que se perca de vista a justiça, a verdade, a honestidade, ser generoso e mostrar misericórdia. (Deu. 16:19, 20; Êxo. 23:8) Ter o forte desejo de abundância material leva facilmente a se entregar às práticas comerciais desonestas do mundo. “O homem de atos fiéis receberá muitas bênçãos, mas aquele que se precipita para enriquecer não ficará inocente.” (Pro. 28:20) Mas, talvez diga: “Isto não se dá comigo; posso controlar isso. Como é que jamais poderia criar afeto a ele! Afinal, dinheiro é apenas papel!” Isso é verdade, mas quanto tempo e esforço gasta em adquiri-lo? Passou a ser seu amo? David T. Bazelon, no seu livro A Economia de Papel (em inglês), faz uma confissão honesta: “O dinheiro é um sonho. É um pedaço de papel em que está impresso em tinta invisível o sonho de todas as coisas que comprará . . . A maioria de nós, que não somos perdedores diretos na Grande Luta Norte-americana, amamos o dinheiro muito mais do que quaisquer das coisas que se comprarão com ele. Não é um meio para alcançar um fim para nós, é uma paixão.” Vivemos num tempo profeticamente indicado por Paulo, em 2 Timóteo 3:1, 2, e sobre o qual ele disse: “Nos últimos dias haverá tempos críticos, difíceis de manejar. Pois os homens serão . . . amantes do dinheiro.” Assim, quão importante é que o cristão mantenha o devido equilíbrio, prevenindo-se contra este apetite insaciável de riqueza material!
7. Em que resultou muitas vezes a labuta para obter riquezas?
7 Esta labuta pelas riquezas e o amor a elas têm causado uma série infinita de mágoas, miséria, sofrimentos, infelicidade, frustração e derramamento de sangue. São lastimáveis os exemplos daqueles que perderam o equilíbrio, que cultivaram coração cobiçoso. Reconheçamos, assim como Paulo, que “as coisas escritas outrora foram escritas para a nossa instrução” e que são “aviso para nós, para quem já chegaram os fins dos sistemas de coisas”. — Rom. 15:4; 1 Cor. 10:11.
“O PODER ENGANOSO DAS RIQUEZAS”
8. (a) Que atitude de coração manifestou Acã? (b) Que lição aprendemos disso?
8 Lembremo-nos do tempo em que Jeová Deus guiava os israelitas através do ermo e eles estavam quase prontos para tomar posse da Terra da Promessa. Como primícias da conquista, a cidade de Jericó tinha “de tornar-se algo devotado à destruição . . . pertence a Jeová”, foi o que se lhes informou. As instruções de Deus proibiam o saque dela, como se costumava fazer ao capturar uma cidade, mas ela devia ser incendiada. A prata e o ouro deviam ser entregues ao “tesouro de Jeová”. (Jos. 6:17-19) No entanto, Acã, da tribo de Judá, permitiu que seu coração se tornasse cobiçoso. Mais tarde, ele confessou: “Quando cheguei a ver no meio do despojo um manto oficial de Sinear, de bom aspecto, e duzentos siclos de prata e um lingote de ouro, cujo peso era de cinqüenta siclos, então os desejei e os tomei.” (Jos. 7:21) O amor às riquezas induziu Acã à deslealdade, à desonestidade e a furtar de Jeová. Quando Israel tentou capturar a próxima cidade, Ai, Jeová retirou seu espírito de Israel, até que Acã, o transgressor, foi exposto. Quando foi descoberto, Acã, sua família e todo o seu gado foram apedrejados até morrerem e foram queimados. Que preço a pagar por um tesouro corrutível! — Jos. 7:1-26.
9. (a) Como mostrou Geazi seu “amor ao dinheiro”? (b) De modo similar, o que fez com que Ananias e Safira perdessem a vida?
