Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[A matéria que segue foi extraída de Aid to Bible Understanding, Edição de 1971.]
ARABÁ [planícies desérticas; duma raiz que significa seco, queimado]. Aquela parte da extraordinária depressão ou vale de falha (ou de abatimento tectônico) que se estende para o S desde as encostas do monte Hermom, aninha o Mar da Galiléia e o rio Jordão, cai muito abaixo do nível do mar para formar a bacia do mar Morto, e então continua em direção sul para o golfo de Acaba, no mar Vermelho. — Deu. 3:17; Jos. 3:16; 11:16; Jer. 52:7.
Este vale extenso, estreito, na direção N-S, amiúde seco, e contendo poucas cidades, é limitado em cada lado por uma longa fileira de montanhas. Tendo de 800 metros a pouco mais de 16 quilômetros de largura, e cerca de 434 quilômetros de extensão, o vale deve sua existência à “falha” ou longa ruptura da crosta terrestre. O Jordão serpenteia pela parte norte deste vale reto, e suas águas que fluem continuamente regam um cinturão verde até o centro da base do vale. Contudo, ao sul do mar Morto, o Arabá só é alimentado por rios de torrentes temporais que são insuficientes para fazer viver o solo seco.
Alguns comentaristas limitam a palavra “Arabá” à parte deste grande vale de abatimento tectônico ao S do mar Morto, mas ela também se refere à região, pelo menos, que chega tanto ao N quanto o Mar da Galiléia, ou Quinerete. (Jos. 12:3, 2 Sam. 2:29) A parte do vale ao N do mar Morto é agora chamada de Gor, que significa “depressão”, ao passo que a palavra “Arabá” é aplicada mais especialmente à região muito mais seca ao S.
O mar Morto é chamado de “mar do Arabá”. (Deu. 3:17; 4:49; 2 Reis 14:25) Sem o artigo definido, a palavra ‘araváh também é usada em sentido geral e poderá ser corretamente traduzida como “planície desértica”. O plural (‘aravóhth) é aplicado com freqüência às planícies desérticas de Jericó e Moabe, a parte do vale do Jordão situada logo ao N do mar Morto. — Núm. 22:1; 26:3, 63; 31:12; Jos. 4:13; 5:10; Jer. 39:5.
ARABÁ, VALE DA TORRENTE DO. Em Amós 6:14, o profeta avisa os reinos de Judá e de Israel que a terra sofrerá opressão por parte duma potência estrangeira por todo o caminho desde “Hamate até o vale da torrente do Arabá [planície desértica]”. (Compare com 2 Reis 14:25.) Ao passo que o termo “Arabá” é aplicado à inteira região do vale de abatimento tectônico desde o Mar da Galiléia até o mar Vermelho, tem aplicação especial à área ao S do mar Morto, até o golfo de Acaba. Assim, ao passo que a expressão “vale da torrente do Arabá” poderia referir-se a um uede (riacho) que deságua no mar Morto (“o mar do Arabá”, Deu. 3:17), tal como o vale da torrente de Zerede, que deságua na extremidade S do mar Morto é notável que a expressão usada por Amós seja o equivalente exato do nome árabe aplicado à região que vai da ponta S do mar Morto até o golfo de Acaba, a saber “Wadi el-‘Arabah”. A profecia de Amós indicava completa devastação de toda a terra certa vez controlada por Judá e Israel, de norte a sul. Durante o século seguinte, esta profecia teve seu cumprimento nas invasões por parte dos reis assírios, inclusive Tiglate-Pileser III, Salmaneser, Sargão II e Senaqueribe.
ÁRABE. Os nomes correspondentes a “árabe” [Heb., ‘Aráb e ‘Arabiy] nas Escrituras são usados mormente em sentido amplo, sendo aplicados aos habitantes da Arábia, aquela imensa terra ao E e S da Palestina. Às vezes, o contexto e o uso subentendem uma tribo ou grupo étnico específico. — 1 Reis 10:15; 2 Crô. 9:14; 21:16.
