Vida e luz andam de mãos dadas
“Pois contigo está a fonte da vida; pela luz vinda de ti podemos ver a luz.” — Sal. 36:9.
1, 2. Por meio de contraste, como podemos aumentar nosso apreço da luz, como necessidade e como fonte de prazer?
A LUZ e a escuridão constituem um dos maiores contrastes. Se percorresse uma região, que não conhecia antes, em plena luz do dia, sentir-se-ia bastante confiante. Não só conseguiria ver os objetos próximos ou dar alguns passos e tocar neles, mas também teria uma vista desimpedida da paisagem distante e poderia distinguir pormenores, até mesmo um objeto móvel, visível, no horizonte. Na escuridão total, porém, seria temerário dar mesmo um só passo sem uma lanterna ou uma lâmpada. Seus movimentos seriam extremamente cuidadosos e cautelosos.
2 Não só é a luz uma necessidade vital para todas as formas de vida e movimento, mas aumenta em muito a beleza e o prazer da vida. Digamos que, depois de andar em plena luz do sol, ao meio-dia, entrasse num bosque sombroso. Que contraste agradável! Por que é tão delicioso? A luz é agora suave e agradável para os olhos, mostrando uma infindável variedade de sombras e cores, enquanto pára e olha para as diferentes árvores e sua folhagem, e talvez para algumas flores silvestres. Erguendo os olhos, em vez de ser ofuscado pelo sol, vê o céu entrecortado por ramos e folhas em miríades de pequenos pontinhos e raios de luz. Tem a sensação de simplesmente querer ficar parado ali e deleitar-se com a repousante beleza de tudo isso, especialmente se estiver acompanhado por alguém que também sabe usufruir com sossego tais coisas.
3. Que associação natural pode ser vista entre a luz e a vida?
3 Naturalmente, não poderia apreciar o tremendo valor da luz, quer pela sua utilidade, quer como fonte de infindável deleite, se não estivesse vivo e pudesse enxergar. De fato, quanto melhor a sua saúde e a sua visão, tanto maior é seu apreço da luz. Vida e luz deveras andam de mãos dadas.
4. (a) Por que e como pressupõem muitos que estas coisas são garantidas? (b) Em face da atitude complacente, que experiência pode ser citada?
4 É lamentável que se tenha de dizer que muitos aceitam essas coisas como pressupostas. Alegram-se de poder usufruir todos os benefícios da vida e da luz, mas não param para pensar na verdadeira fonte delas. Acham que a vida, na maior parte, veio a existir por acaso, por um processo de evolução, sem haver alguém responsável por dar-lhe início ou por controlar seu funcionamento. Quanto à luz, eles dizem que nós, na terra, não precisamos procurar mais longe do que o sol para saber sua fonte. Que surpresa, para não dizer choque, teriam eles, se lhes acontecesse o que certa vez se deu com um homem. Ele contou isso ao Rei Agripa II do seguinte modo: “Vi ao meio-dia, na estrada, ó rei, uma luz, além do brilho do sol, reluzir do céu em volta de mim e em volta dos que viajavam comigo.” Quem era este homem? Qual era a ocasião e que significado tinha? — Atos 26:13.
5. Por que motivos pode ser aceita como autêntica a experiência de Saulo, que resultou na sua conversão?
5 Muitos, inclusive aqueles que afirmam ser cristãos, acreditam que certas partes da Bíblia, registradas como fatos, podem ser relegadas ao domínio dos mitos e das lendas. No entanto, mesmo os que adotam tal ponto de vista não negam que esse homem Paulo, antes conhecido como Saulo de Tarso, realmente viveu e escreveu muitas cartas, que constituem parte das Escrituras Gregas Cristãs. Tampouco há motivo para se duvidar dos pormenores a respeito da conversão de Saulo, conforme registrados por aquele historiador fidedigno, Lucas, em Atos 9:1-30. O registro inteiro tem o cunho da veracidade, inclusive as palavras que Jesus dirigiu a Saulo naquela ocasião. Era algo inteiramente contrário a tudo o que Saulo podia ter imaginado, em vista de seu objetivo fixo pelo qual se dirigia na ocasião a Damasco. Ele descreveu o intenso ódio que então tinha aos cristãos, dizendo ao Rei Agripa que, “punindo-os muitas vezes, em todas as sinagogas, tentei obrigá-los a fazer uma retratação; e, visto que eu estava extremamente enfurecido contra eles, fui ao ponto de persegui-los até mesmo nas cidades de fora”, isto é, fora de Jerusalém. Foi quando estava em caminho para a cidade de Damasco que teve o choque e a surpresa da sua vida, conforme já mencionado. Esta foi a ocasião. Qual era o seu significado? — Atos 26:8-11.
