Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[De Aid to Bible Understanding, Edição de 1971, extraímos a matéria abaixo.]
ARTE. [Continuação]
ARTE HEBRAICA
Existe muito pouca evidência material, atualmente, para se ter qualquer idéia clara da arte hebraica, todavia, manifesta-se no registro bíblico o apreço pela arte. Ao saírem do Egito, as pessoas levaram peças de ouro e de prata obtidas dos egípcios. (Êxo. 12:35) Alegremente contribuíram tais itens para a decoração do tabernáculo no deserto. (Êxo. 35:21-24) A produção do tabernáculo, com seus adornos e equipamento, deu vazão à sua habilidade artística nos trabalhos com madeira, metais, bordados, jóias e estilos, Bezalel e Ooliabe assumindo especialmente a liderança e a instrução de outros. É notável que o crédito para a habilidade artística deles seja dado a Jeová. — Êxo. 35:30-35; 36:1, 2.
Antes do trabalho no tabernáculo, Arão tinha usado sua capacidade artística para fim perverso, ao utilizar um instrumento de modelagem para fazer uma imagem esculpida dum bezerro para adoração. (Êxo. 32:3, 4) Moisés (ou alguém designado por ele) também demonstrou tal habilidade, embora corretamente, ao fazer a serpente de cobre, numa época posterior. (Núm. 21:9) Sem embargo, os quesitos da Lei que proibiam a fabricação de imagens de adoração, ao passo que não proibiam toda a arte de representação, sem dúvida exerceram uma influência restritiva sobre a pintura e a escultura entre os hebreus. (Êxo. 20:4, 5) Em vista da crassa idolatria tão predominante em todas as nações e o uso amplo da arte para promover tal idolatria, torna-se evidente que as pinturas ou esculturas de figuras, quer humanas quer de animais, seriam tidas com suspeita por aqueles que cumpriam as determinações da Lei e os encarregados de fazê-la vigorar. (Deu. 4:15-19; 7:25, 26) Até mesmo os querubins do tabernáculo ficavam cobertos com um pano, quando eram transportados, e, assim, ficavam ocultos da vista da populaça (Núm. 4:5, 6, 19, 20), ao passo que os do templo posterior só eram vistos pelo sumo sacerdote um único dia por ano. (1 Reis 6:23-28; Heb. 9:6, 7) Em aditamento, depois de entrarem e se fixarem na Terra Prometida, a vida basicamente agrícola dos israelitas raramente propiciaria o tempo de lazer e os fundos necessários para extensivas obras de arte.
No período dos juízes, a única obra de arte indicada estava envolvida nas práticas religiosas apóstatas. — Juí. 2:13; 6:25; 8:24-27; 17:3-6; 18:14.
Obras de arte sob a monarquia
Ao passo que a antiga nação de Israel não é famosa, hoje em dia, por suas obras de arte, todavia, a evidência aponta que, quando surgiu a ocasião, foram capazes de produzir obras de qualidade artística que granjearam ampla atenção e admiração. O profeta Ezequiel representa a maneira pela qual Jeová adornou e embelezou Jerusalém, de modo que “‘um nome começou a sair para ti entre as nações por causa da tua lindeza, pois era perfeita devido ao meu esplendor que tinha posto sobre ti’, é a pronunciação do Soberano Senhor Jeová”. (Eze. 16:8-14, NM, 1971, em inglês) No entanto, os versículos seguintes (15-18, 25de Eze. 16) mostram que tal lindeza foi utilizada de modo pervertido, visto que Jerusalém se prostituiu com as nações políticas circunvizinhas. Jeremias, também, descreve os que olhavam para Jerusalém, depois de sua queda diante de Babilônia, como afirmando: “É esta a cidade da qual se dizia: ‘Ela é a perfeição da lindeza, uma exultação para toda a terra’?” (Lam. 2:15; coteje com Salmo 48:2; 50:2; Isaías 52:1.) O templo construído por Salomão era, evidentemente, uma obra artística de requintada beleza e é chamado de “casa de santidade e beleza”. — Isa. 64:11; 60:13.
