Capítulo Sete
O que um livro pode ensinar-lhe a respeito do Criador?
PROVAVELMENTE você concorda que um livro informativo e interessante é de grande valor. A Bíblia é um livro assim. Nele você encontra cativantes histórias reais que destacam elevados valores morais. Encontra também ilustrações vívidas de verdades importantes. Um de seus escritores, famoso por sua sabedoria, disse que “procurou achar palavras deleitosas e a escrita de palavras corretas de verdade”. — Eclesiastes 12:10.
O livro que chamamos de “Bíblia” é, na verdade, uma coleção de 66 livros menores escritos num espaço de mais de 1.500 anos. Por exemplo, entre 1513 e 1473 AEC Moisés escreveu os primeiros cinco livros, começando com Gênesis. João, um apóstolo de Jesus, foi o último escritor bíblico. Ele escreveu um relato da vida de Jesus (O Evangelho de João), além de cartas mais breves e o livro de Apocalipse (ou Revelação), que aparece como último livro na maioria das Bíblias.
Durante os 1.500 anos desde Moisés até João, umas 40 pessoas participaram na escrita da Bíblia. Eram homens sinceros e devotos, interessados em ajudar outros a aprender sobre o Criador. Seus escritos ajudam-nos a conhecer a personalidade de Deus e a aprender como agradá-lo. A Bíblia esclarece também por que existe tanta perversidade no mundo e como será eliminada. Os escritores bíblicos apontaram para o tempo em que a humanidade viverá mais diretamente sob o domínio de Deus, e descreveram algumas das condições emocionantes que poderemos usufruir então. — Salmo 37:10, 11; Isaías 2:2-4; 65:17-25; Revelação 21:3-5.
Provavelmente você sabe que muitos desprezam a Bíblia, considerando-a um livro antigo de sabedoria humana. Contudo, milhões de pessoas estão convictas de que seu verdadeiro Autor é Deus, que ele guiou os pensamentos de seus escritores. (2 Pedro 1:20, 21) Como se pode saber se aquilo que os escritores bíblicos escreveram realmente vem de Deus?
Bem, há diversas linhas de evidência convergentes que podem ser consideradas. Muitos fizeram isso e concluíram que a Bíblia é mais do que um mero livro humano e que a sua fonte é sobre-humana. Ilustremos isso com uma única linha de evidência. Ao fazermos isso, podemos aprender mais acerca do Criador do Universo, a Fonte da vida humana.
Predições cumpridas
Muitos dos escritores bíblicos registraram profecias. Longe de afirmarem que podiam pessoalmente prever o futuro, esses escritores atribuíram o crédito ao Criador. Por exemplo, Isaías identificou a Deus como “Aquele que desde o princípio conta o final”. (Isaías 1:1; 42:8, 9; 46:8-11) A capacidade de predizer eventos com décadas, ou mesmo séculos, de antecedência distingue o Deus de Isaías como único. Ele não é mero ídolo, como aqueles que as pessoas no passado e no presente têm adorado. As profecias da Bíblia nos dão provas convincentes de que ela não é de autoria humana. Veja como o livro de Isaías confirma isso.
Uma comparação do conteúdo de Isaías com os dados históricos mostra que esse livro foi escrito por volta de 732 AEC. Isaías predisse calamidades para os habitantes de Jerusalém e de Judá, porque eram culpados de derramamento de sangue e de idolatria. Predisse também que a terra deles seria devastada, que Jerusalém e seu templo seriam destruídos e que os sobreviventes seriam levados como prisioneiros para Babilônia. Mas Isaías profetizou também que Deus não se esqueceria dessa nação prisioneira. O livro predisse que um rei estrangeiro, chamado Ciro, conquistaria Babilônia e libertaria os judeus para que retornassem à sua terra natal. De fato, Isaías refere-se a Deus como “Aquele que diz a respeito de Ciro: ‘Ele é meu pastor e executará completamente tudo aquilo em que me agrado’; dizendo eu de Jerusalém: ‘Ela será reconstruída’, e do templo: ‘Lançar-se-á teu alicerce.’” — Isaías 2:8; 24:1; 39:5-7; 43:14; 44:24-28; 45:1.