DAR TESTEMUNHO DA LUZ SIGNIFICA VIDA
6. Que comissão deu Jesus a Saulo, e por que nos deve interessar?
6 É do maior interesse e proveito dar muita atenção ao que Jesus disse a Saulo, naquela ocasião. Aprenderemos, assim, muito a respeito da relação íntima entre a vida e a luz, mostrando como todos nós estamos envolvidos nisso, não importa qual a nossa reação. Falando sobre a comissão que estava para dar a Saulo, Jesus disse: “Pois, para este fim me tornei visível a ti, a fim de te escolher como assistente e testemunha, tanto das coisas que viste como das coisas que eu te farei ver com respeito a mim; ao passo que eu te livro deste povo e das nações às quais te envio, para abrires os seus olhos, para os desviares da escuridão para a luz e da autoridade de Satanás para Deus, a fim de que recebam perdão de pecados e uma herança entre os santificados pela sua fé em mim.” — Atos 26:16-18.
7. Como evidenciou Saulo, mais tarde conhecido como Paulo, sua aceitação desta comissão?
7 A aceitação imediata desta comissão por Saulo, para ser testemunha, é mostrada no que ele passou a dizer então ao Rei Agripa: “Não me tornei desobediente à visão celestial. . . . Continuo até o dia de hoje a dar testemunho tanto a pequenos como a grandes . . . que o Cristo havia de sofrer, e que, como primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos, ele ia publicar luz tanto a este povo [os judeus] como às nações.” (Atos 26:19-23) Saulo entendeu corretamente e compreendeu o sentido do que Jesus lhe disse. A questão é: Será que você, leitor, compreende o sentido das palavras de Jesus e como devem influir em você? Considere o seguinte.
8. (a) Explique de que modo algumas expressões podem ter tanto um sentido literal como um figurado. (b) O que mostra se a Bíblia usa de linguagem figurativa?
8 Jesus obviamente estava usando uma figura de retórica quando falou a Saulo sobre ver certas coisas e abrir os olhos dos outros, a fim de desviá-los da escuridão para a luz. Não há nisso nada de novo ou incomum. A visão literal e a mente estão intimamente relacionadas, e amiúde usamos expressões que podem ter um sentido literal e físico, ou então um sentido figurado e às vezes espiritual, relacionado com a mente e o coração. Não diz muitas vezes: “Ah! sim. Vejo como é”, querendo dizer que entende ou avalia o que está sendo dito? Temos um bom exemplo disso, quando Paulo, em certa carta, orou a Deus para que “vos dê um espírito de sabedoria e de revelação no conhecimento exato dele, tendo sido iluminados os olhos de vosso coração.” — Efé. 1:17, 18.
9. O que simbolizam a luz e a escuridão, em contraste?
9 Em vista do precedente, pode-se ver que a luz é usada como símbolo apropriado da verdade e de coisas relacionadas que admitem escrutínio, tais como a justiça. Em contraste, a escuridão é usada como símbolo de erro e de ignorância, e também de coisas relacionadas, que se esquivam da inspeção, tais como conduta vergonhosa e atos maus.
10. (a) Deu Paulo testemunho da verdade em geral? (b) A aceitação da verdade bíblica resulta em que benefícios progressivos?
10 Paulo, evidentemente, deu-se conta de que, sob a direção do ressuscitado Senhor Jesus, ele devia dar testemunho da luz “por tornar manifesta a verdade” a outros. (2 Cor. 4:2) Quer dizer, não a verdade em geral, mas a verdade contida na Palavra de Deus, a Bíblia. (João 17:17; 1 Tim. 2:4; 2 Tim. 2:15) Aqueles que a aceitassem teriam de dar, não só para vir à luz, mas para ganhar a vida. E esta vida, similar à luz, é algo muito superior à atual vida física e temporária de nosso corpo carnal. Este significado mais profundo a respeito da vida evidencia-se nas seguintes palavras de Paulo aos efésios: “Outrossim, é a vós que Deus vivificou, embora [antes disso] estivésseis mortos nas vossas falhas e pecados.” Esta explicação é apenas o primeiro passo para o pleno entendimento da vida, do ponto de vista de Deus. — Efé. 2:1.