Várias tribos árabes eram semíticas, descendendo de Sem mediante Joctã; outras eram camíticas, descendendo de Cã por meio de seu filho Cus. (Gên. 10:6, 7, 26-30) Alguns descendentes de Abraão por meio de Agar e Quetura também foram morar na Arábia, como os filhos de Ismael, que “passaram a residir desde Havilá, perto de Sur, que está defronte do Egito, até a Assíria”. (Gên. 25:1-4, 12-18) A descendência de Eseú, habitando nas regiões montanhosas de Seir, também ficou sob a classificação geral de árabe. — Gên. 36:1-43.
Na maior parte, os árabes eram um povo nômade que levava uma vida pastoril morando em tendas. (Isa. 13:20; Jer. 3:2) Outros, contudo, eram negociantes e alguns são mencionados como mercadores a serviço de Tiro. (Eze. 27:21) Os servos de Deus tinham numerosos contatos com eles. Os mercadores midianitas, a caminho do Egito, para os quais José foi vendido eram árabes, como também eram os sabeus, do S da Arábia, que tomaram de assalto o gado e as jumentas de Jó. (Gên. 37:28; Jó 1:1, 15) Durante sua peregrinação de quarenta anos pelo deserto, os israelitas entraram em calamitoso contato com os midianitas adoradores de Baal (Núm. 25:6, 14-18) e, durante o período dos Juízes, hordas de árabes montados em camelos incursionavam regularmente contra Israel durante sete anos, até que o Juiz Gideão lhes ministrou grave derrota. — Juí. 6:1-6; 7:12-25.
Os regentes dos reinos árabes pagavam tributos ao Rei Salomão. (1 Reis 10:15; 2 Crô. 9:14) Os árabes pagaram a Jeosafá um tributo de 7.700 carneiros e de igual número de cabritos, mas, posteriormente, aliaram-se aos filisteus contra Jeorão, filho e sucessor de Jeosafá, seus bandos de guerrilheiros matando a muitos dos filhos dele. (2 Crô. 17:11; 21:16; 22:1) Uzias travou guerra bem sucedida contra eles, durante seu reinado. (2 Crô. 26:1, 7) Opositores árabes achavam-se entre os que criaram dificuldades para Neemias, durante a restauração dos muros de Jerusalém. — Nee. 2:19; 4:7, 8; 6:1.
Embora nômades, geralmente independentes e não raro bem isolados do curso principal de atividades daqueles tempos, os árabes vieram a receber atenção profética e julgamento por parte de Deus. (Isa. 21:13; Jer. 25:17-24) Séculos mais tarde, alguns árabes talvez estivessem entre aqueles que se tornaram membros da primitiva congregação cristã em Pentecostes. — Atos 2:11, 41; veja ARÁBIA.
ARÁBIA. A Península da Arábia faz parte do continente asiático em seu canto extremo SO. Limita-se, a E, com o golfo Pérsico e o golfo de Omã, ao S, com o oceano Índico e o golfo de Áden, e a O com o mar Vermelho, ao passo que o Crescente Fértil da Mesopotâmia, Síria e Palestina, se curva ao redor de sua extremidade norte. Cercada, como está, de água por três lados, assemelha-se, em parte, a uma ilha enorme, e é comumente chamada por seu povo de “Ilha dos Árabes” (Jazirat al-‘arab).
Tendo uma área do quase 2.590.000 quilômetros quadrados, ou o equivalente a cerca de um terço da superfície terrestre dos Estados Unidos continentais ou pouco menos de um terço da área do Brasil, a Arábia é a maior península do mundo. A faixa costeira ocidental se estende por 2.900 quilômetros, e em seu ponto mais largo, a península tem cerca de 1.930 quilômetros de largura.
O nome “Arábia” tem origem semítica e se crê que se derive duma raiz que signifique “ser árida”. (Compare com “planície desértica” [Heb., ‘aráv; Arábia, Almeida, atualizada] em Isaías 21:13.) A península consiste em um chapadão rochoso que se inclina para o oriente, em direção ao golfo Pérsico, a partir de seu espinhaço formado pela cadeia montanhosa que corre paralela à costa O. Um pico, no canto SO, atinge a altitude de mais de 3.657 metros.
