O milênio da humanidade sob o reino de Deus — por que isso se dá literalmente
1. A que se aplica a palavra “milênio”, e que perguntas surgem quanto a ela?
MILÊNIO significa um período de tempo de mil anos. Esta palavra é composta de duas palavras latinas que encontramos na versão latina do último livro da Bíblia Sagrada, em Revelação 20:2-7, a saber, mille anni, significando “mil anos”. Segundo estes versículos da Bíblia, Jesus Cristo tem de reinar por mil anos sobre a humanidade. Por ser semelhante ao primeiro homem na terra, a saber, Adão, ele é chamado de “o último Adão”. No entanto, o “primeiro homem, Adão” pecou contra Deus e viveu menos de mil anos, ou 930 anos. (Gên. 5:1-5; 1 Cor. 15:45-49) Visto que o livro de Revelação é um livro profético, escrito mormente em linguagem simbólica, tem-se debatido muito a questão quanto a se os mil anos do domínio de Cristo como rei são literais ou figurados, simbólicos.
2. O que diz Revelação 20:4-6 a respeito do milênio?
2 Ao passarmos a obter a resposta desta importante pergunta, leiamos os versículos proféticos a respeito do reinado de Cristo, em Revelação 20:4-6: “Vi também tronos, sobre os quais se assentaram aqueles a quem foi confiado o julgamento: eram as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e todos aqueles que não tinham adorado a fera ou sua imagem, que não tinham recebido o seu sinal na fronte nem nas mãos. Eles viveram uma vida nova e reinaram com Cristo por mil anos. (Os outros mortos não tornaram à vida até que se completassem os mil anos). Esta é a primeira ressurreição. Feliz e santo é aquele que toma parte na primeira ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem poder, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo: reinarão com ele por mil anos.” — Tradução do Centro Bíblico Católico de São Paulo, Brasil.
3, 4. (a) Por que é suscitada a pergunta quanto a se o período de “mil anos” é simbólico ou não? (b) Quanto tempo achava João que duraria o milênio, e a que cristão primitivo nos dirigimos como referência?
3 Nos versículos que acabamos de citar a “fera” e “sua imagem” são símbolos de outras coisas. Assim, será que os “mil anos” são também simbólicos, significando um período mais longo do que apenas mil anos? Bem, como foi que o escritor mesmo, o apóstolo cristão, João, entendeu isso? Não temos comentário direto do próprio João, mas há um homem do segundo século, a saber, Papias, que conhecia associados do apóstolo João; e a respeito de Papias o décimo primeiro volume de The Catholic Encyclopedia (edição de 1911), página 308, sob o título “Milênio”, tem o seguinte a dizer:
4 “Papias de Hierápolis, discípulo de S. João, parecia ser advogado do milenarismo. Afirmava ter recebido sua doutrina dos contemporâneos dos Apóstolos, e Ireneu narra que outros ‘Presbíteros’, que haviam visto e ouvido o discípulo João, aprenderam dele a crença no milenarismo como parte da doutrina do Senhor. Segundo Eusébio (Historia Ecclesiastica, III, 39), Papias, em seu livro, asseverou que a ressurreição dos mortos seria seguida de mil anos de um reino visível, glorioso e terrestre de Cristo, . . .”a
5, 6. (a) O que aguardavam Papias e outros anciãos cristãos por causa da visão do apóstolo João? (b) O reinado milenar de Cristo não começa antes de que “dia”?
5 O apóstolo João, que recebeu a visão profética do reinado milenar de Jesus Cristo e de sua congregação de 144.000 seguidores remidos, aceitou a visão como estabelecendo a verdade. João cria que o milênio seria um período de tempo de mil anos literais. Em prova disso temos o testemunho do martirizado Papias e de outros anciãos cristãos, “‘Presbiteros’, que haviam visto e ouvido o discípulo João”. Aguardavam a ressurreição dos 144.000 membros de sua congregação remida, a fim de que pudessem viver, reinar e servir como sacerdotes, durante seu reinado de mil anos.
6 Aguardavam a vinda do “último dia” para que isso ocorresse, visto que o apóstolo João escreveu as próprias palavras de Jesus nesse sentido: “A menos que comais a carne do Filho do homem e bebais o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem se alimenta de minha carne e bebe meu sangue tem vida eterna, e eu o hei de ressuscitar no último dia.” (João 6:53, 54) E Marta, a irmã do querido amigo de Jesus, Lázaro, disse a Jesus: “Sei que ele se levantará na ressurreição, no último dia.” (João 11:24) Portanto, o reinado milenar de Cristo não começaria antes desse “último dia”.