11. (a) Como podemos dar testemunho da luz e como se relaciona ela com a vida? (b) Que atitude temos de evitar neste respeito?
11 Por isso, podemos dizer que a vida e a luz andam de mãos dadas, em sentido figurado e espiritual, bem como no literal. Dar testemunho da luz, da verdade, significava vida não só para Paulo, mas também para nós — primeiro, como quem recebe a luz, e depois como portadores da luz para os outros. Vê e reconhece agora onde e como está envolvido nisso? A fim de nos ajudar neste respeito, prestemos um pouco mais atenção ao que Jesus disse àquele homem em caminho para Damasco. Era peculiar que, embora ficasse fisicamente cego por um tempo, começasse então a enxergar mentalmente, de fato, tudo dum ponto de vista inteiramente novo. Também seu coração estava envolvido nisso. Não era rebelde, nem desobediente. Confiamos em que se possa dizer o mesmo a nosso respeito, lembrando-nos da advertência de Jeová a Ezequiel: “Filho do homem, estás morando no meio duma casa rebelde, sendo que eles têm olhos para ver, mas realmente não vêem, e têm ouvidos para ouvir, mas realmente não ouvem, pois são uma casa rebelde.” — Eze. 12:2.
DEBAIXO DA AUTORIDADE DE QUEM ESTÁ?
12. Que objetivo foi especificado na comissão de Saulo, levando a que pergunta?
12 Quando falou com Saulo, Jesus disse que o objetivo de se abrirem os olhos do povo era “para os desviares da escuridão para a luz e da autoridade de Satanás para Deus”. (Atos 26:18) Estas palavras mencionam assim uma causa básica e uma autoridade governante com respeito à escuridão, bem como à luz, ou, poderíamos dizer, tanto com respeito à morte como à vida. Certamente queremos saber debaixo da autoridade de quem estamos e como podemos fazer uma transferência, caso desejemos, de uma para outra.
13. Como mostra a Palavra de Deus que Jeová é a Fonte (a) da luz e (b) da vida?
13 A Palavra de Deus torna claro que Jeová é a Fonte tanto da vida como da luz. Ele é “o Criador dos céus, . . . o Formador da terra e Aquele que a fez, . . . que a formou mesmo para ser habitada” por criaturas viventes. A narrativa da criação, no livro de Gênesis, confirma isso, dizendo: “No princípio Deus criou os céus e a terra.” Daí, com respeito à terra, “Deus passou a dizer: ‘Venha a haver luz”’. Mais tarde, menciona “o luzeiro maior para dominar o dia”, quer dizer, o sol, principal fonte de luz e também de energia para a terra, sem a qual a vida na terra seria impossível. O ato culminante da criação terrestre veio quando “Jeová Deus passou a formar o homem do pó do solo e a soprar nas suas narinas o fôlego de vida, e o homem veio a ser uma alma vivente”, “à imagem de Deus”. Adão, e depois Eva, foram criados perfeitos, com todos os sentidos e faculdades mentais e físicos, para pleno uso e usufruto tanto da vida como da luz. — Isa. 45:18; Gên. 1:1, 3, 16, 27; 2:7.
14. Em que base se vê que Jeová é a Autoridade Suprema, suscitando que pergunta?
14 Em vista disso, é evidente que Jeová Deus não só é a Fonte e o Autor da vida e da luz, o Criador e Dador da vida, mas, em virtude disso, é legitimamente a Autoridade Suprema no governo. (Sal. 103:19; Dan. 4:17, 35; Rev. 4:11) Aceitando isso, naturalmente queremos saber como era possível haver uma autoridade em oposição a Jeová. Qual é a “autoridade de Satanás”, mencionada por Jesus? Como veio a existir? E como podemos sair de seu domínio?
15. (a) Como procurou Satanás sutilmente minar a autoridade de Deus? (b) Como estava envolvida nisso a palavra de Deus? (c) O que induziu Adão e Eva a adotar tal proceder?