Ao lidar com a construção do templo, no tempo do rei Salomão, fazem-se muitos comentários nas obras de referência, sobre a presumível falta de perícia artística por parte dos israelitas, ao ponto de se atribuir, praticamente, todo o crédito aos fenícios. O registro, contudo, mostra que apenas um único artesão foi solicitado por Salomão aos fenícios, além dos madeireiros utilizados nas florestas do próprio rei Hirão, do Líbano, e os operários das pedreiras. (1 Reis 5:6, 18; 2 Crô. 2:7-10) Este artesão, também chamado Hirão, era um israelo-fenício perito no trabalho com metais preciosos, em tecer e gravar. Todavia, o registro se refere aos próprios peritos de Salomão, e o rei Hirão igualmente mencionou-os, bem como aos peritos de Davi, pai de Salomão. (2 Crô. 2:13, 14) Contrário ao conceito amiúde expresso de que o “Templo de Salomão era, provavelmente, de estilo fenício” [Harperʹs Bible Dictionary (Dicionário Bíblico de Harper), p. 44], 1 Crônicas 28:11-19 mostra que o plano arquitetônico do templo, e todas as suas modalidades, foi entregue por Davi a Salomão, fornecendo “perspicácia para a coisa inteira, por escrito, da parte da mão de Jeová . . ., sim, para todas as obras do plano arquitetônico”. Em contraste, o infiel rei Acaz ficou enamorado com o altar pagão em Damasco e mandou “o desenho do altar e seu modelo” ao sacerdote Urija, para mandar fazer uma cópia do mesmo. — 2 Reis 16:1-12.
O rei Salomão também fez um grande trono de marfim, recoberto de ouro, de formato ímpar, havendo figuras de leões em pé junto aos braços do trono e perfilados nos seis degraus de acesso ao mesmo, (1 Reis 10:18-20) O uso extensivo de marfim no palácio real é indicado no Salmo 45:8. No reino setentrional de Israel, com sua capital em Samaria, marfim esculpido em mobília, painéis e objetos de arte era, evidentemente popular nos dias dos reis Acabe e depois disso. (1 Reis 22:39; Amós 3:12, 15; 6:4) As escavações arqueológicas apresentaram grandes quantidades de peças, placas e painéis de marfim, no que se crê tratar-se da área do palácio. Obras incrustadas de ouro, lazurita ou lápis-lazúli e vidro aparecem em alguns locais. Em Megido, encontraram-se cerca de quatrocentas peças de marfim, inclusive painéis lindamente esculpidos, e caixas incrustadas de marfim e tabuleiros de jogos, calculados como datando de cerca do décimo segundo século A. E. C.
Numa visão, Ezequiel viu representações esculpidas de répteis, animais e ídolos numa parede da área do templo, na Jerusalém apóstata (Eze. 8:10), e a simbólica Oolibá (representando a infiel Jerusalém) é mencionada como vendo imagens dos caldeus esculpidas numa parede, e pintadas com vermelhão, pigmento vermelho-brilhante. — Eze. 23:14; compare com Jeremias 22:14.
RELAÇÃO COM O CRISTIANISMO
Paulo foi testemunha do esplendor artístico de Atenas, desenvolvido em torno da adoração de deuses e deusas gregos, e mostrou a uma assistência ali quão ilógico era que os humanos, que deviam sua vida e existência ao Deus verdadeiro e Criador, imaginassem que “o Ser Divino seja semelhante a ouro, ou prata, ou pedra, semelhante a algo esculpido pela arte e inventividade do homem”. (Atos 17:29) Demonstrou, assim, novamente, que a beleza artística, não importa quão impressiva ou atraente, não recomenda, em si mesma, qualquer religião como sendo adoração verdadeira. — Compare com João 4:23, 24.
Não há registro nem evidência existente de obras de arte entre os cristãos do primeiro século E. C. É somente durante o segundo e o terceiro séculos E. C. que surgem algumas pinturas e esculturas nas catacumbas, atribuídas aos cristãos nominais. Após a união da igreja e estado, no quarto século, contudo, a arte começou a receber um destaque que, com o tempo, igualou-se ao das religiões pagãs e não raro relacionava-se direta ou indiretamente à imitação de tais religiões, tanto em seus simbolismos como em suas formas. Luois Réau, catedrático da História da Arte da Idade Média da Universidade de Sorbonne, da França, demonstra, em sua obra, Iconographie de l’Art Chrétien (Iconografia da Arte Cristã, Vol. I, p. 10), que tal paganismo há muito tem sido reconhecido pelos historiadores da arte e que a responsabilidade disto pode ser lançada, não simplesmente sobre os artistas, mas sobre as diretrizes que foram seguidas pela própria igreja. Ele indica (p. 50) que, ao invés de realmente converter os pagãos de suas velhas práticas e formas de adoração a igreja preferiu respeitar “os costumes ancestrais e continuá-los, sob outro nome”.
