Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Matéria selecionada de Aid to Bible Understanding, Edição de 1971.]
SICÔMORO-FIGUEIRA [Gr., sykomoréa]. Quando Zaqueu, de baixa estatura, desejava ter melhor visão de Cristo Jesus, ele “subiu num sicômoro-figueira”. (Luc. 19:4) O nome grego indica uma figueira (Gr., syké) com folhas parecidas às do sicômoro (Gr., moréa). As duas árvores são da mesma família, e o sicômoro-figueira dos dias de Jesus parece ser a mesma que o “sicômoro” (Ficus sycomorus) das Escrituras Hebraicas. — 1 Reis 10:27; veja SICÔMORO, Despertai! de 22/5/79 p. 27.
TAMARGUEIRA [Heb., ’éshel]. O nome hebraico desta árvore é evidentemente, relacionado ao árabe ‘athl e ao aramaico ’athlá’, que identifica um tipo de tamargueira. A tamargueira cresce como árvore ou arbusto. Embora seu tronco seja retorcido, os ramos são com freqüência abastonados, dando à árvore uma aparência plumífera. As folhas sempre-verdes são finas, escamosas, e comprimidas perto dos ramos, de modo que perdem pouquíssima umidade por transpiração, capacitando as árvores a viver em regiões desérticas e até mesmo em dunas de areia. Na primavera setentrional, as árvores florescem com espigas de diminutas flores rosas ou brancas, que suprem o almejado colorido às regiões de outra forma ermas. As tamargueiras que gostam do sal amiúde crescem bem próximas do oceano e em charcos salinos. Abundantes tamargueiras ao longo das margens do Jordão formam matagais, semelhantes à selva, que constituem o habitat de animais selvagens, e, nos tempos bíblicos, talvez tivessem ajudado a constituir as “orgulhosas moitas junto ao Jordão”, onde certa vez se abrigavam os leões. — Jer. 49:19; Zac. 11:3.
Embora a tamargueira, em geral, seja arbustiva, o Dictionary of Life in Bible Times (Dicionário Sobre a Vida nos Tempos Bíblicos; p. 269), de W. Corswant, afirma que no Egito, na Palestina e na Síria, a árvore consegue atingir notáveis proporções e adquirir grande altura. Registra-se que Abraão plantou uma em Berseba (Gên. 21:33), o rei Saul sentou-se à sombra de uma tamargueira em Gibeão (1 Sam. 22:6), e seus ossos e os de seus filhos foram sepultados sob uma grande tamargueira em Jabes-Gileade. — 1 Sam. 31:13; compare com 1 Crônicas 10:12, onde se usa a palavra hebraica para “árvore grande” (’elah).
O Dr. Joseph Weitz, famosa autoridade em reflorestamento de Israel, disse: “A primeira árvore que Abraão colocou no solo de Berseba era uma tamargueira. Seguindo a liderança dele, há quatro anos atrás colocamos dois milhões na mesma área. Abraão tinha razão. A tamargueira é uma das poucas árvores que notamos que floresce no sul, onde a precipitação pluviométrica anual é de menos de 150 milímetros.” — Reader’s Digest, março de 1954, págs. 27, 30.
Certo tipo de tamargueira (Tamarix mannifera), quando perfurado por uma cochonilha exsuda gotas de uma seiva melífera que são ajuntadas e vendidas a peregrinos em alguns lugares como “maná”. Isto, contudo, não tem nenhuma relação com o maná provido para Israel no ermo, visto que tal maná verdadeiro foi provido miraculosamente e era juntado do solo. — Êxo. 16:13-15.
URTIGA. Qualquer dentre uma variedade de plantas com folhas serrilhadas que são, usualmente, cobertas de forma densa por pêlos urticantes que contêm um líquido irritante. Quando tocadas, as pontas dos pêlos se rompem e as extremidades pontiagudas quebradas penetram na pele, fazendo com que o líquido entre na ferida. Conhece-se a existência de pelo menos quatro variedades de urtiga na Palestina, a mais comum sendo a urtiga-romana (Urtica pilulifera), que freqüentemente atinge 1,80 metros, e é encontrada especialmente entre as ruínas.