15 Conforme mostra a narrativa inspirada, Satanás tentou usar sua influência de modo sutil, e nisto ele foi bem sucedido. Como? Por meio de insinuação e falsidade. Apresentou o erro, sob a cobertura duma mentira, como substituto da verdade. Em outras palavras, substituiu a luz com a escuridão. É interessante que ele fizesse isso com relação à vida, dizendo que Eva não morreria, mas continuaria a viver na carne, na terra, se fizesse o que ele sugeriu. Prometeu-lhe crescente esclarecimento, ao dizer, por meio da serpente: “No mesmo dia em que comerdes dele [do fruto proibido], forçosamente se abrirão os vossos olhos.” Daí, dando a entender que ela ficaria livre para usar de autoridade independente de Deus, ele acrescentou: “Forçosamente sereis como Deus, sabendo [por vós mesmos] o que é bom e o que é mau.” (Gên. 3:1-5) Satanás afirmou assim que não se podia confiar na palavra e na ordem de Deus, dadas a Adão como sendo verdadeira luz, para guiá-lo e ajudá-lo, junto com sua esposa, a seguir o caminho certo para a vida. Primeiro Eva, e depois Adão, decidiram desobedecer à ordem simples e direta de Deus e tomar o caminho de independência egoísta, caminho que os afastava da vida e da luz no favor de Deus para a escuridão e a morte. — Sal. 119:105; veja também 2 Coríntios 11:14.
16. (a) Por que é útil considerarmos a maneira da atuação de Satanás? (b) Como fornecem as Escrituras esclarecimento neste respeito?
16 Paramos aqui um pouco para considerar uma das principais táticas de Satanás e como ela funciona. Por meios sutis, usando de engano, ele nos tenta para que encaremos as coisas dum ponto de vista egoísta, assim como fez com Eva. Se nós, no coração, formos ou ficarmos governados pelo egoísmo, então cairemos prontamente no laço de Satanás e seremos facilmente cegados e enganados. Procuraremos justificar-nos e tirar da mente o temor de Deus. Veja quão clara e vigorosamente isso é expresso no Salmo 36:1-3: “A pronunciação de transgressão para o iníquo está no meio do seu coração; não há pavor de Deus diante dos seus olhos. Porque agiu de modo demasiadamente macio para consigo mesmo aos seus próprios olhos para descobrir seu erro, de modo a odiá-lo. As palavras da sua boca são coisa prejudicial e engano; cessou de ter perspicácia para fazer o bem.” O julgamento de Deus contra tais é bem expresso pelo profeta Isaías: “Ai dos que dizem que o bom é mau e que o mau é bom, os que põem a escuridão por luz e a luz por escuridão . . .! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos e discretos mesmo diante das suas próprias faces!” Certamente, devemos temer ‘ficar endurecidos [e, por isso, cegados] pelo poder enganoso do pecado’. — Isa. 5:20, 21; Heb. 3:13.
17. Até que ponto era o próprio homem responsável por ficar cada vez mais sujeito à influência de Satanás?
17 Desde o tempo da rebelião no Éden, a humanidade em geral passou a ficar cada vez mais sob a influência e o controle de Satanás. Embora Satanás fosse o principal responsável, também ao próprio homem cabia grande parte da culpa. Lembre-se de que Deus não se deixou sem testemunho perante o mundo da humanidade. Embora seja invisível, todavia, “as suas qualidades invisíveis são claramente vistas desde a criação do mundo em diante, porque são percebidas por meio das coisas feitas, mesmo seu sempiterno poder e Divindade, de modo que eles são inescusáveis”. Bem em harmonia com o Salmo 36:1-3, Paulo prosseguiu, dizendo que, embora os homens “conhecessem a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe agradeceram, mas tornaram-se inanes nos seus raciocínios e o seu coração ininteligente ficou obscurecido”. (Rom. 1:19-23) É verdade que Satanás substituiu a luz com a escuridão, mas é preciso admitir que os homens, em geral, preferem mais a escuridão e a impiedade à luz. A profecia inspirada de Enoque confirma isso, com ênfase quádrupla na impiedade. (Judas 14, 15) As três exceções relatadas até o tempo do dilúvio, a saber, Abel, Enoque e Noé, só serviram para expor quão inescusável é a maioria deles. Aqueles homens ‘andavam com Deus’. A respeito de Noé dizia-se que ‘mostrou temor piedoso e condenou o mundo’. — Gên. 5:22; 6:9; Heb. 11:4-7.
