Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[De Aid to Bible Understanding, Edição de 1971, compilamos a matéria abaixo.]
CEDRO. [Continuação]
A madeira de cedro usada pelos israelitas no ermo era, possivelmente, de outro tipo de cedro diferente do cedro-do-líbano. O cedro de frutos castanhos (Juniperus oxycedrus) é bem conhecido na região do deserto de Sinai. Certos ritos de purificação, inclusive o de um leproso curado, exigiam o uso de lenho de cedro, e poderá ter acontecido que, devido à sua bem-conhecida resistência à decomposição, fosse usado para simbolizar o livramento da corrução ou doença. — Lev. 14:2-7, 49-53; Núm. 19:6.
Que o cedro servia figuradamente, tanto em sentido adverso como favorável, é bem evidente. Tornou-se “símbolo de status” entre os infiéis reis materialistas de Judá e simbolizava a exaltação de si mesmos e a falsa segurança. (Jer. 22:13-15, 23; Isa. 2:11-13) Todavia, o crescimento e o desenvolvimento do homem justo é assemelhado ao de um cedro firmemente arraigado. (Sal 92:12; compare Isaías 61:3 com o Salmo 92:12; 104:16.) Assim, ao passo que, por um lado, Jeová promete manifestar seu poder por abater os poderosos cedros do Líbano e fazê-los ‘saltitar pelos montes como bezerros’. (Sal. 29:4-6), por outro lado, ele prediz o tempo em que fará com que o cedro cresça até mesmo nas regiões desérticas (Isa. 41:19, 20) e o escolhe entre as árvores como uma das muitas criações que louvarão seu majestoso Nome. — Sal. 148:9, 13.
CHOUPOS [Heb., ‘aravím (plural)]. O nome hebraico desta árvore corresponde ao árabe gharab, que continua a ser usado para o choupo do Eufrates. Assim, embora o choupo e o salgueiro sejam do mesmo gênero de árvores tendo aparência similar e ambos sendo comuns no Oriente Próximo, os lexicógrafos modernos são a favor do choupo (Populus euphratica) na tradução. — Veja Lexicon in Veteris Testamenti Libros (Léxico dos Livros do Velho Testamento), de Koehler-Baumgartner, página 733; A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament (Léxico Hebraico-Inglês do Velho Testamento), página 788, de Brown-Driver-Briggs; The Westminster Dictionary of the Bible (Dicionário Bíblico de Westminster), página 639.
O choupo é muito comum às margens do Eufrates (ao passo que o salgueiro é comparativamente raro ali), e, assim, ajusta-se bem à referência do Salmo 137:1, 2, que descreve os lamuriosos cativos judeus pendurando suas harpas nos choupos. As folhas pequenas, enrugadas, em forma de coração, dos choupos do Eufrates (também chamado álamo) se apresentam em hastes achatadas que ficam penduradas obliquamente do caule principal, e isto resulta em serem agitadas de um lado para o outro pela menor brisa, movimento que poderia sugerir o balanço emocional de pessoas chorando de pesar.
Os choupos do Eufrates também podem ser encontrados ao longo das margens dos rios e correntes da Síria até a Palestina, e, especialmente, no vale do rio Jordão. Ali, junto com as tamargueiras, amiúde formam densos matagais, ao passo que, em outras partes, podem crescer até uma altura de 9,10 a 13,70 metros. Em todas as referências bíblicas, estes choupos são ligados a cursos d’água ou ‘vales de torrentes’. Achavam-se incluídos entre as árvores cujos raminhos eram usados na Festividade das Barracas (Lev. 23:40), forneciam abrigo para o poderoso ‘beemote’ (hipopótamo) ao longo do rio (Jó 40:15, 22), e a facilidade com que germinam ao longo de lugares bem regados é usada em Isaías 44:3, 4, para descrever o rápido crescimento e aumento resultante das bênçãos e do espírito derramados de Jeová. — Veja abaixo.