Os termos hebraicos hharúl (Pro. 24:31; Sof. 2:9), e qimmóhsh (Isa. 34:13; Osé. 9:6) aplicam-se a plantas que tomam conta dos campos e das ruínas abandonadas. Em Jó 30:7, a referência a hharúl sugere plantas altas. Outra palavra hebraica, sirpádh (“sarça”, Almeida, “urtiga”, Pontifício Instituto Bíblico, “urtiga [pungente]”, Tradução do Novo Mundo) é contrastada com a murta. (Isa. 55:13) Embora “urtiga” se ajustasse ao contexto dos textos supracitados, há considerável incerteza quanto ao significado exato dos termos na língua original. Isto se dá, especialmente, em vista de que, em Provérbios 24:31 aparece, paralela a hharúl, uma forma da palavra qimmóhsh (“cardos”, Al, Imprensa Bíblica Brasileira; “espinhos”, Al, atualizada; “ervas daninhas”, NM). Por conseguinte, há peritos que pensam que qimmóhsh indica ervas daninhas, em geral; outros crêem que hharúl talvez seja um termo genérico que se aplica ao matagal.
A tradução de hharúl como “urtigas”, em Jó 30:7, tem sido disputada por alguns, à base de que as pessoas não procurariam voluntariamente abrigo sob urtigas. Numa região árida, porém, as pessoas bem que poderiam aproveitar a sombra de urtigas altas, ou, devido à fome, vir a ajuntar tais plantas para alimento. Assim, a tradução é apropriada, embora, conforme declarado, não é certo se realmente se tinha presente tal planta.
VIDEIRA (TREPADEIRA). Uma planta com caules enroscados, longos e delgados, que rasteja pelo solo ou se ergue por meio de gavinhas, a variedade mais comum sendo a videira (Vitis vinifera). A palavra hebraica géfen geralmente se refere à “videira vinífera” (Núm. 6:4; Juí. 13:14), uma exceção sendo a “trepadeira silvestre” que produzia “bagas” ou colocíntidas. — 2 Reis 4:39.
A história da viticultura começa com a declaração: “Noé . . . passou a plantar um vinhedo.” (Gên. 9:20) Melquisedeque, rei de Salém, trouxe “pão e vinho” para colocar perante Abraão, provando que as uvas já cresciam na terra de Canaã antes de 1933 A.E.C. (Gên. 14:18) Inscrições egípcias representam a colheita de uvas e o pisamento em lagares no segundo milênio A. E. C.; os Faraós daquele tempo tinham copeiros oficiais. (Gên. 40:9-13, 20-23) A indústria vinícola egípcia, contudo, sofreu grave golpe quando Jeová “foi matar sua videira” com uma praga de saraiva. — Sal. 78:47; 105:33.
Os espias que entraram na Terra Prometida, “uma terra . . . de videiras, e de figos, e de romãs”, trouxeram do vale da torrente de Escol um cacho de uvas tão grande que teve de ser transportado em uma barra, entre dois homens. (Deu. 8:8; Núm. 13:20, 23, 26) Cachos de uvas desta região, segundo se diz comumente, pesam de 4,5 a 5,4 quilos. Registra-se que um cacho pesava 11,8 quilos; outro, mais de 20,4 quilos.
Além do vale da torrente de Escol, outras regiões vinícolas mencionadas na Bíblia são En-Gedi, junto ao mar Morto (Cân. 1:14), Siquém (Juí. 9:26, 27), Silo (Juí. 21:20, 21), e, do outro lado do Jordão, Sibma, Hésbon e Eleale. — Isa. 16:7-10; Jer. 48:32.
PLANTIO E CUIDADOS
Os vinhedos amiúde eram plantados nas encostas das colinas. Era costumeiro cercar ou murar os vinhedos (Núm. 22:24; Pro. 24:30, 31), e também construir barracas ou torres de vigia (Isa. 1:8; 5:2), de modo a proteger os vinhedos contra ladrões ou intrusos animais, tais como raposas e javalis. (Sal. 80:8, 13; Cân. 2:15) A lei mosaica permitia que um transeunte comesse até ficar satisfeito, mas não transportasse nenhuma parte num receptáculo, pois isto seria latrocínio. — Deu. 23:24.
Por conveniência, um lagar e um recipiente eram escavados por perto, visto que, usualmente, o grosso da colheita era esmagado para fazer vinho. (Isa. 5:2; Mar. 12:1; veja VINHO E BEBIDA FORTE.) Naturalmente, uvas frescas eram comidas em considerável quantidade, e se produziam algumas passas secas. — 1 Sam. 25:18; 30:12; 2 Sam. 16:1; 1 Crô. 12:40.