Assim, não é surpresa encontrar os sinais do zodíaco, tão destacados na antiga babilônia, evidentes em catedrais tais como a Notre Dame de Paris, onde aparecem sobre o umbral da porta à esquerda, e cercam Maria na enorme janela em forma de rosa, localizada no centro. (Confronte com Isaías 47:12-15.) Similarmente, um guia turístico para a catedral de Auxerre também na França, declara que, na entrada central da catedral, “o escultor misturou ali certos heróis pagãos: um Eros [deus grego do amor] nu e dormindo . . um Hércules e um Sátiro [um dos semideuses gregos, semi-humanos]! O registro na parte inferior à direita representa a parábola do Filho Pródigo.”
Similarmente, na entrada da Catedral de São Pedro, em Roma, aparece não só a figura de Cristo, e da “Virgem”, mas também de Ganimedes “levado pela águia”, para tornar-se o copeiro de Zeus, rei dos deuses, e de “Leda [que deu à luz Castor e Pólux], fecundada pelo cisne” Zeus. Comentando mais sobre tal influência pagã, pergunta Réau: “Mas, o que se deve dizer então do Juízo Final, da Capela Sistina, a principal capela do Vaticano, onde se vê um Cristo nu de Miguel Ângelo emitir um relâmpago como um trovejante Júpiter to pai romano dos deuses] e os Malditos cruzarem o Estige [o rio de que os gregos criam que os mortos eram transportados] na barca de Caronte?” Conforme ele declara: “Um exemplo provindo de tão alto [i. e., aprovado pelo papado] não poderia deixar de ser seguido.”
Em contraste com isto, como se viu, no Israel carnal não se deu grande atenção à arte e ela se acha virtualmente ausente do registro da congregação primitiva do Israel espiritual do primeiro século E. C. É, ao invés, no campo da literatura que ultrapassaram a todos os demais povos, sendo usados por Deus para produzir uma obra de suprema beleza, não só na forma, mas, principalmente, no conteúdo: a Bíblia. Seus escritos inspirados são “como maçãs de ouro em esculturas de prata”, contendo verdades cristalinas de tamanho brilho a ponto de rivalizar com as mais excelentes pedras preciosas, e figuras de retórica que transmitem visões e cenas de uma grandeza e beleza além da capacidade dos artistas humanos. — Pro. 25:11; 3:13-15; 4:7-9; 8:9, 10; veja SELO.
ÁRTEMIS. A deusa-virgem grega da caça, identificada pelos romanos como Diana. Segundo a mitologia clássica, Ártemis era a filha de Zeus e a irmã gêmea de Apolo, nascida de Latona, em resultado da relação adúltera com Zeus. Equipada de arco e flechas, Ártemis é representada como caçando animais, especialmente cervos. Seus adoradores criam, não só que ela, por vezes, enviava pragas, mas também que ela usava seu poder para causar a morte. Adicionalmente poderes curativos lhe eram atribuídos, e ela era tida como protetora dos jovens, tanto humanos como animais.
Embora os gregos a identificassem com sua própria Ártemis, a Ártemis de Éfeso, adorada nas cidades por toda a Ásia Menor, tinha pouco em comum com a deidade grega supracitada, da mitologia clássica. (Atos 19:27) A Ártemis de Éfeso era uma deusa da fertilidade, representada como tendo seios múltiplos, uma coroa em forma de torrinha e uma espécie de nimbo por três da cabeça. A metade inferior do corpo dela, parecido a uma múmia, era adornada de vários símbolos e animais.
A Ártemis adorada em Éfeso tem sido intimamente relacionada com deusas destacadas de outros povos, e sugere-se que têm origem comum. A Dictionary of the Bible (Dicionário da Bíblia), de James Hastings Volume I, página 605, comenta: “Ártemis apresenta analogias tão próximas à Cibele frígia, e a outros enfoques femininos do poder divino nos países asiáticos, como a Ma capadócia, a Astartéia ou Astarote fenícia, a Atárgatis e a Milita sírias, de forma a sugerir que todas estas são simples variações de uma concepção religiosa fundamental, apresentando em países diferentes, certas diferenças, devido ao desenvolvimento variado segundo as circunstâncias locais e o caráter nacional.”