Pelo interior da ponta sul da península acha-se o grande deserto conhecido como al-Rab’ al-Khali (Rubal-Cáli), a faixa mais vasta e contínua de área arenosa da terra, conhecida como o “Quadrante Vazio”. Ao N do Nejd ou planalto central situa-se a região menor do Deserto de al-Nufud (Nefud), que culmina no Deserto da Síria, um planalto pedregoso que se estende desde a área da Transjordânia até o rio Eufrates. Desde os primeiros séculos da Era Comum, geógrafos descreveram as seções da Arábia como Arábia Pétrea, abrangendo a Península do Sinai, Edom, e Moabe, Arábia Deserta, o Deserto da Síria, e Arábia Feliz, ou Arábia do Sul.
AS FONTES DE ÁGUA GOVERNAM A VIDA HUMANA E ANIMAL
As pequenas correntes encontradas ao longo das extremidades da península e no elevado planalto central (ou Nejd) não são numerosas, e seu fluxo só se dá durante certas estações. Jó que evidentemente morava na região do Deserto da Síria atual, descreve a secura de tais “torrentes hibernais”. — Jó 6:15-20.
Embora a maior parte deste vasto chapadão seja árido, todavia, recebe deveras suficiente precipitação pluviométrica ao longo da cadeia de montanhas ocidentais, do planalto central, e no S, a ponto de sustentar considerável população. Aqui, e ao redor dos maiores oásis, os ‘felás’ ou campônios, podem produzir safras de milhete, trigo, cevada ou milho, e aqui se encontram tamareiras (Êxo. 15:27) e figueiras. Acácias, que produzem a goma resinosa conhecida como goma arábica, e outras árvores e plantas balsâmicas e aromáticas, constituíam parte principal da antiga economia da Arábia, como o fazem, em grau menor nos tempos modernos, sendo eclipsadas atualmente pelo “ouro negro” do petróleo. — Gên. 2:12; veja BÁLSAMO.
Até mesmo o Deserto de Nefud, ao N, às vezes recebe suficiente chuva hibernal de modo a produzir gramíneas que camelos e ovelhas dos beduínos nômades podem comer. Em grandes áreas, contudo, a escassez geral de água só permite a vida nômade, que depende de oásis espalhados, de covas e poços de água. As temperaturas são elevadíssimas, atingindo até 54.º C durante o dia, em certas partes, ao passo que caem terrivelmente a níveis álgidos à noite.
Havendo tais condições, a vida animal e avícola é necessariamente reduzida, todavia, vivem hoje ali ovelhas, cabras, camelos, jumentas selvagens, chacais, falcões e águias, assim como viviam nos tempos bíblicos. (Eze. 27:21; 2 Crô. 17:11; Juí. 6:5; Jó 39:5-8, 26, 27; Isa. 60:7; 34:13) Certa vida selvagem, tal como o leão, o touro selvagem e o avestruz tornaram-se agora extintos neste território. (Jó 38:39, 40; 39:9-18) Cavalos árabes são renomados por sua beleza e vigor até os dias atuais. — Compare com Jó 39:19-25.
TRIBOS DA ARÁBIA
A Arábia com o tempo tornou-se lar de muitas famílias pós-diluvianas alistadas em Gênesis, capítulo dez. No ramo semítico, Joctã tornou-se pai dos cabeças de cerca de treze diferentes tribos árabes, ao passo que três descendentes de Arã, Uz, Géter e Más, parecem ter-se fixado na área N da Arábia e no Deserto da Síria. Os ismaelitas habitantes em tendas estendiam-se desde a Península do Sinai, pelo N da Arábia, e chegando até à Assíria. (Gên. 25:13-18) Os midianitas se situavam principalmente na parte NO da Arábia, logo a E do golfo de Acaba. (Gên. 25:4) Os descendentes de Esaú tinham por base a região montanhosa de Edom, a SE do mar Morto. (Gên. 36:8, 9, 40-43) Do ramo camita, vários descendentes de Cus, inclusive Havilá, Sabtá, Raamá, e seus filhos, Sabá e Dedã, e Sabteca, parecem ter ocupado mormente a parte sul da península Arábica. — Gên. 10:7.