TEMPO DE REINAR
7. (a) Como é que Jesus se mostrou disposto a esperar até o tempo devido de Deus para que ele reinasse? (b) Que pergunta surgiu a respeito de seus seguidores, e que atitude mostrou Paulo para com isto?
7 Jesus Cristo estava disposto a esperar até o tempo designado de Deus para que ele governasse como rei por mil anos. Quando Satanás, o Diabo, tentou prová-lo no deserto e lhe ofereceu todos os reinos do mundo, ele se recusou a curvar-se diante de Satanás, o Diabo, num ato de adoração, a fim de obter tais reinos terrestres. (Luc. 4:1-8; Mat. 4:8-11) Mas, surgiu a pergunta: Será que os seguidores das pisadas de Jesus estariam dispostos a esperar até o devido tempo de Deus para que eles reinassem junto com Seu Filho, Jesus Cristo, suportando, no ínterim, toda a perseguição e todo o sofrimento? O encarcerado apóstolo Paulo escreveu a um concristão: “Prossigo perseverando em todas as coisas pela causa dos escolhidos, para que eles também possam obter a salvação que há em união com Cristo Jesus, junto com glória eterna. Fiel é a palavra: Se morrermos juntos, certamente havemos também de viver juntos; se perseverarmos, havemos também de reinar juntos.” (2 Tim. 2:10-12) Sim, Paulo estava disposto a esperar, mas a certos cristãos ambiciosos em Corinto, ele escreveu:
8. Com respeito a esperar, o que escreveu Paulo a certos cristãos ambiciosos em Corinto?
8 “Será que já estais cheios? Será que já estais ricos? Será que já começastes a reinar sem nós? E eu bem que queria que já tivésseis começado a reinar, para que nós também reinássemos convosco. Pois, parece-me que Deus tem posto a nós, os apóstolos, por último em exibição, como homens designados à morte, porque nos temos tornado um espetáculo teatral para o mundo.’ — 1 Cor. 4:8, 9.
9. Que palavras de Paulo mostram se estava reinando quando morreu?
9 O apóstolo Paulo não morreu governando como rei sobre a terra, mas, escreveu da prisão: “Tenho corrido até o fim da carreira, tenho observado a fé. Doravante me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, o justo juiz, me dará como recompensa naquele dia, contudo, não somente a mim, mas também a todos os que amaram a sua manifestação.” — 2 Tim. 4:7, 8.
10. (a) Que palavras do apóstolo João mostram se estava reinando por ocasião de sua morte? (b) Que pergunta surge, então, a respeito de certos lideres religiosos da cristandade?
10 Semelhantemente, o apóstolo João, que também amava a futura manifestação do Senhor Jesus Cristo, não morreu governando como rei terrestre. Perto do fim de sua longa vida terrestre, escreveu: “Não estejais amando nem o mundo, nem as coisas no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo o que há no mundo — o desejo da carne, e o desejo dos olhos, e a ostentação dos meios de vida da pessoa — não se origina do Pai, mas origina-se do mundo.” (1 João 2:15-17) Como é, então, que os papas e patriarcas, arcebispos e bispos religiosos vêm reinando na cristandade durante muitos séculos, sentados em tronos suntuosos e ostentando vestes dignas de reis? Como é que isto se dá?
11. O que tais homens evidentemente imaginaram, e que pergunta surge a respeito do papa de Roma?
11 Será que tais autoridades religiosas da cristandade imaginaram que o reinado milenar de Cristo já começou e que, portanto, têm direito de reinar junto com ele na terra, embora ele esteja nos céus? E será que o Cristo invisível tem governado sobre a terra por meio de um representante humano visível, a respeito do qual o National Catholic Almanac diz: “Sua Santidade, o Papa, é o Bispo de Roma, o Vigário de Jesus Cristo, o sucessor de S. Pedro, Príncipe dos Apóstolos, . . . o Arcebispo e Primaz da Província Romana, o Soberano do Estado da Cidade do Vaticano”?
12. Por quanto tempo têm reinado estas autoridades religiosas da cristandade, e será que cumpriram pessoalmente Revelação 20:4-6?
