CROCODILO
Ao passo que a maioria das traduções não mencionam especificamente o crocodilo em Jó 41:1, as traduções de Moffatt e An American Translation vertem a palavra hebraica liwyathán como “crocodilo” (como a AT também o faz no Salmo 104:26), e a BJ e PIB incluem “crocodilo” numa nota. A descrição que se segue neste versículo ajusta-se de perto ao crocodilo, um dos maiores répteis ainda existentes. A evidência aponta que o Nilo era certa vez povoado de crocodilos, desde seu estuário, no mar Mediterrâneo, subindo até as nascentes do rio, embora só possam ser agora encontrados em seu curso superior. Em adição, o professor W. Corswant, em seu livro A Dictionary of Life in Bible Times (Dicionário da Vida nos Tempos Bíblicos; 1956, p. 89) fornece evidência da existência de crocodilos na antiga Palestina, nos charcos que se situam na foz do Nahr es-Zerka (rio Jaboque), “chamado pelos antigos de ‘rio dos crocodilos’, e perto da pequena cidade de Crocodilon [mencionada pelo historiador romano, Plínio]”. Ele também menciona o abate dum crocodilo na Palestina já em 1877. Unger’s Bible Dictionary (Dicionário Bíblico de Unger; p. 57) sugere que é provável que também abundassem no rio Quisom, nos tempos bíblicos.
Em Jó 41, Deus persiste em humilhar Jó por meio duma descrição vívida e poética de Sua criação, e o crocodilo, amiúde com uma natureza malévola, serve bem neste respeito, quando comparado a um indivíduo. (Jó 41:1-34) Os crocodilos das maiores espécies podem atingir mais de 9 m de comprimento, e pesar até uma tonelada. Suas mandíbulas, repletas de dentes, exercem tremenda pressão. Mesmo um espécime de 54 kg pode exercer uma pressão equivalente a quase 700 kg com suas mandíbulas. (Vv. 13, 14) As escamas de seu couro são placas córneas que recobrem sua pele coriácea, sendo tão difíceis de remover como o é a unha humana. Esta couraça recobre todo o corpo do crocodilo, e as escamas nas partes de baixo são afiadas. Uma bala que atinja tal couraça de raspão ricocheteará nela. — Vv. 15-17.
Os olhos desta criatura são sobressaltados e, sem dúvida sua luminosidade, ao refletirem o sol em seu alvorecer, é a razão de tais olhos serem descritos “como os raios da alva”. Essa impressão era forte o bastante a ponto de os antigos egípcios usarem os olhos do crocodilo como seu símbolo hieroglífico da manhã. Quando sobe à tona, depois de um período em que esteve submerso, a rápida exalação de ar pelo crocodilo, que produz um jato pelas narinas, pode ter produzido, no sol matutino, o ‘lampejo’ descrito pelo livro de Jó, ao passo que de suas narinas procedia vapor fumacento. (Vv. 18-21) Não tendo inimigos naturais, pode ser chamado de “rei sobre todas as feras majestosas”. — V. 34.
As demais ocorrências do termo “leviatã” (Jó 3:8; Sal. 74:14; 104:26; Isa. 27:1) podem também referir-se ao crocodilo, mas tal descrição não é explícita. A menção do “mar” em relação ao leviatã pode, em hebraico, referir-se corretamente a qualquer massa aquosa, ou mesmo a um grande rio. Mas, visto que uma das maiores espécies de crocodilo é do tipo de água salgada, o “mar” pode também ser entendido em seu sentido usual. Em Isaías 27:1, o “leviatã” é chamado de “monstro marinho”, o mesmo termo hebraico (tannín) sendo aplicado, no plural, em Gênesis 1:21, com respeito à criação dos “grandes monstros marinhos” no quinto dia criativo.