CHOUPOS, VALE DA TORRENTE DOS. Em Isaías 15:7, o profeta descreve os fugitivos moabitas como escapando, com seus bens, através do “vale da torrente dos choupos”. Se sua fuga foi para o S, como parece provável, este vale da torrente pareceria referir-se ao “vale da torrente de Zerede” (Núm. 21:12; Deu. 2:13) que atuava qual fronteira entre Moabe e Edom ao S. O vale da torrente de Zerede é geralmente identificado com o Uádi el-Hesa, que flui para o extremo S do mar Morto. Em seu curso inferior, é chamado Seil el-Qurabi, e, como tal atravessa pequena planície que é um tanto pantanosa em certos lugares, e poderia, assim, ser um lugar adequado para o crescimento dos choupos. — Veja ZEREDE, VALE DA TORRENTE DE.
CIPRESTE [Heb., te’ashshúr]. O nome hebraico desta árvore provém duma raiz que significa “eretibilidade, retilinidade”. Acha-se incluída entre outras árvores que formavam parte da “glória do Líbano”, e isto indica o lugar onde crescia e também sugere uma árvore de qualidades desejáveis ou de aparência impressiva. O “buxo” mencionado na Tradução Brasileira não é uma provável tradução, visto que, segundo algumas autoridades [veja o Unger’s Bible Dictionary (Dicionário Bíblico de Unger), p. 1134; The Interpreter’s Dictionary of the Bible (Dicionário Bíblico do Intérprete) Vol. 2, p. 292], o buxo não cresce na Palestina e na Síria trata-se apenas dum arbusto. Muitos consideram que o cipreste é a árvore a que tal palavra hebraica se refere, em Isaías 41:19; 60:13. — Veja a versão do Pontifício Instituto Bíblico; A Dictionary of Life in Bible Times (Dicionário da Vida nos Tempos Bíblicos), de W. Corswant, página 55, The Interpreter’s Dictionary of the Bible (Dicionário Bíblico do Intérprete), Volume 1, página 459, Volume 2, página 292; Lexicon in Veteris Testamenti Libros (Léxico dos Livros do Velho Testamento) de Koehler e Baumgartner, página 1017.
O cipreste é uma sempre-verde da família das coníferas, com folhagem verde-escura e ramos que se estendem para o alto um tanto parecidos aos do choupo da Lombardia. Possui uma altura média de 9,10 a 15,20 metros, mas, por vezes, chega a atingir até 24,40 metros. É cultivada comumente por toda a Palestina; algumas espécies já foram encontradas em Gileade e Edom; e diz-se que é a única árvore que consegue viver no pico do monte Líbano. A madeira possui rica tonalidade avermelhada, é fragrante e de grande durabilidade. Era possivelmente utilizada pelos fenícios, cretenses e gregos na construção de navios (Eze. 27:6, Tradução do Novo Mundo, nota marginal b da edição de 1960, em inglês), e sugere-se que a “árvore resinosa” da qual Noé obteve madeira para a arca fosse o cipreste. — Gên. 6:14; veja ÁRVORE RESINOSA, logo abaixo.
Em Isaías 41:19, Jeová promete fazer com que as árvores que normalmente crescem em terras férteis pululem no deserto também, e, na profecia a respeito da futura exaltação e prosperidade de Sião, prediz-se que o cipreste, junto com o freixo e o junípero, serão usados para embelezar o local do santuário de Deus. — Isa. 60:13.
ÁRVORE RESINOSA [Heb., gófer]. Esta árvore, de cuja madeira foi construída a arca por Noé, não pode ser identificada com nenhum grau de certeza. (Gên. 6:14) As traduções Almeida e Brasileira simplesmente transliteraram o nome hebraico. À base da similaridade entre o nome hebraico e o termo hebraico para “betume” (Heb., kófer), alguns a relacionaram às árvores resinosas da família das pineáceas, especialmente ao cipreste, que é uma árvore muito durável, extremamente resistente à decomposição. — Veja CIPRESTE, acima.