Os vinhedos antigos eram dispostos de diversos modos. Às vezes as videiras eram plantadas sistematicamente em fileiras com cerca de 2,40 metros de distância, ou mais, em solo bem preparado. Não se deviam plantar quaisquer outras sementes num vinhedo, segundo a lei mosaica, embora árvores, tais como a figueira, talvez fossem ali plantadas. (Deu. 22:9; Luc. 13:6, 7) Às vezes se permitia que as videiras crescessem pelo solo, por uma encosta de colina abaixo, apenas os cachos sendo levantados por forcados, porém, mais amiúde, as vinhas eram orientadas por sobre caramanchões de madeira ou pilhas de pedras. A expressão ‘sentar-se cada um debaixo de sua própria videira e debaixo de sua própria figueira’ tornou-se proverbial da paz e segurança. — 1 Reis 4:25; 2 Reis 18:31; Isa. 36:16; Miq. 4:4; Zac. 3:10.
A poda é necessária para a produção de boas uvas. Jesus disse que “todo ramo . . . que não dá fruto, ele tira, e todo o que dá fruto, ele limpa [pela poda], para que dê mais fruto”. (João 15:2) A poda dos ramos produtivos e o corte dos infrutíferos permite que a planta use sua plena força para a produção de frutos de mais alta qualidade. A poda nas terras bíblicas começava na primavera setentrional, por volta de março, e era repetida de novo em abril e maio, se necessária. — 2 Crô. 26:10; Isa. 18:5; Luc. 13:7.
Uma videira frutífera, com cuidado apropriado e boa poda, poderá atingir fenomenal idade e tamanho. À guisa de exemplo, relata-se que, uma de tais videiras, em Jericó, tinha mais de 300 anos, e seu tronco tinha um diâmetro de cerca de 46 centímetros. Às vezes, estas velhas videiras atingiam uma altura de mais de 9 metros, e eram verdadeiras ‘árvores de vinho’. Mas, apesar de tal estatura entre as árvores da floresta, tal madeira da videira não serve, quer como “pau para fazer qualquer obra” quer como “tarugo para pendurar nele qualquer espécie de utensílio”, pois é macia demais e não é suficientemente reta para tábuas. Deveras, a madeira da videira servia qual ilustração apropriada dos infiéis habitantes de Jerusalém, somente bons como combustível para o fogo, que Jesus disse seria finalmente o destino das videiras infrutíferas. — Eze. 15:2-7; João 15:6.
A vindima era uma época de cânticos e de alegria compartilhada pelos colhedores de uvas e pelos pisadores dos lagares. (Juí. 9:27; Isa. 16:10; Jer. 25:30; veja LAGAR.) Era também uma ocasião alegre para os residentes pobres e estrangeiros do país, que recebiam permissão de respigar os vinhedos depois da colheita geral. (Lev. 19:10; Deu. 24:21) O inverso também era verdadeiro — quando as videiras se haviam secado, ou quando não produziam nenhuma uva, ou os vinhedos se tornavam ermos desolados de espinhos, esses eram tempos calamitosos, de grande pesar. — Isa. 24:7; 32:10, 12, 13; Jer. 8:13.
As leis sabáticas exigiam que os proprietários deixassem seus vinhedos sem cultivo, poda ou colheita a cada sétimo ano, e durante o Jubileu. (Lev. 25:3-5, 11) Mas durante tais anos, quaisquer pessoas (donos, escravos, estrangeiros, os pobres), bem como os animais, tinham livre permissão de comer do que crescesse por si mesmo. — Êxo. 23:10, 11; Lev. 25:1-12.
USO ILUSTRATIVO E FIGURATIVO
A familiaridade com a videira — o conhecimento geral que as pessoas tinham de seu cultivo, de sua produtividade, da vindima e das atividades de respiga ligadas a ela — tornavam-na objeto de freqüente referência por parte dos escritores bíblicos. Os vinhedos que produziam frutos abundantemente refletiam a bênção de Jeová (Lev. 26:5; Ageu 2:19; Zac. 8:12; Mal. 3:11; Sal. 128:3); as videiras improdutivas seriam manifestação de Seu desfavor. (Deu. 28:39) Israel era como uvas no deserto, mas tornou-se como uma videira degenerada (Osé. 9:10; 10:1), como uma videira estrangeira que produzia uvas bravas. (Isa. 5:4; Jer. 2:21) Um ditado proverbial comum do tempo de Jeremias e de Ezequiel se referia ao fato de que as uvas verdes deixam os dentes embotados (“irritados”, Centro Bíblico Católico), devido a sua acidez. — Jer. 31:29, 30; Eze. 18:2.
