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  • Eusébio Pânfilo — transigente bispo de Cesaréia

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  • Eusébio Pânfilo — transigente bispo de Cesaréia
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1960
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1960
w60 15/2 pp. 113-115

Eusébio Pânfilo — transigente bispo de Cesaréia

A MENÇÃO do Concílio de Nicéia, em 325 E. C., traz-nos imediatamente à memória nomes tais como o do Imperador Constantino, Ário e Atanasio. Deve lembrar-nos também Eusébioa Pânfilo, bispo de Cesaréia, pois ele desempenhou também um papel destacado naquele Concílio, embora fosse para ele uma tragédia pessoal. Os fatos sobre ele ajudam a salientar a fraqueza bíblica e lógica do Credo de Nicéia, ou Símbolo de Nicéia, produzido naquele Concílio, e servem também como aviso a todos os cristãos quanto à penalidade pela transigência.

Eusébio nasceu entre 260 e 270 E. C., sendo que algumas autoridades discordam disso e outras não têm certeza; e ele morreu em 339 ou 340 E. C. Parece assim ter nascido vários anos antes do Imperador Constantino, cujo favorito se tornou, e ter sobrevivido ao imperador em vários anos. Sua terra natal foi provavelmente a Palestina, onde passou a infância. Parece que seus pais puderam dar-lhe uma boa educação.

Eusébio foi grandemente influenciado pelos escritos de Orígenes, um dos “pais” pós-apostólicos, e pela sua amizade com Panfílio, a tal ponto que Eusébio deu-se o apelido de Pânfilo, significando “amigo de Panfílio”. Panfílio destacava-se, assim como Orígenes antes dele, por causa da ênfase que dava ao estudo da Palavra de Deus, numa época em que cada vez mais se desviavam para as tradições e a filosofia grega.

Na primeira parte de sua vida, Eusébio foi testemunha da perseguição e do martírio dos cristãos, instigados por Diocleciano; Panfílio, seu melhor amigo, achava-se entre estes mártires. Por que Eusébio escapou incólume não está bem claro. Transigiu ele ou foi poupado por suas relações influentes? Uma coisa é certa, ele continuou a visitar os seus irmãos na prisão, instando que perseverassem fielmente. Dai, em 315 E. C., dois anos depois da morte do Imperador Diocleciano, Eusébio foi feito bispo de Cesaréia, cargo que ocupou durante o resto de sua vida, por cerca de vinte e cinco aros.

Eusébio escreveu várias obras. A sua História Eclesiástica fez que fosse reconhecido como o pioneiro dos historiadores eclesiásticos. No entanto, quando comparado com os eminentes historiadores eclesiásticos desde os seus dias, nem se mencionando a obra-prima de Lucas, Os Atos dos Apóstolos, Eusébio fica muito para trás, tanto com respeito à exatidão como quanto ao método de escrever. Seu valor principal como historiador reside no fato de que ‘ele fez uso de matéria que de outro modo se teria perdido. A sua história cobre cerca de 350 anos, desde 30 A. C. até 324 E. C. Entre os seus outros escritos há alguns tratados bem notáveis que refutam os argumentos dos pagãos, e a Vida de Constantino; nesta última obra, Eusébio parece não poder fazer bastante elogios ao carniceiro que atravessou rios de sangue para se estabelecer como imperador romano.

EUSÉBIO E A QUESTÃO DA TRINDADE

O que mais nos interessa, porém, é a atitude tomada por Eusébio na questão da trindade, que tanto abalou a igreja durante o primeiro trimestre do quarto século. No Concílio de Nicéia, ele ocupou o lugar à direita do Imperador Constantino, que presidiu ao Concílio, e ele fez o discurso de abertura em nome dos 318 bispos reunidos e em louvor do imperador que convocou a assembléia.b Eusébio estava plenamente de acordo com o objetivo de Constantino: restaurar entre os professos cristãos a união que manifestaram enquanto eram perseguidos, mas que então estava lamentavelmente desaparecendo no ambiente favorável da proteção de Constantino. Eusébio propôs o seu próprio credo, que realmente deixava de lado todas as questões envolvidas. Embora a maioria estivesse a favor deste credo, não se importavam seriamente qual fosse o credo, mas os extremistas não queriam ceder, e, por fim, foram os trinitaristas os vencedores.

Com qual das facções simpatizava Eusébio? É bem evidente que favorecia os arianos; seu próprio credo transigente foi uma repulsa dos trinitaristas. De fato, anos antes ele tomara o lado de Ário nesta mesma questão. Outrossim, o pomo de discórdia era o termo grego homoousios, significando “que o Filho de Deus é da mesma essência ou substância do Pai”, termo que Eusébio evitou propositalmente. O que ele pensava do assunto pode ser visto das seguintes citações, conforme registradas pelo seu biógrafo, Valésio:

“Assim como é indolência não investigar as verdades que admitem a investigação, assim é audácia pesquisar outras, cujo escrutínio é inconveniente. Que verdades devemos então investigar? As que encontramos registradas nas Escrituras. Mas não busquemos o que não encontramos registrado ali. Pois, se tivéssemos a obrigação de ter o conhecimento delas, o Espírito Santo, sem dúvida, as teria colocado ali . . . Não seja apagado nada do que se acha escrito . . . Fale-se o que está escrito, e a luta cessará.” Poderiam fazer-se outras citações de sentido similar.