ESPINHEIRO (ESPINHO). Qualquer dentre as numerosas plantas espinhosas ou espinhentas. Já se tem comprovado cerca de duzentas variedades de plantas espinhosas como crescendo na Palestina e na Síria, entre elas a espinhosa sanguissorba, a alcaparra, o acanto, o espinheiro (boxthorn) e o espilriteiro. Embora os espinhos resultassem dificultosos para o homem não foram inteiramente inúteis. Plantas espinhosas eram empregadas como cercas (Osé. 2:6) e como combustível (Ecl. 7:6), e serviam de alimento para jumentos, camelos e cabras. Nos tempos mais recentes, como talvez acontecesse antigamente, o espinheiro (boxthorn), o espinheiro-de-casca-branca (bramble, em inglês), em especial, têm sido usados para cercas, e a sanguissorba espinhosa tem sido cortada como combustível para fornos de calcário. — Isa. 33:12.
Os efeitos do solo amaldiçoado, com seus espinhos e abrolhos, foram vividamente sentidos pelos descendentes de Adão (Gên. 3:17, 18), de modo que Lameque, pai de Noé, falou da “dor das nossas mãos, que resulta do solo que Jeová amaldiçoou”. (Gen. 5:29) Após o dilúvio, Jeová abençoou Noé e seus filhos declarando que seu propósito era que enchessem a terra. (Gên. 9:1) Não foi novamente declarada a maldição de Deus sobre o solo. No entanto, Jeová não disse a Noé e sua família, como no caso do perfeito Adão, que ‘subjugassem a terra’. (Compare Gênesis 1:28 com Gênesis 8:21 a 9:2.) Isto sugere que o homem imperfeito, sem orientação divina, jamais poderia subjugar a terra do modo que Deus originalmente propusera. O homem continuaria a passar por dificuldades em cultivar o solo, inclusive tendo de combater plantas dificultosas, espinhos e abrolhos. Sem dúvida, a utilização errada, pelo homem, dos recursos da terra, aumentou seus problemas neste sentido.
Na Terra Prometida, “terra que mana leite e mel” (Êxo. 3:8), os israelitas tiveram de trabalhar arduamente para manter a terra livre de espinhos e de outro joio ou ervas daninhas, visto que estes rapidamente tomavam conta de terras negligenciadas ou desoladas. (Isa. 5:6, 7:23-25, 34:13) Por fim, pela desobediência a Jeová, Israel trouxe ruína espiritual à nação, a “herança” de Deus, e isto se refletia tanto em sentido figurado como literal, em trabalharem em vão, semeando trigo mas colhendo espinhos. — Jer. 12:7, 13.
Conforme sublinhado na ilustração de Jesus sobre o semeador, os espinhos ameaçavam o crescimento das safras cultivadas. (Mat. 13:7; Luc. 8:7) Assim, antes de um campo coberto de espinhos e abrolhos ser cultivado, tais plantas dificultosas eram removidas, em geral por se queimar o campo. (Heb. 6:8) Os espinhos também representavam relativo perigo de incêndio. Especialmente na colheita, quando os espinhos ao lado do grão amontoado ficavam secos, prontamente pegavam fogo, e um campo inteiro poderia ser consumido, à medida que o fogo se espalhava dos espinhos ao cereal empilhado. — Êxo. 22:6.
Zombando, os soldados romanos fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram na cabeça de Jesus. (Mar. 15:17; João 19:2) Ao passo que se tem relacionado a planta em questão com a que agora se chama de coroa-de-cristo ou espinheiro-de-cristo, um arbusto que chega a atingir de 90 cm a 2,70 metros, tendo ramos flexíveis com espinhos duros, não é possível uma identificação segura.