Nos dias de Isaías, no oitavo século AEC, tais predições podiam parecer inacreditáveis. Naquele tempo, Babilônia não era nem mesmo uma potência militar significativa. Estava sujeita à verdadeira potência mundial da época, o Império Assírio. Deve ter sido estranha também a ideia de que um povo conquistado, que fora levado a uma terra distante como exilados, pudesse ser libertado e recuperar a sua terra. “Quem é que já ouviu uma coisa destas?”, Isaías escreveu. — Isaías 66:8.
No entanto, o que vemos se avançarmos dois séculos? A história posterior dos judeus antigos provou que a profecia de Isaías cumpriu-se em detalhes. Babilônia de fato tornou-se poderosa, e destruiu Jerusalém. O nome do rei persa (Ciro), a sua posterior conquista de Babilônia e o retorno dos judeus são fatos históricos aceitos. Os detalhes profetizados cumpriram-se com tanta precisão que, no século 19, alguns críticos afirmavam que o livro de Isaías era uma farsa. Com efeito, diziam: ‘Isaías talvez tenha escrito os primeiros capítulos; mas um escritor posterior, nos dias do Rei Ciro, completou a escrita do livro de modo que parecesse profético.’ Alguém pode fazer esses comentários depreciativos, mas quais são os fatos?
Predições genuínas?
As predições no livro de Isaías não se limitam a eventos envolvendo Ciro e os judeus exilados. Ele predisse também a situação final de Babilônia, e seu livro forneceu muitos detalhes sobre um vindouro Messias, ou Libertador, que sofreria e depois seria glorificado. Pode-se provar que essas predições foram escritas com muita antecedência, sendo, portanto, profecias genuínas?
Considere o seguinte. Isaías escreveu sobre a situação final de Babilônia: “Babilônia, ornato dos reinos, beleza do orgulho dos caldeus, terá de tornar-se como quando Deus derrubou Sodoma e Gomorra. Nunca mais será habitada, nem residirá ela por geração após geração.” (Isaías 13:19, 20; capítulo 47) O que realmente aconteceu?
Os fatos mostram que Babilônia por muito tempo dependia de um complexo sistema de irrigação, formado por represas e canais entre os rios Tigre e Eufrates. Pelo visto, esse sistema aquático foi danificado por volta de 140 AEC, na destrutiva conquista de Babilônia pela Pártia, e ficou praticamente arruinado. Com que resultado? A The Encyclopedia Americana explica: “O solo ficou saturado de sais minerais, e formou-se uma crosta de álcali sobre a superfície, impossibilitando o seu uso agrícola.” Uns 200 anos depois, Babilônia ainda era uma cidade populosa, mas isso não durou muito tempo. (Note 1 Pedro 5:13.) Por volta do terceiro século EC, o historiador Dio Cássio (c. 150-235 EC) falou de um visitante que só encontrou “montes de terra, pedras e ruínas” em Babilônia. (LXVIII, 30) Significativamente, nessa época Isaías já estava morto e seu livro completo já circulava havia séculos. E, se você visitar Babilônia hoje em dia, verá apenas ruínas dessa ex-cidade gloriosa. Embora cidades antigas como Roma, Jerusalém e Atenas existam até os nossos dias, Babilônia jaz desolada, desabitada, uma ruína; exatamente como Isaías predisse. A predição cumpriu-se.
Focalizemos agora o que Isaías disse acerca do vindouro Messias. Segundo Isaías 52:13, esse servo especial de Deus por fim ‘alcançaria um alto posto e seria muitíssimo exaltado’. Contudo, o capítulo seguinte (Isaías 53) profetizou que, antes de sua exaltação, o Messias passaria por uma experiência espantosamente diferente. Você talvez se surpreenda com os detalhes registrados nesse capítulo, amplamente reconhecido como profecia messiânica.
Como poderá ler ali, o Messias seria desprezado por seus compatriotas. Certo de que isso ocorreria, Isaías escreveu como se já tivesse acontecido: “Ele foi desprezado e evitado pelos homens.” (Versículo 3) Esses maus-tratos seriam totalmente injustificados, pois o Messias faria o bem ao povo. “Foram as nossas doenças que ele mesmo carregou”, foi como Isaías descreveu as curas do Messias. (Versículo 4) Apesar disso, o Messias seria julgado e condenado injustamente, permanecendo, no entanto, em silêncio perante seus acusadores. (Versículos 7, 8) Ele se deixaria entregar para ser morto ao lado de criminosos; durante a sua execução, seu corpo seria traspassado. (Versículos 5, 12) Apesar de morrer como se fosse criminoso, seria sepultado como rico. (Versículo 9) E Isaías declarou repetidas vezes que a morte injusta do Messias teria valor expiatório, cobrindo os pecados de outros humanos. — Versículos 5, 8, 11, 12.