Os antigos classificavam o templo de Ártemis de Éfeso como uma das sete maravilhas do mundo. Era imponente estrutura, feita de cedro, cipreste, mármore branco e ouro. Tão sagrado se cria que era que se podiam depositar tesouros nele sem qualquer receio de roubo, e os criminosos podiam encontrar guarida dentro de uma área que se estendia em torno do templo por uma distância de cerca de 183 metros, embora isto variasse consideravelmente em diferentes períodos. Grande número de vestais ou sacerdotisas virgens e sacerdotes eunucos serviam neste templo, não se permitindo sequer que mulheres casadas entrassem nele, sob pena de morte.
Para as grandes festas realizadas no mês de artemísias (março-abril), os visitantes, que chegavam até a 700.000, afluíam a Éfeso, vindos de toda a Ásia Menor. Uma modalidade dessa celebração era a procissão religiosa, com a imagem de Ártemis sendo levada num desfile por volta da cidade, de forma muito jubilosa.
A fabricação de santuários de prata de Ártemis resultou ser uma empresa lucrativa para Demétrio, e outros prateiros efésios. Portanto, quando a pregação do apóstolo Paulo, em Éfeso, provocou que considerável número de pessoas abandonassem a adoração impura dessa deusa, Demétrio provocou os outros artífices, dizendo-lhes que a pregação de Paulo nuo só representava uma ameaça para sua segurança financeira, mas também o perigo de que a adoração da grande deusa, Ártemis, caísse em descrédito. Isto culminou num motim finalmente dispersado pelo “escrivão da cidade” — Atos 19:23-41; veja ÉFESO.
ASTORETE. Uma deusa dos cananeus, considerada como sendo a esposa de Baal. Astorete é amiúde representada como fêmea desnuda, com Órgãos sexuais rudemente exagerados. A adoração desta deusa era difundida entre os vários povos da antigüidade, e o nome “Astorete” era comum em uma forma ou outra. O nome grego é Astartéia. Astorete é, segundo se imagina, outra manifestação da antiga deusa-mãe babilônica do amor sensual, da maternidade e da fertilidade, e tem sido ligada a Istar e similares deusas da fertilidade.
A adoração de Astorete existia possivelmente em Canaã já desde o tempo de Abraão, pois uma das cidades ali era chamada “Asterote-Carnaim”. (Gên. 14:5) Também é mencionada na Escritura a cidade de Astarote, morada do gigante rei Ogue de Basã. Seu nome indicaria que esta cidade talvez fosse o centro da adoração de Astorete. — Deu. 1:4; Jos. 9:10; 12:4.
A forma singular ‘ashtóreth (Astorete) aparece primeiramente na Bíblia com referência à apostasia do rei Salomão, perto do fim de seu reinado. Nesse tempo, os israelitas começaram a adorar a Astorete dos sidônios. (1 Reis 11:5, 33) A única outra ocorrência da forma singular se acha relacionada à derrubada, por parte do rei Josias, dos altos que Salomão construíra para Astorete e outras deidades. (2 Reis 23:13) Tem se sugerido que a forma hebraica ‘ashtóreth seja, provavelmente, uma combinação artificial da forma fenícia do nome desta deusa ‘strt, e as vogais da palavra hebraica bósheth (vergonha), denotando aversão. O plural, ‘ashtaróhth (“imagens de Astorete”, tradução do Novo Mundo; “astartes”, Pontifício Instituto Bíblico) refere-se, provavelmente, às imagens ou manifestações desta deusa pagã. — Juí. 2:13; 10:6; 1 Sam. 7:3, 4.
O nome “Astorete”, segundo Gesenius, pode ter-se derivado da palavra persa sitara, que significa estrela. Astorete era identificada, por alguns escritores antigos, com a lua, e, por outros, com o planeta Vênus. As referências bíblicas à adoração do sol, da lua e das estrelas, relacionadas a prática do baalismo, em Israel sugerem que esta deusa, considerada como esposa de Baal, poderia ter sido identificada com um ou mais dos corpos celestes. (2 Reis 23:5; Jer. 7:9-8:2) É possível que Astorete seja a deusa mencionada como “rainha dos céus” em Jeremias 7:18 e 44:17, onde se relata que ela é adorada pela queima de incenso, derramamento de libações e a preparação de bolos sacrificiais. — Veja RAINHA DO CÉU.
Reconhece-se comumente que as três principais deusas do baalismo (Aserá, Astorete e Anate) estavam intimamente ligadas, e são freqüentemente confundidas umas com as outras em seus papéis coincidentes. A guerra, a violência e práticas sexuais depravadas estão intimamente relacionadas com elas. — Veja POSTE SAGRADO.