USO FIGURADO
Mencionam-se com freqüência, os “espinhos” em sentido figurado ou ilustrativo. Os assírios, embora entrelaçados como espinhos, seriam consumidos tão cabalmente como restolho seco. (Naum 1:10) Usam-se espinhos para indicar pessoas, até mesmo regentes, cujas ações são más que caminham para um julgamento adverso. (2 Reis 14:9, 10; Isa. 9:18, 19; 10:17-19) Opositores iníquos do servo de Jeová são representados como sendo extinguidos como um fogo de espinheiros. (Sal. 118:10, 12) Jesus Cristo referiu-se aos espinhos ao ilustrar a verdade de que as pessoas tornam-se conhecidas por seus frutos. — Mat. 7:16.
Espinhos também designam pessoas e coisas que provocam danos e são aflitivas. (Núm. 33:55; Pro. 22:5; Eze. 28:24) O “espinho na carne” de Paulo (2 Cor. 12:7) poderá ter sido uma aflição de seus olhos ou de outra parte de seu corpo (veja Atos 23:1-5; Gálatas 4:15; 6:11), ou, talvez, os falsos apóstolos e outros perturbadores que questionavam o apostolado e o trabalho de Paulo. (Veja 2 Coríntios 11:5, 6, 12-15; Gálatas 16-9; 5:12; 6:17.) Jeová, mediante seu profeta Jeremias, comparou o coração dos homens de Judá e os habitantes de Jerusalém ao solo recoberto de espinhos, isto é com inveracidade, injustiça e falta de juízo ou retidão. (Jer. 4:1-4; coteje com Oséias 10:12, 13.) Apropriadamente, a substituição dos espinhos por árvores representa a restauração do favor divino. — Isa. 55:13, veja ESPINHEIRO-DE-CASCA-BRANCA; SARÇAS, SEBE DE SARÇAS; ARBUSTO; ERVAS (DANINHAS; JOIO).
ABROLHOS. Qualquer dentre uma variedade de plantas que possuem folhas espinhosas, de extremidades irregulares, hastes duras, e apresentem pontas arredondadas ou cilíndricas que produzem flores macias e sedosas, de cor purpúrea, amarela ou branca. Adão, e mais tarde seus descendentes, tinham de enfrentar incomodativos abrolhos, ao cultivarem o solo amaldiçoado. (Gên. 3:17, 18) Visto que suas sementes são espalhadas pelo vento, os abrolhos facilmente ganham terreno em áreas abandonadas ou desoladas. (Veja Oséias 10:8.) Jesus Cristo referiu-se aos abrolhos ao fazer a ilustração de que as pessoas, assim como as plantas, são reconhecidas por seus frutos. (Mat. 7:16) Na Palestina, não é incomum ver se vários cardos-estrelados sendo levados como massa rolante pelos ventos outonais, caraterística talvez aludida no Salmo 83:13 e em Isaías 17:13.
ERVAS (DANINHAS; JOIO). Em geral, plantas incomodativas que, aparentemente, não têm nenhum fim útil onde crescem. Ao passo que há peritos que se empenharam em ligar as várias palavras das línguas originais traduzidas “ervas” na Bíblia com plantas específicas, não é possível uma identificação segura.
A palavra hebraica bo’sháh é considerada derivativa duma raiz que significa “feder”, e, por conseguinte, provavelmente abrange uma variedade de plantas malcheirosas, ‘ervas mal. cheirosas’. O fiel Jó com efeito, declarou que se seu proceder na vida não tivesse sido integro, então, ao invés da cevada, que crescessem as ervas malcheirosas. — Jó 31:40.