AUTORIDADE DO REINO
18. Que desenvolvimento com respeito a autoridade de Satanás houve após o Dilúvio?
18 Depois do Dilúvio, veio o tempo em que Satanás começou a exercer sua autoridade por meio duma regência visível, específica. Pela primeira vez lemos a respeito dum reino. Satanás encontrou um instrumento disposto para seus fins ambiciosos na pessoa de Ninrode, e sobre este lemos: “Ele principiou a tornar-se poderoso na terra. Apresentou-se como poderoso caçador em oposição a Jeová. . . . E o princípio do seu reino veio a ser Babel . . . na terra de Sinear. Daquela terra saiu para [conquistar] a Assíria e pôs-se a construir Nínive.” — Gên. 10:8-12.
19. (a) Como se manifestou a oposição a Jeová e qual foi a reação de Jeová? (b) Embora interrompida, como continuou a desenvolver-se esta oposição?
19 Incentivados pelo mesmo espírito ambicioso e desafiante, certos homens decidiram assim estabelecer e reter a autoridade nas suas próprias mãos. Disseram: “Vamos! Construamos para nós uma cidade e também uma torre com o seu topo nos céus, e façamos para nós um nome célebre, para que não sejamos espalhados por toda a superfície da terra.” Isto convinha ao objetivo de Satanás, mas estava em oposição direta a Jeová, o Soberano Senhor, e seu propósito declarado. Ele não fechou os olhos àquela situação. Deus “passou a . . . ver a cidade e a torre que os filhos dos homens tinham construído.” Depois fez a observação: “Ora, nada do que intentem fazer lhes será agora inalcançável.” Portanto, Jeová desfez o objetivo unido deles por confundir-lhes a língua, fazendo com isso que se espalhassem por toda a terra. (Gên. 9:1; 11:1-8; Atos 4:24) A maioria dos homens, porém, ainda preferia a regência humana, e sempre havia alguns com o espírito satânico de ambição pelo poder e pela autoridade. Isto resultou em reinos constituídos pelos homens, às vezes apenas em cidades-estados, depois ampliadas para abranger uma região inteira, tais como os reinos de Moabe e Amom, e finalmente, grandes impérios e potências mundiais.
20. (a) Que papel desempenhou a religião nos reinos constituídos pelos homens? (b) Que exceção a isso registra a Bíblia? (c) Como e até que ponto exerceu Satanás regência sobre a maioria da humanidade?
20 A religião desempenhou um grande papel em todos estes reinos, mas os governantes e seus súditos não reconheciam a Jeová, como Governante Supremo, a quem deviam a adoração e a sujeição. (Jer. 10:10; Dan. 6:26) A Bíblia menciona apenas uma exceção, a saber, Melquisedeque, rei de Salém. Ele serviu também como “sacerdote do Deus Altíssimo”, e, quando abençoou a Abrão, ele disse: “Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, Produtor do céu e da terra.” O próprio Abrão fez referência similar a Deus, ao falar ao rei de Sodoma. (Gên. 14:18-23) Fora disso, Satanás, por meio da religião falsa e do engano, exerceu domínio sobre todos os reinos, junto com os anjos desobedientes que se juntaram a ele. Em geral, isto não é reconhecido, porque Satanás e sua hoste de demônios são invisíveis aos olhos humanos. São invisíveis, sim, mas igualmente eficientes. Em três ocasiões, Jesus chamou a Satanás, o Diabo, de “governante deste mundo”. E Paulo disse que a luta do cristão contra o Diabo é uma “contra as autoridades, contra os governantes mundiais desta escuridão, contra as forças espirituais iníquas nos lugares celestiais”. — João 12:31; 14:30; 16:11; Efé. 6:11, 12; veja também 2 Coríntios 4:4.
21. (a) O que está envolvido em ficar livre da autoridade de Satanás? (b) Como chegaram as coisas hoje a um clímax, em ambos os lados?