PRIMITIVAS CONEXÕES BÍBLICAS
Abraão contornou a Arábia ao emigrar de Ur dos Caldeus para a terra de Canaã. Quando, mais tarde, viu-se obrigado a descer ao Egito, talvez tenha passado por parte da Arábia, por percorrer a parte norte da Península do Sinai (ao invés de seguir a rota ao longo da costa do Mediterrâneo), como também em sua viagem de volta. (Gên. 12:10; 13:1) O drama do livro de Jó tem por cenário a terra de Uz, no norte da Arábia (Jó 1:1), e os incursores sabeus que atacaram a propriedade deste “maior de todos os orientais” eram, sem dúvida, duma tribo árabe que descendia de Joctã. (Jó 1:3; Gên. 10:26-28) Os três “consoladores” de Jó e Eliú também parecem ter provindo de setores árabes. (Jó 2:11; 32:2) Moisés passou quarenta anos na Arábia, quando peregrinava junto ao midianita Jetro. (Êxo. 2:15 a 3:1; Atos 7:29, 30) O seguinte evento de grande importância que ocorreu na Arábia foi a concessão do pacto da Lei no monte Sinai, na parte sul da Península do Sinai, onde a nação liberta de Israel se havia congregado. (Êxo. 19:1, 2) Assim, o apóstolo Paulo, cerca de quinze séculos depois, referiu-se a tal evento como tendo ocorrido no “Sinai, um monte da Arábia”. — Gál. 4:25.
Em vista da presente condição da Arábia em geral, o quadro de talvez dois milhões de israelitas viverem durante quarenta anos no deserto talvez pareça quase que uma impossibilidade. (Êxo. 12:37, 38) O principal fator, naturalmente, era a provisão miraculosa de alimento e água, que Jeová lhes garantia. (Deu. 8:2-4; Núm. 20:7, 8) Embora as condições fossem patentemente difíceis, e a escassez de água seja obviamente indicada pelo relato bíblico (Núm. 20:4, 5), há razão, contudo, de se crer que, naquela época, há cerca de três mil e quatrocentos anos atrás, as reservas de água da Arábia fossem, até certo ponto, superiores ao que são no tempo atual. (Veja ERMO DA VAGUEAÇÃO.) Conforme comenta o New Standard Bible Dictionary (Novo Dicionário Bíblico Padrão), de Funk e Wagnalls (p. 58): “É possível que rotas desérticas tenham sido viáveis para grandes caravanas ou até mesmo exércitos, que agora só podem ser atravessadas por pequenos grupos.” A existência de muitos uedes ou vales profundos, secos, que certa vez eram leitos de rios, fornece evidência de que, certa vez no passado, havia suficiente precipitação pluviométrica para produzir correntes de água que as atravessassem. O desaparecimento de certas formas de vida animal talvez seja devido, em parte, à diminuição das reservas de água. Todavia, basicamente, a Arábia era então o que seu nome subentende: uma terra ou estepe árida.
INCURSORES E CARAVANAS DE CAMELOS
Da Arábia, no período dos Juízes, vieram hordas de midianitas, amalequitas e “orientais”, montados em camelos, para saquear a terra de Israel. (Juí. 6:1-6) Tais incursões predatórias ou batidas súbitas, sempre foram o principal método de combate na Arábia. (2 Crô. 22:1) O camelo, cuja domesticação se crê ter sido conseguida na Arábia, era usado como meio de transporte, pelo menos já desde o tempo de Abraão. (Gên. 24:1-4, 10, 61, 64) Graças à grande superioridade do camelo sobre o jumento nas extensivas viagens pelo deserto, considera-se sua domesticação como tendo realizado algo parecido a uma revolução econômica para a Arábia, contribuindo para o desenvolvimento dos chamados “Reinos das Especiarias” da Arábia do Sul.