Contudo, apesar de tais convicções, o que fez Eusébio naquele Concílio de Nicéia? Ele aceitou finalmente o Credo ou Símbolo de Nicéia, que continha a mesma palavra homoousios à qual tanto se opusera. Fez isso porque Atanásio o convenceu? Ou para agradar a Constantino? Ou para fugir do desterro e da perseguição sofridos por Ário e pelos dois bispos que recusaram transigir?

Embora só Deus possa ler o coração, todos os fatos subseqüentes indicam que Eusébio aceitou o Credo de Nicéia por diplomacia e não por princípio: Assim como Valésio notou, Eusébio permaneceu amigo fervoroso de Ário e inimigo ferrenho de Atanásio. A assinatura do credo não mudou evidentemente nem o seu coração nem o seu proceder — o que raras vezes ou nunca se dá num ato de conveniência.

É também revelador o fato de que Eusébio, na sua Vida de Constantino, embora fazendo menção do Concílio de Nicéia, deixa de mencionar completamente a controvérsia sobre a trindade que houve ali. Por que deixou ele de mencionar o próprio ponto básico daquele evento? Por que não registrou ele nem mesmo quaisquer dos seus próprios discursos na assembléia, quanto à natureza de Cristo? Ele a declarou coroada de êxito por se ter concordado sobre a data da celebração da Páscoa! Estava ele recorrendo à ironia para mostrar o seu desprezo por toda esta questão da trindade?

Talvez, porém, parece que mais coisas estavam envolvidas, pois na sua História Eclesiástica ele nem sequer menciona este Concílio; o que podia fazer somente por fazer a sua história parar no ano 324 E. C. Por que parar com a história da religião (professamente) cristã logo antes do evento mais importante dos últimos duzentos anos da história? Só se pode deduzir uma razão: ele não se orgulhava do papel que desempenhara naquele Concílio. Por isso deixou entregue a outros historiadores registrar as sessões dele, inclusive os seus próprios discursos e extensas explicações quanto às razões por que aceitou o Credo de Nicéia. Embora os trinitaristas, por causa deste fato, afirmem que Eusébio Pânfilo era um deles, não mudara no íntimo; Jerônimo tinha razão em chamá-lo de defensor inveterado do arianismo.

Eusébio gozava dum conceito tão elevado perante Constantino, que este declarou que Eusébio podia ser bispo de quase todo o mundo. E quem batizou por fim a Constantino, pouco antes da morte deste, foi um amigo íntimo de Eusébio Pânfilo, a saber, Eusébio de Nicomedia, que estava ainda mais a favor do arianismo e que só assinou o Credo de Nicéia bem no fim. Não é, portanto, inconcebível que, se Eusébio Pânfilo, defensor tão ardente do conceito bíblico como Ário, tivesse tido a coragem de defender as suas convicções, o Concílio de Nicéia poderia ter-se decidido contra em vez de a favor da trindade, especialmente porque muitos dos bispos presentes não tinham opinião formada sobre o assunto.

Mas, Eusébio Pânfilo preocupava-se mais com a diplomacia do que com os princípios, cora a obtenção da aprovação de Constantino, do que com a aprovação de Jeová Deus. Ele sacrificou a verdade a favor da conveniência. Portanto, precisa ser classificado com homens tais como Nicodemos, que só se atreveu dirigir-se a Jesus sob o manto da noite, e José de Arimatéia, “que era discipulo de Jesus, ainda que occulto por medo dos Judeus”. — João 3:1, 2; 19:38.

Deveras, os fatos a respeito de Eusébio destacam a fraqueza bíblica e lógica do Credo de Nicéia. E não deixam dúvida de que Eusébio lamentou muitas vezes no íntimo a sua transigência no Concilio de Nicéia, sendo nisso um aviso para todos os cristãos: A punição de ter que viver com a consciência culpada deve fazer-nos sensíveis e alertas ao perigo da transigência.

[Nota(s) de rodapé]

a Eusébio foi também o nome de cerca de quarenta contemporâneos; de fato; durante os primeiros oito séculos, 137 homens da igreja levaram este nome. Deriva-se duma raiz grega que significa “piedade”.

b Segundo o próprio Eusébio, estiveram presentes apenas um pouco mais de 250 bispos dentre os dois mil convidados. Não se sabe também exatamente em que data a assembléia se reuniu.

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