Precisa de ar condicionado?
O DIA está quente e abafado. O sol o caustica sem piedade, ao passo que você vai-se arrastando de volta do trabalho para casa. Mas, ao abrir a porta da frente de casa, uma onda de ar fresco e revigorante o acolhe. Ah-h-h-h! Ar condicionado! Que alívio pode trazer-nos!
Mas digamos que se trate de um dia frio de inverno, e, ao abrir a porta de casa, uma onda de ar tépido e confortante o acolhe. Será que, com gratidão, diz para si mesmo: ‘Ah-h-h-h! Ar condicionado’?
Talvez não diga. Todavia, seria uma reação apropriada. “O condicionamento do ar”, explica a Enciclopédia Delta Universal, “resfria o ar, quando o tempo está quente, e esquenta o ambiente, quando o tempo está frio”.
Contudo, a expressão “condicionamento de ar” é, em geral, aplicada ao resfriamento do ar num ambiente fechado, quer seja o duma casa, dum prédio de escritórios, dum auditório, dum cinema, dum carro, dum ônibus, dum trem, quer algum outro espaço fechado. Todavia, o uso de ar-condicionado faz mais do que modificar a temperatura do ar; também controla o movimento, a pureza e a umidade do ar.
O Que Produz Desconforto
Mas, o que produz o excesso de calor e de umidade num ambiente fechado? Naturalmente, a fonte principal de calor é, com freqüência, o sol. Todavia você, ou outras pessoas que estão em sua companhia em casa, no escritório, no carro, ou em outro ambiente fechado, também são responsáveis. Isto se dá porque nós, humanos, somos máquinas produtoras de calor e de umidade. Quanto mais esforços fizermos, tanto mais calor e umidade geramos. Mesmo quando ficamos tranqüilamente sentados, nosso corpo produz certo grau de calor e de umidade.
Assim, para nos sentirmos confortáveis, o calor e a umidade que geramos precisam ser removidos à mesma taxa em que são produzidos. Se forem removidos muito depressa, sentiremos muito frio. Se forem retirados de forma lenta demais, nós sentiremos muito calor. Apenas para remover o calor e a umidade produzidos por cem pessoas que se sentam quietamente numa grande sala são necessárias, em termos técnicos, cerca de três toneladas de resfriamento, ou 36.000 Btu’s (sigla, em inglês, de Unidade Térmica Britânica) por hora.
Uma Btu é mais ou menos equivalente ao calor emitido por um fósforo aceso. (A título de comparação, 252 calorias representam a mesma quantidade de calor que uma Btu.) Assim, o calor que emana de uma pessoa sedentária é mais ou menos equivalente ao de 360 fósforos acesos! Mas, ao calor significativo gerado por um grupo de pessoas num ambiente fechado deve-se acrescentar o calor gerado pelas luzes e por outros aparelhos elétricos que talvez estejam funcionando. Assim, pode-se facilmente ver a vantagem do ar condicionado.
Prós e Contras
Além de criar um ambiente interior mais agradável, o ar condicionado pode ser benéfico para sua saúde, especialmente se o aparelho for corretamente usado e tiver a devida manutenção. Tal aparelho poderá eliminar as erupções cutâneas provocadas pelo calor e, visto que não raro impede a entrada de pólen, poderá trazer alívio para as pessoas que padecem de febre-do-feno. Especialmente no caso dos mais idosos, moderar os extremos de temperatura pode trazer benefícios à saúde, e o mesmo se pode dizer da substituição do ar viciado por ar fresco, e a remoção de fuligem e poeira, realizadas pelo ar condicionado.
Todavia, ao mesmo tempo, o moderno condicionamento de ar, que emprega a refrigeração, pode causar problemas à saúde. Muitas pessoas adoecem devido às extremas variações entre as temperaturas externas de mais de 40° centígrados e as temperaturas internas, criadas pelo ar condicionado, de 26° centígrados. De fato, por este motivo, alguns rejeitam usar modernos aparelhos de ar condicionado, preferindo usar ventiladores de teto, e, em resultado disso, foram aparentemente beneficiados.
Por outro lado, diz-se que o condicionamento de ar contribui para maior produtividade dos que trabalham em escritórios. Também ajuda os que assistem a um congresso num ginásio ou auditório a ficarem mais atentos. Sem dúvida concordará que é uma luta manter-se alerta quando tais locais são quentes e abafados.
O condicionamento de ar também é vital para o funcionamento bem-sucedido de muitas indústrias. Na indústria de alimentos, o condicionamento de ar tem sido realmente vantajoso. Torna possível estocar alimentos o ano todo, impedindo a proliferação de bactérias que causariam sua decomposição. Impede que a farinha mofe nas padarias. E é utilizado na fabricação de queijos. Houve época em que o queijo Roquefort só podia ser produzido em certas cavernas na França, nas quais o ar era frio e úmido. Mas, com o condicionamento do ar, que reproduz o meio ambiente das cavernas, é possível produzir queijos similares em outras partes.