Caravanas de camelos, do S mais fértil, serpenteavam pelas rotas desérticas que corriam paralelas ao mar Vermelho, movendo-se de um oásis para outro, e de um poço para outro poço, até que alcançavam a Península do Sinai, ponto do qual podiam ramificar-se em direção ao Egito ou continuar a subir até a Palestina ou Damasco. Além de suas altamente prezadas especiarias e resinas aromáticas, tais como o olíbano e a mirra (Isa. 60:6), talvez transportassem ouro e madeira de almugue de Ofir (1 Reis 9:28; 10:11), e pedras preciosas, como fez a rainha de Sabá em sua visita ao Rei Salomão. (1 Reis 10:1-10, 15; 2 Crô. 9:1-9, 14) As águas da costa de Barém abundam de ostras perlíferas. Visto que o canto SO da Arábia está separado da África por estreita massa de água de apenas cerca de 32 quilômetros de largura, os produtos da Etiópia (2 Crô. 21:16), tais como o marfim e ébano poderiam também estar incluídos nas mercadorias desses comerciantes viajantes. — Eze. 27:15.
ANTIGOS REINOS DA ARÁBIA
A história secular indica quatro reinos principais que se localizavam na Arábia do Sul: o mineano, o sabeano ou sabeu, o quatabaniano e o hadramáucio. O Reino Mineano, segundo se crê, existia desde o segundo milênio A. E. C. até 650 A. E. C., tendo sua capital em Carnau, a NE de Sana, a atual capital do Iêmen. O Reino Sabeano localizava-se, evidentemente, em alguma parte ao S do mineano, na parte oriental do hodierno Iêmen. Se, segundo parece provável, era a terra da Rainha de Sabá, já existia então no tempo do reinado de Salomão (1037-997 A. E. C.). (Mat. 12:42) Sua capital, Maribe situava-se a cerca de 97 quilômetros a E de Sana do lado oriental da cadeia montanhosa, a centenas de metros acima do nível do mar. Este reino durou até cerca de 115 A. E. C. (Veja SABÁ.) O Reino Quatabaniano tinha sua capital em Timná, e ocupava parte da área certa vez conhecida como Protetorado de Áden. Parece ter sido contemporâneo com o de Sabá. Hadramaute é usualmente identificado com o Hazarmavete de Gênesis 10:26. O Uede Hadramaute, longo vale que corre paralelo à costa S da Arábia, era o centro do reino, com sua capital em Sabua. Outros nomes bíblicos que ocorrem como lugares na Arábia são Dedã, Tema, Dumá e Buz. — Isa. 21:11-14; Jer. 25:23, 24.
Antigas inscrições assírias e babilônias também fazem menção de várias tribos da Arábia. Salmaneser III, contemporâneo do Rei Acabe (940-919 A. E. C.), alista “Gindibu, da Arábia” e seus mil cameleiros como estando entre a coalizão oposta aos assírios na batalha de Qargar. “Zabibe” e “Samsi” são mencionadas como rainhas árabes nas inscrições de Tiglate-Pileser III e Sargão II. Relata-se que esta última rainha, bem como um monarca sabeano, pagavam tributo de “ouro em forma de pó pedras preciosas, marlim, sementes de ébano, todos os tipos de substâncias aromáticas, cavalos (e) camelos”. Outras inscrições cuneiformes se referem aos sabais, aos nabaltis; aos qidris, e aos idibailis; aos massais, e aos temais. (Compare com Gên. 25:3, 13-15.) Nabonido, o rei babilônico cujo filho, Belsazar regia em Babilônia no tempo de sua queda (539 A. E. C.), gastou dez anos na cidadeoásis de Taima (Tema) no norte do planalto central da Arábia. — Veja TEMA.
Durante o quinto século A. E. C., a Palestina esteve sujeita a considerável influência da Arábia, conforme visto pelas referências a “Gesém, o árabe” em Neemias 2:19 e; 6:1-7.
O Reino Himiarite, que obteve controle da Arábia do Sul por volta de 115 A. E. C., tinha sua capital em Zafar (que alguns sugerem ser a Setar de Gênesis 10:30; no entanto, veja SEFAR.) Ao N, os nabateus (possíveis descendentes do Nebaiote de Gênesis 25:13), com sua capital em Petra, nas gargantas rochosas de Edom, tornaram-se poderosos do quarto século A. E. C. em diante. Com o tempo, estenderam seu controle por todo o S do Negebe, até por Moabe e a região da Transjordania. Por alguns anos do primeiro século A. E. C., e, de novo, no primeiro século E. C., regeram sobre Damasco. Seu rei, Aretas IV (c. 9 A. E. C. - 40 E. C.) é mencionado em 2 Coríntios 11:32 com relação à fuga de Paulo de Damasco, descrita em Atos 9:23-25. Herodes Ântipas casou-se com a filha de Aretas IV, mas divorciou-se dela a fim de casar-se com Herodias. — Mar. 6:17; veja ARETAS.