Embora nos textos de Ras Samra, Anate seja representada mormente como a deusa da guerra, pelo que parece Astorete também se enquadrava nesse papel. Entre os filisteus, Astorete era evidentemente considerada a deusa da guerra, conforme indicado pelo fato de que a armadura do derrotado rei Saul foi colocada no templo das imagens de Astorete. — 1 Sam. 31:10.
Principalmente, contudo, Astorete era, pelo que parece, uma deusa da fertilidade. A parte mais destacada da sua adoração consistia em orgias sexuais nos templos ou altos devotados à adoração de Baal, onde serviam prostitutas femininas e masculinas. — 1 Reis 14:24; Osé. 4:14; veja CANAÃ, CANANEU.
ÁRVORES [Heb., ‘ets]. A grande variedade de climas da Palestina e das terras vizinhas tornou possível o crescimento mui diversificado de árvores, desde os cedros-do-líbano até as tamareiras de Jericó e as giestas das vassouras do deserto. Cerca de trinta diferentes espécies de árvores são mencionadas na Bíblia, e são consideradas nesta publicação, sob o nome específico de cada árvore.
O problema de se identificar determinada árvore indicada pela palavra original hebraica ou grega é freqüentemente difícil, e, em vários casos, a identificação é apenas uma tentativa. Tal identificação depende do grau de descrição fornecido no real registro da Bíblia, sobre as caraterísticas da árvore (às vezes indicada pelo significado da raiz da qual se derivou tal nome) e pela comparação de tal descrição com as árvores que se sabe que agora crescem nas terras bíblicas, especialmente nas regiões indicadas no texto bíblico, quando estas são assim mencionadas. Ajuda adicional provém dum estudo de palavras cognatas (isto é, palavras que, por sua forma, evidenciam estar relacionadas e terem procedido da mesma raiz ou fonte original) em outras línguas, tais como o árabe ou o aramaico. Em alguns casos, parece mais sábio simplesmente transliterar o nome, como, para exemplificar, no caso da árvore almugue.
Conforme Harold Moldenke indica em seu livro Plants of the Bible (Plantas da Bíblia, p. 5), muitas das árvores agora encontradas na Palestina talvez não fossem cultivadas ali nos tempos bíblicos, visto que, conforme ele declara, “a flora varia, especialmente em regiões como a Palestina e o Egito, onde o homem, notório por sua capacidade de transtornar os equilíbrios delicadamente ajustados da natureza, tem estado mui ativo” por milhares de anos. Declara ainda mais, na página 6: “Muitas plantas que cresciam em abundância na Terra Santa, ou nos países das cercanias nos tempos bíblicos, não mais existem ali ou então, crescem em números muito menores.” Alguns tipos foram exterminados ou grandemente reduzidos pelo cultivo excessivo do solo, pela devastação de áreas madeireiras, devido às forças invasoras da Assíria, Babilônia, indo até Roma. (Jer. 6:6; Luc. 19:43) A destruição de árvores e florestas permitiu que o solo arável fosse levado pela erosão, e resultou em grandes ermos e desolação em muitas áreas.
Já nos dias de Abraão, as árvores foram alistadas num contrato de transferência de propriedade. — Gên. 23:15-18.
NA LEI
Posteriormente, Jeová Deus conduziu Israel a Canaã, terra que continha “árvores para alimento em abundância”, obtendo a promessa de receber a chuva necessária caso Israel obedecesse a Ele, e exigindo se um décimo dos frutos para uso no santuário e pelo sacerdócio. (Nee. 9:25; Lev. 26:3, 4; 27:30) Ao invadir a terra, os israelitas receberam instruções de não destruir árvores frutíferas ao atacarem cidades, embora, séculos mais tarde, os reis de Judá e de Israel foram autorizados por Deus a devastar as ‘árvores boas’ do reino de Moabe. A razão parece ser que Moabe estava fora da Terra Prometida. Tratava-se duma guerra punitiva contra Moabe, e as medidas israelitas visavam a proteção contra a revolta ou retaliação moabita. (Deu. 20:19, 20; 2 Reis 3:19, 25; coteje com Jeremias 6:6.) Ao plantar uma árvore, o seu dono não deveria comer seus frutos durante os primeiros três anos, e, no quarto ano, seus frutos deveriam ser devotados ao uso pelo santuário. (Lev. 19:23-25, compare com Deuteronômio 26:2.) Depois disso, os primeiros frutos maduros anuais deveriam ser semelhantemente dedicados. — Nee. 10:35-37.
[Continua]
[Foto na página 18]
Imagem da deusa Ártemis de Éfeso.