Tudo isso realmente aconteceu. Os eventos registrados por contemporâneos de Jesus — Mateus, Marcos, Lucas e João — confirmam que as predições de Isaías realmente aconteceram. Alguns dos eventos ocorreram depois da morte de Jesus, de modo que este não poderia ter manipulado as situações. (Mateus 8:16, 17; 26:67; 27:14, 39-44, 57-60; João 19:1, 34) O cumprimento total das profecias messiânicas de Isaías tem tido um efeito poderoso sobre os leitores sinceros da Bíblia ao longo dos séculos, incluindo alguns que antes não aceitavam Jesus. O erudito William Urwick observa: “Muitos judeus, ao porem por escrito a razão de sua conversão ao cristianismo, reconheceram que foi a leitura atenta desse capítulo [Isaías 53] que abalou a fé que tinham nos seus velhos credos e mestres.” — The Servant of Jehovah.a
Urwick fez essa observação em fins dos anos 1800, quando alguns talvez ainda duvidassem que o capítulo 53 de Isaías realmente tivesse sido escrito séculos antes do nascimento de Jesus. Contudo, descobertas posteriores removeram essencialmente qualquer base para dúvida. Em 1947, perto do mar Morto, um pastor beduíno encontrou um antigo rolo do livro inteiro de Isaías. Peritos em escrita antiga concluíram que o rolo era de uma data entre 125 e 100 AEC. Daí, em 1990, uma análise à base de carbono 14 fixou o período de 202 a 107 AEC. Sim, esse famoso rolo de Isaías já era bem antigo quando Jesus nasceu. O que revela uma comparação dele com as Bíblias modernas?
Se você visitar Jerusalém, poderá ver fragmentos dos Rolos do Mar Morto. Numa gravação, o arqueólogo e professor Yigael Yadin explica: “Não se passaram mais do que uns quinhentos ou seiscentos anos entre o proferimento das palavras de Isaías e a cópia nesse rolo, feita no segundo século AC. É espantoso que — embora tenha mais de 2 mil anos — esse rolo original no museu tenha tanta similaridade com a Bíblia que lemos hoje, seja em hebraico, seja nas traduções do original.”
Obviamente, isso devia afetar o nosso conceito. A respeito de quê? Bem, não devia restar nenhuma dúvida crítica de que o livro de Isaías não é profecia escrita depois do acontecido. Existem hoje provas científicas de que uma cópia dos escritos de Isaías foi feita bem mais de cem anos antes de Jesus nascer, e muito antes da desolação de Babilônia. Assim, que dúvida pode haver de que os escritos de Isaías predisseram tanto o destino final de Babilônia como os sofrimentos injustos, o tipo de morte e o tratamento dispensado ao Messias? E os fatos históricos eliminam qualquer base para negar que Isaías tenha predito com exatidão o cativeiro dos judeus e sua libertação de Babilônia. Essas predições cumpridas constituem apenas uma das muitas linhas de evidência de que o verdadeiro autor da Bíblia é o Criador, e de que a Bíblia é “inspirada por Deus”. — 2 Timóteo 3:16.
Há muitas outras indicações de que a Bíblia é de autoria divina. Entre estas, a exatidão da Bíblia em astronomia, geologia e medicina; a harmonia interna de seus livros, escritos por dezenas de homens ao longo de centenas de anos; sua harmonia com muitos fatos da história secular e da arqueologia; e seu código moral que era superior aos códigos de povos vizinhos daqueles tempos, e que ainda hoje é reconhecido como sem igual. Estas e outras linhas de evidência têm convencido inúmeras pessoas diligentes e sinceras de que a Bíblia é legitimamente um livro que procede do nosso Criador.b
Isso também pode ajudar-nos a tirar algumas conclusões válidas a respeito do Criador — ajudando-nos a conhecer as suas qualidades. Não prova a sua capacidade de olhar à frente no tempo que ele tem capacidades perceptivas que nós, humanos, não temos? Os humanos não sabem o que acontecerá no futuro distante, tampouco podem controlá-lo. O Criador pode. Ele pode tanto prever o futuro como ordenar os eventos para que se cumpra a sua vontade. Apropriadamente, Isaías descreve o Criador como “Aquele que desde o princípio conta o final e desde outrora as coisas que não se fizeram; Aquele que diz: ‘Meu próprio conselho ficará de pé e farei tudo o que for do meu agrado.’” — Isaías 46:10; 55:11.