12 Estas autoridades religiosas têm assim reinado por mais de mil anos literais, desde os dias do Imperador romano, Constantino, o Grande, ou pouco depois disso,b o Papa Leão I (440-461 E. C.) chegando a dizer: “Eu reavivarei mais uma vez o governo sobre a terra; não por trazer de volta os Césares, mas por declarar uma nova teocracia, por tornar-me o vice-gerente de Cristo, em virtude da promessa feita a Pedro, cujo sucessor sou eu, . . . Não um diadema, mas uma tiara é o que usarei, símbolo da soberania universal, diante da qual o barbarismo fugirá, e a felicidade será restaurada mais uma vez.”c Todavia, nem um sequer destes pretensos vigários de Cristo ou arcebispos ou bispos reinou pessoalmente em seu trono episcopal por mil anos, cada um deles reinando tanto quanto o próprio Jesus Cristo reinará. Assim, nem sequer um deles cumpriu o que Revelação 20:4-6 diz a respeito de reinar junto com Cristo.
CORRENDO À FRENTE DO TEMPO
13-15. (a) Que perguntas, portanto, surgem quanto à mudança de entendimento de Revelação 20:4-6? (b) Como o que diz The Catholic Encyclopedia (A Enciclopédia Católica) sobre Agostinho ajuda a esclarecer estas perguntas?
13 Bem, então, quando será que ocorreu esta mudança quanto ao entendimento de Revelação 20:4-6, como e por quê? Quando e por que os líderes religiosos deram uma interpretação simbólica ao milênio e o colocaram à frente da volta de Cristo e o transformaram num domínio na terra, na carne, e em tronos materiais feitos pelos homens? The Catholic Encyclopedia ajuda a elucidar a questão. O Volume Dez, da edição de 1911, página 309, tem o seguinte a dizer sob o cabeçalho “Milênio”:
14 “S. Agostinho finalmente manteve a convicção de que não haveria nenhum milênio. A contenda entre Cristo e Seus santos, de um lado, e o mundo iníquo e Satanás, do outro, é travada na Igreja na terra; de modo que aquele grande Doutor a descreve em sua obra De Civitate Dei [A Respeito da Cidade de Deus]. No mesmo livro, ele nos dá uma explicação alegórica do Capítulo 20 de Apocalipse. A primeira ressurreição, de que trata este capítulo, diz-nos ele, refere-se ao renascimento espiritual no batismo; o sábado de mil anos, depois de seis mil anos da História, é a inteireza da vida eterna; ou, em outras palavras, o número mil visa expressar perfeição, e o último período de mil anos tem de ser entendido como se referindo ao fim do mundo; em todo o caso, o reino de Cristo, de que fala o Apocalipse, só pode ser aplicado à Igreja.d . . .
15 “Esta explicação do ilustre Doutor foi adotada pelos sucessivos teólogos ocidentais, e o milenarismo em sua forma primitiva não mais foi apoiado. . . . Ademais, a atitude da Igreja para com o poder secular sofrera mudanças, havendo maior relação entre ela e o império romano. Não há dúvida de que esta mudança de acontecimentos muito contribuiu para apartar os cristãos do antigo milenarismo, que, durante a época de perseguição, fora a expressão de suas esperanças de que Cristo reapareceria dentro em breve e derrubaria os inimigos de Seus eleitos. . . . A Idade Média jamais esteve infetada do milenarismo; estava ausente tanto da teologia daquele período como das idéias religiosas do povo. . . . O protestantismo do século dezesseis lançou uma nova época de doutrinas milenaristas.”
16. Por que os lideres religiosos vieram a não sentir necessidade de um futuro reinado milenar de Cristo, e como foi que se justificaram de não seguirem o exemplo dele?
16 Eis aí tudo! Quando os líderes religiosos do quarto século obtiveram reconhecimento oficial do Império Romano e aceitaram designações para posições religiosas de poder e autoridade e assim a sua religião se tornou aliada do estado político, o que aconteceu? Os líderes religiosos não sentiram necessidade de um futuro reinado milenar de Jesus Cristo junto com sua congregação glorificada no céu. Já estavam reinando em posições religiosas proeminentes, com o apoio do Império Romano. Ademais, para se justificarem de não seguir o exemplo de Cristo, mas aceitarem o domínio antes da ressurreição dos mortos e enquanto ainda estavam na carne, aqui na terra, junto com os políticos, aplicaram Revelação 20:4-6 como se cumprindo neles próprios. Persuadiram seus rebanhos religiosos a transigir à mesma mudança de sentimento para com o reinado milenar de Cristo sobre a humanidade. Este fato é apoiado pela Cyclopcedia religiosa de M’Clintock e Strong, cujo Volume 6, página 265, coluna 2, afirma:
17. Em apoio ao acima, o que diz a Cyclopedia de M’Clintock e Strong?
17 “Um dos grandes motivos desta notável mudança de sentimento pode ser achado na condição e nas perspectivas alteradas da Igreja. Os cristãos, no início, ansiavam o reaparecimento do Senhor. Outrossim, era-lhes impossível aumentar sua fé e suas esperanças de tal modo que esperassem a conquista do império romano pelo poder moral da cruz, independente da interposição pessoal e supernatural de Cristo. Mas, à medida que o Evangelho fez progresso, a possibilidade e a probabilidade da vitória pacifica da causa cristã sobre todos os seus adversários, pelo poder da verdade e do Espírito, encontrou guarida nas convicções dos bons homens. Crê-se que Orígenes (nasceu em 180, morreu em 254) é o primeiro dos antigos escritores eclesiásticos a afirmar a praticabilidade de tal triunfo do Evangelho mediante sua eficiência inerente.”
18, 19. (a) Devido a suas relações com o estado político, onde foi que a Igreja da cristandade achou que vivia? (b) Que padre religioso latino ajudou a se pensar desse modo, e como?
18 Tendo a organização religiosa da cristandade a proteção do governo político, e tendo a organização religiosa relações tão boas, poder e influência junto ao estado político, até mesmo usando seu punho de ferro para a conversão forçada dos pagãos à religião da cristandade, afirmava-se agora que a Igreja da cristandade já estava no milênio predito pelo apóstolo João. O tratamento dado pelo Doutor Agostinho ao assunto do milênio forneceu ao modo de pensar religioso dos homens um poderoso impulso em tal direção. Diz a Cyclopedia acima:
19 “O tratamento do assunto por parte de Agostinho marca uma época. Diz (De Civitate Dei, XX, 7) que ele uma vez se apegava a um Sábado milenário; nem considera a doutrina como sendo objetável, uma vez que as alegrias dos justos sejam representadas como espirituais. Mas, passando a considerar o assunto, advoga a proposição de que o reino terrestre de Cristo é a Igreja, que até mesmo então se achava na era milenária, e em caminho para uma gloriosa ascendência sobre todos os seus inimigos. Pareceria que esta interpretação modificada da profecia, sustentada como era pela autoridade do principal padre latino [Agostinho], deu colorido às especulações medievais sobre este assunto.” — Volume 6, da edição de 1890, página 265.
20. (a) Pensava-se que um milênio literal sobre o Papado católico-romano se cumpriria durante que tempo? (b) Como se entendiam as dificuldades que se seguiram, mas como isto não poderia estar certo?
20 Este padre religioso latino, Aurélio Agostinho, que disseminou tal interpretação de Revelação 20:4-6, viveu em 354-430 E. C. Em harmonia com este conceito de que o reinado milenário de Cristo estava sendo cumprido na Igreja Católica Romana na terra, pensava-se mais tarde que o reinado milenário do Papado católico-romano, de forma literal, ia do ano 800 E. C. quando o Papa Leão III coroou Carlos Siagno em Roma como rei do Santo Império Romano, até 1799 E. C., quando o Papa Pio VI, já deposto por Napoleão Bonaparte, foi levado do Vaticano como prisioneiro, em 20 de fevereiro, e deportado para Valence, França, onde morreu em 29 de agosto de 1799.e As dificuldades que vieram sobre a Igreja Católica Romana foram tidas como assinalando o “pouco de tempo” em que Satanás, o Diabo, deveria ser solto no fim do milênio. (Rev. 20:1-3, 7, CBC) No entanto, já se passaram agora 168 anos desde o ano 1799. Não se trata de um “pouco de tempo” para o Diabo andar solto; todavia, as dificuldades do Papado católico-romano estão piorando. E agora a destruição de Babilônia, a Grande, da qual o Papado é o membro mais poderoso, ameaça tal império religioso no futuro próximo.
PROVADO ERRADO O MILÊNIO FIGURADO
21. Como é que, atualmente, se prova que Agostinho estava errado quanto à gloriosa ascendência da Igreja da cristandade sobre seus inimigos?