Paulo, depois de sua conversão, afirma que ‘partiu para a Arábia e voltou novamente a Damasco’. (Gál. 1:17) Tal viagem talvez fosse feita na vizinhança do Deserto da Síria, embora o termo também permite que seja em qualquer parte da península arábica.
No primeiro século A. E. C., Palmira, ao NE de Damasco, começou a desenvolver-se como centro árabe e, com o tempo, ultrapassou Petra como centro comercial. Em 270 E. C., sob a Rainha Zenóbia, o exército palmireno ocupou o Egito e se tornou sério rival de Roma, até ser derrotado em 272 E. C.
LÍNGUA E RELIGIÃO
A língua dos povos da Arábia é membro do grupo semítico sul e tem permanecido mais estável do que as outras línguas semíticas. Portanto, tem-se provado útil em aprimorar o entendimento de muitas expressões e palavras do hebraico antigo da Bíblia. Foram também descobertos muitos milhares de inscrições da escrita do sul da Arábia, provendo informações especialmente quanto à atividade política e religiosa desse povo.
A religião da Arábia parece ter-se centralizado na adoração astral, como a da antiga Babilônia. (Isa. 47:13) Situando-se em primeiro lugar entre seus deuses havia os da trindade arábica: ‘Ilumquh (à lua, cuja luz à noite permitia a pastagem confortável dos rebanhos), Dat-Himyam (a deusa-sol) e consorte de ‘Ilumquh); e ‘Attar (o planeta Vênus, correspondendo a Istar, considerada a prole do ‘Ilumquh e Dat-Himyam). Abaixo destes havia um panteão de deidades menores.
Tanto o judaísmo como o cristianismo penetraram na Arábia, este último, sem dúvida, como resultado dos conversos árabes em Pentecostes. (Atos 2:11) O último rei do Reino Himiarita do sul da Arábia, descrito previamente, professava o judaísmo, e, em 523 E. C., ordenou um massacre dos cristãos em seu território. Degois disso, campanhas abissínias, de 523 e 525 E. C., trouxeram um fim ao reino dele. No sétimo século, Maomé produziu a religião do Islã, que, com o tempo, espalhou-se por toda a Arábia e, por meio de guerras agressoras, estabeleceu um império árabe que se estendia da Espanha por toda a África do Norte e o Egito, até o Pundab na Índia.
Em vista do conhecimento limitadíssimo sobre a Arábia (e especialmente sobre a Arábia do Sul) que prevalecia até os tempos recentes, não se pode deixar de ficar impressionado com o conhecimento exato de sua geografia e de suas tribos, conforme declarado no registro bíblico.
ARETAS [virtuoso, excelência]. O último dentre vários rei árabos deste nome controlava Damasco quando seu governador se juntou a uma trama dos judeus para acabar com Paulo. Paulo escapou num cesto de vime, baixado duma janela do muro da cidade. — Atos 9:23-25; 2 Cor. 11:32, 33.
Aretas dera sua filha em casamento a Herodes Ântipas (veja HERODES), que se divorciou dela para se casar com Herodias — o caso adúltero que João Batista condenou. (Mat. 14:3, 4) Agravado ainda mais por disputas fronteiriças, Aretas atacou e derrotou totalmente Ântipas. O Imperador Tiberio ordenou então que o governador da Síria, Vitélio, levasse Aretas, vivo ou morto. Vitélio, que não era amigo de Ântipas, mobilizou suas forças, mas, em 37 E. C., Tibério morreu e a campanha contra Aretas foi cancelada. O sucessor de Tibério, Calígula, inverteu esta política externa, instalou Agripa em lugar de Ântipas, e permitiu que Aretas regesse Damasco. Uma moeda de Damasco, trazendo uma inscrição de Aretas, data deste período.