Conheça melhor o Autor
Nós chegamos a conhecer uma pessoa conversando com ela e vendo como ela reage a diferentes circunstâncias. Esses dois métodos são possíveis quando se trata de conhecer outros humanos, mas como conhecer o Criador? Não podemos conversar diretamente com ele. Mas, como já vimos, ele revela muito sobre si mesmo na Bíblia — tanto pelo que disse como pelo que fez. Ademais, esse livro ímpar realmente nos convida a cultivar uma relação com o Criador. Ele nos exorta: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós.” — Tiago 2:23; 4:8.
Considere um passo inicial: se você deseja ser amigo de alguém, com certeza desejará saber o seu nome. Bem, qual é o nome do Criador, e o que seu nome revela a Seu respeito?
A parte da Bíblia em hebraico (em geral chamada de Velho Testamento) fornece-nos o nome ímpar do Criador. É representado nos manuscritos antigos por quatro consoantes hebraicas que podem ser transliteradas por YHWH ou JHVH. O nome do Criador aparece cerca de 7 mil vezes, muito mais vezes do que os títulos Deus ou Senhor. Por muitos séculos, quem lia a Bíblia em hebraico usava esse nome pessoal. Com o tempo, porém, muitos judeus desenvolveram um medo supersticioso de pronunciar o nome divino, de modo que não preservaram a sua pronúncia.
“A pronúncia original acabou se perdendo; tentativas modernas de recuperação são conjecturais”, diz um comentário judaico sobre Êxodo. Admitidamente, não podemos saber ao certo como Moisés pronunciava o nome divino, que encontramos em Êxodo 3:16 e 6:3. Mas quem, objetivamente falando, se sentiria hoje obrigado a tentar pronunciar o nome de Moisés ou o de Jesus com o som e a entonação exatos usados quando eles estiveram na Terra? Não obstante, não deixamos de nos referir a Moisés e a Jesus por nome. O ponto é: em vez de nos interessarmos demais em saber exatamente como um povo antigo que falava outro idioma pronunciava o nome de Deus, por que não usar a pronúncia comum no nosso idioma? Por exemplo, “Jehovah” ou “Jeová” é usado há séculos em português, e ainda é amplamente aceito como o nome do Criador.
Mas existe algo mais significativo do que detalhes acerca da pronúncia do nome. Trata-se de seu significado. O nome em hebraico é uma forma causativa do verbo ha·wáh, que significa “tornar-se” ou “mostrar ser”. (Gênesis 27:29; Eclesiastes 11:3) A obra The Oxford Companion to the Bible dá o significado de “‘ele causa’ ou ‘causará que seja’”. Assim, podemos dizer que o nome pessoal do Criador significa literalmente “Ele Causa que Venha a Ser”. Note que a ênfase não está nas atividades do Criador no passado remoto, como alguns talvez tenham em mente ao usarem a expressão “Causa Primária”. Por que não?
Porque o nome divino relaciona-se com o que o Criador tenciona fazer. Os verbos hebraicos têm basicamente apenas dois estados, e o estado envolvido no nome do Criador “denota ações . . . em processo de desenvolvimento. Não expressa mera continuidade de uma ação . . . mas o seu desenrolar desde o seu princípio até o término”. (A Short Account of the Hebrew Tenses) Sim, por meio de seu nome, Jeová revela a si mesmo como ativo cumpridor de objetivos. Aprendemos assim que — com ação progressiva — ele se torna o Cumpridor de promessas. Muitos consideram uma alegria e um revigoramento saber que o Criador sempre cumpre os Seus objetivos.
O objetivo Dele — e o nosso
Ao passo que o nome de Deus reflete objetivo, muitos acham difícil ver um objetivo real na sua própria existência. Eles observam a humanidade passar de uma crise para outra — guerras, desastres naturais, epidemias, pobreza e crime. Mesmo os poucos privilegiados que de alguma forma escapam dos efeitos de tais catástrofes não raro admitem ter dúvidas atormentadoras a respeito do futuro e do sentido de suas vidas.