9 Tome também o ajudante de Eliseu, Geazi. Depois de Eliseu curar o general sírio Naamã de sua lepra, Naamã quis expressar apreço e dar um presente a Eliseu, mas este o recusou. Geazi, porém, amava as riquezas. Tentou transformar este acontecimento milagroso num de lucro pessoal. Isto o levou a inventar uma mentira tanto para Naamã como para Eliseu. Com que resultado, Eliseu disse: “De modo que a lepra de Naamã se apegará a ti e à tua descendência por tempo indefinido.” (2 Reis 5:20-27) Houve também Ananias e sua esposa Safira, que ‘trapacearam a Deus’ e secretamente retiveram parte do preço de seu campo, perdendo a vida em resultado disso. — Atos 5:1-10.
10. A que extremos pode nos levar o coração cobiçoso?
10 Depois, temos o exemplo de alguém que teve o privilégio maravilhoso de ser um dos apóstolos de Jesus, Judas Iscariotes. Sem dúvida, no começo foi fiel e fidedigno, passando a cuidar das finanças comuns de Jesus e dos doze; mais tarde, porém, tornou-se ladrão ganancioso e praticante. (João 12:6) Por apenas trinta moedas de prata, seu coração cobiçoso o induziu a trair seu Amo. E em que acabou isso? Depois de ver que Jesus fora condenado, saiu e “enforcou-se”. (Mat. 27:3-5) Este é o perigo para aqueles que se tornam escravos das riquezas!
11. Em que sentido são enganosas as riquezas materiais? Explique isso.
11 A Bíblia fala a respeito do “poder enganoso das riquezas”. (Mat. 13:22) O motivo de serem enganosas é que aquele que as procura ou se empenha por elas costuma deixar de reconhecer suas limitações. Fica enganado porque, nas riquezas que tão diligentemente busca, nunca realmente encontra a satisfação que anseia tanto. Ele acha sempre que aquilo que não se consegue com pouca riqueza consegue-se com riqueza maior. Por isso, há constante fome de se obter cada vez mais, nunca ficando satisfeito. O interessante é que esta fome aumenta quanto mais se procura saciá-la. Conforme admitiu verazmente certa vez o estadista estadunidense Benjamin Franklin: “O dinheiro ainda nunca tornou o homem feliz, e nunca o tornará. Não há nada na sua natureza para produzir a felicidade. Quanto mais o homem tem, tanto mais ele quer. Ao invés de encher um vácuo, cria um. Se satisfaz certo desejo, duplica e triplica tal desejo de outra forma. O seguinte é um verdadeiro provérbio de um homem sábio, pode confiar nisso. ‘Melhor é o pouco com o temor do SENHOR, do que grande tesouro e junto com ele dificuldades.’” — Pro. 15:16, Authorized Version.
12. Como nos ajudará a compreensão das limitações das riquezas materiais a manter o conceito correto para com elas?
12 Reconhecermos as limitações das riquezas materiais nos ajudará a manter o equilíbrio. A riqueza material falha quando as necessidades humanas são maiores. Conforme disse Jesus, a vida da pessoa não depende dos bens materiais que possui. (Luc. 12:15-21) Quando se perde um ente querido na morte, pode o dinheiro aliviar a dor da tristeza? Pode alguma quantidade de dinheiro comprá-lo de volta do Seol, da sepultura? Quando se perde a juventude e começa a velhice, podem títulos e valores livrar a pessoa das rugas e torná-la novamente jovem e forte? Quando a saúde falha, que felicidade se pode obter por ter todo um banco cheio de dinheiro? Se nasceu cego, pode todo o dinheiro do mundo fazê-lo ver as expressões de amor no rosto de seus pais, o belo pôr do sol ou animaizinhos brincando? Se nasceu surdo, pode um monte de ouro substituir a faculdade de ouvir uma bela sinfonia, o som do oceano ou até mesmo a sua própria voz? Quão limitados são os poderes dos tesouros materiais!