Outro termo hebraico, hhóhahh, é entendido como designativo das plantas espinhosas em geral, as ervas espinhosas que crescem em solo cultivado e rapidamente se apossam duma terra desolada. (Jó 31:40; Isa. 34:13; Osé. 96) A mesma palavra aparece em Jó 41:2, onde a alusão parece ser a um espinho ser colocado na queixada dum peixe para transportá-lo. Hhóhahh é também usado em sentido ilustrativo. (Cân. 2:2) Uma erva espinhosa na mão dum ébrio pode trazer danos a ele e a outros assim acontece com pessoas tolas que usam erroneamente um provérbio, por não compreendê-lo. (Pro. 26:9) O rei Jeoás, de Israel, comparou a ação do orgulhoso rei Amazias, de Judá ao querer combatê-lo, a uma erva espinhosa solicitar uma aliança matrimonial com um cedro do Líbano. — 2 Reis 14:8, 9, 2 Crô. 25:18.
A denominação hebraica sháyith parece, semelhantemente, denotar uma variedade de ervas que crescem em terra abandonada ou desolada. (Isa. 56; 7:23-25; 27:4) Este termo (“ervas daninhas”) é usado figuradamente para representar pessoas que, por sua infidelidade, se tornaram imprestáveis e boas somente para o fogo. — Isa. 9:18, 19; 10:17-19; compare com Daniel 4:20-22.
Em Provérbios 24:31, a forma plural do termo hebraico qimmóhsh, comumente traduzido “urtiga”, parece denotar ervas daninhas de todas as espécies. — Veja URTIGA.
As ervas daninhas (Gr., zizánion) da ilustração de Jesus, em Mateus 13:24-30, 36-43, são geralmente consideradas como sendo o joio (Lolium temulentum), que se assemelha muito ao trigo até amadurecer, quando então pode ser prontamente diferençado do trigo por suas sementes pretas, menores. Isto, junto com o fato de que as raízes destas ervas daninhas ficam entrelaçadas com o trigo, tornaria muitíssimo desaconselhável arrancar o joio num estágio inicial. Se as sementes do joio ficarem misturadas com os grãos de trigo depois da colheita, isto poderá ter grave efeito sobre quem as ingerir. Tonturas e até mesmo envenenamento fatal podem ser atribuídos a se comer pão que contenha demasiada farinha de joio. As propriedades envenenadoras das sementes de joio, segundo se crê em geral, provêm dum fungo que cresce dentro delas.
ESPINHEIRO-DE-CASCA-BRANCA [Heb,’atádh]. Há várias sugestões quanto à planta a que o termo hebraico se refere. Em árabe, a palavra cognata às vezes é usada para o espinheiro (sanguinheiro, amieiro ou sanguinho, buckthorn, em inglês; qualquer dentre uma variedade de arbustos espinhosos classificados sob o nome botânico de Rhamnus) e tal identificação é apoiada pelas traduções da Septuaginta grega e da Vulgata latina dessa palavra hebraica. O sanguinheiro da Palestina é um arbusto disperso, que cresce de 60 cm a 1,80 metros de altura, seus raminhos perfilados com espinhos afiados e fortes. Embora seja freqüente nas regiões mais baixas, mais quentes, do país, é também encontrado nas regiões montanhosas, como em Jerusalém. Outra sugestão é o Rubus sanctus ou amora-preta-da-palestina, uma planta arbustiva com longas hastes curvadas, provida de acúleos e espinhos. A terceira planta recomendada é o espinheiro-de-casca-branca ou Lycium europaeum (boxthorn, em inglês), um arbusto espinhoso que atinge de 90 cm a 1,80 metros, que floresce com pequenas flores violetas e produz frutinhas vermelhas, redondas e comestíveis.
O espinheiro-de-casca-branca aparece mui destacadamente no relato de Juízes 9:8-15, em que a oliveira, a figueira e a videira contrastam-se com o humilde espinheiro-de-casca-branca. Como o restante do capítulo torna evidente as plantas valiosas representam os verdadeiramente dignos, tais como os setenta filhos de Gideão, que não procuraram a posição de realeza sobre seus co-israelitas, ao passo que o espinheiro-de-casca-branca, útil apenas como combustível, representa a realeza de Abimeleque, o assassino de todos os filhos de Gideão, seus irmãos, exceto um. (Juí. 9:1-6, 16-20) A sugestão de Jotão, de que as outras “árvores” figurativas procurassem refugiar-se sob a sombra do espinheiro-de-casca-branca era, sem dúvida, irônica, visto que o espinheiro-de-casca-branca, de pouca estatura, obviamente não poderia prover sombra para árvores, especialmente para os majestosos cedros mencionados.