A Bíblia observa: “O mundo físico foi sujeito à frustração, não por seu próprio desejo, mas pela vontade do Criador, que, ao assim fazer, deu-lhe esperança de que um dia poderá ser libertado . . . e ser levado a participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.” (Romanos 8:20, 21, The New Testament Letters, de J. W. C. Wand) O relato em Gênesis mostra que houve um tempo em que os humanos estavam em paz com o seu Criador. Reagindo à má conduta humana, Deus com justiça sujeitou a humanidade a uma situação que, de certa forma, produziu frustração. Vejamos como isso aconteceu, o que revela acerca do Criador e o que podemos esperar do futuro.
Segundo essa história escrita, que de muitas maneiras mostrou ser comprovável, os primeiros humanos criados foram chamados de Adão e Eva. O relato mostra que eles não foram deixados às cegas, sem objetivo nem instruções a respeito da vontade de Deus. Como até mesmo qualquer pai humano prestimoso faria com seus filhos, o Criador deu à humanidade instruções úteis. Ele lhes disse: “Sede fecundos e tornai-vos muitos, e enchei a terra, e sujeitai-a, e tende em sujeição os peixes do mar, e as criaturas voadoras dos céus, e toda criatura vivente que se move na terra.” — Gênesis 1:28.
Assim, os primeiros humanos tinham um objetivo significativo na vida. Isso incluía cuidar da ecologia da Terra e encher o globo com humanos responsáveis. (Note Isaías 11:9.) Ninguém pode com justiça culpar o Criador pelo presente estado de nosso planeta poluído, como se Ele tivesse dado aos humanos uma desculpa para explorar e arruinar o globo. A palavra “sujeitar” não autorizava a exploração. Significava cultivar e cuidar do planeta, confiado aos cuidados dos humanos. (Gênesis 2:15) Ademais, eles teriam um futuro permanente para realizar essa tarefa significativa. A sua perspectiva de nunca morrer é coerente com o fato de que a capacidade cerebral dos humanos excede em muito o que se pode utilizar plenamente numa vida de 70, 80, ou até 100 anos. O cérebro foi feito para ser usado indefinidamente.
O Deus Jeová, como produtor e diretor de sua criação, deu aos humanos certa liberdade de ação com respeito a como cumpririam o Seu objetivo para com a Terra e a humanidade. Não foi exigente nem restritivo demais. Por exemplo, ele confiou a Adão o que seria a alegria de um zoólogo — a missão de estudar e dar nome aos animais. Depois de observar as suas características, Adão deu nomes, muitos deles descritivos. (Gênesis 2:19) Esse é apenas um exemplo de como os humanos poderiam usar seus talentos e habilidades em conformidade com o propósito de Deus.
Não é difícil entender que o sábio Criador de todo o Universo poderia facilmente manter o controle de qualquer situação na Terra, mesmo se os humanos escolhessem um proceder tolo ou prejudicial. O registro histórico nos diz que Deus deu uma só ordem restritiva a Adão: “De toda árvore do jardim podes comer à vontade. Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, não deves comer dela, porque no dia em que dela comeres, positivamente morrerás.” — Gênesis 2:16, 17.
Essa ordem exigia que a humanidade reconhecesse o direito de Deus de ser obedecido. Os humanos, desde o tempo de Adão até hoje, têm sido obrigados a aceitar a lei da gravidade e a viver em harmonia com ela. Seria tolo e prejudicial não fazer isso. Assim, por que deviam os humanos rejeitar viver em harmonia com outra lei, ou ordem, da parte do generoso Criador? Ele deixou claro quais seriam as consequências de se rejeitar sua lei, mas deu a Adão e Eva a opção de obedecer-lhe voluntariamente. É fácil perceber nos relatos da primitiva história do homem que o Criador permite aos humanos a liberdade de escolha. Mas ele deseja que suas criaturas sejam supremamente felizes, o que é uma consequência natural de viver em harmonia com as Suas boas leis.
Num capítulo anterior vimos que o Criador produziu criaturas inteligentes invisíveis — criaturas espirituais. A história do começo da humanidade revela que um desses espíritos ficou obcecado com a ideia de usurpar a posição de Deus. (Note Ezequiel 28:13-15.) Ele abusou da liberdade de escolha que Deus permite e incitou os primeiros humanos ao que só podemos chamar de franca rebelião. Por meio de um desafiador ato de desobediência direta — comerem da “árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau” — o primeiro casal reivindicou sua independência do domínio de Deus. Mais ainda, a atitude deles revelou que endossavam a afirmação de que o Criador privava os humanos do que é bom. Era como se Adão e Eva exigissem decidir sozinhos o que é bom e o que é mau — independentemente da avaliação do Criador.