13. Que conceito nos fornece Provérbios 30:8, 9?
13 Obter a aprovação e a bênção de Jeová não depende do que tenhamos ou não tenhamos, mas de como usamos e encaramos aquilo que temos. “Não me dês nem pobreza nem riquezas. Devore eu o alimento que me é prescrito, para que eu não me farte e realmente te renegue, e diga: ‘Quem é Jeová?’ E para que eu não fique pobre e realmente furte, e ataque o nome de meu Deus.” (Pro. 30:8, 9) Quer tenhamos pouco dos bens deste mundo, quer abundância, uma ou outra destas coisas pode ser perigosa, se não mantivermos equilíbrio e o conceito correto.
14. (a) Que ponto de vista adotam alguns que são pobres quanto aos bens deste mundo? (b) É correto tal raciocínio?
14 Alguém a quem faltam bens materiais pode mostrar ter um amor muito forte às riquezas. Não tendo nada, talvez se sinta justificado em furtar ou em ser desonesto, de outras maneiras, para obter o que anseia. Invejando o que outros têm, poderá sentir-se plenamente justificado de gastar todo o seu tempo e esforço em adquirir as coisas que deseja. Ou talvez, assim como muitos fazem hoje, ache que o mundo lhe deve seu sustento. Todavia, esta é uma questão de ponto de vista. Aquele mesmo que acha que é pobre, talvez aos olhos de outro que vive num país diferente, pode parecer rico em comparação. Precisamos apreciar o que temos e usá-lo corretamente: “Não se jacte o sábio da sua sabedoria, nem se jacte o poderoso da sua potência. Não se jacte o rico das suas riquezas.” (Jer. 9:23) Aqui se expressa a atitude correta, não importa se alguém é sábio, poderoso ou rico. Não é que a pessoa tenha de ser uma dessas coisas, mas ela precisa ser equilibrada. Jacte-se de conhecer a Jeová. — 1 Cor. 1:31.
15. (a) Como mostra Paulo que não é errado ter abundância? (b) Que perigos, porém, confrontam os que a têm?
15 A Palavra de Deus não condena a pessoa por ter abundância dos bens deste mundo. Reconhecendo que alguns eram ricos, nos seus dias, Paulo não mandou que Timóteo aconselhasse esses irmãos ricos a se despojarem de sua riqueza, para se tornarem pobres e levarem uma vida de pobreza. Não! Antes, exortou-os a manterem a atitude correta para com as riquezas. “Dá ordens aos que são ricos no atual sistema de coisas, que não sejam soberbos e que não baseiem a sua esperança nas riquezas incertas, mas em Deus, que nos fornece ricamente todas as coisas para o nosso usufruto; para praticarem o bem, para serem ricos em obras excelentes, para serem liberais, prontos para partilhar, entesourando para si seguramente um alicerce excelente para o futuro, a fim de que se apeguem firmemente à verdadeira vida.” (1 Tim. 6:17-19) Paulo advertiu contra o perigo de se possuir demais. Pode-se ter a tendência de depositar a esperança nas riquezas. Estas podem desviar das coisas espirituais. Pode-se ficar escravo de cuidar delas, de protegê-las. Quer alguém seja rico, quer pobre, há um limite para quanto pode comer e vestir. Não importa o que tenhamos, devemos estar contentes, usando-o para a promoção dos interesses do Reino e apegando-nos “firmemente à verdadeira vida”.
A BUSCA DAS VERDADEIRAS RIQUEZAS
16. Que conceito sobre o futuro devemos adotar com respeito aos bens materiais?
16 Até que ponto, então, devemos preocupar-nos com coisas materiais? Paulo aconselhou: “Não trouxemos nada ao mundo, nem podemos levar nada embora. Assim, tendo sustento e com que nos cobrir, estaremos contentes com estas coisas.” (1 Tim. 6:7, 8) Instruindo seus discípulos a orar, Jesus disse: “Dá-nos o nosso pão para o dia, segundo as exigências do dia.” (Luc. 11:3) Não se faz nenhuma menção de armazenagem. Esteja simplesmente preocupado com as suas necessidades diárias, não criando caso sobre o que deve ter no futuro. Por que armazenar riquezas para um tempo que talvez nunca venha? Por que armazenar tesouros num mundo que está desaparecendo? — 1 João 2:15-17.