Jotão deu o aviso de que o fogo poderia sair do espinheiro-de-casca-branca ‘e consumir os cedros do Líbano’, talvez aludindo à facilidade com que a planta seca e sem folhas poderia pogar fogo durante os meses quentes do verão. O Salmo 58:9 também mostra o uso dos espinheiros-de-casca-branca como combustível, e estes ainda são usados pelos árabes para esse fim.
A palavra hebraica ’atádh também aparece como nome de um lugar, em Gênesis 50:10. — Veja SARÇAS, SEBE DE SARÇAS; ESPINHEIRO (ESPINHO).
ESTORAQUE [Heb., livnéh]. O nome desta árvore em hebraico significa “branco”, e a palavra aparentada árabe, lubna, é aplicada ao estoraque (Styraz officinalis). O estoraque cresce como elevado arbusto ou pequena árvore, raramente ultrapassando 6 metros de altura. É abundante na Síria, onde Jacó utilizava suas varas (Gên. 30:37), e por toda a Palestina, amiúde crescendo nas encostas secas e nos lugares rochosos, onde sua sombra seria apreciada. (Osé. 4:13) Suas folhas ovais, que crescem em ramos longos e flexíveis, são verdes no topo, mas brancas como a lã por baixo. As ostentosas flores, com suas pétalas brancas e deliciosa fragrância são muito similares às flores das laranjeiras. Quando se fazem incisões nos ramos e caule, exsuda uma resina balsâmica, com sabor de baunilha, e esta é usada em perfumes. Alguns crêem que tal goma provê as “gotas de estoraque” (Heb., natáf, que significa “uma gota” [compare com Jó 36:27]), usadas no incenso sagrado do tabernáculo. — Êxo. 30:34.
GOTAS DE ESTORAQUE. Um dos ingredientes do incenso limitado ao uso sagrado. (Êxo. 30:34-37) As gotas talvez fossem produto do estoraque, árvore que exsuda uma resina castanha, com sabor de baunilha, por meio de incisões feitas em seu caule e ramos. Outra possível fonte das gotas pode ter sido o produto da opobalsameira, uma árvore sempreverde que produz uma resina oleosa verde-amarelada.
FIGO [Heb., te’enáh; Gr., syké, sykon]. Junto com a oliveira e a videira, a figueira (Ficus carica) é uma das plantas mais destacadas da Bíblia, sendo mencionada em mais de cinqüenta textos. (Juí. 9:8-13; Hab. 3:17) A figueira é natural do SO da Ásia, da Palestina, Síria e Egito, e é famosa por sua notável longevidade. Ao passo que essa árvore também cresce de forma silvestre, para produzir bons frutos precisa de cultivo. (Luc. 13:6-9) É bem adaptável a vários tipos de solo, mesmo crescendo bem em solo rochoso. Pode atingir uma altura de 9,10 a 10,70 metros, com tronco do diâmetro de cerca de 60 cm, e tem ramos que se espalham amplamente. Ao passo que é mormente apreciada por seus frutos, também é altamente prezada por sua boa sombra. (João 1:48-50) As folhas são largas, medindo até 20,3 cm, ou mais, de largura. A primeira menção da figueira é com respeito ao uso de suas folhas costuradas juntas, para servir de cobertura para os lombos de Adão e Eva. (Gên. 3:7) Em partes do Oriente, folhas de figueira são ainda cosidas juntas e usadas para embrulhar frutos e outros fins.
[Continua]