Que contrassenso seria se homens e mulheres decidissem que não gostam da lei da gravidade e a desrespeitassem! Foi igualmente irracional da parte de Adão e Eva terem rejeitado os padrões morais do Criador. Os humanos certamente devem esperar consequências negativas de violar a lei básica de Deus que exige obediência, da mesma forma que a lei da gravidade traz más consequências sobre quem a viola.
A História nos diz que Jeová agiu. No “dia” em que Adão e Eva rejeitaram a vontade do Criador eles entraram em decadência, o que os levou à morte, como Deus advertira. (Note 2 Pedro 3:8.) Isso revela mais um aspecto da personalidade do Criador. Ele é um Deus justo, que não ignora covardemente a desobediência flagrante. Ele tem e segue padrões sábios e justos.
Coerente com as suas notáveis qualidades, Deus com misericórdia não eliminou de imediato a vida humana. Por que não? Por consideração à posteridade de Adão e Eva, que ainda não havia nem sido concebida, e não era diretamente responsável pelo proceder pecaminoso de seus ancestrais. Ter Deus se preocupado com a vida ainda a ser concebida revela-nos que tipo de Criador ele é. Não é um juiz implacável, sem sentimentos. Ele é justo, disposto a dar a todos uma oportunidade, e mostra respeito pela santidade da vida humana.
Isso não significa que as gerações humanas futuras viveriam sob as mesmas circunstâncias deleitosas que o primeiro casal vivia. Pelo fato de o Criador ter permitido que a descendência de Adão entrasse em cena, “o mundo físico foi sujeito à frustração”. Mas não era uma frustração ou desesperança total. Lembre-se de que Romanos 8:20, 21 diz também que o Criador “deu-lhe esperança de que um dia poderá ser libertado”. Isso é algo que nos deve interessar.
Poderá encontrá-Lo?
Na Bíblia, o inimigo que induziu o primeiro casal humano à rebelião chama-se Satanás, o Diabo, que significa “Opositor” e “Caluniador”. Na sentença proferida contra esse principal instigador de rebelião, Deus o classificou de inimigo, mas lançou uma base para que os humanos futuros tivessem esperança. Deus disse: “Porei inimizade entre ti [Satanás] e a mulher, e entre o teu descendente e o seu descendente. Ele te machucará a cabeça e tu lhe machucarás o calcanhar.” (Gênesis 3:15) Obviamente, trata-se de uma linguagem figurativa, ou ilustrativa. O que significava a futura vinda de um “descendente”?
Outras partes da Bíblia lançam luz sobre esse intrigante versículo. Elas mostram que se relaciona com Jeová estar à altura de seu nome e ‘tornar-se’ o que for necessário para cumprir seu objetivo com relação aos humanos na Terra. Ao fazer isso, ele usou uma nação específica, e a história de seus tratos com essa nação antiga constitui uma parte significativa da Bíblia. Consideremos brevemente essa história importante. Com isso, poderemos aprender mais sobre as qualidades do Criador. De fato, podemos aprender muitas coisas inestimáveis a Seu respeito fazendo um exame adicional do livro que ele proveu para a humanidade, a Bíblia.
[Nota(s) de rodapé]
a Note Atos 8:26-38, onde Isaías 53:7, 8 é citado.
b Para detalhes sobre a origem da Bíblia, veja a brochura Um Livro para Todas as Pessoas e o livro A Bíblia — Palavra de Deus ou de Homem?, publicados pelas Testemunhas de Jeová.
[Foto na página 107]
Séculos depois de a Bíblia ter predito isso, a poderosa Babilônia tornou-se uma ruína desolada, e permanece assim até hoje
[Fotos na página 110]
Este rolo de Isaías, copiado no segundo século AEC, foi achado numa caverna perto do mar Morto. Ele predisse em detalhes eventos que ocorreram centenas de anos depois de sua escrita
[Foto na página 115]
Esta carta, escrita em hebraico antigo num fragmento de cerâmica, foi desenterrada em Laquis. O nome de Deus (veja as setas) aparece duas vezes, o que indica que o nome do Criador era conhecido e de uso geral
[Foto na página 117]
Isaac Newton formulou a lei da gravidade. As leis do Criador são razoáveis, e obedecê-las é para o nosso bem