17, 18. (a) Como nos protegemos contra a ansiedade? (b) Que ponto é salientado pelas ilustrações de Jesus?
17 Pode ter a certeza de que Jeová cuidará de que tenha as necessidades materiais, se colocar os interesses do reino dele em primeiro lugar na sua vida. Jesus apresentou o conceito correto: “Por esta razão eu vos digo: Parai de estar ansiosos pelas vossas almas, quanto a que haveis de comer ou quanto a que haveis de beber, ou pelos vossos corpos, quanto a que haveis de vestir. Não significa a alma mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário?” (Mat. 6:25) Jesus enfatizou as coisas importantes, as espirituais, a “alma”, a vida da pessoa, não as coisas materiais que podem causar tal ansiedade! Ele nos manda ‘observar atentamente as aves’, como Jeová ‘as alimenta’, e aprender ‘uma lição dos lírios do campo, . . . que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestia como um destes’. Tocando no próprio motivo básico da ansiedade, ele disse: “Portanto, nunca estejais ansiosos, dizendo: ‘Que havemos de comer?’ ou: ‘Que havemos de beber?’ ou: ‘Que havemos de vestir?’ Porque todas estas são as coisas pelas quais se empenham avidamente as nações. Pois o vosso pai celestial sabe que necessitais de todas essas coisas. Persisti, pois, em buscar primeiro o reino e a Sua justiça, e todas essas outras coisas vos serão acrescentadas.” (Mat. 6:26-33) Possui tal fé?
18 Isto não significa que devemos recostar-nos e não fazer nada, esperando até que Deus nos dê comida e roupa. A ilustração de Jesus mostra que as aves buscam aquilo de que precisam. Jeová dá-lhes a capacidade e a força para isso. Fará o mesmo para nós. (Fil. 4:13) O que se enfatiza é que não nos devemos preocupar demais com assuntos materiais, mas devemos fazer de nosso serviço a Deus o nosso tesouro. Fazermos isso resultará em inúmeras bênçãos. Isto significa ir além das limitações das riquezas materiais e receber a recompensa de coisas que o dinheiro não pode comprar, de riquezas sem igual! — Rom. 11:33.
19. Por que nem se podem comparar as riquezas espirituais com as materiais?
19 O valor superior dessas riquezas é bem definido para nós em Provérbios 3:13-18: “Feliz o homem que achou sabedoria e o homem que obtém discernimento, porque tê-la por ganho é melhor do que ter por ganho a prata, e tê-la como produto é melhor do que o próprio ouro. Ela é mais preciosa do que os corais, e todos os outros agrados seus não se podem igualar a ela. Na sua direita há longura de dias; na sua esquerda há riquezas e glória. Seus caminhos são caminhos aprazíveis e todas as suas sendas são paz. Ela é árvore de vida para os que a agarram, e os que a seguram bem devem ser chamados de felizes.” Estas riquezas dão verdadeira paz e felicidade, de fato, nossa própria vida futura!
20. (a) Que exemplo deu Jesus com respeito aos bens materiais? (b) O que tornou ele disponível?
20 Aprecia esses tesouros? Jesus os apreciava! Seu tesouro era fazer a vontade de seu Pai. De fato, ele disse: “Meu alimento é eu fazer a vontade daquele que me enviou e terminar a sua obra.” (João 4:34; 6:38) Tudo o mais na sua vida ocupava lugar secundário. Avaliava corretamente as verdadeiras riquezas. Embora fosse o Filho de Deus, não lemos que Jesus tivesse abundância de riquezas materiais enquanto na terra. Bem ao contrário! “As raposas têm covis e as aves do céu têm poleiros, mas o Filho do homem não tem onde deitar a cabeça.” (Luc. 9:58) Embora fosse pobre, era rico. Considere a vida dele e verificará que era feliz e pacífico, e estava contente. Era como alguém que tinha poucos dos bens do mundo, mas podia remir toda a raça humana, tornando disponíveis as maiores riquezas, a saber, a perspectiva de seus seguidores se tornarem “filhos de Deus”. Além disso, também outras riquezas espirituais tornaram-se-lhes disponíveis. — 2 Cor. 8:9; Rom. 8:14, 19; Tia. 2:5; Col. 1:27; 2:2, 3.