21 Quão errado estava o “Santo” Agostinho católico-romano pode-se ver agora claramente. A igreja da cristandade jamais esteve em qualquer “era milenar”, esmiuçando os reinos políticos de seus inimigos. Atualmente, ninguém, de direito, pode afirmar que, nas palavras de Agostinho, a Igreja da cristandade esteja “em caminho para uma gloriosa ascendência sobre todos os seus inimigos”. O mundo pagão cresce num índice mais rápido que o sistema da Igreja da cristandade. Também, o comunismo ateu se dissemina até mesmo em territórios católico-romanos. Mostrou-se manifestamente falsa a atribuição, por parte de Agostinho, de um significado figurado ou alegórico a Revelação 20:4-6, a respeito do reinado milenar de Cristo. Sob o sistema da Igreja da cristandade, a humanidade jamais usufruiu as bênçãos milenárias prometidas.
22, 23. (a) O que dizer das esperanças de tais lideres religiosos no tocante à vitória pacífica da causa cristã sobre seus inimigos? (b) Que objeção deles à volta pré-milênio de Cristo acha-se agora exposta como não tendo base?
22 Assim, o que dizer dos líderes religiosos que rejeitaram a necessidade do domínio do reino celeste de Cristo durante mil anos literais? Despedaçadas se acham suas esperanças duma “vitória pacífica, da causa cristã sobre todos os seus adversários pelo poder da verdade e do Espírito”. Sua idéia era que o mundo poderia ser pacificamente convertido pelos missionários da cristandade e que não havia mister de o glorificado Jesus Cristo intervir forçosamente desde o céu para trazer o milênio. Tal idéia se revelou uma interpretação errônea da Bíblia Sagrada. A objeção que tais líderes religiosos suscitaram contra a necessidade de Cristo voltar no poder do Reino, antes do seu reinado milenar literal, acha-se agora exposta como não tendo base. Quanto a tal objeção, a Cyclopcedia de M’Clintock e Strong (Volume 6, página 266) afirma:
23 “A tendência da teoria milenária de arrefecer as esperanças, e assim reprimir a atividade missionária dos cristãos, por exibir o mundo como estando num processo de deterioração, e por representar os esforços dos cristãos de converter a humanidade como sendo infrutíferos, até à vinda de Cristo, não constitui a menos séria objeção a tais opiniões.” — Edição de 1890 E. C.
24. (a) Em vista dos eventos desde 1914 em diante, que perguntas são feitas a respeito dessa objeção religiosa? (b) Como é que a história da Sociedade Torre de Vigia não mostra repressão de esforços ou arrefecimento de esperanças?
24 Essa última expressão foi publicada lá atrás, em 1890, ou há setenta e sete anos atrás; mas, o que dizer do mundo desde o ano de 1914? Será que está “num processo de deterioração”? Será que os esforços da cristandade, de converter o mundo inteiro antes da vinda de Cristo se revelaram infrutíferos, em vão? A tendência das condições mundiais responde que Sim! Mas, será que a pregação e as atividades missionárias dos cristãos que aguardam o literal reinado milenar de Cristo para a bênção da humanidade ficaram reprimidas e suas esperanças arrefeceram? A história dos últimos oitenta e oito anos proclama altamente que Não! A revista Torre de Vigia de Sião (em inglês) surgiu no ano 1879; e, em 1884, a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA) começou a publicar uma série de volumes conhecidos como “Estudos das Escrituras”, que foram primeiramente chamados de “Aurora do Milênio”, volumes um a seis. Hoje em dia, apesar de perseguida durante duas guerras mundiais, a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Pensilvânia, EUA, tem noventa e cinco filiais em volta do globo. Publica as boas novas do vindouro reinado milenar de Cristo em 164 idiomas. Tem missionários e publicadores em 199 países. Anualmente aumenta o número de publicadores do Reino.
25. (a) Como foi que Agostinho certa vez se referiu ao milênio? (b) O que as cronologias modernas indicam quanto à existência do homem na terra?