Fizeram-se tentativas de vincular a “videira de Sodoma” com várias plantas nativas da área do mar Morto, mas o contexto desta expressão, em sua única ocorrência (Deu. 32:32), indica claramente um uso figurado. Sodoma é repetidas vezes usada na Bíblia para representar a corrução moral e a iniqüidade. — Isa. 1:10; 3:9; Jer. 23:14.
Em várias ocasiões, Jesus falou sobre vinhedos e suas uvas. (Mat. 20:1-16) Apenas três dias antes de sua morte, ele deu a ilustração sobre os cultivadores iníquos. — Mar. 12:1-9; Luc. 20:9-16; veja ILUSTRAÇÕES.
Quando instituía a Refeição Noturna do Senhor, Jesus usou vinho, o “produto da videira”, qual símbolo do seu “sangue do pacto”. Naquela noite final de sua vida terrestre ele também falou de si mesmo como “a verdadeira videira”, e de seu Pai como “o cultivador”. Ele assemelhou seus discípulos a “ramos”, que seriam podados de modo a dar mais frutos, ou cortados por completo. — Mat. 26:27-29; Mar. 14:24, 25; Luc. 22:18; João 15:1-10.
USO PROFÉTICO
Quando Jacó abençoou Judá, havia significado profético em suas palavras: “Prendendo seu jumento adulto a uma videira [géfen] e a cria de sua própria jumenta a uma videira seleta [soreqáh], lavará certamente a sua vestimenta em vinho e a sua roupa no sangue das uvas. Seus olhos são vermelho-escuros do vinho.” (Gên. 49:8-12) A palavra soreqáh indica uma videira avermelhada que produz os frutos mais ricos e seletos. (Isa. 5:2; Jer. 2:21) Poucos dias antes de um letreiro ser colocado acima de Jesus Cristo, na estaca de tortura, rezando “O Rei dos Judeus” (Mar. 15:26), ele, que era da tribo de Judá, entrou em Jerusalém montado num jumentinho, cria duma jumenta, destarte apresentando-se a Jerusalém como seu rei. (Mat. 21:1-9; Zac. 9:9) Ao passo que Jesus não prendeu a cria da jumenta a uma videira literal, ele deveras prendeu suas pretensões régias a uma videira simbólica, espiritual, a saber, o reino de Deus. — Compare com Mateus 21:41-43; João 15:1-5.
Em aditamento a este significado maior, a profecia de Jacó teve aplicação literal na herança dada à tribo de Judá, na Terra Prometida. Esta incluía a região montanhosa, as elevadas ‘ladeiras férteis’ que eram modeladas em terraços para vinhedos, com seus vales produtivos atravessando a região. — Isa. 5:1.
No livro de Revelação, depois da menção da “colheita da terra”, ouve-se um anjo que dá a ordem: “Ajunta os cachos da videira da terra, porque as suas uvas ficaram maduras.” Daí, “a videira da terra” foi juntada e lançada “no grande lagar da ira de Deus”. Esta videira difere da “verdadeira videira”, que produz fruto para a glória de Deus. A “videira da terra” evidentemente produz fruto prejudicial, pois é destruída às ordens de Deus. — Rev. 14:18, 19.
ÁRVORES GRANDES [Heb., ’eláh; ’elóhn],
ÁRVORES MACIÇAS [Heb., ’alláh; ’allóhn]. Estas palavras hebraicas são traduzidas, de forma variada, como carvalho e olmeiro, na Versão Almeida, revista e corrigida, e terebinto na Almeida, atualizada. Entretanto, muitas autoridades reconhecem que estas palavras podem ter sido aplicadas nos tempos bíblicos simplesmente a árvores grandes em geral.
Em Amós 2:9, o povo amorreu foi assemelhado ao cedro, quanto à estatura, e a “árvores maciças [’allóhn]” quanto ao vigor. Estas “árvores maciças” abundavam especialmente em Basã, na Transjordânia, e são usadas em comparações junto com os cedros-do-líbano. (Isa. 2:13; Zac. 11:1, 2) De sua madeira eram feitos remos. (Eze. 27:6) Débora foi sepultada debaixo de tal árvore em Betel, resultando no nome Alom-Bacute, que significa “Árvore grande de pranto”. (Gên. 35:8) A localização de tais árvores nas colinas e nos lugares elevados as tornaram lugares populares de sombra, sob a qual os adoradores falsos empenhavam-se em práticas idólatras. — Osé. 4:13.