21. (a) Como mostraram os apóstolos de Jesus apreço do tesouro celestial? (b) Que perguntas devemos considerar?
21 O mesmo se dava com os apóstolos. Também eles mantiveram o conceito correto por colocarem em primeiro lugar os tesouros celestiais. Pedro e seu irmão André eram pescadores, mas, ao convite de Jesus, reagiram e, “abandonando imediatamente as redes, seguiram-no”. (Mat. 4:20) João e Tiago reagiram de modo similar. “Deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.” (Mat. 4:22) Quanto eles apreciavam a oportunidade de servir a Jeová Deus com o Filho que enviou! Se você, leitor, estivesse lá naquele tempo, o que teria feito? Teria abandonado imediatamente suas redes? Ou teria adiado sua decisão, pensando que, visto que o negócio da pescaria era muito lucrativo, poderia continuar por mais um pouco, até estar em melhor situação financeira para o seguir? Quanto precisamos hoje apreciar onde está o verdadeiro tesouro! Prova agora por meio de seu proceder na vida que esses tesouros espirituais são a coisa mais importante na sua vida? (Mat. 13:44-46) Aumenta em apreço dos tesouros espirituais, de buscar o favor e as bênçãos de Jeová? Reconhece todos os benefícios espirituais que nos advêm por meio da organização de Deus e aproveita-se deles plenamente?
MANTENHAMOS NOSSO “OLHO” EM FOCO
22. (a) De que modo é nosso olho “a lâmpada do corpo”? Explique isso. (b) O que significa ter em foco os ‘olhos de nosso coração’?
22 Jesus disse: “A lâmpada do corpo é o olho. Se, pois, o teu olho for singelo [sincero; unidirecional, em foco, generoso], todo o teu corpo será luminoso; mas, se o teu olho for iníquo [egoísta, Moffatt, em inglês], todo o teu corpo será escuro. Se, na realidade, a luz que está em ti é escuridão, quão grande é essa escuridão!” (Mat. 6:22, 23) Quão apropriado é este conselho! Não apreciamos todos nós uma luz num lugar escuro, para impedir que tropecemos ou batamos em algo, ferindo-nos assim? Para ter a visão correta, nosso olho precisa ser singelo, quer dizer, unidirecional no desempenho de sua função. Precisa estar em foco, captando fielmente todos os raios de luz que pode, procedentes dum objeto, e podendo registrá-los de tal modo, que os objetos sejam vistos como realmente são. Assim se dá também com os ‘olhos de nosso coração’. (Efé. 1:18) Esses também precisam estar em foco, precisam ser unidirecionais. Precisamos encarar os assuntos na sua perspectiva correta para fazer as decisões certas. Ter olho sincero (generoso) nos ajudará a não nos preocuparmos demais com nós mesmos. Desejaremos compartilhar com outros. (Fil. 2:4) Termos ‘olho mau’ ou fora de foco resultaria em seguirmos um proceder de auto-satisfação, fazendo escolhas erradas. Todo o nosso corpo ficaria totalmente “escuro”.
23. (a) Como podemos enriquecer a muitos, embora sendo pobres? (b) Que conceito podemos adotar para com o serviço de tempo integral?
23 Possuindo tal ‘olho generoso’, podemos apreciar a declaração de Paulo, de que era “como pobre, mas enriquecendo a muitos, como não tendo nada, e ainda assim possuindo todas as coisas”. (2 Cor. 6:10) Paulo não tinha obrigações financeiras que exigissem dele manter um emprego regular na fabricação de tendas, mas as vezes fabricava tendas, a fim de não ser um fardo financeiro para as congregações locais. Nenhuma quantia de dinheiro pode comparar-se com o tesouro de se servir a Jeová com atenção completa. Iguais a Paulo, atualmente há milhares que, por manterem seu olho “singelo”, podem devotar todo o seu tempo à pregação e ao ensino como pioneiros, superintendentes especiais e trabalhadores nos lares de Betel. Com a perspectiva correta para com o dinheiro, consideram estas bênçãos espirituais de valor muito maior do que os bens materiais que poderiam ter, se gastassem a maior parte de seu tempo em empenhos seculares.