25 Há quinze séculos atrás, o “Santo” Agostinho, católico-romano, falou de seis mil anos da História e se referiu ao milênio como o “sábado”, o período de descanso do sétimo dia. Mas, não se apegou a isto. Durante séculos desde então, a cronologia bíblica, conforme elaborada pelo Arcebispo James Ussher tem sido seguida tanto pelos católicos como pelos protestantes. Esta cronologia reconhece que o primeiro homem, Adão, foi criado no ano 4004 antes de Cristo, e, assim, seis mil anos da existência humana na terra findarão antes que termine este século vinte, ou em 1996 E. C. Segundo um cálculo mais recente da tabela de tempo bíblica, seis mil anos da existência humana findarão na última metade do ano 1975, que está situado bem neste século. O milênio bíblico está adiante de nós, e, segundo a contagem de tempo e os eventos da História secular, está-se aproximando. Não está findando, como os comentários católico-romanos sobre a Bíblia gostariam de nos fazer crer. Na edição Murphy da Versão Douay inglesa da Bíblia Sagrada, Apocalipse 20:1, 2, reza:
26, 27. (a) Segundo as notas marginais da edição Murphy da Bíblia, quando foi que Satanás começou a ser acorrentado? (b) Também, quando é o tempo do milênio, e, durante ele, o que fazem os santos martirizados?
26 “E vi um anjo que descia do céu, tendo a chave da cova sem fundo, e grande cadeia em sua mão. E apoderou-se do dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e o acorrentou por mil anos.”
27 A nota marginal para a expressão “o acorrentou, etc.” reza: “O poder de Satanás tem sido muito limitado pela paixão de Cristo.” Daí, a nota marginal sobre a expressão “por mil anos” reza: “Isto é, por todo o tempo do Novo Testamento: mas, especialmente, desde o tempo da destruição de Babilônia ou Roma pagã, até os novos esforços de Gogue e Magogue contra a igreja, perto do fim do mundo. Durante esse tempo, as almas dos mártires e santos vivem e reinam com Cristo no céu, na primeira ressurreição, que é a da alma para a vida de glória; visto que a segunda ressurreição será a do corpo, no dia do juízo geral.” — Edição de Baltimore, Maryland, EUA.
28. Quanto tempo já se passou desde o desaparecimento da “Roma pagã” e o que indicam os fatos da História quanto a se Satanás se acha na cova sem fundo?
28 Não obstante, já passaram mais de mil anos desde que a “Roma pagã” deu lugar à Roma papal no quinto século. Atualmente, os fatos da História revelam que Satanás, o Diabo, ainda não foi acorrentado e lançado no abismo, conforme predito em Apocalipse (Revelação) 20:3 (CBC): “[O anjo do céu] atirou-o no abismo, o qual trancou à chave e selou-o por cima, para que já não seduzisse as nações até que se completassem mil anos. Depois disso ele deve ser solto por um pouco de tempo.”
29, Onde é que Revelação localiza a batalha do Armagedom, e o que, a esse respeito, prova se o Dragão, Satanás, o Diabo, já está acorrentado e na cova sem fundo?
29 O Apocalipse ou livro da Revelação inequivocamente fixa a batalha do Armagedom como ocorrendo antes de Satanás ser acorrentado e lançado na cova sem fundo ou abismo. O relato bíblico descreve Satanás, o Diabo, como tendo parte direta em ajuntar as nações naquele campo de batalha, dizendo que um espírito imundo sai da boca do Dragão, Satanás, o Diabo, e se junta aos espíritos imundos que saíram das bocas da besta e do falso profeta, dirigindo-se aos reis de toda a terra e ajuntando-os para a batalha do grande dia de Deus, o Todo-poderoso, que será travada no Armagedom. Agora é o tempo em que esses três espíritos de demônios, da parte dessas três fontes, se dirigem aos governantes terrestres. Agora é o tempo em que tais governantes e seus exércitos marcham para o Armagedom, conforme temos sido avisados com tanta freqüência por homens proeminentes. É lógico, então, que o Dragão, Satanás, o Diabo, não poderia estar então acorrentado e na cova sem fundo, não podendo mais seduzir as nações, se o espírito imundo que sai de sua boca toma parte no ajuntamento dos governantes terrestres e seus exércitos no Armagedom. — Rev. 16:13-16, CBC.
30. (a) O que, a respeito dos instrumentos políticos de Satanás, argumenta que não se acha ainda fechado no abismo? (b) O que acontecerá a tais instrumentos políticos no Armagedom, e quando é que Satanás se juntará a eles ali?