21 Isto evidencia que, quando Jesus falou a Saulo sobre desviar pessoas “da autoridade de Satanás para Deus”, referiu-se à transferência de uma regência para outra. Conforme escreveu Paulo: “Ele [Jeová] nos livrou da autoridade da escuridão e nos transferiu para o reino do Filho do seu amor.” (Col. 1:13; edição revista, em inglês, de 1971) Atualmente, a situação chegou a um grande e tenso clímax, nos dois lados opostos, o de Jeová Deus e o de Satanás, o Diabo. A predita “inimizade” entre os dois lados chegou realmente ao ponto culminante. (Gên. 3:15) Sob o domínio de Satanás, a escuridão é mais densa do que nunca. Os governantes e os governados não sabem a saída para solucionar seus muitos problemas vexatórios. É ‘uma escuridão tenebrosa que se pode apalpar’. (Êxo. 10:21, 22) Mas, sob o governo de Jeová, por seu Rei messiânico, Cristo Jesus, a luz da verdade e da justiça brilha com mais intensidade do que nunca, fornecendo nítida direção e confiança aos seus súditos, além de muitos prazeres e gozos espirituais. Portanto, a questão perante a humanidade gira em torno do tema de governo e autoridade régia.
22. Onde e como se enfatizam a autoridade e a regência com respeito (a) ao reino messiânico e (b) ao empenho de Satanás de obter a supremacia?
22 Note como este tema é enfatizado no livro de Revelação ou Apocalipse. Numa visão dada a João, ele ouviu altas vozes dizer no céu: “O reino do mundo tornou-se o reino de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre.” Isto se cumpriu em 1914 E. C., no fim do governo ininterrupto do mundo por potências gentias, permitido por Deus durante 2.520 anos, a partir de 607 A. E. C. Daí, depois de ver o nascimento do reino messiânico, a guerra no céu e a expulsão do dragão, Satanás, o Diabo, do céu, João ouviu a seguinte proclamação: “Agora se realizou a salvação, e o poder, e o reino de nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo.” Em contraste, a visão seguinte relatou como o dragão deu à “fera” (símbolo da organização política, mundial, de Satanás) “seu poder e seu trono, e grande autoridade”, de modo que todos os povos da terra lhe dão a sua adoração. Autoridade e adoração similares são mencionadas adicionalmente com respeito à “imagem da fera”, símbolo da atual organização das Nações Unidas. De fato, a organização de Satanás “põe a todas as pessoas sob compulsão”, para receberem sua marca de identificação, sem a qual a vida é quase que impossível. — Rev. 11:15; 12:10; 13:2, 15-17.
23. (a) Em vista disso, que perguntas devemos fazer a nós mesmos? (b) Como se deve entender a última parte do Salmo 36:9, levando a que conclusão excelente?
23 Debaixo da autoridade de quem está você, leitor? Está contente de ser identificado como apoiador da ordem mundial de Satanás? Ou deseja sinceramente escapar de sua autoridade, mas não tem certeza sobre os passos que deve dar e teme o que pode estar envolvido nisso? Como fonte de encorajamento, leia novamente o Salmo 36. Depois de descrever a atitude péssima daqueles que sempre estão certos aos seus próprios olhos e que, por isso, não enxergam nem aprendem a odiar seus erros, o salmista volta-se então para Jeová. Enaltece a benevolência, a fidelidade e a justiça Dele, bem como as bênçãos que vêm sobre aqueles que se refugiam sob as Suas asas. Depois de dizer que Jeová é “fonte da vida”, ele acrescenta: “Pela luz vinda de ti podemos ver a luz.” Em outras palavras, é apenas por aprendermos a olhar para as coisas, inclusive para nós mesmos, do ponto de vista dele, que podemos ser desviados da escuridão para a luz e passar a ver e a reconhecer os passos que temos de dar para obter a vida eterna sob a autoridade de Deus. Felizes seremos se andarmos de mãos dadas com essa luz, com a verdade e com a justiça, pois, “a vereda dos justos é como a luz clara que clareia mais e mais até o dia estar firmemente estabelecido”. Então poderemos juntar-nos a Davi, na sua oração: “Continua a tua benevolência para com os que te conhecem e com a tua justiça para com os retos no coração.” — Sal. 36:5-10; Pro. 4:18.
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O proceder de independência egoísta de Adão e Eva desviou-os da luz e da vida para a escuridão e a morte.
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Deus frustrou o objetivo desafiador dos construtores da torre de Babel por confundir-lhes a língua.