24. De que modo pode o dar ser um tesouro?
24 Por termos o olho ‘em foco’, podemos apreciar a alegria incomparável de ajudarmos outros a aprender as maravilhosas verdades de Deus e de presenciar a mudança que causam na sua vida. Este é motivo para verdadeira alegria! Conforme Jesus disse: “Há mais felicidade em dar do que há em receber.” (Atos 20:35) A alegria e a bênção de ajudar outros, especialmente de modo espiritual, enriquece mais do que qualquer quantidade de bens materiais. “Vê” e aprecia isso?
25. De que maneira são os “frutos do espírito” um tesouro? Por que especialmente hoje?
25 Considere também o tesouro do espírito santo de Deus. Este não pode ser comprado. (Atos 8:18-20) Tampouco pode qualquer quantia de dinheiro comprar os frutos do espírito de Deus. Descrevendo este tesouro, a Bíblia diz: “Os frutos do espírito são amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, brandura, autodomínio.” (Gál. 5:22, 23) Nestes dias de luta mundial, pense em quão valiosas são essas qualidades. Quão precioso é ter a “paz de Deus, que excede todo pensamento”. Ela “guardará os vossos corações e as vossas faculdades mentais por meio de Cristo Jesus”. (Fil. 4:7) Se evitar o espírito amante do dinheiro deste mundo, se se harmonizar com a vontade de Deus, pela oração constante, pedindo o espírito dele e entendimento, e se isto for a força predominante na sua vida, poderá também alcançar as bênçãos deste tesouro.
26. Que recompensa recebem os das “outras ovelhas”, que mantêm seu olho “singelo”?
26 Com visão espiritual clara, pode ver aquele outro tesouro · a perspectiva de vida eterna, Sim! Imagine, viver para sempre numa terra paradísica, Esta é a recompensa daqueles das “outras ovelhas” que agora mantêm seu olho “singelo”, unidirecional. (João 10:16; Tito 1:2; 1 João 2:17; 1 Tim. 6:12) Nenhuma quantidade de riquezas materiais poderia jamais obter isso. (Luc. 12:15-21) Pois, “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha a vida eterna”. (João 3:16) Esta é a promessa de Deus para os que o amam e fazem a sua vontade, inclusive as “outras ovelhas”.
27. (a) Em vista do tempo em que vivemos, que conceito sobre a riqueza material devemos manter? (b) Que alegria e privilégio temos?
27 Que todos nós, então, mantenhamos nossa visão espiritual clara, por mantermos o conceito correto sobre as riquezas, lembrando-nos de que todo o dinheiro deste sistema de coisas está destinado a se tornar algo do passado e inútil. (Eze. 7:19; Luc. 16:9) Em breve, quando a “grande tribulação” acabar com todas as nações da terra, terá desaparecido o valor das riquezas deste mundo, tanto para os mortos como para os sobreviventes da “tribulação”. Acatemos o conselho de Jesus e usemos o que temos para glorificar a Deus. (João 15:8) Mostremos, não só pelas nossas palavras, mas por meio de nossas ações, que colocamos as riquezas espirituais em primeiro lugar, por aproveitarmos plenamente as muitas provisões feitas por Jeová. Compartilhemos com outros as boas novas do Reino, ajudando-os a obter riquezas espirituais e continuamente mantendo nossos bens materiais no seu devido lugar, estabelecendo bons antecedentes perante nosso Pai nos céus. Tenhamos a alegria e o privilégio de ser “como pobres, mas enriquecendo a muitos, como não tendo nada, e ainda assim possuindo todas as coisas”. — 2 Cor. 6:10.