30 Não, Satanás, o Diabo, ainda não foi acorrentado e fechado na cova sem fundo durante mil anos. A simbólica “besta” e o “falso profeta” ainda se acham na terra. Semelhantemente, Satanás, o Diabo, ainda está na vizinhança de nossa terra e usa a “besta e o “falso profeta” como seus instrumentos para ajuntar os governantes da terra e seus exércitos para a sua destruição na guerra do grande dia do Deus Onipotente. O Apocalipse, ou Revelação, capítulo dezenove, descreve a batalha do Armagedom no grande dia de Deus, e o capítulo a situa pouco antes de Satanás ser acorrentado e lançado na cova sem fundo ou abismo. Naquela vindoura batalha, a “besta” e o “falso profeta” são lançados, para a sua destruição, no simbólico lago de fogo e enxofre; e Satanás, o Diabo, se junta a eles ali, pela primeira vez, depois dos mil anos do reinado de Cristo sobre toda a humanidade. — Rev. 19:11 a 20:3, 7-10, CBC.
31. Por que, então, o reinado milenar de Cristo tem de ser futuro, e que grandioso fato a respeito dele existe, hoje em dia?
31 Assim, então, da mesma forma que a batalha do Armagedom ainda é futura, o acorrentar e lançar Satanás na cova sem fundo é futuro, pois tais atos seguem a batalha do Armagedom. Em vista disso, o reinado milenar de Cristo tem de ser ainda futuro, pois segue o lançar Satanás na cova sem fundo e continua durante os mil anos em que Satanás está aprisionado naquela cova sem fundo ou abismo. Assim, então, revelam-se falsos os ensinos anti-milenários de Agostinho e outros líderes religiosos da cristandade. Temos ainda de ter um reinado milenar real de Cristo. O grandioso fato é que está bem próximo, para nosso alívio.
[Nota(s) de rodapé]
a Em confirmação do acima, The Encyclopedia Americana, Volume 21 (edição de 1929), página 268, afirma: “PAPIAS, escritor cristão, bispo de Hierápolis. E descrito por Ireneu e pelos escritores posteriores como um ‘ouvinte de João e companheiro de Policarpo’. Sofreu o martírio em Pérgamo em 163 E. C. Foi um dos primitivos crentes no milênio, isto é, o reinado pessoal de Cristo sobre a terra por mil anos depois da ressurreição dos mortos, e foi o autor de cinco livros de comentários sobre as afirmações do Senhor (Lógōn Kyriakôn Exegesis), sendo que alguns fragmentos deles ainda existem. É por meio deles que sabemos que o Evangelho de S. Mateus, segundo se cria tradicionalmente, fora escrito em hebraico, e o evangelista Marcos fora o intérprete ou amanuense de Pedro ao escrever o Terceiro Evangelho.”
b Diz a Cyclopcedia de M’Clintock e Strong, Volume VIII, página 396: “Antes do tempo de Constantino, o clero não era reconhecido como tendo qualquer categoria distinta no estado; mas, quando o Cristianismo foi adotado como a religião do império romano, seus ministros foram considerados como ocupando o lugar dos sacerdotes pagãos cujas superstições caíram no descrédito.”
c Vejam-se as páginas 244, 245 do Volume III de Beacon Lights of History, de John Lord, LL. D. (Doutor de Leis), edição de Nova Iorque, de 1884, no Capitulo XXX, intitulado “Martinho Lutero: A Reforma Protestante.”
d Veja-se De Civitate Dei, XX, 5-7, do Doutor Agostinho; na edição de Jacques Paul Migne, “Patrologiae cursus completus”. XLI, 607 e páginas seguintes, em latim.
A respeito da controvérsia religiosa quanto ao milênio, no século anterior, o terceiro século, veja-se Institutes of Ecclesiastical History, de Mosheim, Capítulo III, intitulado “História da Teologia”, Seção 12, e a nota marginal de James Seaton Reid, D. D. (Doutor de Divindade), edição de Londres, de 1848.
e Veja-se O Tempo Está Próximo (Volume Dois dos Estudos das Escrituras, em inglês), página 356; também a Torre de Vigia de Sião, de dezembro de 1881, páginas 6, 7; de maio de 1882, página 8; de agosto de 1889, páginas 3, 4.
[Foto na página 231]
”Se perseverarmos, havemos também de reinar”
[Foto na página 233]
O Papa Leão III coroa Carlos Magno como rei do Santo Império Romano