Sem dúvida, as árvores maciças de Basã incluíam o carvalho. Renomado por robustez e vigor, os carvalhos chegam a atingir uma grande idade. Vários tipos de carvalhos continuam a crescer em Basã, bem como nas partes elevadas de Haurã, Gileade, Galiléia e Líbano, alguns deles sendo sempre-verdes; ao passo que outros são decíduos (isto é, perdem suas folhas a cada outono setentrional). Seu fruto, a glande, é modelado num cálice e é rico em tanino. Crê-se que a cor do material “carmesim” usado no santuário (Êxo. 25:4; 26:1) foi obtida duma cochonilha que infeta os ramos de uma espécie de carvalho. — Veja TINTURAS, TINGIMENTO.
Outra árvore considerada provável como se situando entre as “árvores grandes” da Bíblia é o terebinto. É árvore comum na Palestina, possui tronco grosso e ramos espalhados, e muitos atingem alturas até de 15,20 metros, fornecendo excelente sombra. Por fazer incisões na casca, obtém-se uma resina perfumada, da qual se produz a terebintina.
AGRICULTURA. A agricultura teve seu início no Éden, visto que Adão, depois de ser criado por Deus, foi colocado no jardim “para que o cultivasse e tomasse conta dele”. (Gên. 2:5, 15) No entanto, devido à infidelidade do primeiro casal humano, não se deu a extensão do paraíso edênico; pelo contrário, o solo veio a ficar sob a maldição de Deus. Eram necessários suor e labuta para tirar do solo o meio de subsistência. — Gên. 3:17-19.
O primeiro filho de Adão e Eva, Caim, tornou-se “lavrador do solo”; Abel, um pastor de ovelhas. (Gên. 4:2-4) Depois do dilúvio, “Noé principiou como lavrador” e plantou um vinhedo. (Gên. 9:20) Num período posterior, Abraão, Isaque e Jacó levaram essencialmente uma vida nômade e pastoral, junto com seus rebanhos, um tanto semelhante ao antediluviano Jabal (Gên. 4:20), embora, no caso de Isaque e Jacó haja também evidência de que cultivavam certas safras, sendo especialmente mencionado o trigo. — Gên. 26:12; 27:37; 30:14; 37:7.
AGRICULTURA ISRAELITA
As escavações feitas pelos arqueólogos mostram que a área da Palestina foi um dos centros mais primitivos da agricultura. A Terra Prometida era uma terra fertilíssima. Ló em seus dias, comparou o distrito do Jordão ao “jardim de Jeová, semelhante à terra do Egito, até Zoar”. (Gên. 13:10) Antes do Êxodo, a nação de Israel estava bem familiarizada com a agricultura lá no Egito, onde se cultivavam trigo, linho, cevada, pepinos, melancias, alhos-porros, cebolas, alhos, e outros produtos. (Êxo. 9:25, 26, 31, 32; Núm. 11:5; Deu. 11:10) Daí, por quarenta anos, a nação levou um modo de vida não fixo, no deserto, embora relativamente livre da associação corrompedora dos povos pagãos. Em sua entrada na Terra Prometida, a nação fixou-se em uma vida de cultivo de safras e de pastoreio. Havia vantagens definidas em possuíram uma terra que já estava sendo cultivada. A grande maioria dos hebreus que estava familiarizada com a agricultura no Egito já havia então perecido no ermo e, por isso, poucos, se é que havia alguns, lavradores habilitados e proficientes, com experiência prática, estavam disponíveis para iniciar a lavoura numa terra que lhes era nova e estranha. (Núm. 14:22-30; Heb. 3:16, 17) Assim, foi para sua grande vantagem herdar então ‘casas cheias de todas as coisas boas, cisternas escavadas, vinhedos e olivais já plantados e produzindo’. — Deu. 6:10, 11; 8:6-9.
Após a divisão da terra nos territórios tribais, os pedaços de terreno foram loteados, evidentemente pelo uso de uma corda de medir. (Sal. 78:55; Eze. 40:3; Amós 7:17; Miq. 2:4, 5) Uma vez estabelecidos, tais limites deviam ser honrados e respeitados. — Deu. 19:14; 27:17; Pro. 22:28; Osé. 5:10; coteje com Jó 24:2.