No entanto, o moderno condicionamento de ar também tem estado envolvido na morte e na doença de muitos. Por exemplo, em 1976, num congresso da Legião Americana, 182 legionários contraíram o que foi, mais tarde, identificado como doença dos legionários, e 29 deles morreram. Sobre a disseminação desta doença, comentou The New Encyclopædia Britannica (A Nova Enciclopédia Britânica): “Suspeita-se de que a água contaminada, nos aparelhos de ar condicionado centrais, possa ter servido para disseminar a Legionella pneomophilia em gotículas pela atmosfera circundante.” Sistemas de ar condicionado centrais com manutenção inadequada têm contribuído para contaminar o ar, o que também provoca outras doenças.
Preencher Uma Necessidade
Há muitos que sentem real necessidade de ar condicionado. No passado, no verão, penduravam-se esteiras de palha úmida nas janelas ou nas portas, e o ar penetrante era resfriado à medida que fazia evaporar a umidade. Há cerca de 500 anos, construiu-se o primeiro ventilador mecânico. Este trouxe alívio do calor, por fazer circular o ar. Até mesmo hoje, muitos verificam que tudo de que precisam para manter-se frescos no verão é a ventilação que um bom ventilador propicia.
Em áreas desérticas, em que a umidade é baixa, muitos apreciam um método barato de refrigeração. Em tal sistema, o ar externo é tragado através de uma esteira molhada de fibras, o ar sendo desta forma resfriado antes de penetrar no prédio. Com este tipo de resfriamento, porém, é preciso que se deixe o ar interno sair à mesma taxa em que o ar resfriado penetra. Em geral, basta haver várias janelas deixadas ligeiramente abertas. No entanto, esta forma de ar condicionado muitas vezes se provou insatisfatória, porque o teor de umidade do ar eleva-se a níveis desconfortáveis.
Por conseguinte, preencheu-se uma necessidade quando, recentemente, desenvolveu-se um método de refrigerar o ar. Na realidade, o princípio de funcionamento de um condicionador de ar moderno é similar ao do refrigerador doméstico, usado para refrigerar os alimentos. Assim, o prédio dotado de ar condicionado — talvez sua casa ou o escritório — torna-se, efetivamente, como um grande refrigerador.
Para reduzir a temperatura do ar interior, resfria-se o ar tépido, à medida que é circulado. Para fazer isto, um refrigerante líquido, porém volátil, circula através de um conjunto de serpentinas do evaporador. À medida que um fole faz o ar quente passar por estas serpentinas de resfriamento, o refrigerante líquido evapora e absorve o calor, desta forma resfriando o ar. Este ar condicionado é então devolvido à área que está sendo resfriada. Remove-se também parte da umidade quando o ar é resfriado; ela se condensa nas frias serpentinas do evaporador e vai drenando dali.
No ínterim, o refrigerante, que se vaporizou devido à sua absorção do calor, passa para um compressor. Ali ele é pressurizado. Passa então, sob alta pressão, pelas serpentinas do condensador, onde libera calor, e volta para o estado líquido. O calor é então expelido do prédio, e o refrigerante líquido circula de novo pelas serpentinas do evaporador, dando prosseguimento ao processo de refrigeração.
O processo de resfriar o ar por meio de refrigeração é de origem relativamente recente. Um aparelho de ar condicionado feito expressamente para o conforto humano foi utilizado pela primeira vez num cinema, em 1922. O primeiro sistema de ar condicionado para trens foi instalado em 1931, e foi em 1939 que, pela primeira vez, colocaram-se tais aparelhos em automóveis. No ano seguinte, introduziram-se aparelhos em ônibus. As casas e os apartamentos começaram a usar ar condicionado nos anos 30.
Obviamente difere a necessidade que as pessoas têm de ar condicionado. No entanto, existe uma faixa de temperatura que a maioria das pessoas considera confortável. Julga-se que de 22° a 26° centígrados seja uma faixa confortável típica, com a umidade relativa indo de 40 a 60 por cento. Quando o tempo está frio o bastante para se usar aquecimento, a maioria das pessoas se sentirá confortável em uma temperatura que vai de 22° a 24° centígrados.
Por outro lado, quando está quente ao ar livre, a maioria se sentirá confortável quando o ar condicionado mantiver a temperatura interior entre 24° e 27° centígrados. Mas, se a temperatura externa for extremamente elevada e a pessoa estiver com freqüência entrando e saindo do ambiente, talvez seja sábio, a bem de sua saúde, manter a temperatura interna um pouco mais alta do que a costumeira.
Precisa Mesmo Disso?
Assim, conforme suas circunstâncias pessoais, o ar condicionado pode prover-lhe um ambiente mais confortável. Na verdade, existem algumas localidades do mundo em que não se precisa disso, nem é desejado. Ou, no seu caso, a compra dum condicionador de ar talvez não seja economicamente possível.
No entanto, talvez decida que os benefícios que derivaria do ar-condicionado compensam os gastos necessários para ter um. Se o aparelho for devidamente escolhido, dimensionado, instalado, utilizado e tiver a devida manutenção, poderá ser-lhe muito útil por longo tempo, a um custo mínimo, e, deveras, aumentar o seu conforto.